Análise: Herman Benjamin cai atirando
Maioria dos ministros do TSE deve pedir exclusão das provas da Odebrecht
Carolina Morand - O Globo
Os ministros que defendem a exclusão das delações da Odebrecht e dos
depoimentos dos marqueteiros do processo de cassação da chapa
Dilma-Temer já adotaram pelo menos três linhas de raciocínio diferentes
para se contrapor aos argumentos do relator, Herman Benjamin.
Ontem, os ministros Gilmar Mendes e Napoleão Nunes diziam que essas
provas não poderiam ser consideradas porque não constavam na petição
inicial da acusação. Gilmar chegou a ser irônico, dizendo que a tese do
relator era "falaciosa" e que, por essa lógica, o processo deveria ser
reaberto para a inclusão das delações da JBS. Em resposta, Benjamin
exibiu no telão do tribunal o trecho da petição inicial que cita a
Odebrecht.
Hoje,
o ministro Napoleão Nunes abriu a sessão admitindo que a Odebrecht é
citada na petição inicial, mas ressalvando que a referência não é à
campanha de 2014, mas a doações feitas aos partidos em 2010, 2012 e
2013. Portanto a referência à Odebrecht não teria relação com a eleição
da chapa Dilma-Temer. Benjamin respondeu, dizendo que o colega ia além
do pedido das defesas:
— Tudo que tiver relação com a Petrobras, mesmo sendo Odebrecht, o
pedido da defesa é que isso deve permanecer. O ministro Napoleão, na sua
intervenção, foi muito além. Sua excelência afirma que nenhuma daquelas
empresas que estão lá poderia ser investigada porque não há vinculação
na petição inicial com as eleições de 2014.
Na sequência, Napoleão Nunes adotou outra linha de raciocínio e
questionou a veracidade dos depoimentos dos delatores, dizendo que eles
tinham interesse em manter os benefícios obtidos com a colaboração. O
relator rebateu lembrando que os depoimentos foram colhidos com
autorização do próprio tribunal:
— Quem quiser rasgar a decisão desse tribunal que determinou (a investigação), que o faça sozinho.
Herman Benjamin deve ser derrotado no plenário nas questões preliminares, mas cai atirando.
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