Adam Ganucheau e Manny Fernandez - NYT
Ilene Estes revirava os escombros sobre uma laje de concreto aqui, no que antes foi seu lar por 46 anos. Como milhares de outras pessoas no sul dos Estados Unidos, cujos lares e vidas foram devastados por uma série de tornados mortais nesta semana, ela estava atordoada e cansada.
Mesmo em partes do país onde tornados são comuns, quando eles atingem
diretamente sua rua, eles são terrores incomuns, sua selvageria é
descoberta como se fosse a primeira vez.
"Isto não é um tipo de coisa que já experimentamos", disse Estes, 74
anos. "Nós já tivemos tempestades nas áreas rurais ao nosso redor, de
modo que sabemos o que elas podem fazer, mas eu nunca imaginei que
poderia acontecer conosco. Eu sempre vejo essas coisas pela TV, mas
nunca pessoalmente."
Todo ano, pessoas nas regiões sul e central dos Estados Unidos se preparam para a temporada de tornados, em um ritual de preparação e antecipação que se torna uma parte rotineira da vida, assim como os habitantes da Flórida estão acostumados a furacões e os da Califórnia a terremotos.
Aqueles que vivem em Arkansas, Louisiana, Mississippi e outras partes do sul propensas a tornados violentos até mesmo têm um nome para a região: Dixie Alley (corredor Dixie), um par menor do mais famoso Tornado Alley (corredor dos tornados), que inclui partes de Oklahoma e Kansas.
Mas após uma série de tornados por todo o sul e meio-oeste que deixou pelo menos 35 mortos e milhares de casas e empresas destruídas desde domingo, a realidade se tornou dolorosamente clara: ninguém, mesmo em Dixie Alley, se acostuma com isso. Nada é rotineiro e nada pode ser dado como certo, até mesmo quartos seguros. Em Mayflower e Vilonia, duas das cidades mais duramente atingidas no Arkansas, pelo menos três pessoas morreram em quartos seguros em suas casas, incluindo uma mulher de 72 anos que morreu após escombros arrebentarem a porta de seu quarto.
Após matar pelo menos 15 pessoas no Arkansas no domingo, o sistema de tempestade violento se deslocou para o leste e atingiu partes do Alabama, Mississippi e Tennessee na segunda-feira, matando pelo menos 17 pessoas. A Agência de Gestão de Emergência do Mississippi disse que 12 pessoas morreram lá. Vítimas fatais também foram relatadas em Iowa e em Oklahoma.
Pelo menos nove das mortes em Mississippi ocorreram em Winston County, que inclui Louisville e fica a cerca de 150 quilômetros ao sul de Tupelo. Oito dessas mortes ocorreram em Louisville, uma cidade industrial de cerca de 7 mil habitantes, conhecida por sua fábrica de elevadores de aço e madeireiras.
"Ao ver a destruição por aqui, o número de mortos foi pequeno, o que é incrível", disse Will Hill, o prefeito de Louisville. "As pessoas que foram para o abrigo no tribunal se registraram, de modo que só saberemos quantas pessoas estavam lá nos próximos dias. Eu estava lá no tribunal quando a tempestade passou, e ele estava lotado."
Brian Corbett, um porta-voz da agência de gestão de emergência do Alabama, disse que três mortes foram confirmadas –duas em Limestone County e uma em Tuscaloosa County– mas estava recebendo relatos de vítimas fatais adicionais. A Universidade do Alabama disse que um dos mortos foi um estudante, John Servati, um membro de sua equipe de natação.
No Mississippi, enquanto Estes e outros moradores de Louisville reviravam os escombros na terça-feira, já se falava em reconstrução. Ninguém falava em se mudar. As cidades propensas a tornados são as mesmas onde as pessoas passaram gerações criando suas famílias.
"Eu não tive muito tempo para pensar a respeito, mas acho que reconstruiremos neste mesmo terreno", disse Zenita Allen, enquanto estava à beira de sua casa destruída.
Allen, 65 anos, disse que estavam em seu quarto na segunda-feira quando notou que o vento forte e a chuva tinham parado. Então ela ouviu um barulho grave e retumbante. Ela correu para a cozinha e desligou o fogão. Parte de uma árvore atravessou a janela e caiu perto dela.
Ela se agachou sob o bar na cozinha, enquanto seu marido se protegeu em um banheiro atrás da casa. Ele teve que segurar uma parede para que não caísse sobre ele.
Mesmo assim, Allen falou em permanecer, enquanto inspecionava a destruição.
"Agora que passamos por algo assim, nós sabemos o que pode acontecer", ela disse. "E eu sei que levaremos algumas coisas em consideração, como um porão para tempestade."
Tradutor: George El Khouri Andolfato
Todo ano, pessoas nas regiões sul e central dos Estados Unidos se preparam para a temporada de tornados, em um ritual de preparação e antecipação que se torna uma parte rotineira da vida, assim como os habitantes da Flórida estão acostumados a furacões e os da Califórnia a terremotos.
Aqueles que vivem em Arkansas, Louisiana, Mississippi e outras partes do sul propensas a tornados violentos até mesmo têm um nome para a região: Dixie Alley (corredor Dixie), um par menor do mais famoso Tornado Alley (corredor dos tornados), que inclui partes de Oklahoma e Kansas.
Mas após uma série de tornados por todo o sul e meio-oeste que deixou pelo menos 35 mortos e milhares de casas e empresas destruídas desde domingo, a realidade se tornou dolorosamente clara: ninguém, mesmo em Dixie Alley, se acostuma com isso. Nada é rotineiro e nada pode ser dado como certo, até mesmo quartos seguros. Em Mayflower e Vilonia, duas das cidades mais duramente atingidas no Arkansas, pelo menos três pessoas morreram em quartos seguros em suas casas, incluindo uma mulher de 72 anos que morreu após escombros arrebentarem a porta de seu quarto.
Após matar pelo menos 15 pessoas no Arkansas no domingo, o sistema de tempestade violento se deslocou para o leste e atingiu partes do Alabama, Mississippi e Tennessee na segunda-feira, matando pelo menos 17 pessoas. A Agência de Gestão de Emergência do Mississippi disse que 12 pessoas morreram lá. Vítimas fatais também foram relatadas em Iowa e em Oklahoma.
Pelo menos nove das mortes em Mississippi ocorreram em Winston County, que inclui Louisville e fica a cerca de 150 quilômetros ao sul de Tupelo. Oito dessas mortes ocorreram em Louisville, uma cidade industrial de cerca de 7 mil habitantes, conhecida por sua fábrica de elevadores de aço e madeireiras.
"Ao ver a destruição por aqui, o número de mortos foi pequeno, o que é incrível", disse Will Hill, o prefeito de Louisville. "As pessoas que foram para o abrigo no tribunal se registraram, de modo que só saberemos quantas pessoas estavam lá nos próximos dias. Eu estava lá no tribunal quando a tempestade passou, e ele estava lotado."
Brian Corbett, um porta-voz da agência de gestão de emergência do Alabama, disse que três mortes foram confirmadas –duas em Limestone County e uma em Tuscaloosa County– mas estava recebendo relatos de vítimas fatais adicionais. A Universidade do Alabama disse que um dos mortos foi um estudante, John Servati, um membro de sua equipe de natação.
No Mississippi, enquanto Estes e outros moradores de Louisville reviravam os escombros na terça-feira, já se falava em reconstrução. Ninguém falava em se mudar. As cidades propensas a tornados são as mesmas onde as pessoas passaram gerações criando suas famílias.
"Eu não tive muito tempo para pensar a respeito, mas acho que reconstruiremos neste mesmo terreno", disse Zenita Allen, enquanto estava à beira de sua casa destruída.
Allen, 65 anos, disse que estavam em seu quarto na segunda-feira quando notou que o vento forte e a chuva tinham parado. Então ela ouviu um barulho grave e retumbante. Ela correu para a cozinha e desligou o fogão. Parte de uma árvore atravessou a janela e caiu perto dela.
Ela se agachou sob o bar na cozinha, enquanto seu marido se protegeu em um banheiro atrás da casa. Ele teve que segurar uma parede para que não caísse sobre ele.
Mesmo assim, Allen falou em permanecer, enquanto inspecionava a destruição.
"Agora que passamos por algo assim, nós sabemos o que pode acontecer", ela disse. "E eu sei que levaremos algumas coisas em consideração, como um porão para tempestade."
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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