sexta-feira, 30 de maio de 2014

Presidentes russo e ucraniano terão encontro informal na França, nas comemorações do "Dia D"
Yves-Michel Riols - Le Monde
Seria um sinal de acordo? O novo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, deverá encontrar pela primeira vez desde que foi eleito, no domingo (25), seu homólogo russo, Vladimir Putin, durante comemorações do Desembarque na Normandia, no dia 6 de junho, que serão assistidas por 16 outros chefes de Estado.
A presença excepcional da maioria dos dirigentes ocidentais na França para essa ocasião acabará transformando essas cerimônias em uma cúpula informal sobre a Ucrânia. Ainda mais porque, na véspera, François Hollande prevê conversar, em Paris, com Barack Obama e depois com Vladimir Putin.
O Palácio do Eliseu confirmou, na quarta-feira (28), a realização dessa reunião "informal" com o dirigente. Ela marcaria o fim do isolamento diplomático do chefe do Kremlin, que não foi recebido por nenhum dirigente ocidental desde que a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia, em março.

O alcance simbólico do gesto é claro

O Eliseu também anunciou, na quarta-feira, a vinda de Poroshenko. Uma maneira de consagrar o presidente ucraniano perante a comunidade internacional, ao passo que Putin, que ele acompanhará nas praias normandas, ainda não reconheceu sua eleição. O Eliseu afirma que o Kremlin foi informado do convite endereçado a Poroshenko.
O alcance simbólico do gesto é claro: esboçar uma primeira aproximação entre Rússia e Ucrânia, enquanto os países presentes na Normandia comemorarão a reconciliação entre nações outrora inimigas. Mas, até o momento, Paris diz que não há nenhum encontro entre Putin e Poroshenko programado.
O encontro pretendido entre o presidente francês e o russo marca uma inflexão nas tensões entre Moscou e os países ocidentais. O cronograma não foi por acaso. Essa conversa acontecerá aproveitando o G7 em Bruxelas, nos dias 4 e 5 de junho, organizado no lugar do G8 com a Rússia, em Sochi, cancelado em razão da desestabilização conduzida por Moscou na Ucrânia.

Almoço oficial no Castelo de Bénouville

O encontro entre Hollande e Putin seria, então, o primeiro sinal tangível de uma vontade de "fazer as pazes" com a Rússia, segundo um diplomata, para esboçar uma solução para a crise na Ucrânia. No entanto, falta acertar os termos desse encontro, um exercício que requer uma delicada coreografia.
O conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, afirmou na quarta-feira que esse encontro terá "a forma de um jantar". Em Paris, se ressalta que o formato dessa reunião ainda não foi decidido. A única certeza é de que a Casa Branca já indicou que não previa um encontro entre os presidentes Obama e Putin.
No entanto, os dois homens se verão no dia 6 de junho, durante um almoço oficial no castelo de Bénouville  (Calvados), em companhia de François Hollande e de todos os outros chefes de Estado. Em seguida, eles assistirão a uma cerimônia em Ouistreham, uma das praias do Desembarque.

Esboçar um diálogo diplomático

Para além dessas considerações de protocolo, a presença dos principais dirigentes ocidentais e de Putin na França, na próxima semana, será a primeira ocasião para se esboçar um diálogo diplomático de alto nível sobre a crise ucraniana, permitindo que cada um preserve sua imagem.
Não há nenhuma necessidade de se fazer concessões de antemão, uma vez que a Ucrânia não está oficialmente na ordem do dia dessas comemorações.

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