domingo, 18 de janeiro de 2009

CECÍLIA MEIRELES

SEREIA Linda é a mulher e o seu canto, ambos guardados no luar. Seus olhos doces de pranto - quem os pudera enxugar devagarinho com a boca, ai! com a boca, devagarinho... Na sua voz transparente giram sonhos de cristal. Nem ar nem onda corrente possuem suspiro igual, nem os búzios nem as violas, ai! nem as violas e os búzios... Tudo pudesse a beleza, e, de encoberto país, viria alguém, com certeza, para fazê-la feliz, contemplando-lhe alma e corpo, ai! alma e corpo contemplando-lhe... Mas o mundo está dormindo em travesseiros de luar. A mulher do canto lindo ajuda o mundo a sonhar, com o canto que a vai matando, ai! E morrerá de cantar.

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