sábado, 25 de abril de 2015

Ex-deputada diz não lembrar porque firmou papeis que comprometem Cunha
MÁRCIO FALCÃO - FSP 
A ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que "não lembra" qual a sua motivação para assinar dois requerimentos apresentados na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara que são apontados por delator do esquema de corrupção na Petrobras como um dos indícios de pagamento de propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Aliada do peemedebista e atual prefeita de Rio Bonito (RJ), Solange negou que tenha elaborado os documentos a pedido de Cunha. Ela afirmou, no entanto, que não tinha interesse na área e que o tema desse requerimento não se inseria em suas pautas de atuação parlamentar.
Segundo o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Operação Lava Jato, Cunha recebia propina referente a um contrato firmado pela estatal com as empresas Mitsui e Samsung relativo ao aluguel de navio-plataforma.
O dinheiro, de acordo com Youssef, chegava ao deputado por intermédio do lobista Fernando Baiano, suspeito de fazer o elo do PMDB com o esquema.
Em dado momento, segundo o doleiro, o suborno parou de ser pago. Youssef disse que Cunha, então, escalou parlamentares do PMDB para apresentarem dois requerimentos à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, com o objetivo de pressionar os controladores da Mitsui.
"Aos policiais, a ex-deputada disse que 'não conhece o Grupo Mitsui nem nada sabe a seu respeito, lembrando apenas que tinha algo a ver com sondas; que não lembra se houve resposta ao requerimento relativo à Petrobras nem tampouco se houve desdobramentos'", disse.
A ex-deputada afirmou que tinha "boa" relação com Cunha, que foi apresentada a ele pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), mas que teve "teve pouca interlocução" com o atual presidente da Câmara em seus dois mandatos.
 PICCIANI
A Polícia Federal solicitou ainda ao STF o aprofundamento das investigações em relação ao caso envolvendo Cunha, como o suposto recebimento de propina. Os delegados argumentam que é preciso ouvir o presidente do PMDB do Rio, deputado estadual Jorge Picciani.
Ele ainda não configura como investigado, mas, segundo a PF, "pesa a suspeita decorrente das anotações (planilha apreendida com a empresa Queiroz Galvão) contendo a inscrição "300 - PICCIANI".
O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, disse que entregou recursos a pedido de Youssef numa casa que pertence ao advogado Francisco José Reis, aliado de Picciani.
DEPOIMENTO
Cunha tem dito que não tem qualquer relação com os requerimentos apresentados pelos peemedebistas. Desde que foi incluído no rol de investigados da Lava Jato, o presidente da Câmara diz ser vítima de uma orquestração entre governo e Ministério Público e nega ligação com o esquema.
Os documentos encaminhados pela Polícia Federal ao STF mostram ainda o e-mail encaminhado pela defesa do presidente da Câmara se recusando a prestar depoimento.
Um dos argumentos é que o deputado já se manifestou no processo, diretamente ao ministro relator do caso, Teori Zavascki.

Nenhum comentário: