Segurança de longo prazo
Embora o histórico mostre que há uma queda de 33% na violência quando
as Forças Armadas estão fazendo o patrulhamento ostensivo no Rio, em
ocasiões como as Olimpíadas, a conclusão das autoridades de segurança é
que essa ação que chamam de “pirotecnia” não tem efeito de longo prazo.
É como se a bandidagem tirasse férias por um período, e voltasse
quando esse esquema é desmontado. A promessa de que, dentro de poucos
dias, os cariocas verão uma ação de segurança de grande repercussão,
atingindo os líderes do tráfico e as conexões com o contrabando de
armas, faz parte dessa nova estratégia de ação intermitente, baseada em
investigação e informação para um combate mais efetivo do crime
organizado.
Já está em funcionamento no Rio um Comando Conjunto das três Forças –
Marinha, Exército e Aeronáutica – a exemplo do que aconteceu nas
Olimpíadas, e esse aparato militar ficará atuando no Estado até o fim de
2018 pelo menos. Embora a ação ostensiva esteja sendo reivindicada pelo
governo do Rio, para estancar o avanço dos assaltos que se multiplicam
pela cidade, especialmente na Zona Sul, as autoridades de segurança
acreditam quer tratando de questões mais pontuais como a repressão ao
tráfico de armas e o patrulhamento das rodovias como a Linha Vermelha,
que tem em suas margens diversas comunidades onde o tráfico disputa
território entre suas gangues com alto poder de fogo, terá mais
efetividade a longo prazo.
O trabalho de inteligência integrado entre as diversas forças de
segurança está sendo realizado já há algumas semanas ou meses, e os
levantamentos daí provenientes é que permitirão essa próxima ação de
repressão localizada, que será seguida por outras com o mesmo objetivo:
cortar o suprimento de drogas e armamento.
O ministro da Defesa Raul Jungman diz que compreende a aflição dos
cariocas com a violência do dia a dia, e o reforço da Força Nacional e
da Polícia Rodoviária Federal poderá ajudar a aumentar a sensação de
segurança. Até mesmo o combustível dos carros policiais poderá ser pago
pelo governo federal, num Estado em que a falência econômica se reflete
em todos os setores, até mesmo no pagamento do salário dos servidores e
na manutenção dos prédios públicos.
A ajuda material aos órgãos de segurança do Estado será fundamental
para tornar operativo o policiamento ostensivo, que será feito pelas
polícias Militar e Civil do Estado, com o reforço material e de pessoal
enviado pelo governo federal. Mas Jungman, que tem família no Rio, diz
que somente um trabalho de longo prazo e permanente pode contornar a
crise de segurança no Estado.
Com essa estratégia de longo prazo e usando a inteligência do Comando
Conjunto, pela primeira vez o Plano Nacional de Segurança está
indicando que também é tarefa do governo federal cuidar da segurança
pública com o combate ao contrabando de armas e drogas que chegam ao Rio
de Janeiro por portos, aeroportos e rodovias sem praticamente ser
reprimido.
Se, por um lado, o governo central se exime da responsabilidade de
fazer o policiamento ostensivo, ele assume a tarefa que fazer com que os
comandos do crime organizado no Rio não recebam com tanta facilidade
armas, munições e drogas.
Pode ser um trabalho de longo prazo que não resolve a questão
imediata da segurança local, mas indica que pelo menos o combate ao
crime pode ficar mais inteligente e organizado.
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