Convite a Katia Abreu para Agricultura abre crise com PMDB
Cúpula do partido se revolta por não ter sido consultada e ameaça impedir votação da meta fiscal
O Globo
A presidente Dilma Rousseff convidou, na última
quarta-feira, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que é presidente da
Confederação Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para assumir o
Ministério da Agricultura, e ela aceitou. Porém, o vazamento da
informação, nesta sexta-feira, abriu uma crise no comando do PMDB, que
não foi consultado. Pegos de surpresa, peemedebistas ameaçam se unir à
oposição e implodir a votação do projeto de lei que altera a meta fiscal
na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, caso o governo
confirme oficialmente a ida da senadora para a pasta.
Filho da senadora, o deputado federal Irajá Abreu (PSD-TO)
chegou a parabenizar a mãe na rede de microblogs Twitter, “por mais essa
conquista”. Irajá, que também reproduziu uma notícia informando que sua
mãe fora convidada para o ministério e havia aceitado, acabou retirando
a publicação da rede social.
Atualmente, o Ministério da Agricultura é da cota dos
peemedebistas da Câmara, e Kátia é considerada uma “cristã nova” na
bancada do Senado. Ela trocou o PSD pelo PMDB há apenas ano, e há
senadores peemedebistas mais antigos na fila por um ministério.
Dilma ainda não abriu a conversa com os partidos sobre a
reforma ministerial. Segundo peemedebistas, a informação do Palácio do
Planalto era que a presidente estava tratando apenas da equipe
econômica, que pretendia inicialmente anunciar ontem. Só depois ela
negociaria os demais ministérios. O vice-presidente da República, Michel
Temer, que é presidente do PMDB, não foi informado sobre o convite
feito à Kátia e só ficou sabendo ontem, quando a informação vazou.
Hoje, o PMDB tem cinco ministros: Edison Lobão (Minas e
Energia), Garibaldi Alves (Previdência), Moreira Franco (Aviação Civil),
Neri Geller (Agricultura) e Vinícius Lages (Turismo). Parte do partido
defende a permanência de Geller na Agricultura. Ele também tem como
padrinho o senador Blairo Maggi (PR-MT).
A saída de Lobão do Ministério de Minas e Energia é dada
como certa. Ele ficou desgastado depois de ter sido citado no escândalo
da Petrobras. O ministro nega envolvimento no esquema de desvio de
dinheiro. Ainda assim, diante do aprofundamento da operação Lava-Jato,
da Polícia Federal, a presidente deve tirar o PMDB do comando da pasta e
colocar alguém de sua confiança.
APROXIMAÇÃO GRADUAL
Com a devassa que está sendo feita pela Polícia Federal e
pela Justiça na Petrobras, vinculada ao Ministério de Minas e Energia,
integrantes do PMDB afirmam que a pasta virou um “pepino” e que o
partido não faria questão de mantê-la. Mesmo assim, vão tentar uma
compensação.
Egressa do DEM, Kátia Abreu foi um dos expoentes da oposição
na gestão de Lula. A aproximação do governo foi feita em etapas.
Primeiro, ela se filiou ao PSD, criado pelo ex-prefeito de São Paulo
Gilberto Kassab para dar suporte ao governo, mas que, num primeiro
momento, adotou postura de independência. Ela se aproximou de Dilma
durante a discussão do marco regulatório dos portos, matéria de
interesse da bancada ruralista para escoamento da produção.
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