Jason Horowitz e Maggie Haberman - NYT
David J. Phillip/AP
O
ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush
O ex-presidente George W. Bush disse que os EUA devem mostrar que podem cumprir suas promessas, e argumentou contra o levantamento das sanções ao Irã, em raros comentários sobre política externa que ele fez em uma reunião com centenas de doadores judeus no sábado à noite, nesta cidade.
Bush disse aos 700 doadores que participaram de uma reunião a portas
fechadas da Coalizão Judaica Republicana que não criticaria o presidente
Barack Obama, cujo objetivo de degradar e finalmente destruir o Estado
Islâmico ele aplaude. Entretanto, fez comentários que muitos na plateia
consideraram uma crítica tácita a seu sucessor.
Bush manifestou ceticismo sobre a tentativa do governo Obama de fechar um acordo nuclear com o Irã. Apesar de ele ter iniciado o esforço diplomático para pressionar o Irã a abandonar seu programa nuclear, Bush questionou se seria sábio levantar as sanções contra Teerã quando o governo islâmico parece estar cedendo, e sugeriu que os EUA correm o risco de perder influência caso o façam.
Com um humor expansivo, o ex-presidente também deu suas opiniões sobre Hillary Clinton, o presidente Vladimir Putin da Rússia, a alegria que seu neto lhe trouxe e a dificuldade que seu irmão mais moço, Jeb, poderá enfrentar como candidato presidencial em 2016 por causa do sobrenome famoso. O "The New York Times" ouviu relatos sobre os comentários do presidente de uma dúzia de pessoas que participaram da reunião.
A guerra de George W. Bush no Iraque afinal se tornou profundamente impopular, alimentou a candidatura de Obama em 2008 e, segundo seus críticos, provocou grande parte do caos atual no Oriente Médio. Mas em seus comentários Bush parecia continuar convencido da correção de sua abordagem e da decisão que ele projetou para o mundo.
A certa altura, citou o senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, um possível candidato presidencial, que criticou as políticas de Obama na região. Bush citou Graham como tendo dito: "A saída do Iraque foi um erro estratégico".
Bush disse ao grupo que tinha mudado de curso quando se justificou, mas salientou que ao liderar os EUA "você precisa falar sério" quando fala duro, e que os aliados e os inimigos do país precisam saber onde se situa o líder americano. Muitos participantes ouviram nesses comentários uma referência à ameaça de Obama à Síria, que acabou se revelando vazia, para que não cruzasse a linha vermelha do uso de armas químicas.
Bush respondeu à pergunta de seu ex-secretário de imprensa, Ari Fleischer, sobre o que ele faria sobre a ameaça do Estado Islâmico, as alianças mutáveis no Oriente Médio e a ascensão do Irã como potência regional.
A participação foi incomum para Bush, que de modo geral desapareceu da política desde que deixou a presidência e cujo apoio ao candidato republicano em 2012 consistiu em quatro palavras - "Voto em Mitt Romney" - respondendo à pergunta de um repórter enquanto a porta do elevador se fechava. Seus comentários no sábado salientaram a linha fina em que o ex-presidente deve caminhar ao manter o respeito por seu sucessor, defender suas próprias opiniões e ajudar um irmão que alienou alguns republicanos pró-Israel enquanto prepara sua campanha à Casa Branca.
Os ricos doadores na sala poderiam ser vitais para esse esforço; o ex-presidente falou para uma plateia que incluía o doador republicano Sheldon Adelson, dono do hotel e cassino Venetian, onde o evento se realizou. Sua disposição a gastar mais de US$ 100 milhões em seu político preferido lhe dá um enorme poder na disputa pela candidatura republicana.
"As respostas [de Bush] foram declarações diretas sobre o que ele considera a abordagem certa para ele, do seu ponto de vista, sem ser pessoal ou crítico a qualquer outra pessoa", disse Fleischer, que é membro da diretoria da Coalizão Judaica Republicana e fez perguntas a seu ex-chefe no palco.
Bush, que parecia à vontade diante do público amistoso, ofereceu uma avaliação seca da bagagem que o fato de ser um Bush pode dar a um candidato presidencial. Ele descreveu seu irmão como capaz, mas admitiu ser ele próprio um problema para o ex-governador da Flórida em sua pré-candidatura ainda não oficial, notando que é fácil para seus adversários dizerem nos debates que o país não precisa de mais um Bush.
"Ele basicamente disse que as pessoas não querem dinastias nos EUA", comentou Elise Weingarten, que estava na plateia.
A certa altura, Fleischer perguntou a Bush que qualidades ele buscava em um presidente, "além de ter um sobrenome muito parecido com o seu". A plateia riu, e Bush falou sobre "discernimento" e "autenticidade". Ele manifestou relutância em entrar na disputa da campanha porque poderia prejudicar seu irmão. "É por isso que vocês não me verão", disse.
Bush raramente se envolve em discussões políticas hoje em dia, mas se aventurou nos temas que mais lhe interessam. Fez um discurso em apoio à reforma das leis de imigração e defendeu mais ajuda para o combate a doenças na África.
No ano passado, quando lançou uma amorosa biografia de seu pai, ele derrapou ao redor de sua linha autoimposta de não criticar seu sucessor. No livro, Bush atribuiu a ascensão do Estado Islâmico no Iraque a "desenvolvimentos e decisões posteriores", tomadas depois de seu mandato. E,a em uma entrevista àquela época, ele levantou preocupações sobre os planos de Obama de retirar as tropas do Afeganistão antes de deixar o cargo. "Eu temo que a falta de presença dos EUA no Afeganistão crie um vácuo", disse.
Mas tratou delicadamente da política presidencial no sábado, falando com admiração sobre os "bons candidatos" no campo republicano e chamando Clinton de "formidável", mas superável. Bush disse que ela enfrenta um dilema ao determinar se deseja distância ou continuidade com o governo Obama, ao qual serviu como secretária de Estado.
Ele falou de modo crítico sobre os candidatos que se cercaram de "sicofantas" e lamentou uma cultura construída ao redor de uma única pessoa ou partido. O objetivo deveria ser servir ao interesse nacional, salientou Bush.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Bush manifestou ceticismo sobre a tentativa do governo Obama de fechar um acordo nuclear com o Irã. Apesar de ele ter iniciado o esforço diplomático para pressionar o Irã a abandonar seu programa nuclear, Bush questionou se seria sábio levantar as sanções contra Teerã quando o governo islâmico parece estar cedendo, e sugeriu que os EUA correm o risco de perder influência caso o façam.
Com um humor expansivo, o ex-presidente também deu suas opiniões sobre Hillary Clinton, o presidente Vladimir Putin da Rússia, a alegria que seu neto lhe trouxe e a dificuldade que seu irmão mais moço, Jeb, poderá enfrentar como candidato presidencial em 2016 por causa do sobrenome famoso. O "The New York Times" ouviu relatos sobre os comentários do presidente de uma dúzia de pessoas que participaram da reunião.
A guerra de George W. Bush no Iraque afinal se tornou profundamente impopular, alimentou a candidatura de Obama em 2008 e, segundo seus críticos, provocou grande parte do caos atual no Oriente Médio. Mas em seus comentários Bush parecia continuar convencido da correção de sua abordagem e da decisão que ele projetou para o mundo.
A certa altura, citou o senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, um possível candidato presidencial, que criticou as políticas de Obama na região. Bush citou Graham como tendo dito: "A saída do Iraque foi um erro estratégico".
Bush disse ao grupo que tinha mudado de curso quando se justificou, mas salientou que ao liderar os EUA "você precisa falar sério" quando fala duro, e que os aliados e os inimigos do país precisam saber onde se situa o líder americano. Muitos participantes ouviram nesses comentários uma referência à ameaça de Obama à Síria, que acabou se revelando vazia, para que não cruzasse a linha vermelha do uso de armas químicas.
Bush respondeu à pergunta de seu ex-secretário de imprensa, Ari Fleischer, sobre o que ele faria sobre a ameaça do Estado Islâmico, as alianças mutáveis no Oriente Médio e a ascensão do Irã como potência regional.
A participação foi incomum para Bush, que de modo geral desapareceu da política desde que deixou a presidência e cujo apoio ao candidato republicano em 2012 consistiu em quatro palavras - "Voto em Mitt Romney" - respondendo à pergunta de um repórter enquanto a porta do elevador se fechava. Seus comentários no sábado salientaram a linha fina em que o ex-presidente deve caminhar ao manter o respeito por seu sucessor, defender suas próprias opiniões e ajudar um irmão que alienou alguns republicanos pró-Israel enquanto prepara sua campanha à Casa Branca.
Os ricos doadores na sala poderiam ser vitais para esse esforço; o ex-presidente falou para uma plateia que incluía o doador republicano Sheldon Adelson, dono do hotel e cassino Venetian, onde o evento se realizou. Sua disposição a gastar mais de US$ 100 milhões em seu político preferido lhe dá um enorme poder na disputa pela candidatura republicana.
"As respostas [de Bush] foram declarações diretas sobre o que ele considera a abordagem certa para ele, do seu ponto de vista, sem ser pessoal ou crítico a qualquer outra pessoa", disse Fleischer, que é membro da diretoria da Coalizão Judaica Republicana e fez perguntas a seu ex-chefe no palco.
Bush, que parecia à vontade diante do público amistoso, ofereceu uma avaliação seca da bagagem que o fato de ser um Bush pode dar a um candidato presidencial. Ele descreveu seu irmão como capaz, mas admitiu ser ele próprio um problema para o ex-governador da Flórida em sua pré-candidatura ainda não oficial, notando que é fácil para seus adversários dizerem nos debates que o país não precisa de mais um Bush.
"Ele basicamente disse que as pessoas não querem dinastias nos EUA", comentou Elise Weingarten, que estava na plateia.
A certa altura, Fleischer perguntou a Bush que qualidades ele buscava em um presidente, "além de ter um sobrenome muito parecido com o seu". A plateia riu, e Bush falou sobre "discernimento" e "autenticidade". Ele manifestou relutância em entrar na disputa da campanha porque poderia prejudicar seu irmão. "É por isso que vocês não me verão", disse.
Bush raramente se envolve em discussões políticas hoje em dia, mas se aventurou nos temas que mais lhe interessam. Fez um discurso em apoio à reforma das leis de imigração e defendeu mais ajuda para o combate a doenças na África.
No ano passado, quando lançou uma amorosa biografia de seu pai, ele derrapou ao redor de sua linha autoimposta de não criticar seu sucessor. No livro, Bush atribuiu a ascensão do Estado Islâmico no Iraque a "desenvolvimentos e decisões posteriores", tomadas depois de seu mandato. E,a em uma entrevista àquela época, ele levantou preocupações sobre os planos de Obama de retirar as tropas do Afeganistão antes de deixar o cargo. "Eu temo que a falta de presença dos EUA no Afeganistão crie um vácuo", disse.
Mas tratou delicadamente da política presidencial no sábado, falando com admiração sobre os "bons candidatos" no campo republicano e chamando Clinton de "formidável", mas superável. Bush disse que ela enfrenta um dilema ao determinar se deseja distância ou continuidade com o governo Obama, ao qual serviu como secretária de Estado.
Ele falou de modo crítico sobre os candidatos que se cercaram de "sicofantas" e lamentou uma cultura construída ao redor de uma única pessoa ou partido. O objetivo deveria ser servir ao interesse nacional, salientou Bush.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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