sexta-feira, 30 de maio de 2014

Cidadão dos EUA participou de ataque suicida de grupo ligado à Al Qaeda na Síria
Eric Schmitt e Ben Hubbard - NYT
Um cidadão dos Estados Unidos na Síria, que trabalhava com um grupo militante apoiado pela Al Qaeda, realizou um ataque suicida no último domingo (25), no que se acredita ser a primeira vez que um norte-americano envolveu-se em um ataque desse tipo, disseram as autoridades dos EUA nesta quarta-feira (28).
O ataque suicida veio à tona pela primeira vez na terça-feira, em mensagens pelo Twitter da Frente Nusra, um grupo extremista islâmico da Síria alinhado com a Al Qaeda na luta contra o governo do presidente Bashar Assad.
Autoridades norte-americanas, falando sob condição de anonimato por envolver assuntos de inteligência, recusaram-se a identificar o norte-americano ou a fornecer qualquer informação sobre ele. A "NBC News" noticiou que as autoridades dos EUA confirmaram que o atacante suicida era norte-americano.
Ativistas sírios e sites jihadistas informaram que o homem usava o nome de Abu Huraira al-Amriki e realizou o suicídio com um caminhão-bomba na província de Idlib.
Uma foto que circulou pela mídia social jihadista mostrava um jovem sorridente que dizia ser o homem-bomba. Ele tinha uma barba loira e segurava um gato no peito.
Ativistas também divulgaram um vídeo com imagens que supostamente eram do ataque. O vídeo começa mostrando os rebeldes carregando o que parece ser munição de tanque em um grande veículo blindado com placas de metal. Depois, o veículo desce uma rua e há uma grande explosão.
Um ativista anti-governo, contatado por Skype, que estava perto do local da explosão confirmou o ataque e disse que tinha visto o norte-americano antes do bombardeio, mas não tinha falado com ele e não sabia de onde ele era.
"Eu sei que ele era norte-americano, tinha um passaporte norte-americano e estava com a Frente Nusra", disse o ativista, que deu apenas seu primeiro nome, Ahmed, por medo de represálias.
Grupos extremistas islâmicos na Síria com ligações com a Al Qaeda têm tentado identificar, recrutar e treinar norte- americanos e outros ocidentais que lá chegam para que realizem ataques quando voltarem para casa, de acordo com altos funcionários da inteligência e contraterrorismo dos EUA.
Esses esforços que, segundo as autoridades estão nos estágios iniciais, são o mais recente desafio criado pelo conflito na Síria não apenas para a Europa, mas para os Estados Unidos. A guerra civil tornou-se um ímã para os ocidentais que procuram lutar com os rebeldes contra o governo de Assad.
As autoridades norte-americanas de inteligência e de combate ao terrorismo dizem que mais de 70 norte-americanos viajaram para a Síria principalmente para lutar em algum dos centenas de grupos rebeldes que combatem o governo de Assad. O FBI, a CIA, o Centro Nacional de Contraterrorismo e o Departamento de Segurança Interna criaram recentemente uma equipe especial de analistas para tentar impedir que os jihadistas norte-americanos voltem para casa sem serem detectados.
As autoridades norte-americanas dizem que suas preocupações com o recrutamento e a formação de norte-americanos se baseiam em informações recolhidas a partir de registros de viagem de passageiros, fontes na Síria, comunicações eletrônicas interceptadas, mensagens nas mídias sociais e pela vigilância dos norte-americanos no exterior que tenham manifestado interesse em viajar para a Síria.
"A recente enxurrada de militantes no país representa um sério desafio, uma vez que esses indivíduos poderão ser treinados para planejar e realizar ataques em todo o mundo", disse Mark F. Giuliano, vice-diretor do FBI, em comentários em Washington na quarta-feira.
Um homem-bomba norte-americano na Síria "pode mudar o jogo", disse Seth Jones, um especialista em terrorismo da Rand Corp.
"Isso indica que os norte-americanos estão aprimorando sua capacidade de realizar ataques terroristas", disse Jones, e podem eventualmente ser usados dentro dos Estados Unidos ou contra os interesses dos EUA no exterior.
A maioria dos norte-americanos que viajaram para a Síria ainda estão lá, disseram as autoridades norte-americanas, embora alguns tenham morrido no campo de batalha. Nicole Lynn Mansfield, 33, de Flint, no Michigan, convertida ao islamismo, foi morta em maio de 2013 com rebeldes sírios na província de Idlib.
No ano passado, outro americano, Eric G. Harroun, que foi soldado do Exército em Phoenix, foi indiciado na Virgínia por um júri federal por lutar ao lado de membros da Frente Nusra. Em setembro, ele se declarou culpado de uma acusação menor envolvendo conspiração para transferir artigos e serviços de defesa, e está respondendo em liberdade. A família de Harroun postou um aviso em sua página no Facebook no mês passado dizendo que ele havia morrido de overdose acidental.
Outros cidadãos ou residentes dos Estados Unidos foram detidos antes de chegarem à Síria. Basit Javed Sheikh, 29, de Cary, Carolina do Norte, foi preso em novembro de 2013 por tentar fornecer apoio material à Frente Nusra quando estava tentando embarcar em uma série de voos para se unir ao grupo, segundo as autoridades norte-americanas.
Tradutor: Deborah Weinberg

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