Temer sanciona lei de terceirização com pouca proteção a trabalhador
GUSTAVO URIBE/BRUNO BOGHOSSIAN - FSP
O presidente Michel Temer sancionou na noite desta sexta-feira (31) o projeto de lei que regulamenta a terceirização no país.
A iniciativa foi publicada em edição extra do "Diário Oficial da União" e inclui vetos parciais a três pontos da proposta.
Um deles é a possibilidade de prorrogação do prazo de até 270 dias de
contrato temporário de trabalho por acordo ou convenção coletiva.
Os outros dois parágrafos foram vetados porque repetem direitos já
previstos na Constituição Federal. Um deles determina que seja incluído
na carteira de trabalho e na Previdência Social a condição de temporário
do trabalhador.
O segundo é o que assegura ao trabalhador temporário salário, jornada de
trabalho e proteção previdenciária e contra acidentes equivalentes ao
de pessoas que trabalham na mesma função ou cargo da empresa
contratante.
Além disso, ele previa o benefício do pagamento direto do FGTS, férias e
décimo terceiro salário proporcionais a empregados temporários
contratados por até trinta dias.
A ideia inicial era de que o presidente sancionasse a iniciativa
aprovada pela Câmara próximo ao prazo de 12 abril, em um evento no
Palácio do Planalto com a presença de parlamentares e empresários.
Ele, contudo, foi recomendado a antecipá-la para evitar novas pressões e
eventuais retaliações de um grupo de senadores peemedebistas, que pediu
em carta ao presidente para vetar integralmente a proposta.
O principal insatisfeito com a iniciativa é o líder do partido, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem feito críticas públicas às propostas econômicas sugeridas pelo Palácio do Planalto.
Segundo um assessor presidencial, a antecipação também teve como
objetivo tentar blindar a reforma previdenciária de ameaças de
represálias de deputados federais, que também vinham pressionando o
presidente a vetar integralmente a proposta da terceirização.
Com a antecipação da medida, o Palácio do Planalto desistiu de fazer uma
medida provisória para incluir as salvaguardas para os trabalhadores
afetados pela terceirização. A ideia voltou a ser de incluí-las no
relatório da reforma trabalhista, cuja expectativa é de que seja votada
no mês que vem.
A equipe econômica pretende incluir pontos como a garantia aos
terceirizados dos mesmos serviços de alimentação, transporte e
atendimento médico dos contratados diretamente e restrições para evitar
que as empresas demitam seus funcionários e os recontratem na sequência
como terceirizados.
Ela também deve prever a obrigatoriedade de a "empresa-mãe" fiscalizar
se a terceirizadora está cumprindo suas obrigações trabalhistas e
previdenciárias. Esse ponto é considerado essencial para evitar queda na
arrecadação da Previdência Social, uma das maiores preocupações do
Palácio do Planalto com a terceirização.
Pela proposta aprovada, por exemplo, a prestadora de serviços não
precisa oferecer o benefício a seus funcionários, mesmo que exerçam o
mesmo cargo. A salvarguarda que deve ser incluída, no entanto, equipara
os benefícios.
A inclusão das mudanças tem como objetivo, além de evitar que o governo
seja acusado de promover a precarização do mercado de trabalho, evitar
problemas jurídicos pela falta de uma regulamentação mais completa da
chamada "pejotização", o que não é feito pelo texto sancionado.
PLANEJAMENTO
Nesta sexta-feira (31), o presidente também efetivou no cargo o ministro
Dyogo Oliveira, que atuava desde maio como interino no Planejamento.
Para tomar a iniciativa, Temer consultou o líder do governo no Senado,
Romero Jucá (PMDB-RR), que deixou o posto após a Folha revelar gravação
de conversa com o o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
No áudio, o peemedebista sugeriu a Machado que uma "mudança" no governo
federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada
pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.
Dyogo estava como interino por uma questão política, já que Jucá ainda
era considerado ministro licenciado. Com a pressão da equipe econômica,
Temer decidiu efetivá-lo.
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