Alemanha planeja expulsar imigrantes para acolher novos
Política de retorno será discutida em reunião urgente da UE convocada neste domingo para 14 de setembro
Governo alemão, que espera receber 800 mil refugiados, convoca outros países do bloco a acolher parcela maior
FSP
Um dos destinos mais visados pelo enorme contingente de refugiados que
tem chegado à Europa nos últimos meses, a Alemanha planeja mapear quais
são os países mais "seguros" para receber de volta parte dos imigrantes
que entram em seu território.
"Para poder ajudar os que estão num situação de emergência, temos que
dizer também àqueles que não estão que não podem ficar aqui", disse
neste domingo (30) a chanceler alemã, Angela Merkel, num evento público
em Berlim.
Segundo a líder alemã, é preciso "integrar com maior rapidez em nossas
vidas aqueles que precisam de proteção", mas também enviar de volta com
rapidez quem já teve seu asilo negado no país.
O governo alemão estima que, até o fim do ano, 800 mil pessoas cheguem
ao país para ficar –o equivalente a quase 1% de sua população.
Neste domingo, o ministro do Interior, Thomas de Maiziere, afirmou que a
Alemanha não poderá lidar com este número de refugiados por muito
tempo. "No longo prazo, 800 mil refugiados são demais", disse.
A Alemanha já é um país muito procurado por imigrantes que saem da
região dos Bálcãs. Agora, é também pela multidão de sírios e afegãos que
chegam ao continente fugindo de conflitos.
Nos últimos quatro anos, a Europa já enviou de volta mais de 1 milhão de
imigrantes, sendo 252 mil só em 2014. Albaneses, paquistaneses e
ucranianos representaram 28% dos expulsos.
Nos primeiros três meses deste ano, 64 mil pessoas foram obrigadas a
deixar os países europeus –3% a mais que no trimestre anterior. Destes,
4.000 eram sírios.
REUNIÃO
Merkel também convocou outros países da União Europeia a receber uma
parcela maior de refugiados. "Se a Europa tem solidariedade, e nós
também já mostramos solidariedade a outros, então deve mostrar isso
agora", disse. "Devemos agir rapidamente."
Os ministros do Interior e da Justiça dos países do bloco foram
convocados para reunião extraordinária em 14 de setembro para discutir a
crise "sem precedentes". O pedido tinha sido feito no fim de semana por
Alemanha, França e Reino Unido.
Alguns governos europeus se recusaram a aceitar refugiados e resistem,
até agora, às propostas da UE por uma resposta comum ao problema.
A descoberta de um caminhão-frigorífico na Áustria com os corpos de 71
refugiados na última semana chocou o mundo e colocou ainda mais pressão
nos líderes europeus por uma solução à crise.
Luxemburgo, que mantém a presidência rotativa do bloco, disse que a
reunião extraordinária terá como focos a política de retorno (aos países
de origem), cooperação internacional e investigação, e medidas para
evitar o tráfico de pessoas.
Estima-se que 340 mil refugiados ultrapassaram as fronteiras da Europa desde janeiro, sendo 100 mil só em julho.
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