Excesso de produção americana e estratégia da Opep derrubam cotações e ameaçam políticas de exploração e produção do setor de petróleo
O Globo
Os negociadores de Irã, EUA e outras cinco potências corriam contra o relógio ontem, em Lausanne, na Suíça, para fechar um acordo sobre o programa nuclear iraniano no limite do prazo, que expira hoje. Após uma maratona de reuniões, alguns impasses ainda precisavam ser superados. Entre eles, o grau de atividade nuclear que o país persa poderia desenvolver após o prazo de dez anos com o enriquecimento de urânio limitado; e a retomada da aplicação de sanções, caso o tratado não seja respeitado. Além de resistências internas em Washington e Teerã, há também uma série de detalhes de extrema complexidade técnica que precisam ser acordados, para que as negociações possam avançar até 30 de junho, prazo final para a conclusão definitiva do acordo.Apesar desses percalços, a mera possibilidade de um avanço nas negociações fez os preços do petróleo caírem ontem pelo segunda sessão seguida nas principais praças de negociação, em Nova York e Londres. Nem mesmo as tensões no Iêmen, agravadas pelos ataques da Força Aérea saudita contra posições das milícias xiitas houtis, afetaram o bom humor dos operadores. Embora o país não seja um produtor relevante, sua posição geográfica o torna estrategicamente importante no que concerne o transporte de petróleo do Golfo. Os mercados também não se abalaram com as incertezas na Nigéria — um dos dez maiores exportadores —, cujas eleições presidenciais realizadas domingo, em meio a ataques do grupo Boko Haram, estão sendo contestadas pela oposição.
Há apenas alguns anos, a combinação desses fatores geopolíticos teria puxado vertiginosamente para cima as cotações do petróleo do tipo Brent e do WTI, principais referências do mercado. A expectativa de um acordo com o Irã não teria tido força suficiente para conter uma escalada de preços, muito menos derrubar a cotação. Mas a realidade mudou e uma nova estrutura de preços está em vigor, cuja tendência tem sido de queda.
De acordo com analistas, isso se deve a dois fatores: o volume extra produzido pelos EUA por meio da exploração de gás não convencional; e a decisão da Opep, liderada pela Arábia Saudita, de não cortar sua produção, numa estratégia para afetar justamente a produção americana. Pela lógica saudita, a exploração do gás não convencional se tornará inviável economicamente à medida que o seu custo de investimento se tornar superior ao baixo lucro proveniente de uma cotação depreciada.
Isso coloca desafios não só para o segmento produtivo — petrolíferas, estaleiros e fabricantes de plataformas e sondas —, mas exige a revisão de políticas governamentais à luz da nova realidade. No caso do pré-sal brasileiro, uma cotação abaixo de US$ 45 o barril transforma em prejuízo o investimento em algumas áreas e reduz a atratividade de um modelo de exploração que amarra a iniciativa privada a parcerias obrigatórias com a Petrobras, abalada por casos de corrupção, e sem recursos.
Há apenas alguns anos, a combinação desses fatores geopolíticos teria puxado vertiginosamente para cima as cotações do petróleo do tipo Brent e do WTI, principais referências do mercado. A expectativa de um acordo com o Irã não teria tido força suficiente para conter uma escalada de preços, muito menos derrubar a cotação. Mas a realidade mudou e uma nova estrutura de preços está em vigor, cuja tendência tem sido de queda.
De acordo com analistas, isso se deve a dois fatores: o volume extra produzido pelos EUA por meio da exploração de gás não convencional; e a decisão da Opep, liderada pela Arábia Saudita, de não cortar sua produção, numa estratégia para afetar justamente a produção americana. Pela lógica saudita, a exploração do gás não convencional se tornará inviável economicamente à medida que o seu custo de investimento se tornar superior ao baixo lucro proveniente de uma cotação depreciada.
Isso coloca desafios não só para o segmento produtivo — petrolíferas, estaleiros e fabricantes de plataformas e sondas —, mas exige a revisão de políticas governamentais à luz da nova realidade. No caso do pré-sal brasileiro, uma cotação abaixo de US$ 45 o barril transforma em prejuízo o investimento em algumas áreas e reduz a atratividade de um modelo de exploração que amarra a iniciativa privada a parcerias obrigatórias com a Petrobras, abalada por casos de corrupção, e sem recursos.
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