sábado, 30 de maio de 2015

Beber quatro cafés por dia está longe de fazer mal à saúde
Le Monde
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A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) recomendou oficialmente que o consumo diário de cafeína não ultrapasse 400 miligramas para um adulto, ou seja, o equivalente a pouco mais de quatro expressos. Para as gestantes, essa recomendação cai para 200 miligramas por dia e, para crianças e adolescentes, o cálculo é de 3 miligramas por quilo.
Segundo a EFSA, para além desse limite há riscos à saúde, sobretudo problemas cardiovasculares. A EFSA explica que "o risco para a saúde não é enorme, mas ele existe. A principal mensagem é que os consumidores devem levar em consideração as diferentes fontes de cafeína, além do café".
De fato, o órgão europeu se debruçou sobre os riscos causados pela cafeína "proveniente de todas as fontes alimentares" e sobretudo dos energéticos. As conclusões foram obtidas após a análise de 39 pesquisas realizadas em 22 países europeus, que no final envolveram mais de 66.500 pessoas.
A frase que ficará dessa meta-análise (feita sobre a base de dados obtidas de outros estudos) poderá ser: "Não se deve beber mais de quatro cafés por dia". Do outro lado do Atlântico, as pessoas preferem ver o copo (de café) meio cheio. O Comitê Consultivo para as Recomendações Alimentares dos Estados Unidos (Dietary Guidelines Advisory Committee) também acaba de publicar um documento que menciona, pela primeira vez, o café.
Ele chegou mais ou menos às mesmas conclusões que os europeus, mas as formulou de forma diferente. Na verdade, observou que existe uma série de indícios bem fortes para dizer que o consumo de 400 miligramas de cafeína por dia não é nocivo para a saúde e tem até efeitos positivos.
"O café é uma mistura complexa de produtos químicos, e seus benefícios para a saúde ainda não estão claros", relata o jornal britânico "The Guardian". Mas, pela primeira vez, essa agência de regulação norte-americana diz oficialmente que o café não é fundamentalmente ruim para você, apesar de sua reputação.

A má reputação do café

Existem muitos estudos científicos sobre os efeitos do café. No "New York Times", o pesquisador Aaron E. Carroll tentou compilá-los, fazendo um levantamento das meta-análises, e ele chega à conclusão de que o café, bebido com moderação, é inofensivo ou até benéfico às vezes.
"A maioria de nós não bebe café porque acha que isso pode nos proteger. Mas não há praticamente nenhuma evidência que prove isso."
Para ser bem claro, ele enumera os estudos e suas conclusões.
O consumo de café a longo prazo e os riscos cardiovasculares
Em 2014, uma equipe se debruçou sobre 36 estudos que envolveram mais de 1,27 milhão de pessoas. Conclusão: "As pessoas que tinham um consumo moderado de café, de três a cinco xícaras por dia (segundo o mesmo dr. Carroll, uma xícara representa 8 onças ou 226 gramas), eram as que menos corriam riscos". Aqueles que bebiam mais de cinco xícaras por dia não estavam mais expostos a esse tipo de problema do que aqueles que não bebiam nada.
O consumo de café e os acidentes vasculares cerebrais
Em 2012, dados obtidos junto a 480 mil pessoas mostravam que "o consumo de duas a seis xícaras de café por dia estava associado a um menor risco de AVC, comparado com um consumo zero".
O consumo de café e a insuficiência cardíaca
Outra meta-análise constatou que "um consumo moderado estava associado a um risco menor, e o menor risco de todos estava entre aqueles que consumiam quatro xícaras por dia em média". O mínimo para que "más associações" fossem observadas era de dez xícaras por dia.
O consumo de café e o mal de Parkinson e o mal de Alzheimer
No que diz respeito a distúrbios neurológicos, as meta-análises mais recentes notaram que um consumo moderado de café reduzia os riscos de Parkinson e "tinha um efeito protetor" contra o Alzheimer.
"Ninguém está sugerindo que você deva beber café pela saúde", conclui o pesquisador. "Mas beber café moderadamente está associado a riscos menores para quase todas as doenças cardiovasculares, ao contrário do que se ouve sobre os perigos do café e da cafeína. Não consigo pensar em outro produto que tenha tantas indicações epidemiológicas positivas."

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