OAS pagou propina a Alves via conta de Temer, diz MPF
Informação consta
em pedido de prisão preventiva contra ex-ministro do Turismo. Repasse
teria sido de 500.000 reais por meio de caixa 1
Eduardo Gonçalves - VEJA
O ex-ministro do Turismo, Henrique
Eduardo Alves é preso no apartamento onde mora, no bairro de Areia
Preta, Zona Leste de Natal (RN), durante operação da Polícia Federal -
06/06/2017 (Frankie Marcone/Futura Press/Folhapress)
A Procuradoria do Rio Grande do Norte afirmou que o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) recebeu “valores ilícitos” da empreiteira OAS por meio da conta do então vice-presidente Michel Temer
durante a eleição de 2014. A informação foi usada pelo Ministério
Público Federal (MPF) para pedir a prisão preventiva de Alves, que foi
cumprida nesta quarta-feira na Operação Manus, dada a sua proximidade com o agora presidente da República.
A procuradoria incluiu nos autos a triangulação do repasse de 500.000 reais, que foi feito via caixa 1.
Pelos extratos da prestação de contas, o valor caiu na conta de Temer
tendo como doador a OAS SA, em 11 de setembro de 2014. No mesmo dia, a
soma foi transferida para o diretório estadual do PMDB do Rio Grande do
Norte — naquele ano, Alves que já foi presidente da Câmara e deputado
por onze mandatos disputou o governo, mas perdeu.
Alves foi preso sob suspeita de receber pelo menos 7,5
milhões de reais de propina para favorecer empreiteiras, entre elas a
OAS e Odebrecht. Uma das obras investigadas seria a da Arena das Dunas,
que foi erguida para sediar jogos da Copa do Mundo em 2014.
No mesmo pedido, a procuradoria diz que, mesmo depois de ter
renunciado ao cargo de ministro do Turismo, Alves continua a “exercer
intensa atividade política em âmbito nacional”. Como argumento, o MPF
citou viagens “constantes” com “periodicidade semanal” de Natal a
Brasília de junho de 2016 a abril de 2017.“O quadro se mostra mais preocupante se considerado que,
exatamente em 2016, até os dias de hoje, o partido político de Henrique
Eduardo Lyra Alves, o PMDB, assumiu a Presidência da República, (…). O
vice-presidente Michel Temer, correligionário de Eduardo Henrique Lyra
Alves, assumiu o poder, sendo concretamente provável que o ora
investigado se dirija a Brasília exatamente para com ele estabelecer
articulações da mais diversa ordem”, escreveu o procurador Rodrigo
Telles de Souza.
Alves também foi ministro do Turismo no governo Dilma
Rousseff e chegou a ser mantido por Temer no posto no período de
afastamento provisório do impeachment. Pediu demissão depois de ser sido
citado na delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, cujo
trecho também foi anexado ao pedido de prisão.
Procurada, a assessoria do Planalto informou que quem daria
um posicionamento seria o diretório nacional do PMDB. A reportagem
tentou contatar o partido, que não foi localizado. O mesmo ocorreu com a
defesa do ex-ministro.
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