Movimento que reúne diversas etnias luta contra a aprovação de uma emenda à Constituição que transfere ao Congresso a atribuição de decidir sobre demarcação de terras protegidas
Mariana Zylberkan - VEJA
Índios acorrentados durante protesto em frente ao Ministério da Justiça, em Brasília
(Lunae Parracho/Reuters)
Nesta semana, 600 índios estão reunidos na capital federal na chamada "mobilização nacional indígena", organizada anualmente. Na última terça, entretanto, parte desse grupo resolveu se juntar a manifestantes que marchavam contra a realização da Copa do Mundo no Brasil e entraram em confronto com a polícia – um policial foi ferido a flechada.
As imagens da batalha campal entre índios das mais variadas tribos – alguns de calça jeans e tênis de marca – e policiais rodaram o mundo. Mas o histórico de confusão é conhecido em Brasília. Em outubro do ano passado, o mesmo movimento tentou invadir o prédio da Câmara dos Deputados durante manifestação contra a aprovação da PEC 215. Houve empurra-empurra e uma vidraça foi quebrada. Índios também furaram os pneus do carro do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) e obrigaram o parlamentar a descer do veículo. No mesmo dia, o movimento promoveu um "tiro ao alvo" com arcos e flechas em um painel montado no gramado da Esplanada. Os alvos, no caso, eram deputados da chamada bancada ruralista, favoráveis à aprovação da PEC. Um cartaz atacava a senadora Katia Abreu (PMDB-TO), uma das lideranças dos ruralistas no Congresso: "Katia Abreu, se agrotóxico não faz mal, então bebe".
Integrante do comitê de imprensa da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Renato Santana afirma que a Copa do Mundo joga luz nas contradições do governo federal para lidar com as questões sociais do país. Por isso, argumenta, os índios se juntaram aos manifestantes na terça-feira. “Além disso, o cultivo de grãos, principalmente de soja, foi afetado pela construção do estádio em Brasília”, diz. Santana nega que as flechadas foram um ataque à polícia: “Eles estavam fazendo um ritual com cantos e dança para protestar quando os policiais jogaram os cavalos e, para se proteger, fizeram isso”.
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