Reinaldo Azevedo - VEJA
As
empresas brasileiras não existem no éter. Estão incorporadas à
realidade política e econômica do país e sujeitas às mesmas
vicissitudes. Depois de aplicar um viés negativo à nota brasileira, que
já está a apenas um degrau de passar para a condição de grau
especulativo, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s
rebaixou a nota de 21 empresas brasileiras.
Oito delas
ficaram iguaizinhas ao Brasil: BBB-, com viés negativo. São elas Cesp,
Comgás, Duke, Samarco Mineração, Taesa, Itaipu Binacional, Eletrobras e
Braskem, as duas últimas investigadas na Operação Lava Jato. Já estavam
nesse patamar e nele permaneceram Klabin S.A., Neoenergia S.A.,
Odebrecht Engenharia e Construção S.A. e a Petrobras.
Sim, a
agência levou em consideração a situação de cada empresa, mas é evidente
que a perspectiva do Brasil tem um peso imenso na avaliação. Um país em
recessão de quase 2% e que deve ter um crescimento em torno de zero no
ano que vem não compõe um cenário muito animador. E tudo fica mais
difícil quando parte do PIB brasileiro virou, e está sendo tratado, como
um caso de polícia.
A avaliação
de risco de uma empresa ou de um país é uma medida objetiva, reconhecida
pelo mercado mundial, para indicar a sua salubridade econômica. Quanto
menor o risco, mais facilmente essas empresas — e os países — atraem
investimentos e conseguem empréstimos a juros convidativos.
O estrago produzido ao longo desses 13 anos, ainda veremos, é bem maior do que parece.
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