Como as trajetórias distintas de uma menina rica da Zona Sul paulistana e a de uma jovem "barra pesada" da periferia se encontraram no presídio de Tremembé
VEJA
Sandra Regina Gomes, atual companheira de Suzane em Tremembé (Foto: Reprodução)
(Foto: VEJASP)
Casa onde Sandra Regina morou em Mogi das Cruzes
(Foto: Nataly Costa)
Teodolo da Silva, o Bahia, padrasto de Sandra Regina
(Foto: Nataly Costa)
Casas no mesmo terreno onde mora o padrasto de Sandra Regina
(Foto: Natalhy Costa/VEJA SÃO PAULO.COM)
Aos 19 anos, quando cometeu o crime que mudaria para sempre os rumos da
sua vida,Suzane von Richthofen era uma típica menina rica da Zona Sul de
São Paulo. Frequentara um dos melhores colégios da cidade, fazia
viagens para o exterior, cursava Direito em faculdade particular. À
noite, voltava para dormir no casarão com piscina, escritório e
biblioteca que dividia com os pais, o engenheiro Manfred e a psiquiatra
Marísia, e o irmão Andreas. O restante da história já é conhecido.
Apesar de realidades tão distantes, Suzane e Sandra, ambas com 31 anos atualmente, tornaram-se personagens da crônica policial pelos crimes que cometeram e hoje, detidas na penitenciária feminina de Tremembé, no interior de São Paulo, vivem um relacionamento amoroso.
Paixões e crime
Tanto uma quanto a outra viveram paixões perigosas que as levaram à cadeia. Em 2002, Suzane namorava Daniel Cravinhos, com quem planejou e executou o assassinato dos pais. Em 2003, Sandra vivia um relacionamento com o vizinho Valdir Pereira Martins, reprovado pela mãe e pelo padrasto. Enquanto Manfred hostilizava Daniel Cravinhos na mansão do Campo Belo, o pedreiro Bahia dizia umas verdades para Valdir na porta do barraco.
Antes de Sandra, Martins namorou outra vizinha da rua e o relacionamento terminou mal. Para se vingar, ele planejou o sequestro do irmão da ex, Talisson Vinicius da Silva Castro, de apenas 14 anos. Convidou a Galega para ajudá-lo sob a condição de dividirem o dinheiro do crime. O papel de Sandra foi negociar e extorquir os parentes de Tallison. Uma noite, depois de já ter arrancado os 3 000 reais da família que morava do outro lado da rua, ela abriu a porta de casa pela última vez para o namorado. "Sai fora, sai fora. Matei o menino", ele avisou. A diferença entre os crimes de Suzane e Sandra é de exatamente um ano - Manfred e Marísia foram mortos em outubro de 2002; Tallison, em outubro de 2003.
Não demorou para que Martins fosse pego e entregasse os comparsas - Sandra e outros dois amigos. Todos foram presos. Ela foi a única a ter o processo desmembrado e, por não ter participado da execução, conseguiu ter a pena diminuída de 27 para 24 anos de cadeia em regime fechado. Isso custou 9 500 reais das economias do padrasto, que havia finalmente conseguido juntar a quantia após anos construindo casas de luxo em Toque-toque Grande, no litoral norte de São Paulo. "Era para fazer o muro e ajeitar a casa. Deixei tudo no advogado", conta Bahia. Contrataram um dos melhores escritórios da região, o do criminalista Munir Jorge, já falecido.
Sandra à época do crime: cabelos longos tingidos de loiro
(Foto:VEJASP)
Família
Já Suzane não conta com a simpatia do irmão e, desde que demitiu seu advogado e tutor Denivaldo Barni, não tem recebido visitas. Uma das poucas pessoas que ainda a chamam de amiga é a também advogada Luzia Helena Sanches, na casa de quem Suzane ficou hospedada quando esteve em liberdade. Mesmo assim, elas perderam contato nos últimos anos.
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