Índia fracassa em recuperar dinheiro que corruptos enviaram ao exterior
O
primeiro-ministro indiano prometeu trazer volta o dinheiro que os
indianos corruptos teriam enviado para o exterior. Mas seus resultados
iniciais decepcionaram
Manu Joseph - TINYT
Saurabh Das/AP
Narendra
Modi, primeiro-ministro da Índia, disse que traria de volta ''todo o
dinheiro'' que indianos corruptos contrabandearam para o exterior
Na Índia, há milhares de anos, "um cirurgião plástico, talvez" colocou a cabeça de um elefante em um garoto que havia perdido a sua, disse o primeiro-ministro Narendra Modi no sábado (25) em um hospital de Mumbai, que ainda não oferece esse tipo de serviço. Ele não estava dizendo que os indianos antigos eram negligentes em escolher os doadores de cabeça, mas que eram tão grandes que as coisas que eles faziam pareciam mágica.
O primeiro-ministro não precisava ter ido tão longe.
Milhões de indianos modernos têm a capacidade de tornar o dinheiro invisível. Uma grande parte da economia indiana, ninguém sabe ao certo quanto, oficialmente não existe, mas exerce uma influência inegável sobre o mundo visível. O dinheiro ilícito, que é a renda que foi conquistada através de meios ilegais ou por sonegação de impostos, tem uma vida dupla na opinião pública indiana em geral.
A maior parte da classe média da Índia, especialmente os empresários, lida com ele de alguma forma e consideram-no uma necessidade prática para obter lucros em um país onde o custo de fazer negócios é alto. Mas eles consideram os sonegadores maiores e mais organizados como criminosos. Há uma percepção de que os grandes peixes contrabandeiam o dinheiro para fora da Índia.
Não há nenhuma evidência para sugerir que a maior parte do dinheiro ilícito da Índia está fora do país. Porém, o Partido Bharatiya Janata, de Modi, explorou essa fantasia quando fez a promessa de campanha de que ele traria de volta todo o dinheiro que os indianos tinham contrabandeado para o exterior.
O partido alegava que havia trilhões de rúpias descansando em bancos estrangeiros e que traria o dinheiro de volta para a Índia em um prazo de 100 dias após assumir o poder.
Mais de 150 dias se passaram, e Modi ainda não apresentou o dinheiro. Ao invés disso, o que o seu governo tem até agora é uma lista de indianos com contas bancárias no exterior, nem todas questionáveis. Na segunda-feira (27), o governo divulgou os nomes de alguns titulares de contas acusados de acumular dinheiro ilícito no exerior.
A lista foi uma decepção, pelo menos para aqueles que tinham assumido que Modi estava falando sério sobre sua guerra contra o que os indianos chamam de "dinheiro sujo".
Durante a campanha, Modi e seu partido fizeram os indianos acreditarem que vários políticos proeminentes, especialmente do partido rival, o Partido do Congresso Nacional, tinham dinheiro escondido em bancos estrangeiros. Mas os nomes que foram divulgados na segunda-feira foram de empresários pouco conhecidos. Dois deles haviam feito doações para tanto o B.J.P. quanto para o Partido do Congresso.
O governo indicou que não poderia revelar todos os nomes por causa de mecanismos legais envolvidos nos acordos com os países que compartilharam as informações. Mas, na terça-feira, a Suprema Corte repreendeu o governo por proteger os malfeitores e deu-lhe um dia para apresentar a lista de nomes em um envelope lacrado, o que o governo cumpriu.
Este é o primeiro fiasco do novo governo, porque transmitiu uma imagem de aliado dos grandes atores da economia subterrânea, exatamente como havia acusado o governo anterior.
Se é verdade que o governo quer proteger alguns indianos poderosos, então a intervenção da Suprema Corte, embora embaraçosa, é na verdade muito conveniente. O governo foi aliviado da responsabilidade de ter ele mesmo que revelar os nomes.
Arvind Kejriwal, do Partido Aadmi Aam, que concorreu contra Modi nas eleições gerais, fez uma declaração por escrito na qual sugeriu que o governo estava protegendo aqueles que tinham financiado sua campanha eleitoral, enquanto enviava os fiscais da receita contra os menos úteis.
Dois anos atrás, Kejriwal divulgou uma lista de indianos que teriam contas bancárias suspeitas no estrangeiro. A lista incluía Mukesh Ambani, o homem mais rico da Índia, muito próximo de Modi. De fato, foi em um hospital administrado por Ambani que o primeiro-ministro lembrou com carinho do cirurgião plástico de antigamente que tinha afixado a cabeça de um elefante em um menino.
Tradutor: Deborah Weinberg
Na Índia, há milhares de anos, "um cirurgião plástico, talvez" colocou a cabeça de um elefante em um garoto que havia perdido a sua, disse o primeiro-ministro Narendra Modi no sábado (25) em um hospital de Mumbai, que ainda não oferece esse tipo de serviço. Ele não estava dizendo que os indianos antigos eram negligentes em escolher os doadores de cabeça, mas que eram tão grandes que as coisas que eles faziam pareciam mágica.
O primeiro-ministro não precisava ter ido tão longe.
Milhões de indianos modernos têm a capacidade de tornar o dinheiro invisível. Uma grande parte da economia indiana, ninguém sabe ao certo quanto, oficialmente não existe, mas exerce uma influência inegável sobre o mundo visível. O dinheiro ilícito, que é a renda que foi conquistada através de meios ilegais ou por sonegação de impostos, tem uma vida dupla na opinião pública indiana em geral.
A maior parte da classe média da Índia, especialmente os empresários, lida com ele de alguma forma e consideram-no uma necessidade prática para obter lucros em um país onde o custo de fazer negócios é alto. Mas eles consideram os sonegadores maiores e mais organizados como criminosos. Há uma percepção de que os grandes peixes contrabandeiam o dinheiro para fora da Índia.
Não há nenhuma evidência para sugerir que a maior parte do dinheiro ilícito da Índia está fora do país. Porém, o Partido Bharatiya Janata, de Modi, explorou essa fantasia quando fez a promessa de campanha de que ele traria de volta todo o dinheiro que os indianos tinham contrabandeado para o exterior.
O partido alegava que havia trilhões de rúpias descansando em bancos estrangeiros e que traria o dinheiro de volta para a Índia em um prazo de 100 dias após assumir o poder.
Mais de 150 dias se passaram, e Modi ainda não apresentou o dinheiro. Ao invés disso, o que o seu governo tem até agora é uma lista de indianos com contas bancárias no exterior, nem todas questionáveis. Na segunda-feira (27), o governo divulgou os nomes de alguns titulares de contas acusados de acumular dinheiro ilícito no exerior.
A lista foi uma decepção, pelo menos para aqueles que tinham assumido que Modi estava falando sério sobre sua guerra contra o que os indianos chamam de "dinheiro sujo".
Durante a campanha, Modi e seu partido fizeram os indianos acreditarem que vários políticos proeminentes, especialmente do partido rival, o Partido do Congresso Nacional, tinham dinheiro escondido em bancos estrangeiros. Mas os nomes que foram divulgados na segunda-feira foram de empresários pouco conhecidos. Dois deles haviam feito doações para tanto o B.J.P. quanto para o Partido do Congresso.
O governo indicou que não poderia revelar todos os nomes por causa de mecanismos legais envolvidos nos acordos com os países que compartilharam as informações. Mas, na terça-feira, a Suprema Corte repreendeu o governo por proteger os malfeitores e deu-lhe um dia para apresentar a lista de nomes em um envelope lacrado, o que o governo cumpriu.
Este é o primeiro fiasco do novo governo, porque transmitiu uma imagem de aliado dos grandes atores da economia subterrânea, exatamente como havia acusado o governo anterior.
Se é verdade que o governo quer proteger alguns indianos poderosos, então a intervenção da Suprema Corte, embora embaraçosa, é na verdade muito conveniente. O governo foi aliviado da responsabilidade de ter ele mesmo que revelar os nomes.
Arvind Kejriwal, do Partido Aadmi Aam, que concorreu contra Modi nas eleições gerais, fez uma declaração por escrito na qual sugeriu que o governo estava protegendo aqueles que tinham financiado sua campanha eleitoral, enquanto enviava os fiscais da receita contra os menos úteis.
Dois anos atrás, Kejriwal divulgou uma lista de indianos que teriam contas bancárias suspeitas no estrangeiro. A lista incluía Mukesh Ambani, o homem mais rico da Índia, muito próximo de Modi. De fato, foi em um hospital administrado por Ambani que o primeiro-ministro lembrou com carinho do cirurgião plástico de antigamente que tinha afixado a cabeça de um elefante em um menino.
Tradutor: Deborah Weinberg
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