De olho na evasão escolar, Japão terá educação online inspirada em videogames
Matteo Maillard - Le MondeIr à escola ou jogar videogame? A partir de abril de 2015, estudantes japoneses não precisarão mais escolher. Na província de Chiba, perto de Tóquio, o colégio particular Meisei vai abrir um curso de três anos, totalmente online, paralelamente à sua formação clássica.
Esse novo gênero de ensino à distância, uma mistura de MOOC com serious game, permite que os alunos criem um avatar virtual e acompanhem diariamente diferentes cursos de 25 minutos pré-gravados em vídeo pelos professores da escola. Cada aula é seguida de um pequeno teste.
O sistema de notas imita o das recompensas monetizadas em uso nos RPGs estratégicos. Ele permite acumular, sob forma de moedas de ouro, "MS points" com os quais é possível personalizar seu avatar, comprando-lhe roupas, acessórios e cortes de cabelo.
Com o intuito de acentuar a imersão e o caráter lúdico, o avatar é integrado em um universo virtual com seu colégio, seu parque, sua pista de atletismo, seu lago de pesca e seus canteiros de cultivo. É possível interagir com os avatares dos outros estudantes, conversar sobre as aulas ou se dedicar a atividades virtuais em seu tempo livre. O universo retoma a linguagem de videogames populares como Sims ou Farmville para seduzir os estudantes acostumados com sua prática. Ele pode ser acessado através de computadores, de smartphones e tablets.
Por 180 mil ienes (cerca de R$ 4 mil) por ano, e após os três anos previstos, os alunos receberão o mesmo diploma que aqueles que fizeram o curso tradicional, explica o site oficial da escola. Eles precisarão largar o teclado pelo menos quatro vezes por ano, para participar fisicamente de reuniões de orientação na escola.
Combater a evasão escolar
Por mais insólito que possa parecer, esse programa poderá se revelar particularmente pertinente para reinserir jovens em evasão escolar. "Muitos estudantes, por diversas razões ligadas ao trabalho, a bullying ou a problemas de integração, têm dificuldades de frequentar as aulas", explica Kota Hasegawa, porta-voz da escola, em uma entrevista ao "Wall Street Journal"."Embora eu seja um defensor fervoroso da educação e da comunicação ao vivo, a experiência virtual que propomos na Meisei oferecerá a esses alunos uma primeira etapa para superar sua dificuldade de integração."
Segundo o Ministério da Educação japonês, o absenteísmo atingiu 2,5% dos alunos no ano passado. Menos da metade deles afirma ter faltado às aulas por razões financeiras ou de saúde. É o bullying que costuma ser apontado para explicar o absenteísmo no Japão. Nesse mesmo ano, o ministério relatou 55.248 casos de bullying entre alunos de 10 a 14 anos e 11.039 casos entre alunos de 15 a 17 anos.
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