sábado, 25 de abril de 2015

ESSES NÃO SÃO PROFESSORES

Mestres indisciplinados
FSP
Não foi imagem bonita de ver. Professores da rede estadual paulista, em greve há 41 dias, atacaram na quinta-feira (23) a sede da Secretaria da Educação e tentaram ocupar a repartição.
Usando máscaras improvisadas com camisetas, os mais desvairados empregaram uma barra metálica como aríete contra as portas gradeadas do Caetano de Campos, um edifício tombado. Houve bombas e pedradas na refrega com a polícia. A invasão fracassou.
Algo mais que as vidraças do prédio histórico se quebrou ali. Ao recorrerem à violência para buscar impor pontos de vista na negociação com o governo Geraldo Alckmin (PSDB), os mestres indisciplinados danificaram a imagem de toda uma categoria.
O mau exemplo oferecido diante das câmeras não recebeu condenação da Apeoesp, inexplicavelmente. O sindicato descreveu o ataque com eufemismos, como manifestação de descontentamento.
O movimento havia começado mal, de todo modo. A reivindicação central, reajuste de 75%, é descabida na atual conjuntura das contas públicas no Estado e no país.
Apontar o exagero não implica concordar que os salários atuais sejam bons o bastante para recrutar os melhores egressos das universidades para a carreira. A remuneração média do professor estadual está em R$ 2.725, abaixo do nível de trabalhadores com diploma superior no Estado (R$ 4.449).
A cifra, no entanto, abarca situações muito diversas, do professor com jornada de 12 horas semanais até o que trabalha 40 horas. No segundo caso, os ganhos sobem para R$ 4.416 --ainda assim insuficientes para distinguir a docência como profissão atrativa.
Há distorções no próprio serviço público. Um agente penitenciário, do qual não se exige nível universitário, percebe em média R$ 4.503; um sargento da Polícia Militar, com diploma superior, R$ 5.692.
Apesar dos riscos envolvidos nessas ocupações, não se pode dizer que o ensino seja um serviço de menor valor que a segurança. Mas já seria desmedida uma equiparação dos professores com os médicos do Estado (R$ 7.339), pois estes têm de investir muito mais tempo de estudo em sua qualificação.
Mesmo que venha de forma escalonada, o aumento de 75% aos professores implicaria despesa adicional bilionária, pois são 230 mil os docentes da rede paulista.
Por mais que se concorde com a necessidade de valorizar a profissão docente, como sempre defendeu esta Folha, parece manifesto que o sindicato aposta num impasse e no prolongamento da greve.

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