MATIAS SPEKTOR - FSP
O programa espacial brasileiro nasceu com apoio americano. A Nasa
treinou engenheiros, vendeu equipamentos e transferiu tecnologia de
propulsão e combustível de foguetes, além de prestar cooperação na área
de testes meteorológicos.
Tudo degringolou a partir de 1977, quando o Brasil lançou um programa
próprio de construção de foguetes que, na opinião do Pentágono, poderia
ser desviado para a montagem de mísseis.
Não ajudou o fato de o Brasil assinar contratos de produção de satélites
de reconhecimento militar e de mísseis com o governo de Saddam Hussein,
no Iraque.
Os americanos impuseram sanções comerciais e pressionaram França e
Rússia a suspender a cooperação já contratada. As autoridades
brasileiras responderam à pressão buscando cooperação chinesa para o
lançamento de satélites e investindo na construção de um veículo
lançador de satélites (VLS).
O programa espacial, porém, nunca saiu do chão. As três tentativas de pôr um VLS em órbita falharam. A última cobrou 21 vidas em 2003.
Há mais de vinte anos, sabe-se que a solução para o problema passa por cooperação com os Estados Unidos.
Para isso, o Brasil tem um grande ativo: a base de lançamentos de Alcântara, no Maranhão, que pode ser arrendada em troca de receitas necessárias para tirar nosso programa espacial do papel.
Para viabilizar esse projeto, no entanto, é necessário um acordo de salvaguardas com os Estados Unidos, que dominam o mercado global de lançamentos.
FHC tentou fazê-lo. No início, suas conversas com os americanos foram duras. Eles demandavam que o Brasil negasse contratos a países não signatários de um regime de controle de mísseis, o que beneficiaria companhias americanas como Boeing e Lockheed Martin. Pediam ainda que o país abdicasse de construir seu próprio VLS.
O governo americano também pretendia negar o acesso de autoridades brasileiras às cargas de seus lançadores.
A política externa brasileira mobilizou alguns de seus melhores quadros para virar a mesa. Em 2000, depois de muita luta, as negociações chegaram a bom termo: o Brasil autolimitaria seu acesso aos lançadores americanos, mas desenvolveria um VLS próprio e manteria o direito de autorizar (ou não) cada lançamento solicitado pelos Estados Unidos.
Quando o acordo veio a público, porém, o deputado do PT da Bahia Waldir Pires lançou uma ofensiva. Denunciando o texto como "entreguistas", ocupou as capas de revistas e jornais, mobilizando parlamentares de todo o espectro político, inclusive alguns da base tucana.
De lá para cá, o Brasil tentou reviver Alcântara em parceria com a Ucrânia, plano para o qual o Congresso aprovou acordo idêntico àquele negociado com os americanos. Mas o projeto definhou porque não há mercado viável de lançamentos sem acordo geral com os americanos.
Hoje, todos sabem que o futuro do programa espacial brasileiro depende de um acordo entre Brasília e Washington.
Agora que Dilma restaurou o diálogo, é hora de começar uma nova negociação.
O programa espacial, porém, nunca saiu do chão. As três tentativas de pôr um VLS em órbita falharam. A última cobrou 21 vidas em 2003.
Há mais de vinte anos, sabe-se que a solução para o problema passa por cooperação com os Estados Unidos.
Para isso, o Brasil tem um grande ativo: a base de lançamentos de Alcântara, no Maranhão, que pode ser arrendada em troca de receitas necessárias para tirar nosso programa espacial do papel.
Para viabilizar esse projeto, no entanto, é necessário um acordo de salvaguardas com os Estados Unidos, que dominam o mercado global de lançamentos.
FHC tentou fazê-lo. No início, suas conversas com os americanos foram duras. Eles demandavam que o Brasil negasse contratos a países não signatários de um regime de controle de mísseis, o que beneficiaria companhias americanas como Boeing e Lockheed Martin. Pediam ainda que o país abdicasse de construir seu próprio VLS.
O governo americano também pretendia negar o acesso de autoridades brasileiras às cargas de seus lançadores.
A política externa brasileira mobilizou alguns de seus melhores quadros para virar a mesa. Em 2000, depois de muita luta, as negociações chegaram a bom termo: o Brasil autolimitaria seu acesso aos lançadores americanos, mas desenvolveria um VLS próprio e manteria o direito de autorizar (ou não) cada lançamento solicitado pelos Estados Unidos.
Quando o acordo veio a público, porém, o deputado do PT da Bahia Waldir Pires lançou uma ofensiva. Denunciando o texto como "entreguistas", ocupou as capas de revistas e jornais, mobilizando parlamentares de todo o espectro político, inclusive alguns da base tucana.
De lá para cá, o Brasil tentou reviver Alcântara em parceria com a Ucrânia, plano para o qual o Congresso aprovou acordo idêntico àquele negociado com os americanos. Mas o projeto definhou porque não há mercado viável de lançamentos sem acordo geral com os americanos.
Hoje, todos sabem que o futuro do programa espacial brasileiro depende de um acordo entre Brasília e Washington.
Agora que Dilma restaurou o diálogo, é hora de começar uma nova negociação.
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