Le Monde
Kirill Kudryavtsev/ AFP
O presidente russo, Vladimir Putin, assinou na quinta-feira (28) um
decreto que classifica como segredo de Estado as baixas do Exército em
tempos de paz. Esse decreto, publicado no site do governo, acrescenta à
lista de segredos de Estado da Rússia as "informações relacionadas à
perda de efetivos (...) em tempos de paz durante operações especiais".
As baixas militares em tempos de guerra já eram mantidas em segredo.
Se as informações forem transmitidas a um país estrangeiro, a
divulgação de segredos de Estado é punida com uma pena que pode chegar a
quatro anos de prisão.O motivo: o Donbass
"O motivo pelo qual as baixas não devem ser divulgadas é o Donbass", essa região do leste da Ucrânia onde os separatistas pró-russos vêm combatendo há mais de um ano as forças de Kiev, na opinião do especialista militar próximo da oposição, Pavel Felgenhauer.
Kiev e os ocidentais acusam a Rússia de estar ajudando militarmente os separatistas do leste da Ucrânia e de ter enviado para lá suas tropas regulares, o que Moscou nega categoricamente, reconhecendo somente a presença de "voluntários" que pegaram em armas por iniciativa própria.
"Prender ou aterrorizar"
Segundo Felgenhauer, esse decreto visa "prender ou aterrorizar" aqueles que desejarem revelar informações sobre as supostas baixas sofridas pelo exército russo na Ucrânia. "Eu nunca vi uma definição jurídica do conceito de operação especial", ele explica. "Isso significa que tudo pode ser classificado como tal."
A imprensa russa e internacional, bem como militantes de oposição ao Kremlin, falou diversas vezes sobre enterros secretos na Rússia de militares russos que teriam morrido na Ucrânia. Várias entrevistas de ex-soldados e de suas famílias foram publicadas na mídia, e informações sobre sua presença na Ucrânia foram coletadas através de redes sociais.
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