Itália detém suspeitos de planejar ataque contra o Vaticano
Supeitos teriam ligação com a al-Qaeda e dois deles teriam sido guarda-costas de Bin Laden
O Globo
Nesta foto de arquivo de 10 de janeiro de 2015, policiais italianos são vistos em frente à Praça de São Pedro, no Vaticano - Gregorio Borgia / AP
Extremistas islâmicos que estavam sendo investigados na Itália por
suposta ligação com a al-Qaeda podem ter planejado um ataque contra o
Vaticano em março de 2010, informou nesta sexta-feira um procurador que
lidera a investigação sobre o caso. Foi emitida ordem de prisão contra
20 suspeitos, mas somente nove foram capturados até o momento. Todos são
paquistaneses ou afegãos.
Escutas
telefônicas indicaram que havia uma célula militante operando na
Sardenha, com possíveis planos de lançar uma "grande jihad na Itália" e
atingir a Santa Sé. O Vaticano, no entanto, disse nesta sexta-feira não
estar preocupado com o caso.
Mauro Mura, procurador-chefe de Cagliari, explicou em uma entrevista
coletiva que os suspeitos ao mesmo tempo em que planejavam ataques no
Paquistão e Afeganistão, também estariam mantendo como alvo a sede da
Igreja Católica.
— Houve sinalizações de alguma preparação para um possível ataque, incluindo a chegada de um homem-bomba em Roma — disse Mura.
De acordo com o procurador, os suspeitos teriam cometido um atentado a
bomba contra um mercado no Paquistão em 2009, que matou mais de cem
pessoas, e foram acusados de perpetrarem ataques contra o governo
paquistanês.
Policiais detêm um suspeito de pertencer a uma organização terrorista que teria planejado um ataque ao Vaticano - Reprodução da TV/Reuters
Dos detidos, três foram presos em Olbia, dois em Civitanova Marche e os
demais em Bergamo, Roma, Sora e Foggia. Entre eles está um líder
espiritual da comunidade muçulmana na Sardenha, mas acredita-se que
outros tenham fugido do país. Segundo a mídia local, dois dos homens
faziam parte de um grupo que protegia o ex-líder da al-Qaeda Osama Bin
Laden, morto pelas forças especiais americanas em 2011.
INFILTRAÇÃO DE PAQUISTANESES E AFEGÃOS NA EUROPA
A
polícia italiana acredita que, da base na Sardenha, o grupo planejava
ações contra o governo paquistanês. Seus membros estavam ainda
envolvidos em ações para infiltrar afegãos e paquistaneses na Europa
através da Itália.
— Nós não temos prova, temos fortes suspeitas — disse Mario Carta,
chefe da unidade policial conduzindo a investigação, quando perguntado
sobre mais detalhes de um possível ataque contra o Vaticano.
Todos os suspeitos são paquistaneses ou afegãos, afirmou Carta à
agência Reuters, acrescentando que a operação ainda estava em andamento.
O ministro do Interior, Angelino Alfano, comemorou o resultado da
operação.
— Com uma única investigação iniciada em 2009 conseguimos não apenas
desmantelar uma rede de traficantes de pessoas, mas também deter vários
indivíduos acusados de conspirar com objetivos terroristas e outros de
envolvimento em ataques — disse Alfano.
O Vaticano, por sua vez, não se mostrou preocupado com a revelação de
que foi um alvo em potencial. "Pelo que parece, isso se refere a uma
hipótese que data de 2010. Logo não há relevância hoje e nem razão
particular de preocupação", disse o porta-voz, padre Federico Lombardi,
em um comunicado.
A investigação ocorre num momento de tensão na Europa, que vê jovens
viajarem à Síria e ao Iraque para se juntarem ao grupo extremista Estado
Islâmico e após atentados em Paris, Sydney e Copenhague deixarem mais
de 20 mortos nos últimos meses.
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