Lucas Berlanza - IL
Já que o plano deles é brincar de democracia direta, a presidente poderia simular a antiga “ágora” grega e convocar o povo a falar diretamente para ela, a transmitir em alto e bom som suas queixas e insatisfações. Nossa presidente sitiada, no entanto, não tem condições de fazer algo assim; sabe muito bem que será vaiada e hostilizada onde quer que apareça, a menos que a platéia a seguí-la seja de militantes cooptados e devidamente pagos para aplaudí-la.
O governo se comprometeu a colocar em prática, em novembro, as três propostas mais apoiadas em cada programa. Liberais e conservadores podem ter se animado com essa sinalização; “vamos lá agora tentar iluminar esse governo e sugerir que faça cortes nisso, nisso e naquilo, que enxugue a máquina do Estado aqui e acolá, que corte impostos cá e lá”… O leitor mais prevenido certamente não se empolgou. Os internautas do Dialoga Brasil naturalmente, uma vez cadastrados, submeterão suas propostas a um “filtro de moderação”, que analisará se “as propostas estão em conformidade com os termos do site”. Sabemos que a Internet é terreno fértil para todo tipo de comentário, incluindo asneiras que realmente seriam impublicáveis. Entretanto, alguém tem dúvidas de que esse “filtro de moderação” jogará na lata de lixo virtual toda proposta que estiver em choque com os interesses do establishment no poder? Que credibilidade Dilma e o PT, criadores do super democrático Humaniza Redes, têm para que confiemos neles e submetamos nossas reivindicações?
No mesmo dia, falando sobre as metas do Pronatec, a já clássica bandeira de sua campanha eleitoral, Dilma se enrolou ao explicar um aumento de vagas reduzido para as expectativas prometidas. Segundo a presidente, “não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta”. Para variar, foi aplaudida pelos presentes. Talvez o nível de estupidez das declarações mereça reconhecimento mesmo… É tão estúpido que chega a beirar a genialidade. Deve ser por isso. A lógica matemática de Dilma é que ao atingir uma meta que não existe, sua inexistência será dobrada. Elementar, presidente Dilma… O dobro de nada, ora pois, ainda é nada!
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