quarta-feira, 1 de julho de 2015

TURISMO EM WASHINGTON VIII

Manchete no Brasil, viagem de Dilma vira ‘nota de rodapé’ na mídia dos EUA
Daniel Buarque - UOL
O presidente dos EUA, Barack Obama, recebe a brasileira Dilma Rousseff na Casa Branca (Foto: Carolyn Kaster/AP)
O presidente dos EUA, Barack Obama, recebe a brasileira Dilma Rousseff na Casa Branca (Foto: Carolyn Kaster/AP)
A visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos se tornou manchete nos principais veículos de comunicação brasileiros na tarde desta terça-feira (30), mas foi virtualmente ignorada pela mídia norte-americana. Publicados como notícia principal da imprensa do Brasil, os acordos firmados entre Dilma e Barack Obama ganharam chamadas mínimas, no rodapé das páginas iniciais, dos portais de jornalismo dos EUA.
Capa do "New York Times" no fim da tarde de terça quase ignora a visita da presidente brasileira
Capa do “New York Times'' no fim da tarde de terça quase ignora a visita da presidente brasileira
Por mais que quase toda a imprensa norte-americana tenha noticiado a viagem da líder brasileira e discutido a relação entre os dois países ao longo das últimas semanas, defendendo até mesmo que o Brasil precisa ser levado a sério, a diferença de destaque dado pela mídia dos dois países evidencia o quanto os interesses brasileiros estavam muito mais em jogo de que os dos americanos.
O Brasil está representado no encontro em um momento delicado, com economia em crise e com incertezas sobre seu posicionamento global, enquanto os Estados Unidos aparecem como “fiadores'', dispostos a ajudar o país que enfrenta problemas. Tanto é assim que os jornais norte-americanos deram atenção ao fato de que o Brasil “cedeu'' na disputa de anos atrás, quando Dilma havia cancelado a viagem aos EUA por conta dos escândalos de espionagem, mas que agora diz “confiar'' nos americanos.
A imprensa brasileira destacou muito as notícias de política e economia, assim como os acordos para proteger o ambiente e acabar com o desmatamento, negociações para facilitar a entrada de turistas de um país no outro, a superação da crise de espionagem.
Os principais sites de jornalismo dos EUA, entretanto, deram apenas pequenas notas sobre o encontro da presidente com Barack Obama, sem dar muita atenção aos acordos firmados – o que representa um interesse limitado nos temas do encontro. Nos veículos de comunicação dos EUA, temas sobre a economia da Grécia e notícias da política interna norte-americana ganharam muito mais destaque.
O “New York Times'', por exemplo, publicou uma pequena nota na área de “outras notícias'' da página principal: “EUA e Brasil fazem acordo de ações contra mudanças climáticas'', diz. A reportagem do jornal ignora outras negociações do encontro, entretanto.
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Capa do 'Wall Street Journal' trouxe pequena chamada sobre a visita de Dilma
O “Wall Street Journal'', principal jornal de economia dos EUA, chamou em sua página inicial uma pequena reportagem sobre a visita, mas o foco não é exatamente as negociações entre os dois países. “Irã, Grécia e mudanças climáticas dominam encontro Brasil-EUA'', diz. Mesmo o “Washington Post'', jornal que entrevistou Dilma com exclusividade antes da viagem e deu destaque às declarações dela de que sofre ataques por “machismo'', deixou de lado a cobertura intensa duranet a visita, sem destacar os avanços do encontro.
Página inicial do "Washington Post" sem chamadas para notícias sobre visita de Dilma
Página inicial do “Washington Post'' sem chamadas para notícias sobre visita de Dilma
A capa do portal do jornal “USA Today'' ignorou qualquer assunto relacionado a política e economia, e chamou apenas uma pequena nota, no fim da página, com a notícia de que Dilma convidou Obama para as Olimpíadas de 2016. O “Los Angeles Times'', quarto jornal mais vendido nos EUA, ignorou a visita da presidente, e publicou apenas um vídeo não tratado da agência de notícias Reuters, encontrado por quem busca por “Brazil'' em sua página.
É verdade que o levantamento é uma amostra apenas da cobertura em “tempo real'', e que é possível que os jornais sejam publicados com um pouco mais de destaque para o encontro dos dois presidentes. Mesmo assim, a atenção dada em tempo real pela imprensa do Brasil e dos Estados Unidos é um forte indício de que os brasileiros estavam muito mais interessados no encontro de que os norte-americanos.

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