domingo, 23 de novembro de 2014

JOSÉ DIRCEU AVACALHOU DE VEZ COM O STF

Dirceu está em Vinhedo (SP), mesmo com autorização para viajar suspensa
Ministro Luís Roberto Barroso, do STF, suspendeu decisão que autorizava ex-ministro a passar duas semanas em São Paulo
 
O ex-ministro José Dirceu chegou a São Paulo na quarta-feira da semana passada e estava em sua casa em Vinhedo, a 80 quilômetros da capital, quando soube que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu sua autorização de viagem concedida pelo juiz Nelson Ferreira Junior, da Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas do Distrito Federal.
Condenado inicialmente a dez anos e dez meses de prisão e com pena reduzida para sete anos e onze meses, Dirceu informou, por meio de sua assessoria, que retornará à Brasília quando for notificado pela Justiça da decisão de Barroso. Seu advogado, José Luís de Oliveira Lima, afirmou que, até as 17h deste sábado, o ex-ministro ainda não tinha recebido a notificação.
A respeito da decisão do ministro Barroso, a assessoria de imprensa do ex-ministro informa que ele acatará a decisão tão logo seja notificado oficialmente pela Justiça.
O advogado José Luis Oliveira Lima, que defende Dirceu, avalia, no entanto, que a decisão do ministro causa estranheza por dois motivos.
- Em primeiro lugar, porque não ocorreu em recurso do Ministério Público à decisão do juiz da Vepema. Em segundo lugar, o próprio ministro Barroso havia declinado da competência do processo da AP 470, conferindo ao juiz da Vepema o poder para tomar decisões mais corriqueiras. No caso específico do meu cliente, o que causa estranheza é que o ministro Barroso mudou sua orientação - disse Lima.
O ministro suspendeu a decisão do juiz Nelson Ferreira Junior, da Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas do Distrito Federal, que autorizou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu a passar duas semanas em São Paulo. Barroso, que é relator do processo que julgou Dirceu no caso do mensalão, argumentou que não houve qualquer comunicação formal a ele da decisão tomada pelo juiz e pediu informações, com a máxima urgência, dos fundamentos da decisão. Dirceu cumpre pena em prisão domiciliar em Brasília.
No despacho, Barroso diz que a decisão deverá ficar suspensa até que receba esclarecimentos. Ele ainda destacou que a autorização de viagem foi dada mesmo com o parecer desfavorável do Ministério Público (MP).
Conforme o GLOBO revelou na sexta-feira, o juiz Nelson Ferreira Junior atendeu a pedido de Dirceu e autorizou que ele viajasse entre São Paulo e Vinhedo, no interior do estado, onde tem residência em um condomínio. A autorização foi dada para viagem entre os dias 18 de novembro e 2 de dezembro. No pedido à Justiça, Dirceu argumentou que precisa viajar para cuidar de seu escritório. O ex-ministro aproveitou também para pedir para passar o Natal em Passa Quatro, no sul de Minas, onde vivem sua mãe e irmãos. O MP se pronunciou contra as duas viagens, mas juiz autorizou a ida a São Paulo e disse ser ainda cedo para decidir sobre viagem no período natalino.
Segundo informações obtidas pelo GLOBO, Dirceu viajou para São Paulo ao obter a autorização do juiz. Ele, entretanto, deverá retornar a Brasília assim que for intimado oficialmente, caso contrário estará descumprindo as regras do regime domiliciliar, sob pena de perder o benefício, informou a assessoria do STF.
Procurado, o advogado José Luís Oliveira Lima não quis confirmar o paradeiro de seu cliente:
- Não me cabe dizer onde ele está. 
Lima afirmou ainda que a decisão de Barroso lhe causou estranheza e ressaltou que recorrerá da decisão.
- Causa estranheza à defesa a decisão do ministro Barroso por alguns motivos: primeiro, o Ministério Público não interpôs nenhum recurso contra a decisão do juiz das Vara de execuções; em segundo lugar, o ministro Barroso declinou a competência para a Vara de execuções para questões como requerimentos, como este objeto de cassação da decisão. Meu cliente, quando for formalmente intimado, irá cumprir a decisão, mas vou interpor a medida cabível contra essa decisão - disse.
Dirceu foi condenado a sete anos e onze meses, por corrupção ativa, no processo do mensalão. O ex-ministro foi preso no dia 15 de novembro do ano passado, mas conseguiu no dia 28 de outubro o direito de cumprir a pena em regime domiciliar, em Brasília.

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