Reinaldo Azevedo - VEJA
Ah,
que bom! Dilma pensa em extinguir e fundir ministérios, certo? Sugiro
que demita Arthur Chioro da Saúde e o transforme no titular do MEB, o
Ministério do Eufemismo Burocrático. O valente, um dos tocadores de
corneta da volta da CPMF, resolveu dar um outro nome ao imposto: CIS
(Contribuição Interfederativa da Saúde). Ah, que bacana. Aí não deve
doer.
O governo
ainda não sabe se cria um imposto para cobrir o déficit primário ou para
a Saúde. Entendi. Vai ver a ideia é a seguinte: o tal CIS vai para a
Saúde, e o dinheiro da Saúde vira caixa, que é um jeito malandro de
fazer a CPMF, com novo apelido, ser o que sempre foi: CAIXA!!!
O nomezinho
proposto por Chioro embute uma armadilha: seria uma “contribuição
interfederativa” porque parte do dinheiro ficaria com os municípios,
parte com estados e parte com a União… Ah, espertão! É um jeito de
engajar os prefeitos e os governadores na defesa da proposta, de sorte
que Dilma não arque sozinha com o peso da estrovenga, né?
Justamente
porque o imposto teria esse caráter, Chioro nega que seria a simples
volta da CPMF — já que esta nunca serviu apenas à saúde. Temos aí uma
confissão. O imposto, disfarçado de “contribuição”, ficou em vigência de
1997 a 2007 — portanto, o PT administrou o dinheiro durante cinco anos.
Teria dado tempo de demonstrar que sabia o que fazer com ele, não é
mesmo?
Chioro vem
com sua conversa mole: “Vivemos um crônico subfinanciamento da saúde e
precisamos encontrar uma solução. Se não encontrarmos, municípios e
Estados deixarão de cumprir o compromisso com a população brasileira.
Estamos lidando com a vida das pessoas”. Ah, também resolveu dizer que
os que votaram pela extinção do imposto em 2007 são os responsáveis pela
crise que está aí.
Uma ova! Eis
um dos aspectos mais irritantes de um governo destrambelhado. A
urgência da CPMF é recolocada quando o país passou a fabricar déficit
primário. Chioro vem agora usar os doentes como estandarte para esconder
a incompetência oficial. E pretende arrastar governadores e prefeitos
para o buraco de popularidade em que Dilma está.
Nenhum comentário:
Postar um comentário