Le Monde
Jean-Philippe Ksiazek/AFP
Moradores
de Lyon, na França, protestaram contra o partido de extrema-direita FN
(Frente Nacional), depois da vitória histórica da legenda nas eleições
europeias
Quatro dias após as eleições europeias que viram a Frente Nacional se destacar na França, a mobilização "cidadã" está se organizando. Mais de 3.000 pessoas, a maioria de estudantes, fizeram manifestações em diversas cidades do interior na quinta-feira (29) contra o partido de extrema direita. Em Paris, 4.200 pessoas protestaram, segundo a polícia.
Centenas de
pessoas na capital se reuniram no início da tarde na praça da Bastilha,
para depois se dirigirem até a praça da República. No dia 1º de maio de
2002, quando Jean-Marie Le Pen chegou ao segundo turno da eleição
presidencial, 1,3 milhão de pessoas haviam saído às ruas de toda a
França.Quatro dias após as eleições europeias que viram a Frente Nacional se destacar na França, a mobilização "cidadã" está se organizando. Mais de 3.000 pessoas, a maioria de estudantes, fizeram manifestações em diversas cidades do interior na quinta-feira (29) contra o partido de extrema direita. Em Paris, 4.200 pessoas protestaram, segundo a polícia.
Chamadas de "marchas cidadãs contra a Fúria Nacional", essas manifestações estão sendo organizadas pelos sindicatos estudantis UNEF, UNL e FIDL, seguindo a criação de um evento no Facebook em Marselha, um dia depois das eleições europeias.
"Os jovens se mobilizando contra a resignação"
Iniciadas timidamente em Rouen com 200 pessoas, as marchas engrossaram pela manhã, chegando a 700-1000 manifestantes em Lyon. Ali muitos manifestantes seguravam um cartaz afirmando "Lyon, capital da resistência". Outros fizeram cartazes às pressas para dizer "Chega de poluição frentista" ou ainda "Acorda, França!".
Em Marselha, cerca de 500 pessoas, a maioria de jovens, marcharam bradando palavras de ordem como "FN é ódio" ou "Le Pen não nos representa". Em Nantes, um cortejo com cerca de 500 pessoas também tentou se aproximar da sede da FN, tendo de recuar diante de quinze policiais da tropa de choque que protegiam o local. Em Bordeaux, foram cerca de 500 manifestantes, em Nancy entre 400 e 500, em Amiens, 350.
Em Toulouse, cerca de 800 manifestantes, segundo a polícia, se mobilizaram. Eram em sua maior parte jovens que se mobilizaram pelas redes sociais, atendendo ao chamado dos "antifa" da União Antifascista de Toulouse, dos sindicatos estudantis UNEF e UNL, da Osez le Féminisme, dos Jovens Comunistas e dos Jovens Socialistas.
Em Rouen, estudantes universitários e do ensino médio, mas também pessoas que vieram em família, se reuniram diante da prefeitura. Em seguida, eles fizeram uma passeata pelas ruas geralmente desertas por causa do feriado, levando uma grande faixa escrita "A juventude se mobiliza contra a resignação."
Após o 21 de abril de 2002, o 25 de maio de 2014
"Nós, os verdadeiros republicanos, somos maioria!", afirmou Envel Favennec, representante federal da UNL (união nacional de estudantes do ensino médio), fazendo um apelo por uma mobilização durante os próximos três anos até a próxima eleição presidencial, em 2017.
Entre os manifestantes, alguns já haviam se mobilizado após "o 21 de abril de 2002", quando Jean-Marie Le Pen passou para o segundo turno das eleições presidenciais. É o caso de Marie-France, professora de 56 anos: "Eu havia protestado após o 21 de abril de 2002. Não pensei que teria de fazer isso de novo."
Nicolas Vial, 35, da organização de esquerda Ras le Front [algo como Farto da Frente Nacional], também voltou a protestar:
"Estávamos adormecidos, mas nos últimos seis ou sete anos reativamos a vigilância. A retomada das ideias da FN por parte da direita republicana e a decepção com o governo foram um terreno ideal para a ultradireita (...) Aqueles que se decepcionaram estão direcionando mal sua raiva."
Em todas as marchas os manifestantes recorreram a slogans firmes contra o partido de extrema direita, como "F de fascista, N de nazista, abaixo a Frente Nacional", "Sem fascistas em nossos bairros" ou ainda "Os jovens irritam a Frente Nacional".
Outras manifestações mais espontâneas já haviam sido organizadas durante a semana, reunindo centenas de pessoas, como em Lille, Angers, Nantes e Brest.
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