Mireya Navarro e Vivian Yee - NYT
Nubia Chavez e Manuel Acuña passam de um imóvel alugado a outro em Nova York (EUA), como a geração do milênio. Eles se mudaram recentemente para um cômodo por US$ 700 por mês, em um apartamento no Queens, com banheiro compartilhado e sem acesso à cozinha, exceto para fazer café. Isso significa comer fora quase todo dia e ter pouca privacidade em casa.
Mas Chavez, uma empregada doméstica, e Acuña, um porteiro
de prédio aposentado, não são da geração do milênio. Eles têm 65 e 72
anos, e dizem estar cansados – de se mudarem, da falta de permanência e
de um estilo de vida inadequado para a idade deles. "Eu quero morar no
meu próprio lar", disse Chavez. "Chega de quartos."
Norma e Rodolfo de la Rosa têm um lar, no Queens, mas colocaram recentemente seus nomes em uma lista de espera para uma residência a preço acessível para adultos mais velhos, porque, eles dizem, seus cheques do Seguro Social não conseguem acompanhar a alta dos aluguéis. A lista tem quase 4 mil nomes.
E no Brooklyn, Jennifer Stock, 33, está à procura de um lugar para seu pai enfermo de 89 anos, após a casa de repouso em Park Slope onde ele vivia anunciar que fecharia neste ano. Os lugares que ela tem visto custam caro demais ou não permitem que seu pai mantenha os assistentes de saúde fornecidos pelo Medicaid (o seguro-saúde público para pessoas de baixa renda), ela disse, de modo que ela está considerando alugar um apartamento para ele.
Encontrar a moradia adequada se transformou em uma grande preocupação para muitos nova-iorquinos mais velhos, um grupo cujo crescimento explosivo e mudança das necessidades habitacionais apresentam novos desafios para a cidade. Por mais séria que a escassez de imóveis a preço acessível tenha se tornado, o aperto talvez seja mais duro sobre os idosos. Em certa idade, condições de vida abaixo do padrão se tornam menos toleráveis, subir escadas deixa de ser viável, até mesmo aluguéis estabilizados se tornam altos demais e cresce a necessidade por moradias com serviços especiais.
A demanda cada vez maior por moradia para idosos já supera a oferta existente, especialmente para os pobres, dizem os provedores de serviços para idosos. E a cidade, eles dizem, não conta com um plano habitacional abrangente para acomodar uma população que está envelhecendo. "Quando tudo isso é somado, vem a pergunta: o que vamos fazer?" diz Bobbie Sackman, diretora de políticas públicas do Conselho de Serviços e Centros para Idosos de Nova York. "Como envelheceremos como uma cidade?"
A população mais velha da cidade atualmente é a que mais cresce. Daqui cerca de 15 anos, em 2030, Nova York terá pela primeira vez tantos moradores com 65 anos ou mais quanto moradores em idade escolar –15,5% da população, em comparação a 12% hoje, dizem os planejadores da cidade. Àquela altura, a cidade terá 300 mil mais idosos a mais que o 1 milhão que tem hoje. Em 2040, ela terá mais de 400 mil além do que tem hoje.
A população mais velha é em grande parte branca, refletindo o envelhecimento dos grupos iniciais de imigrantes, como os italianos e irlandeses, dizem os demógrafos. Mas ela se tornará cada vez mais diversa, eles notam.
"O aumento da população mais velha é uma grande mudança demográfica já em andamento e que continuará", disse Joseph J. Salvo, demógrafo chefe do Departamento de Planejamento Municipal.
A tendência de envelhecimento é nacional, à medida que mais baby boomers (a geração pós-Segunda Guerra Mundial) chegam à idade de aposentadoria, mas a população mais velha de Nova York apresenta um número desproporcionalmente alto de inquilinos, pessoas que moram sozinhas e que são pobres. Quase um quarto dos adultos mais velhos da cidade vive na pobreza.
A crescente disparidade entre os preços dos aluguéis e as rendas na cidade está atingindo essas pessoas mais duramente, mesmo aquelas com apartamentos com aluguéis estabilizados. Cerca de 51% dos lares chefiados por um nova-iorquino idoso gastam 35% ou mais de sua renda em aluguel, ou acima do que o governo federal considera acessível, deixando os moradores com 65 anos ou mais entre os mais sobrecarregados pelos aluguéis na cidade, como mostram números do censo. Mas moradia para idosos ainda não é uma prioridade.
Das 165 mil unidades habitacionais a preço acessível criadas ou preservadas sob o prefeito Michael R. Bloomberg, menos de 10 mil foram reservadas para moradores idosos, disse o Conselho de Serviços e Centros para Idosos em um recente relatório, pedindo ao sucessor de Bloomberg, o prefeito Bill de Blasio, que aumente esses números.
O escritório da inspetoria geral apontou que a cidade está "terrivelmente atrasada em relação a outras partes do país no fornecimento de opções subsidiadas e com valor de mercado viáveis e adequadas para idosos" em seu próprio relatório sobre moradias a preço acessível na semana passada. "Na ausência de um esforço orquestrado, nós veremos uma explosão de pessoas idosas em abrigos", disse o inspetor-geral, Scott M. Stringer, em uma entrevista.
Nova York tem menos opções de moradias a preço de mercado para idosos, como comunidades de aposentados ou casas de repouso, do que outras grandes áreas metropolitanas, em grande parte por ser uma cidade cara para construir ou reformar prédios antigos, disseram especialistas do setor de moradias para idosos. Quanto mais baixa a renda, menor são as opções até mesmo para os idosos com saúde.
Com pensões e cheques do Seguro Social de US$ 28 mil por ano, um operário de depósito aposentado de 71 anos no Brooklyn tentou se candidatar a moradia subsidiada para idosos de baixa renda, ele disse, mas foi colocado em uma lista de espera de anos. Um prédio para pessoas de renda diversa contava com 10 mil candidatos para 100 unidades. Ele não ganhou na loteria.
Então o homem alterna entre dois projetos habitacionais públicos. Um fica no Brooklyn, onde ele morava antes de se separar de sua parceira, que agora às vezes o deixa passar uma noite ou duas no sofá. O outro é o apartamento de sua sobrinha no Brooklyn, lar de sete outras pessoas, onde sua cama é um sofá marrom. Às vezes, quando o apartamento fica muito lotado, ele acampa em sua van Toyota.
"Você já viu os porcos em uma fazenda?" disse o homem, cujo nome não é mencionado porque a revelação de sua identidade poderia colocar em risco a locação dos imóveis públicos por seus anfitriões.
Mas sublocação não é incomum. Cada vez mais, moradores mais velhos dividem seus imóveis com outros familiares –31,2% vivem com dois ou quatro parentes, mostram dados do censo, um aumento em comparação a 21,3% em 1980. Mas à medida que a idade avança, dormir em um sofá se torna cada vez menos viável, e algumas habitações se tornam menos toleráveis.
Maria Peralta, 61, uma operadora de máquina de costura aposentada e zeladora de escritório que morava em um porão subdividido ilegalmente no Queens desde seu divórcio há 20 anos, disse que sua asma piorou devido ao seu quarto sem janela. "Às vezes não consigo respirar", disse Peralta.
Parvati Devi, 67, luta para subir os três lances de escadas após 43 anos em seu apartamento de dois quartos. Ela tem rompimento do menisco e um joelho esquerdo com artrite, que a obrigam a usar uma bengala. Devi se candidatou a uma residência para idosos em seu bairro, anexando atestados médicos na esperança de que receba status preferencial. "Eu apenas quero sair daqui", afirmou.
De Blasio chegou à prefeitura com uma plataforma de criação de mais moradias à preço acessível. Os defensores dos nova-iorquinos idosos estão pedindo para que ele incorpore unidades para idosos em suas metas habitacionais – por exemplo, destinando 20% das 50 mil novas unidades habitacionais que o prefeito deseja criar para idosos, por meio de exigências aos empreendedores imobiliários em troca de maior densidade.
A vereadora Margaret S. Chin, que chefia o Comitê para Terceira Idade, disse que as necessidades dos moradores idosos deve ser incorporada as novas construções de imóveis residenciais, incluindo portas mais largas para acomodar cadeiras de rodas. "Deve haver formas de apartamentos a preço acessível serem adaptados para que pessoas possam envelhecer neles", afirmou Chin.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
Norma e Rodolfo de la Rosa têm um lar, no Queens, mas colocaram recentemente seus nomes em uma lista de espera para uma residência a preço acessível para adultos mais velhos, porque, eles dizem, seus cheques do Seguro Social não conseguem acompanhar a alta dos aluguéis. A lista tem quase 4 mil nomes.
E no Brooklyn, Jennifer Stock, 33, está à procura de um lugar para seu pai enfermo de 89 anos, após a casa de repouso em Park Slope onde ele vivia anunciar que fecharia neste ano. Os lugares que ela tem visto custam caro demais ou não permitem que seu pai mantenha os assistentes de saúde fornecidos pelo Medicaid (o seguro-saúde público para pessoas de baixa renda), ela disse, de modo que ela está considerando alugar um apartamento para ele.
Encontrar a moradia adequada se transformou em uma grande preocupação para muitos nova-iorquinos mais velhos, um grupo cujo crescimento explosivo e mudança das necessidades habitacionais apresentam novos desafios para a cidade. Por mais séria que a escassez de imóveis a preço acessível tenha se tornado, o aperto talvez seja mais duro sobre os idosos. Em certa idade, condições de vida abaixo do padrão se tornam menos toleráveis, subir escadas deixa de ser viável, até mesmo aluguéis estabilizados se tornam altos demais e cresce a necessidade por moradias com serviços especiais.
A demanda cada vez maior por moradia para idosos já supera a oferta existente, especialmente para os pobres, dizem os provedores de serviços para idosos. E a cidade, eles dizem, não conta com um plano habitacional abrangente para acomodar uma população que está envelhecendo. "Quando tudo isso é somado, vem a pergunta: o que vamos fazer?" diz Bobbie Sackman, diretora de políticas públicas do Conselho de Serviços e Centros para Idosos de Nova York. "Como envelheceremos como uma cidade?"
A população mais velha da cidade atualmente é a que mais cresce. Daqui cerca de 15 anos, em 2030, Nova York terá pela primeira vez tantos moradores com 65 anos ou mais quanto moradores em idade escolar –15,5% da população, em comparação a 12% hoje, dizem os planejadores da cidade. Àquela altura, a cidade terá 300 mil mais idosos a mais que o 1 milhão que tem hoje. Em 2040, ela terá mais de 400 mil além do que tem hoje.
A população mais velha é em grande parte branca, refletindo o envelhecimento dos grupos iniciais de imigrantes, como os italianos e irlandeses, dizem os demógrafos. Mas ela se tornará cada vez mais diversa, eles notam.
"O aumento da população mais velha é uma grande mudança demográfica já em andamento e que continuará", disse Joseph J. Salvo, demógrafo chefe do Departamento de Planejamento Municipal.
A tendência de envelhecimento é nacional, à medida que mais baby boomers (a geração pós-Segunda Guerra Mundial) chegam à idade de aposentadoria, mas a população mais velha de Nova York apresenta um número desproporcionalmente alto de inquilinos, pessoas que moram sozinhas e que são pobres. Quase um quarto dos adultos mais velhos da cidade vive na pobreza.
A crescente disparidade entre os preços dos aluguéis e as rendas na cidade está atingindo essas pessoas mais duramente, mesmo aquelas com apartamentos com aluguéis estabilizados. Cerca de 51% dos lares chefiados por um nova-iorquino idoso gastam 35% ou mais de sua renda em aluguel, ou acima do que o governo federal considera acessível, deixando os moradores com 65 anos ou mais entre os mais sobrecarregados pelos aluguéis na cidade, como mostram números do censo. Mas moradia para idosos ainda não é uma prioridade.
Das 165 mil unidades habitacionais a preço acessível criadas ou preservadas sob o prefeito Michael R. Bloomberg, menos de 10 mil foram reservadas para moradores idosos, disse o Conselho de Serviços e Centros para Idosos em um recente relatório, pedindo ao sucessor de Bloomberg, o prefeito Bill de Blasio, que aumente esses números.
O escritório da inspetoria geral apontou que a cidade está "terrivelmente atrasada em relação a outras partes do país no fornecimento de opções subsidiadas e com valor de mercado viáveis e adequadas para idosos" em seu próprio relatório sobre moradias a preço acessível na semana passada. "Na ausência de um esforço orquestrado, nós veremos uma explosão de pessoas idosas em abrigos", disse o inspetor-geral, Scott M. Stringer, em uma entrevista.
Nova York tem menos opções de moradias a preço de mercado para idosos, como comunidades de aposentados ou casas de repouso, do que outras grandes áreas metropolitanas, em grande parte por ser uma cidade cara para construir ou reformar prédios antigos, disseram especialistas do setor de moradias para idosos. Quanto mais baixa a renda, menor são as opções até mesmo para os idosos com saúde.
Com pensões e cheques do Seguro Social de US$ 28 mil por ano, um operário de depósito aposentado de 71 anos no Brooklyn tentou se candidatar a moradia subsidiada para idosos de baixa renda, ele disse, mas foi colocado em uma lista de espera de anos. Um prédio para pessoas de renda diversa contava com 10 mil candidatos para 100 unidades. Ele não ganhou na loteria.
Então o homem alterna entre dois projetos habitacionais públicos. Um fica no Brooklyn, onde ele morava antes de se separar de sua parceira, que agora às vezes o deixa passar uma noite ou duas no sofá. O outro é o apartamento de sua sobrinha no Brooklyn, lar de sete outras pessoas, onde sua cama é um sofá marrom. Às vezes, quando o apartamento fica muito lotado, ele acampa em sua van Toyota.
"Você já viu os porcos em uma fazenda?" disse o homem, cujo nome não é mencionado porque a revelação de sua identidade poderia colocar em risco a locação dos imóveis públicos por seus anfitriões.
Mas sublocação não é incomum. Cada vez mais, moradores mais velhos dividem seus imóveis com outros familiares –31,2% vivem com dois ou quatro parentes, mostram dados do censo, um aumento em comparação a 21,3% em 1980. Mas à medida que a idade avança, dormir em um sofá se torna cada vez menos viável, e algumas habitações se tornam menos toleráveis.
Maria Peralta, 61, uma operadora de máquina de costura aposentada e zeladora de escritório que morava em um porão subdividido ilegalmente no Queens desde seu divórcio há 20 anos, disse que sua asma piorou devido ao seu quarto sem janela. "Às vezes não consigo respirar", disse Peralta.
Parvati Devi, 67, luta para subir os três lances de escadas após 43 anos em seu apartamento de dois quartos. Ela tem rompimento do menisco e um joelho esquerdo com artrite, que a obrigam a usar uma bengala. Devi se candidatou a uma residência para idosos em seu bairro, anexando atestados médicos na esperança de que receba status preferencial. "Eu apenas quero sair daqui", afirmou.
De Blasio chegou à prefeitura com uma plataforma de criação de mais moradias à preço acessível. Os defensores dos nova-iorquinos idosos estão pedindo para que ele incorpore unidades para idosos em suas metas habitacionais – por exemplo, destinando 20% das 50 mil novas unidades habitacionais que o prefeito deseja criar para idosos, por meio de exigências aos empreendedores imobiliários em troca de maior densidade.
A vereadora Margaret S. Chin, que chefia o Comitê para Terceira Idade, disse que as necessidades dos moradores idosos deve ser incorporada as novas construções de imóveis residenciais, incluindo portas mais largas para acomodar cadeiras de rodas. "Deve haver formas de apartamentos a preço acessível serem adaptados para que pessoas possam envelhecer neles", afirmou Chin.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
Nenhum comentário:
Postar um comentário