domingo, 2 de agosto de 2015
Às portas do eldorado britânico
Calculam que o crescimento económico
britânico lhes garantirá trabalho se conseguirem passar as barreiras e
iludir a polícia. Vêm para trabalhar. E porque, na grande maioria, falam
inglês pensam que lá terão mais oportunidades. Partiram da Eritreia, do
Sudão, da Etiópia, do Afeganistão ou da Síria. Não são miseráveis a
fugir da fome. Muitos fugiram das perseguições e guerras e também muitos
pertenciam a classes superiores nos países de origem. Sofreram,
gastaram fortunas e demoraram meses ou anos para chegar às portas da
Grã-Bretanha: "Não pararão." Houve uma pequena crise diplomática
entre Paris e Londres. A França diz que este é um "problema europeu", os
britânicos denunciam o "egoísmo" francês. Há tiradas patrióticas nos
tablóides ingleses. "Fomos capazes de impedir Hitler de entrar. Por que é
que os nossos medíocres dirigentes são incapazes de parar alguns
milhares de imigrantes extenuados?", interroga-se o Daily Mail. O Daily Express propõe "o envio do exército para deter a invasão dos imigrantes".
Os italianos, e as boas condições
meteorológicas, têm evitado novos naufrágios no Mediterrâneo. O número
de mortos foi drasticamente reduzido. O que os europeus — os Estados,
não "a Europa" — se mostram incapazes de apresentar é uma política
migratória inteligente para favorecer a imigração legal. Todos precisam
de imigrantes mas incrementam a imigração clandestina e, depois, erguem
"muros". Há muitos estudos e propostas alternativas, que não cabe aqui
analisar. Cada país tem o seu interesse, a sua opinião, a sua
sensibilidade, enquanto as vagas migratórias são globais e à escala
europeia.
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