sábado, 22 de novembro de 2014

Utah pode reintroduzir morte por fuzilamento para execuções estaduais
Estados dos EUA buscam novos métodos após empresas europeias de fármacos se oporem à pena de morte
/O Globo
Uma década após banir o uso dos controversos pelotões de fuzilamento para executar presos, políticos em Utah estão fazendo uma proposta de reintroduzir a prática, na tentativa de evitar problemas com drogas usadas na injeção letal. Após uma discussão 20 minutos na quarta-feira, um painel interino de políticos de Utah aprovou o plano apresentado pelo republicano Paul Ray, de Clearfield, numa votação vencida por 9 a 2. De acordo com as propostas, um pelotão de fuzilamento seria usado caso não se consiga os fármacos usados para injeções letais 30 dias antes da data de execução.
Estados americanos que durante anos usaram um coquetel letal de três drogas para levar a cabo as execuções têm enfrentado recentemente a escassez de fármacos desde que os laboratórios europeus se opuseram à pena de morte, começando a se recusar a vender as substâncias para prisões e instituições correcionais. Com suprimentos limitados, estados têm buscado usar diferentes tipos, combinações e doses de drogas letais, mas esses métodos têm sido contestados em tribunais.
Ao longo do ano, houve pelo menos quatro execuções altamente problemáticas, incluindo as de Joseph Wood, no Arizona, Dennis McGuire, em Ohio, e Clayton Lockett, em abril. Todas as suas mortes foram marcadas por problemas que estendeu a execução por mais tempo do que o necessário, e levou a acusações de que os homens podem ter sofrido “punições cruéis e incomuns” proibidas pela Constituição dos Estados Unidos. Agora, políticos em Utah e em outros lugares estão procurando alternativas.
De acordo com a lei atual de Utah, criminosos condenados antes de 2004 podem optar por morte por fuzilamento - um método usado pela última vez em 2010. Utah parou de usar pelotões de fuzilamento por preocupações com a atenção que a mídia tem dado aos detentos, mas Paul Ray argumentou que é a forma mais humana de executar um preso, porque eles morrem instantaneamente.
— Temos que ter uma opção — disse o deputado republicano, que apresentou a proposta. — Se formos para a guilhotina, ou se formos para o pelotão de fuzilamento, cadeira elétrica, você ainda vai ter a mesma atmosfera circense por trás disso. Então, isso vai realmente importar?
Ray acrescentou que a proposta dá flexibilidade a Utah se o estado for incapaz de obter as substâncias necessárias para uma injeção letal. Mas os críticos têm dito que atirar num preso também tem riscos e renovará a intensa atenção da mídia que Utah quer evitar.
Apesar de ser imobilizado, um preso ainda poderia se mover ou os atiradores poderia errar o coração, causando uma morte mais lenta e dolorosa, de acordo com o Centro de Informação sobre a Pena de Morte, em Washington, que se opõe à pena capital. Um desses casos parece ter acontecido no território de Utah em 1879. De acordo com relatos de jornais, um pelotão de fuzilamento errou o coração de Wallace Wilkerson, que demorou 27 minutos para morrer.
Os planos devem agora passar pelo processo legislativo completo uma vez que os legisladores convoquem a sessão anual, em janeiro.

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