O país que a Lava Jato acordou exige a punição de todos os bandidos, mesmo suspeitando que a tribo dos políticos sem culpa no cartório caiba numa maloca
O Supremo Tribunal Federal decidiu que o acordo
entre Rodrigo Janot e Joesley Batista não precisa de revisão, que o
ministro Edson Fachin seguirá cuidando da meia delação premiadíssima e
que, ao menos por enquanto, continuam valendo os benefícios que
condenaram à impunidade perpétua um esquartejador da verdade. Com a
decisão o STF aparentemente buscou impedir que os advogados dos
quadrilheiros passassem a contestar todas as revelações de quem aceitou
colaborar com a Justiça. O problema é que essa obscenidade parida em
Brasília pelo procurador-geral da República pode desmoralizar o
instrumento jurídico que, utilizado com inteligência em Curitiba, ajudou
a iluminar a face escura do Brasil.
O correto seria percorrer o caminho do meio. As
vigarices expostas por Joesley imploram por investigações e, se for o
caso, castigos exemplares. Se o presidente Michel Temer e o senador
Aécio Neves, por exemplo, fizeram o que parecem ter feito, merecem o
purgatório onde penam traidores de milhões de profissionais da
esperança. Mas a história das falcatruas da JBS não pode limitar-se à
primeira parte. Joesley está obrigado a exumar a metade que
falta. O país que presta quer saber quando o açougueiro predileto dos
governos do PT abrirá o baú das bandalheiras que praticou com a
cumplicidade ativa de Lula, Dilma e a chefia do BNDES. Que tal começar
pela suspeitíssima reunião que juntou Joesley, Lula e Eduardo Cunha no
Sábado de Aleluia de 2016.Figurões do Judiciário, do Executivo, do Legislativo e do Ministério Público teimam em fechar os olhos ao Brasil que a Lava Jato despertou. (Refiro-me, insisto, à verdadeira Lava Jato, personificada por Sérgio Moro, não à caricatura liderada pelo procurador-geral que presenteia bandidos bilionários com o status de inimputável). Esse novo país exige o enquadramento de todos os delinquentes, mesmo suspeitando que a tribo dos homens públicos honrados caiba numa maloca. Com o sumiço dos velhacos hegemônicos, a espécie em extinção vai multiplicar-se rapidamente. É hora de começar tudo de novo.
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