Reinaldo Azevedo - VEJA
O PT informa em seu site que a sede do Diretório Regional do Partido em São Paulo foi atacada por uma “bomba” — na verdade, um coquetel molotov — na madrugada desta quarta, isto é, nas primeiras horas do dia 25. Foi? Que o partido acione a Polícia Federal. Se alguém fez isso, não passa de um bandido. E tem de ser mandado para a cadeia. O xilindró é um bom lugar para intolerantes, para fascistoides, para pessoas que perseguem quem pensa de modo diferente, que estimulam o molestamento e assédio de adversários nos espaços públicos.
O partido não pode brincar com isso nem ser omisso. O PT fez muito mal, por exemplo, em ter comunicado o “atentado” quase 24 horas depois do ocorrido. A informação entrou no site do partido apenas as 22h06 desta quinta. É tempo demais, não é?
O texto (link aqui) não informa se o partido fez ao menos um boletim de ocorrência. Espero que não tenha demorado tanto tempo para chamar a polícia como demorou para dar publicidade a algo assim.
Paulo Fiorilo, presidente do Diretório Municipal de São Paulo, deu uma declaração complicada a respeito. No site do PT, leio isto: “Para Fiorilo, o ataque é prova contundente da ‘onda de intolerância e ódio contra o PT’ que se espalha pelo País”.
Aí, não! De que ódio Fiorilo está falando? Daquele das pessoas que saem pacificamente às ruas, protestando contra a roubalheira na Petrobras, contra o estelionato eleitoral e contra a impunidade? Das pessoas que saem às ruas manifestando seu descontentamento com Dilma e com o PT, assim como o PT, no passado, saiu às ruas para expressar sua oposição a Figueiredo, Sarney, Collor, Itamar e FHC? Dois milhões saíram às ruas sem incidentes. Cadê o ódio? Incrível: já procurei notas de repúdio do PT aos black blocs. Nunca vi. Gilberto Carvalho confessou que conversava com eles quando era ministro. Mas o partido já se manifestou mais de uma vez contra os “green and yellow blocs”, que não batem em ninguém, que não matam ninguém, que não quebram nem incendeiam nada.
Ainda no texto do PT, pode-se ler:
“No dia 15 deste mês, data em que aconteciam manifestações contra o governo em diversas partes do País, o Diretório Regional do PT em Jundiaí, no interior de São Paulo, também foi alvo de um coquetel molotov.”
“No dia 15 deste mês, data em que aconteciam manifestações contra o governo em diversas partes do País, o Diretório Regional do PT em Jundiaí, no interior de São Paulo, também foi alvo de um coquetel molotov.”
A associação do episódio com as manifestações do dia 15 é uma provocação e uma irresponsabilidade. O que pretende o PT? Há gente por lá insatisfeita com as manifestações de caráter pacífico? Pois insatisfeita continuará, já que pacíficas elas serão. E sempre.
De resto, convém não ficar gerando onda com essas coisas. Até hoje não se sabe quem incendiou o Reichstag em 27 de fevereiro de 1933. Mas se sabe que os nazistas usaram o episódio para perseguir seus adversários, não é? Em menos de dois meses, com o auxilio da SA, a tropa de assalto, 25 mil pessoas foram presas e interrogadas.
Fiorilo tem tanto direito de acusar manifestantes do dia 15 pelo coquetel molotov como manifestantes do dia 15 têm o direito de desconfiar de que isso é coisa de petistas para incriminar adversários. Como nem uma coisa nem outra são prudentes, convém o PT chamar a polícia, fazer boletim de ocorrência e ser mais rápido na divulgação de evento tão grave.
Não posso crer que os petistas só atentaram às 22h06 de ontem para algo acontecido na madrugada.
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