Merval Pereira - O Globo
Um levantamento do professor Reinaldo Gonçalves mostra que o Brasil em 2014 ficou em 172ª posição num conjunto 188 países, o que quer dizer que nada menos que 91% dos países tiveram melhor desempenho que o nosso.
Em relação ao quadriênio de Dilma Rousseff (2011-14), nossa posição tem uma melhora relativa: ficamos na 126ª posição, sendo superados por 67% dos países.
No plano interno, a presidente Dilma continua na mesma posição constrangedora de ser a presidente com a terceira pior média de crescimento do PIB da República brasileira, ao lado de Venceslau Brás, com 2,1% de crescimento, superando apenas dois presidentes que tiveram média negativa de crescimento em seus mandatos: Fernando Collor -1,3; Floriano Peixoto -7,5.
Se as previsões se confirmarem para este ano, com uma retração do PIB que pode chegar a até 1% segundo alguns economistas, a média para cinco anos cairá abaixo de 2%. Como a situação política é fortemente influenciada pela economia, dificilmente a presidente Dilma encontrará este ano condições de recuperação de sua popularidade, que as pesquisas de opinião mostram estar num momento crucial, provavelmente na casa de um dígito de aprovação se tomarmos a média dos institutos de pesquisa.
Foi sob o impacto da informação de que o nível de aprovação da presidente Dilma estava em 7 pontos num tracking encomendado pelo Palácio do Planalto que o ex-ministro da Comunicação Social Thomas Trauman escreveu aquele já famoso relatório que afinal o derrubou.
Entre as ilegalidades que defendia, destacam-se o uso dos blogs sujos para atacar os adversários do governo. No que via como uma “guerrilha de comunicação”, o documento lamentava que os robôs que atuaram na campanha presidencial para espalhar boatos e elogios a favor de Dilma tivessem sido desativados, e recomendava que o Planalto desse “munição” para “os soldados de fora” dispararem.
Há também a defesa do uso da Voz do Brasil e da televisão oficial para mostrar os feitos do governo, numa confusão clara entre órgãos do governo e do Estrado brasileiro. A demissão de Trauman, ao contrário do que se podia supor, não foi devida ao conteúdo do documento, mas ao seu vazamento.
Infere-se isso pela escolha por Dilma de seu tesoureiro de campanha, o petista Edinho Silva, para o cargo, entregando ao PT a verba e o verbo da comunicação do governo. Como nos governos petistas as pessoas importam mais que os cargos que ocupam, Edinho quase foi nomeado para diretor da Autoridade Pública Olímpica, mas a presidente Dilma desistiu ao constatar que ele não seria aprovado pelo Senado.
Como a nomeação para o ministério é de inteira responsabilidade da presidente, lá se vai Edinho Silva tratar da imagem do governo federal. Logo ele, que foi tesoureiro da campanha de 2014 de Dilma e, segundo anotações atribuídas a Ricardo Pessoa, dono da UTC, “está preocupadíssimo”. E segue texto de Pessoa: “Todas as empreiteiras acusadas de esquema criminoso da Operação Lava-Jato doaram para a campanha de Dilma. Será que falarão sobre vinculação campanha x obras da Petrobras?”.
Esse e outros textos encontrados se parecem com chantagem, no momento em que delações premiadas estão sendo negociadas. Mas Edinho Silva pode trazer também mais problemas políticos para Dilma. Ele afirmou recentemente que as manifestações de rua são coisa da elite golpista, e que é preciso “combater a direita” em todo o continente.
Coroando seu pensamento, antes mesmo de assumir a missão palaciana ele já havia dito o que pensava especificamente sobre a área em que vai atuar: “Temos que criar efetivamente condições para que haja uma democratização da comunicação no país. E isso passa pela democratização da propriedade dos veículos”.
Mesmo que tenha salientado que esse debate “deve ser feito com muita tranquilidade, sem partidarismo e em parceria com a sociedade”, Edinho já disse a que veio.
Em relação ao quadriênio de Dilma Rousseff (2011-14), nossa posição tem uma melhora relativa: ficamos na 126ª posição, sendo superados por 67% dos países.
No plano interno, a presidente Dilma continua na mesma posição constrangedora de ser a presidente com a terceira pior média de crescimento do PIB da República brasileira, ao lado de Venceslau Brás, com 2,1% de crescimento, superando apenas dois presidentes que tiveram média negativa de crescimento em seus mandatos: Fernando Collor -1,3; Floriano Peixoto -7,5.
Se as previsões se confirmarem para este ano, com uma retração do PIB que pode chegar a até 1% segundo alguns economistas, a média para cinco anos cairá abaixo de 2%. Como a situação política é fortemente influenciada pela economia, dificilmente a presidente Dilma encontrará este ano condições de recuperação de sua popularidade, que as pesquisas de opinião mostram estar num momento crucial, provavelmente na casa de um dígito de aprovação se tomarmos a média dos institutos de pesquisa.
Foi sob o impacto da informação de que o nível de aprovação da presidente Dilma estava em 7 pontos num tracking encomendado pelo Palácio do Planalto que o ex-ministro da Comunicação Social Thomas Trauman escreveu aquele já famoso relatório que afinal o derrubou.
Entre as ilegalidades que defendia, destacam-se o uso dos blogs sujos para atacar os adversários do governo. No que via como uma “guerrilha de comunicação”, o documento lamentava que os robôs que atuaram na campanha presidencial para espalhar boatos e elogios a favor de Dilma tivessem sido desativados, e recomendava que o Planalto desse “munição” para “os soldados de fora” dispararem.
Há também a defesa do uso da Voz do Brasil e da televisão oficial para mostrar os feitos do governo, numa confusão clara entre órgãos do governo e do Estrado brasileiro. A demissão de Trauman, ao contrário do que se podia supor, não foi devida ao conteúdo do documento, mas ao seu vazamento.
Infere-se isso pela escolha por Dilma de seu tesoureiro de campanha, o petista Edinho Silva, para o cargo, entregando ao PT a verba e o verbo da comunicação do governo. Como nos governos petistas as pessoas importam mais que os cargos que ocupam, Edinho quase foi nomeado para diretor da Autoridade Pública Olímpica, mas a presidente Dilma desistiu ao constatar que ele não seria aprovado pelo Senado.
Como a nomeação para o ministério é de inteira responsabilidade da presidente, lá se vai Edinho Silva tratar da imagem do governo federal. Logo ele, que foi tesoureiro da campanha de 2014 de Dilma e, segundo anotações atribuídas a Ricardo Pessoa, dono da UTC, “está preocupadíssimo”. E segue texto de Pessoa: “Todas as empreiteiras acusadas de esquema criminoso da Operação Lava-Jato doaram para a campanha de Dilma. Será que falarão sobre vinculação campanha x obras da Petrobras?”.
Esse e outros textos encontrados se parecem com chantagem, no momento em que delações premiadas estão sendo negociadas. Mas Edinho Silva pode trazer também mais problemas políticos para Dilma. Ele afirmou recentemente que as manifestações de rua são coisa da elite golpista, e que é preciso “combater a direita” em todo o continente.
Coroando seu pensamento, antes mesmo de assumir a missão palaciana ele já havia dito o que pensava especificamente sobre a área em que vai atuar: “Temos que criar efetivamente condições para que haja uma democratização da comunicação no país. E isso passa pela democratização da propriedade dos veículos”.
Mesmo que tenha salientado que esse debate “deve ser feito com muita tranquilidade, sem partidarismo e em parceria com a sociedade”, Edinho já disse a que veio.
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