Dilma vai vetar regra que amplia reajustes no INSS
Presidente também não apresentará proposta alternativa a texto do Congresso
MP estendeu a todos os aposentados política de valorização do mínimo, o que traria impacto nas contas públicas
MARINA DIAS/VALDO CRUZ - FSP
A presidente Dilma Rousseff vai vetar a regra que estende a política de
valorização do salário mínimo, que inclui aumento acima da inflação para
todos os beneficiários da Previdência Social. Além disso, não vai
apresentar uma proposta alternativa em relação ao texto aprovado pelo
Congresso Nacional.
Originalmente, Dilma havia assinado medida provisória que renovava até
2019 a política de valorização do mínimo, que define o reajuste com base
na variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes, mais a
inflação do ano anterior.
O Congresso, porém, ao impor uma derrota ao Palácio do Planalto, aprovou
uma emenda à medida provisória determinando que essa política de
reajuste passasse a valer para todos os benefícios previdenciários
superiores ao valor do mínimo.
Segundo a Folha apurou, o governo vai argumentar que os segurados
da Previdência que recebem acima do mínimo continuarão a seguir a
legislação atual, que determina só a reposição da inflação.
Assim, neste ano, os benefícios superiores ao mínimo seguirão tendo
reajuste de 6,23%, equivalente ao INPC (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor) de 2014.
Ministros dizem que o reajuste pelo INPC "está na Constituição" e que,
em meio ao ajuste fiscal, o Palácio do Planalto não pode arcar com
nenhum projeto que onere ainda mais os cofres públicos.
De acordo com cálculos do Ministério da Previdência, cada 1% de aumento
no valor dos benefícios acima do mínimo traria um impacto de cerca de R$
2 bilhões por ano às contas do governo federal.
A presidente assinaria o veto na noite desta quarta-feira (29), para
publicação na edição do "Diário Oficial" da União desta quinta-feira
(30).
Os aposentados que ganham até um salário mínimo continuam recebendo o
reajuste acima da inflação com base na variação do PIB de dois anos
antes.
DESGASTE
O novo veto da presidente vai se juntar a outros, como o que barrou o
reajuste salarial de servidores do Judiciário, outra derrota do governo
em votações no Legislativo.
Neste momento de popularidade baixa, aliados reconhecem que mais um veto
feito pela presidente vai desgastar ainda mais a relação do Palácio do
Planalto com o Congresso Nacional.
Eles argumentam, porém, que a presidente não tinha outra saída a não ser
demonstrar que tem compromisso com o reequilíbrio das contas públicas e
vetar a medida que atingia a Previdência.
Além dos vetos, o Congresso está preocupado em desarmar "pautas-bomba"
que estão sendo armadas por deputados e senadores na volta do recesso
parlamentar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário