sábado, 29 de agosto de 2015

Brasileiro vai superar a crise sem "nadinha de amargura ou ódio", diz Dilma
UOL
Pressionada pela baixa popularidade e pela ameaça de um processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff (PT) disse nesta sexta-feira (28) que não vai permitir "retrocessos" democráticos e que o país vai superar a crise econômica sem "nadinha de amargura ou de ódio". A declaração foi feita na cidade de Caucaia, no Ceará, durante a entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida.
"Não vamos deixar haver retrocesso neste país. Nem que se refere aos programas e nem no que se refere à questão da democracia", disse a presidente, que foi recebida pela plateia aos gritos de "não vai ter golpe".
Dilma admitiu que o país passa pelo que ela classificou como "dificuldades momentâneas", mas disse que o país irá superá-las. "Temos a garra de superar nossas dificuldades. Mas tem uma característica especial do brasileiro. Nós superamos isso com muita esperança e muito amor no coração e com nadinha de amargura ou de ódio", afirmou.
A declaração da petista veio no mesmo dia em que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a economia brasileira encolheu 1,9% no segundo trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior, e 2,6% em relação ao segundo trimestre de 2014, segundo os dados do PIB (Produto Interno Bruto). O segundo trimestre seguido de recuo mostra que o Brasil está em recessão técnica. Já havia ocorrido recessão técnica no ano passado, com resultados negativos do PIB no primeiro e no segundo trimestres.
Sobre o cenário econômico, Dilma afirmou que o governo pensa em aumentar o emprego e garantir a volta do crescimento. "Vocês acham que a situação está incerta, que a inflação está alta, vocês temem perder o emprego, mas o meu governo pensa em aumentar o emprego e garantir a volta do crescimento", disse. "Também queremos reduzir a inflação, porque sabemos que a inflação corrói a renda do trabalhador."
A presidente disse ainda que o Brasil, assim como países vizinhos da América Latina, conseguiram superar as consequências de uma "história de golpes e ditaduras". "Nós todos sofremos as consequências de ter um país que não era democrático, que não respeitava as leis e que não deixava as pessoas dar sua opinião e manifestar sua opinião. Esse país conquistou sua democracia quando conquistou o direito de votar. Ao conquistar o direito de votar, nós mudamos a história do nosso país", disse.
Sem citar a oposição, ela voltou a dizer que há setores da sociedade que apostam no "quanto pior, melhor". "Tem uma minoria que aposta sempre no quanto pior, melhor. É aquele pessoal que pesca em águas turvas. Que quando as águas são claras, nunca conseguem o que querem", disse.
Além das unidades em Caucaia, foram entregues simultaneamente outras casas em Fortaleza e Maracanaú, ambas no Ceará; e Castanhal, no Pará; Colinas do Tocantins, em Tocantins; e Bom Conselho, em Pernambuco. No total, são 2.701 residências, que devem beneficiar 10 mil pessoas.

Processos no TSE e no TCU

Setores da oposição esperam posicionamentos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do TCU (Tribunal de Contas da União) para se decidir se abrem processo de impeachment contra a presidente na Câmara dos Deputados.
No TSE, Dilma enfrenta a reabertura de uma investigação sobre as contas de sua campanha à reeleição. Segundo o ministro Gilmar Mendes, há indícios de irregularidades e suspeitas de que parte dos recursos utilizados pela campanha tenha origem no pagamento de propina investigado pela operação Lava Jato. A operação Lava Jato apura irregularidades em contratos da Petrobras com empreiteiras.
Caso seja condenada por utilização de recursos ilegais, Dilma corre o risco de ter o mandato cassado.
No TCU, Dilma enfrenta um processo de apreciação das suas contas do governo. A oposição acusa o governo de praticado as chamadas "pedaladas fiscais" para fechar as contas governamentais.
As "pedaladas fiscais" seriam transações entre o governo e bancos oficiais como a Caixa Econômica Federal para o pagamento de benefícios sociais como o Bolsa Família. A oposição afirma que essas transações foram empréstimos, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O governo nega que as transações possam ser analisadas como empréstimos. Na última quarta-feira (26), o TCU deu mais 15 dias ao governo para explicar o episódio.

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