Rui Tavares - Público
Não só pela falta de sensibilidade
pessoal e humana de Aníbal Cavaco Silva, da qual não se espera muito.
Mas sobretudo porque um presidente da república não pode esquecer-se, em
nenhum momento, de que é o mais alto representante da nação. O que ele
diz, particularmente em momentos graves da história, é o que diz
Portugal. A sua desconsideração pelo destino de uma outra nação europeia
é particularmente deplorável quando sabemos que Portugal nunca escapou
às consequências da instabilidade política no nosso continente, e que é
muitas vezes considerado como o próximo país na linha de fogo após uma
saída da Grécia. Gostaria Cavaco Silva de ouvir o mesmo, de outro chefe
de estado, sobre o nosso país?
Infelizmente, a bitola não é alta. Mas aferir o sentido da responsabilidade dos líderes europeus é hoje crucial porque é ainda possível resolver esta crise, e é possível fazê-lo com uma palavra.
Essa palavra é óbvia: reestruturação.
***
A reestruturação das dívidas, a começar pela grega, é neste momento a única solução financeira, económica e política para a crise. É a forma mais simples de provar que a União Europeia leva a sério os seus próprios critérios para a União Económica e Monetária: diminuir os rácios da dívida no PIB e encaminhar todas as economias da zona euro para trajetórias razoáveis de desendividamento. É a forma mais rápida de aliviar a pressão sobre os gastos sociais e o investimento público, essenciais para manter o modelo social no continente e relançar a economia. E é a forma mais justa — a única, neste momento — de dar ao povo grego uma saída plausível e honrosa deste ciclo infernal.
Sem eurobonds, sem um plano de recuperação e relançamento das economias da crise, sem acesso (por parte da Grécia) aos mecanismos do Banco Central Europeu de apoio quantitativo à economia e transações monetárias diretas em caso de instabilidade nos mercados da dívida — e sem tempo útil para preparar tudo isso — só um compromisso claro em torno da reestruturação da dívida pode solucionar agora esta crise.
A reestruturação é inevitável. Ela vai ocorrer, de forma negociada ou unilateral. Sem renegociação e reestruturação da dívida grega, os credores não verão nenhum do seu dinheiro de volta. Por que não, então, assumi-lo de uma vez? São apenas necessárias clareza moral e coragem política. Qualquer chefe de governo ou de estado na Europa pode neste momento assumir a responsabilidade de dizer que entende a necessidade de reestruturar a dívida grega e de iniciar rapidamente negociações para o efeito. É o que basta para iniciar o debate, ainda em tempo útil.
A reestruturação — unilateral — está já a ocorrer: se nada tiver mudado desde a hora em que escrevo, a Grécia incumpriu perante o FMI e deixou expirar o resgate da troika. Essa é talvez a única notícia útil: com o FMI fora do quadro, a única solução é política e exclusivamente europeia como nunca deveria ter deixado de ser.
Infelizmente, a bitola não é alta. Mas aferir o sentido da responsabilidade dos líderes europeus é hoje crucial porque é ainda possível resolver esta crise, e é possível fazê-lo com uma palavra.
Essa palavra é óbvia: reestruturação.
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A reestruturação das dívidas, a começar pela grega, é neste momento a única solução financeira, económica e política para a crise. É a forma mais simples de provar que a União Europeia leva a sério os seus próprios critérios para a União Económica e Monetária: diminuir os rácios da dívida no PIB e encaminhar todas as economias da zona euro para trajetórias razoáveis de desendividamento. É a forma mais rápida de aliviar a pressão sobre os gastos sociais e o investimento público, essenciais para manter o modelo social no continente e relançar a economia. E é a forma mais justa — a única, neste momento — de dar ao povo grego uma saída plausível e honrosa deste ciclo infernal.
Sem eurobonds, sem um plano de recuperação e relançamento das economias da crise, sem acesso (por parte da Grécia) aos mecanismos do Banco Central Europeu de apoio quantitativo à economia e transações monetárias diretas em caso de instabilidade nos mercados da dívida — e sem tempo útil para preparar tudo isso — só um compromisso claro em torno da reestruturação da dívida pode solucionar agora esta crise.
A reestruturação é inevitável. Ela vai ocorrer, de forma negociada ou unilateral. Sem renegociação e reestruturação da dívida grega, os credores não verão nenhum do seu dinheiro de volta. Por que não, então, assumi-lo de uma vez? São apenas necessárias clareza moral e coragem política. Qualquer chefe de governo ou de estado na Europa pode neste momento assumir a responsabilidade de dizer que entende a necessidade de reestruturar a dívida grega e de iniciar rapidamente negociações para o efeito. É o que basta para iniciar o debate, ainda em tempo útil.
A reestruturação — unilateral — está já a ocorrer: se nada tiver mudado desde a hora em que escrevo, a Grécia incumpriu perante o FMI e deixou expirar o resgate da troika. Essa é talvez a única notícia útil: com o FMI fora do quadro, a única solução é política e exclusivamente europeia como nunca deveria ter deixado de ser.
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