quinta-feira, 1 de maio de 2014

Farc são organização terrorista mais ativa do Ocidente, segundo os EUA
Relatório do Departamento de Estado americano divulgado ontem aponta diminuição da atividade insurgente no país, mas aumento de 47% nos ataques à infraestrutura em 2013, ano em que governo e guerrilheiros negociaram a paz em Havana
O Estado de S.Paulo
BOGOTÁ - Em meio às negociações de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo de Juan Manuel Santos - iniciadas em outubro de 2012-, a guerrilha foi responsável pela maior parte dos ataques terroristas no Hemisfério Ocidental em 2013. A conclusão é de um relatório sobre terrorismo divulgado ontem pelo Departamento de Estado dos EUA.
Os ataques à infraestrutura colombiana - especialmente a oleodutos e plataformas de petróleo - principalmente pelas Farc e pelo Exército de Libertação Nacional (ELN) tiveram aumento de 46% em comparação a 2012. As Farc se concentraram no ano passado em ataques assimétricos (contra inimigos sem poder de retaliação) de baixo custo e alto impacto. As formas mais comuns foram lançamento de granadas de morteiros em delegacias de polícia ou postos militares, uso de explosivos colocados perto de estradas ou trilhas, ataques de franco-atiradores, barricadas e emboscadas.
No ano passado, segundo o relatório do Departamento de Estado dos EUA, a Colômbia experimentou a diminuição da atividade terrorista, apesar de o número de ataques à infraestrutura ter aumentado. Estatísticas do governo colombiano mostraram uma diminuição de 7% nos ataques em relação a 2012, com 830 incidentes terroristas no país comparados a 894 ataques no ano anterior.
As forças de segurança e prédios públicos foram o alvo mais comum, embora as baixas civis tenham ocorrido durante todo o ano. Ataques foram mais frequentes ao longo da fronteira com a Venezuela nos departamentos de Arauca, Norte de Santander e La Guajira. Também se destacaram no sudoeste, nos departamentos de Nariño e Cauca, e no departamento de Antioquia.
As Farc terminaram o ano de 2013 com uma declaração de cessar-fogo unilateral de 30 dias a partir de 15 de dezembro, enquanto Santos declarou que o governo continuaria sua pressão contra os insurgentes.
A guerrilha é considerada pelo governo americano a maior, mais antiga, mais violenta e mais bem equipada organização terrorista da América Latina. Embora o governo colombiano e os guerrilheiros tenham chegado a acordos parciais em reforma agrária e participação política, um acordo de paz bilateral não foi atingido.
O ELN também expressou desejo de encontrar uma saída política. Embora suas negociações com o governo ainda não tenham começado, o ELN libertou duas importantes vítimas de sequestro e indicou um grupo de negociadores formado por cinco pessoas.
América Latina. Em 2013, de acordo com as conclusões do relatório divulgado pelo governo americano, os países latino-americanos apresentaram melhoria modesta em sua estrutura antiterrorista e na segurança de suas fronteiras.
Organizações criminosas transnacionais continuam a impor ameaça mais significativa à região do que o terrorismo com base em várias nações. A maior parte dos países fez esforços para investigar possíveis conexões com organizações terroristas.
A influência do Irã no hemisfério ocidental continua sendo uma preocupação para o governo americano. No entanto, em razão de fortes restrições impostas ao país tanto pelos EUA como pela UE, Teerã não conseguiu expandir seus laços econômicos e políticos na América Latina.
A Tríplice Fronteira, entre Argentina, Brasil e Paraguai, continua um importante eixo regional de armas, narcóticos, tráfico humano, falsificação, bens pirateados e lavagem de dinheiro - todas fontes potenciais de financiamento para organizações terroristas.
Mundo. Um aumento no número de afiliados ativos da Al-Qaeda e de grupos semelhantes no Oriente Médio e no Norte da África representa uma séria ameaça aos interesses e aliados dos EUA, disse o Departamento de Estado, ao relatar mais de 40% de aumento nos ataques terroristas em todo o mundo entre 2012 e 2013.
O relatório destacou o Irã como um dos principais países patrocinadores do terrorismo. Segundo os EUA, o país continua a ignorar os pedidos para comprovação de que suas ambições atômicas têm finalidade pacífica, mesmo com as negociações envolvendo seu programa nuclear.
Em seu relatório anual sobre o terrorismo global, o governo americano disse que as perdas na cúpula da Al-Qaeda no Paquistão e no Afeganistão "aceleraram" a descentralização da rede em 2013. Isso resultou no surgimento de grupos autônomos e afiliados mais agressivos, principalmente no Iêmen, na Síria, no Iraque, no noroeste da África e na Somália.

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