F. Javier Barroso - El País
Ricardo Rojas/Reuters
Uma investigação sobre o roubo de 23 milhões de euros em relógios ocorrido em setembro de 2013 no bairro de Ciudad Lineal, em Madri, permitiu desarticular uma das maiores organizações de tráfico de entorpecentes na Europa, com conexões em todo o mundo, segundo informou na terça-feira (30) o diretor-geral da polícia, Ignacio Cosidó, e o chefe superior da Polícia de Madri, Alfonso Fernández Díez. A chamada Operação Vinetu (referência a Vinetu Cokovic, líder da organização) concluiu com a apreensão de 3.530 quilos de cocaína e 9,4 milhões de euros, e a detenção de 69 pessoas (26 na Espanha e 43 emn outros países).
Uma das chaves do êxito da operação policial, segundo os investigadores, foi a adoração por futebol dos chefes desses grupos criminosos. A polícia descobriu a identidade de Vinetu Cokovic, nascido em Montenegro há 50 anos e que se fazia passar por olheiro de futebol, graças a uma "pelada" em que jogavam outros amigos ligados ao crime organizado.
As investigações começaram em setembro de 2013,
quando houve o ataque ao depósito de relógios situado na Calle de Lope
de Hoyos. Os especialistas da polícia dedicados a roubos seguiram as
investigações depois de deterem o principal chefe, El Isma. Quando ele
foi detido, não se recuperou parte do butim, e por isso os agentes
continuaram as investigações. Isso os levou a Vinetu, cidadão que reside
em frente ao Parque do Retiro e que jogava futebol com o suposto chefe
da organização que roubou os relógios. As pesquisas deram como resultado
que Vinetu, cerca de 50 anos, encarregava-se de dirigir uma organização
de grande porte dedicada ao tráfico de drogas, especialmente de
cocaína, e à lavagem de dinheiro procedente dessa atividade ilícita.
Essa pessoa fazia constantes viagens pela Europa, em especial pela Holanda, Bélgica e Luxemburgo, além de Hungria e a antiga Iugoslávia. Também tinha relações com elementos na República Dominicana, no Brasil, no Peru e na Venezuela. Para introduzir a droga, tinha contatado marinheiros de navios da empresa MSC.
Tinham três procedimentos para distribuir a cocaína: um deles era utilizar esses marinheiros para colocar de forma ilegal a droga nos navios; ao chegar aos portos de destino, eles a atiravam à água em sacos de 40 a 60 quilos e depois pequenas embarcações os recolhiam. Para isso, escondiam o entorpecente em diversos pontos do barco. Assim fizeram várias entregas, como a realizada em 8 de abril de 2014 na Bélgica, em que os policiais do país apreenderam 67 quilos procedentes de um veleiro, ou em 7 de março de 2015 no porto de Valência (Espanha). Nessa ocasião, levavam 310 quilos da droga. Outro envio foi o de 15 de março de 2015, quando um navio da MSC, o Loretta, partiu de Algeciras com destino a Dénia; foram apreendidos 560 quilos de cocaína.
Outro procedimento era o chamado contato cego. Este consiste em os marinheiros colocarem a droga nos contêineres dos navios mercantes na origem, e quando chegam ao ponto de destino, em especial à Espanha, recolhê-la antes da chegada ao porto. Assim fizeram em 18 de janeiro de 2015, com 80 quilos de cocaína procedentes do navio MSC Vigo, no porto de Valência, ou em 25 de abril em Açores (Portugal), ou em 12 de maio, quando apreenderam um veleiro procedente da Venezuela com 678 quilos, aos quais logo se somaram 405 quilos procedentes dos fundos falsos encontrados na proa. O terceiro método consistia em comprar veleiros que se movimentavam por todo o mundo, como ocorreu por exemplo em 27 de maio, quando chegou ao porto de Santa Cruz nos Açores um veleiro dessa organização, com 1.140 quilos de cocaína.
Durante todas as operações foram apreendidos 3.530 quilos de droga de grande pureza, cujo valor no mercado poderia ter alcançado 20 milhões de euros.
Outro ramo da organização se dedicava ao envio de dinheiro através do Brasil e de Portugal. Para isso, contavam com escritórios em Madri, Barcelona, Vigo e Lisboa, com os quais pagavam aos fornecedores da droga. Até o momento foram registradas nove remessas nos últimos anos.
O principal suspeito e líder da organização, Vinetu Cokovic, justificava suas constantes viagens pelo mundo como se fosse olheiro de jogadores de futebol, mas na realidade não tinha qualquer renda que lhe permitisse levar um nível de vida tão alto como o que tinha. Foi exatamente uma pelada de futebol entre amigos que permitiu que a Polícia Nacional descobrisse a verdadeira identidade do falso olheiro.
Essas detenções permitiram acabar também com os canais de distribuição em nível médio em Madri, já que a organização tinha um apartamento perto do Aeroporto de Barajas e outro em Seseña (Toledo), de onde saía a droga para toda a Espanha e o Reino Unido, entre outras áreas. Em Seseña também havia uma grande plantação de maconha. A instrução do caso é feita pelo Juizado Central número 2 da Audiência Nacional, que decretou a prisão de quase todos os detidos, com idades entre 45 e 50 anos – muitos procedem de países da antiga Iugoslávia, como Sérvia, Croácia e Montenegro.
A operação não está concluída, já que tem ramificações na Austrália, e a polícia portuguesa está pendente de esclarecer toda a trama financeira, em especial a lavagem de dinheiro e a remessa à América do Sul para o pagamento da droga. Na Espanha também ficam pendentes algumas prisões, segundo fontes da investigação.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Essa pessoa fazia constantes viagens pela Europa, em especial pela Holanda, Bélgica e Luxemburgo, além de Hungria e a antiga Iugoslávia. Também tinha relações com elementos na República Dominicana, no Brasil, no Peru e na Venezuela. Para introduzir a droga, tinha contatado marinheiros de navios da empresa MSC.
Tinham três procedimentos para distribuir a cocaína: um deles era utilizar esses marinheiros para colocar de forma ilegal a droga nos navios; ao chegar aos portos de destino, eles a atiravam à água em sacos de 40 a 60 quilos e depois pequenas embarcações os recolhiam. Para isso, escondiam o entorpecente em diversos pontos do barco. Assim fizeram várias entregas, como a realizada em 8 de abril de 2014 na Bélgica, em que os policiais do país apreenderam 67 quilos procedentes de um veleiro, ou em 7 de março de 2015 no porto de Valência (Espanha). Nessa ocasião, levavam 310 quilos da droga. Outro envio foi o de 15 de março de 2015, quando um navio da MSC, o Loretta, partiu de Algeciras com destino a Dénia; foram apreendidos 560 quilos de cocaína.
Outro procedimento era o chamado contato cego. Este consiste em os marinheiros colocarem a droga nos contêineres dos navios mercantes na origem, e quando chegam ao ponto de destino, em especial à Espanha, recolhê-la antes da chegada ao porto. Assim fizeram em 18 de janeiro de 2015, com 80 quilos de cocaína procedentes do navio MSC Vigo, no porto de Valência, ou em 25 de abril em Açores (Portugal), ou em 12 de maio, quando apreenderam um veleiro procedente da Venezuela com 678 quilos, aos quais logo se somaram 405 quilos procedentes dos fundos falsos encontrados na proa. O terceiro método consistia em comprar veleiros que se movimentavam por todo o mundo, como ocorreu por exemplo em 27 de maio, quando chegou ao porto de Santa Cruz nos Açores um veleiro dessa organização, com 1.140 quilos de cocaína.
Durante todas as operações foram apreendidos 3.530 quilos de droga de grande pureza, cujo valor no mercado poderia ter alcançado 20 milhões de euros.
Outro ramo da organização se dedicava ao envio de dinheiro através do Brasil e de Portugal. Para isso, contavam com escritórios em Madri, Barcelona, Vigo e Lisboa, com os quais pagavam aos fornecedores da droga. Até o momento foram registradas nove remessas nos últimos anos.
O principal suspeito e líder da organização, Vinetu Cokovic, justificava suas constantes viagens pelo mundo como se fosse olheiro de jogadores de futebol, mas na realidade não tinha qualquer renda que lhe permitisse levar um nível de vida tão alto como o que tinha. Foi exatamente uma pelada de futebol entre amigos que permitiu que a Polícia Nacional descobrisse a verdadeira identidade do falso olheiro.
Essas detenções permitiram acabar também com os canais de distribuição em nível médio em Madri, já que a organização tinha um apartamento perto do Aeroporto de Barajas e outro em Seseña (Toledo), de onde saía a droga para toda a Espanha e o Reino Unido, entre outras áreas. Em Seseña também havia uma grande plantação de maconha. A instrução do caso é feita pelo Juizado Central número 2 da Audiência Nacional, que decretou a prisão de quase todos os detidos, com idades entre 45 e 50 anos – muitos procedem de países da antiga Iugoslávia, como Sérvia, Croácia e Montenegro.
A operação não está concluída, já que tem ramificações na Austrália, e a polícia portuguesa está pendente de esclarecer toda a trama financeira, em especial a lavagem de dinheiro e a remessa à América do Sul para o pagamento da droga. Na Espanha também ficam pendentes algumas prisões, segundo fontes da investigação.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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