A paciência de Renan com Dilma acabou
O que ele está é indignado com a presidente Dilma que, numa hora anuncia que governará com o PMDB, para depois esquecer o que disse 
Ricardo Noblat - O Globo 
O jantar, ontem, da cúpula do PMDB com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada valeu por quem faltou – e não por quem compareceu.
Compareceram os de sempre, liderados pelo vice-presidente da República Michel Temer e o recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Faltou Renan Calheiros, presidente do Senado, que não costuma faltar a compromissos dessa natureza. “Sempre haverá a primeira vez”, observou um senador amigo dele.
Para justificar a ausência, Renan distribuiu uma nota dizendo:
- Decidi abster-me do jantar entre o PMDB, a Presidente da República e ministros, em que se discutirá a coalizão. O Presidente do Congresso Nacional deve colocar a instituição acima da condição partidária. Considero o encontro como aprimoramento da democracia.
Quanta nobreza, pois não?
Mediante a garantia de anonimato, logo porta-vozes do governo contaram a jornalistas que Renan faltou ao jantar porque não sabe se conseguirá emplacar o novo presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras.
E também porque o governo federal não tem ajudado com dinheiro o filho dele, Renanzinho, eleito no ano passado governador de Alagoas.
Maldade com Renan.
O que ele está é indignado com a presidente Dilma que, numa hora anuncia que governará com o PMDB, para depois esquecer o que disse.
Na segunda-feira da semana passada, Renan e a cúpula do PMDB jantaram com os ministros Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, para discutir o ajuste fiscal do governo.
Foram embora emitindo sinais de que o partido aprovará o ajuste no Congresso desde que o PT também o faça. E desde que passe a ser consultado por Dilma para governar.
Na quinta-feira, Renan abriu sua casa de presidente do Senado para receber a cúpula do partido e o ex-presidente Lula. Ouviu de Lula a garantia de que Dilma, doravante, buscará a opinião do PMDB antes de tomar decisões importantes.
No dia seguinte, para surpresa de Renan e dos seus colegas de partido, Dilma despachou para o Congresso mais uma Medida Provisória que tem a ver com o ajuste fiscal.
Basta!
No momento, pelo menos, a paciência de Renan com Dilma se esgotou.

Renan Calheiros, presidente do Senado (Imagem: Givaldo Barbosa / Agência O Globo)