Rodrigo Constantino - VEJA
Mostrei aqui ontem como a senadora Kátia Abreu perdeu a linha completamente, transformando-se, após tantas andanças por partidos diferentes, finalmente numa típica petista. Acusou-me de “terrorista” e tudo. Eis que em sua coluna de hoje na Folha ela resolve conclamar o povo brasileiro ao diálogo de união, supostamente demandado pela própria presidente Dilma, uma “estadista” para a senadora:
O grau de puxa-saquismo da senadora
já atingiu patamares muito constrangedores. Sinto vergonha alheia. Em
seus ataques e impropérios de ontem, ela mencionou que não era
“ingrata”. Resta saber qual tipo de gratidão ela tem para com DIlma. De
qual espécie é essa troca?
Sabemos, ainda, que Kátia Abreu é cotada
para assumir um ministério. Teria alguma ligação com essa rasgação de
seda patética? Perguntar não ofende. Não estou acusando-a de nada, viu,
senadora? Depois não venha se fazer de vítima e dizer que sofre
bullying, ameaçando me processar. Estou apenas lhe dando uma
oportunidade de esclarecimento, pois milhares de antigos admiradores
seus hoje a repudiam com veemência.
Voltemos ao texto: é piada de mau gosto
tentar deixar tudo para trás e falar em união agora, como se tal pedido
da presidente fosse legítimo após o que fez em sua campanha. Kátia Abreu
tenta deixar tudo isso no passado, como excessos cometidos no calor da
disputa. Não! Trata-se de um método inaceitável, podre, de quem está
disposto a “fazer o diabo” pelo poder. Talvez Kátia Abreu entenda melhor
do que eu disso. Não sou muito ambicioso, e tenho muito apreço pela
ética e a coerência…
Mais curioso ainda é a senadora falar em
difamações, disputas exacerbadas, calúnias e o desejo de aniquilar o
adversário, tratado como inimigo, e logo depois falar em valores
republicanos citando Dilma como exemplo! Ora, não foi Dilma, sob o
comando de João Santana, a que mais apelou para tais táticas pérfidas?
Alguém realmente vai sustentar que tais ataques vieram dos dois lados
igualmente? Perguntem a Marina Silva o que ela pensa.
Kátia Abreu acha que Dilma merece
“trégua”, mas que de forma quase magnânima, pede apenas união. Quer
dialogar, talvez como chegou a propor com os terroristas islâmicos. Como
dialogar com quem quer nos destruir? Como dialogar com quem não
encontra limites éticos e legais para se perpetuar no poder? Como
dialogar com quem é ovacionada pelo ditador Maduro?
A senadora acha que o diálogo será o
caminho do desenvolvimento sustentável. Não! O caminho do crescimento
seria trocar o comando, mudar, substituir o modelo atual. Falar em
estabilidade com Dilma no controle da economia é ridículo. E falar em
ética, pior ainda.
Mas para Kátia Abreu, Dilma é uma
estadista humilde e responsável, disposta a dialogar com todos em prol
de um país melhor e mais ético, unido. Cabe à oposição aceitar o
convite. A que ponto chega o declínio de uma pessoa? Será que Kátia
Abreu não chegou ao fundo do poço ainda? Resta só se filiar de vez ao PT
mesmo, e chamar Dilma de “presidenta”…
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