Jodi Rudoren - NYT
Menahem Kahana/AP
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu
Depois de suspender as negociações de paz com os palestinos na semana passada, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pediu ao seu gabinete para que apresentasse abordagens alternativas para o conflito insolúvel, que provavelmente incluirão a anexação de partes da Cisjordânia ou a retirada de alguns assentamentos e o apoio a outros.
Tais medidas unilaterais têm ganhado força recentemente entre alguns israelenses proeminentes próximos de Netanyahu, embora elas tenham sido energicamente contestadas por Washington e pela liderança palestina. Essas medidas contradizem a visão mais aceita por todos, segundo a qual um elemento central da fórmula para uma paz duradoura seria a seguinte: as fronteiras entre Israel e o futuro Estado palestino devem ser negociadas.
Os defensores dos planos unilaterais dos israelenses afirmam que Netanyahu vinha há muito tempo se recusando a discutir a opção "deixa que eu resolvo tudo sozinho", mesmo em particular, e que ele não foi específico ao dizer aos ministros, no domingo passado, que iria considerar todas as opções durante as próximas semanas, de acordo com uma autoridade que estava presente na sala do gabinete.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu
Depois de suspender as negociações de paz com os palestinos na semana passada, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pediu ao seu gabinete para que apresentasse abordagens alternativas para o conflito insolúvel, que provavelmente incluirão a anexação de partes da Cisjordânia ou a retirada de alguns assentamentos e o apoio a outros.
Tais medidas unilaterais têm ganhado força recentemente entre alguns israelenses proeminentes próximos de Netanyahu, embora elas tenham sido energicamente contestadas por Washington e pela liderança palestina. Essas medidas contradizem a visão mais aceita por todos, segundo a qual um elemento central da fórmula para uma paz duradoura seria a seguinte: as fronteiras entre Israel e o futuro Estado palestino devem ser negociadas.
Os defensores dos planos unilaterais dos israelenses afirmam que Netanyahu vinha há muito tempo se recusando a discutir a opção "deixa que eu resolvo tudo sozinho", mesmo em particular, e que ele não foi específico ao dizer aos ministros, no domingo passado, que iria considerar todas as opções durante as próximas semanas, de acordo com uma autoridade que estava presente na sala do gabinete.
No entanto, ministros de direita já aproveitaram o
colapso das negociações patrocinadas pelos Estados Unidos para renovar
seus pedidos por medidas mais agressivas, como a anexação dos dois
terços do território da Cisjordânia conhecidos como Zona C, medida que
Israel já havia adotado em relação a Jerusalém Oriental e às Colinas de
Golã. Isso significaria aplicar o direito civil israelense à região, que
abriga cerca de 350 mil colonos judeus e, de acordo com a ONU
(Organização das Nações Unidas), onde também residem 150 mil palestinos.
"Não há nenhuma razão para que a região continue vivendo sob um regime militar, com todas as dificuldades que isso gera", disse à Rádio Israel Gilad Erdan, ministro no Partido Likud, de Netanyahu, após a sessão do gabinete realizada no domingo passado. "É possível anexar a região ao Estado de Israel e fazer isso de uma maneira ordeira e dentro da lei e explicar ao mundo: esta é a nossa posição."
Outras propostas, mais moderadas, preveem a evacuação de parte ou da totalidade dos cerca de 100 mil colonos que vivem a leste da barreira que Israel construiu na Cisjordânia, e deixar claro que o futuro mapa de Israel deve incluir os chamados blocos do outro lado, além das áreas de Jerusalém Oriental habitadas por judeus.
Entre as vozes respeitáveis que ousaram pronunciar a palavra "unilateral", que já foi considerada tabu, estão Michael B. Oren, ex-embaixador de Netanyahu nos Estados Unidos; Dan Meridor, quatro vezes ministro e vice-premiê durante o mandato anterior de Netanyahu; e Amos Yadlin, chefe aposentado da inteligência militar com quem o primeiro-ministro se consulta regularmente.
"O que eu estou dizendo é que Israel tem que desenvolver um plano B", disse Oren em um entrevista recente. "Nós não estamos falando sobre remover a grande maioria dos assentamentos nem falando sobre uma retirada de nosso exército. É claro que existem riscos, mas haverá riscos em qualquer decisão que tomarmos, quer seja uma solução de dois estados ou uma solução que mantenha o status quo".
"Eles têm um plano; nós temos um plano", disse a repórteres, durante uma teleconferência realizada na última terça-feira (29), Mustafa Barghouti, membro do conselho.
"Nós vamos prosseguir com os tratados da ONU e manteremos nossa entrada gradual nas agências da ONU, a última das quais será o Tribunal Penal Internacional", disse Barghouti, sugerindo que a construção de assentamentos, a restrição do fornecimento de água e os julgamentos de palestinos em tribunais israelenses poderão ser considerados como crimes de guerra. "Haverá um momento em que Israel terá de responder na justiça".
"Um passo como esse vai repercutir internacionalmente de uma maneira ou de outra", disse Halevy à Rádio Israel na terça. "Aos olhos de nosso rival", disse ele, "esse é, no fim das contas, um sinal de fraqueza, pois eles obterão algo sem ter que dar nada em troca."
Yadlin, que atualmente é diretor do Instituto de Estudos sobre Segurança Nacional de Tel Aviv, disse que é crucial diferenciar uma medida destinada a limitar a ocupação da Cisjordânia por Israel da retirada de Gaza por meio de um planejamento cauteloso que possa garantir a segurança e também por meio da coordenação dessa ação com os EUA, a Jordânia e até mesmo com os palestinos.
Como os outros, ele vê a ação unilateral como uma tática de pressão, pelo menos em parte. Ele diz que uma retirada parcial permitiria que Israel "mantivesse algumas cartas para negociações futuras, pois a prioridade número um é o fechamento de um acordo".
"Toda ideia tem um timing ideal", disse Yadlin em uma entrevista concedida no mês passado. "Se o acordo não for alcançado, nós teremos que escolher entre o status quo e as medidas unilaterais. E será nesse momento que veremos o apoio a esse plano".
Naftali Bennett, que transformou a anexação da Cisjordânia na peça central da campanha de seu Partido Jewish Home no ano passado, disse no domingo que oferecerá a cidadania israelense aos palestinos residentes da Zona C e que atuará para reduzir os postos de controle militares israelenses e para aumentar a autonomia palestina no restante da Cisjordânia.
"Eu sei que essa solução não é tão sexy quanto a solução perfeita de dois Estados, mas ela é realista", disse Bennett em uma reunião da Associação de Imprensa Estrangeira de Jerusalém. "As pessoas me perguntam: 'isso é algo sustentável? Sim, é sustentável. É perfeito? Não, assim é a vida", acrescentou ele. "Alguns casamentos não são perfeitos. O que podemos fazer? É necessário viver. Você tenta viver sua vida. Isso é o que nós precisamos fazer, fazer o melhor que podemos, dentro dessa situação imperfeita."
Tradutor: Cláudia Gonçalves
"Não há nenhuma razão para que a região continue vivendo sob um regime militar, com todas as dificuldades que isso gera", disse à Rádio Israel Gilad Erdan, ministro no Partido Likud, de Netanyahu, após a sessão do gabinete realizada no domingo passado. "É possível anexar a região ao Estado de Israel e fazer isso de uma maneira ordeira e dentro da lei e explicar ao mundo: esta é a nossa posição."
Outras propostas, mais moderadas, preveem a evacuação de parte ou da totalidade dos cerca de 100 mil colonos que vivem a leste da barreira que Israel construiu na Cisjordânia, e deixar claro que o futuro mapa de Israel deve incluir os chamados blocos do outro lado, além das áreas de Jerusalém Oriental habitadas por judeus.
Entre as vozes respeitáveis que ousaram pronunciar a palavra "unilateral", que já foi considerada tabu, estão Michael B. Oren, ex-embaixador de Netanyahu nos Estados Unidos; Dan Meridor, quatro vezes ministro e vice-premiê durante o mandato anterior de Netanyahu; e Amos Yadlin, chefe aposentado da inteligência militar com quem o primeiro-ministro se consulta regularmente.
"O que eu estou dizendo é que Israel tem que desenvolver um plano B", disse Oren em um entrevista recente. "Nós não estamos falando sobre remover a grande maioria dos assentamentos nem falando sobre uma retirada de nosso exército. É claro que existem riscos, mas haverá riscos em qualquer decisão que tomarmos, quer seja uma solução de dois estados ou uma solução que mantenha o status quo".
Palestinos
Os palestinos também adotaram suas próprias medidas unilaterais no início deste mês para se filiarem a 15 convenções internacionais, aproveitando o status de Estado observador que obtiveram na ONU em 2012, apesar das fortes objeções de Israel e dos Estados Unidos. Durante o fim de semana passado, o conselho central da OLP (Organização pela Libertação da Palestina) votou e aprovou a continuidade e o aprofundamento das medidas nesse sentido."Eles têm um plano; nós temos um plano", disse a repórteres, durante uma teleconferência realizada na última terça-feira (29), Mustafa Barghouti, membro do conselho.
"Nós vamos prosseguir com os tratados da ONU e manteremos nossa entrada gradual nas agências da ONU, a última das quais será o Tribunal Penal Internacional", disse Barghouti, sugerindo que a construção de assentamentos, a restrição do fornecimento de água e os julgamentos de palestinos em tribunais israelenses poderão ser considerados como crimes de guerra. "Haverá um momento em que Israel terá de responder na justiça".
Perigos
Efraim Halevy, ex-diretor da agência de inteligência Mossad, de Israel, advertiu que a retirada de Israel da Faixa de Gaza, em 2005, proporcionou uma "lição muito clara" sobre os perigos das medidas unilaterais --nesse caso específico, essa lição se apresentou na forma de milhares de foguetes disparados contra o sul de Israel desde então."Um passo como esse vai repercutir internacionalmente de uma maneira ou de outra", disse Halevy à Rádio Israel na terça. "Aos olhos de nosso rival", disse ele, "esse é, no fim das contas, um sinal de fraqueza, pois eles obterão algo sem ter que dar nada em troca."
Yadlin, que atualmente é diretor do Instituto de Estudos sobre Segurança Nacional de Tel Aviv, disse que é crucial diferenciar uma medida destinada a limitar a ocupação da Cisjordânia por Israel da retirada de Gaza por meio de um planejamento cauteloso que possa garantir a segurança e também por meio da coordenação dessa ação com os EUA, a Jordânia e até mesmo com os palestinos.
Como os outros, ele vê a ação unilateral como uma tática de pressão, pelo menos em parte. Ele diz que uma retirada parcial permitiria que Israel "mantivesse algumas cartas para negociações futuras, pois a prioridade número um é o fechamento de um acordo".
"Toda ideia tem um timing ideal", disse Yadlin em uma entrevista concedida no mês passado. "Se o acordo não for alcançado, nós teremos que escolher entre o status quo e as medidas unilaterais. E será nesse momento que veremos o apoio a esse plano".
Transferência de colonos
O Blue White Future (Futuro Azul e Branco), um grupo de esquerda, estima que custaria US$ 10 bilhões para transferir todos os 100 mil colonos espalhados pela região de volta para dentro das fronteiras que Israel mantinha em 1948 --ou para os chamados "blocos". Em março passado, o Blue White Future divulgou uma pesquisa mostrando que 30% desses colonos estão dispostos se mudar.Naftali Bennett, que transformou a anexação da Cisjordânia na peça central da campanha de seu Partido Jewish Home no ano passado, disse no domingo que oferecerá a cidadania israelense aos palestinos residentes da Zona C e que atuará para reduzir os postos de controle militares israelenses e para aumentar a autonomia palestina no restante da Cisjordânia.
"Eu sei que essa solução não é tão sexy quanto a solução perfeita de dois Estados, mas ela é realista", disse Bennett em uma reunião da Associação de Imprensa Estrangeira de Jerusalém. "As pessoas me perguntam: 'isso é algo sustentável? Sim, é sustentável. É perfeito? Não, assim é a vida", acrescentou ele. "Alguns casamentos não são perfeitos. O que podemos fazer? É necessário viver. Você tenta viver sua vida. Isso é o que nós precisamos fazer, fazer o melhor que podemos, dentro dessa situação imperfeita."
Tradutor: Cláudia Gonçalves
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