quarta-feira, 30 de abril de 2014

 
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Norway (by cregoli) 
Norway (Via ate)
Desarmamento e genocídios
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No dia 24 de abril deste ano, o primeiro genocídio do século XX completou 99 anos: o governo turco dizimou mais de um milhão de armênios desarmados.  A palavra-chave da frase é justamente esta última: "desarmados".
Os turcos escaparam de uma condenação mundial porque utilizaram a desculpa de tudo ter sido uma 'medida de guerra'.  Findada a Primeira Guerra Mundial, eles não sofrerem nenhuma represália por este ato de genocídio.  É como se o governo turco não houvesse conduzido absolutamente nenhuma medida de homicídio em massa contra um povo pacífico.
Outros governos perceberam que o ardil funcionara e rapidamente tomaram nota do fato.  Era um precedente internacional conveniente demais para ser ignorado.
Setenta e nove anos após o início daquele genocídio, o famoso Hotel Ruanda abriu as portas.
Os Hutus também se safaram.  Ironicamente, pelo menos uma década antes do massacre em Ruanda — gostaria de me lembrar da data exata —, a revista americana Harper's publicou um artigo em que profetizava com acurácia este genocídio, e por uma razão muito simples: os Hutus tinham metralhadoras; os Tutsis, não.  O artigo foi escrito em um formato de parábola, sem se preocupar em fazer previsões especificamente políticas.  Lembro-me vivamente de, ao ler aquele artigo, ter imediatamente pensado: "Se eu fosse um Tutsi, emigraria o mais rápido possível".
O fato é que, em todo o século XX, não foi um bom negócio ser um civil.  As chances sempre estavam contra você.
Péssimas notícias para os civis
Tornou-se um lugar comum dizer que o século XX, mais do que qualquer outro século na história conhecida da humanidade, foi o século da desumanidade do homem para com o homem.  Embora esta frase seja memorável, ela é um tanto enganosa.  Para ser mais acurada, o certo seria modificá-la para "o século da desumanidade dos governos para com civis desarmados".  No caso do genocídio, no entanto, tal prática não pode ser facilmente descartada como sendo um dano colateral imposto a um inimigo de guerra.  Trata-se de extermínio deliberado.
O século XX começou oficialmente do dia 1º de janeiro de 1901.  Naquela época, uma grande guerra já estava em andamento; portanto, vamos começar por ela.  Mais especificamente, era a guerra iniciada pelos EUA contra as Filipinas, cujos cidadãos haviam sido acometidos da ingênua noção de que a libertação da Espanha não implicava uma nova colonização pelos EUA. 
Os presidentes americanos William McKinley e Theodore Roosevelt enviaram 126.000 tropas para as Filipinas para ensinar àquele povo uma lição sobre a moderna geopolítica.  Os EUA haviam comprado as Filipinas da Espanha por US$20 milhões em dezembro de 1898.  O fato de que os filipinos haviam declarado independência seis meses antes dessa compra era irrelevante.  Um negócio é um negócio.  Aqueles que estavam sendo comprado não podiam dizer nada a respeito, muito menos protestar.
Naquela época, era uma prática comum fazer a contagem de corpos dos combatentes inimigos.  A estimativa oficial foi de 16.000 mortos.  Algumas estimativas não-oficiais falam em aproximadamente 20.000.  Para os civis, tanto naquela época quanto hoje, não há estimativas oficiais.  O número mais baixo fala em 250.000 mortos.  A estimativa mais alta é de um milhão.
E então veio a Primeira Guerra Mundial e as comportas foram abertas — ou melhor, os banhos de sangue foram institucionalizados.
Turquia, 1915
O genocídio armênio de 1915 foi precedido por uma limpeza étnica parcial, a qual durou dois anos, 1895—97.  Aproximadamente 200.000 armênios foram executados.
Os armênios eram facilmente identificáveis.  Alguns séculos antes, os invasores turcos otomanos os haviam forçado a acrescentar o "ian/yan" aos seus sobrenomes.  Como os armênios estavam dispersos por todo o império, eles não possuíam o mesmo tipo de concentração geográfica que outros cristãos possuíam na Grécia e nos Bálcãs.  Eles nunca organizaram uma força armada para oferecer resistência.  E foi isso o que os levou à destruição.  Eles não tinham como lutar e resistir.
Os armênios eram invejados porque eram ricos e mais cultos do que a sociedade dominante.  Eles eram os empreendedores do Império Otomano.  O mesmo ocorreu na Rússia.  O mesmo ressentimento existia na Rússia, embora não com a intensidade do ressentimento que existia na Turquia.
As estimativas não-turcas falam em algo entre 800.000 e 1,5 milhão de armênios mortos.  Embora a maioria destes homicídios tenha ocorrido com o uso de baixa tecnologia, os métodos eram extremamente eficazes.  O exército capturava centenas ou milhares de civis, levava-os até áreas desertas e inóspitas, e os deixava lá até que literalmente morressem de fome.
O nome Arnold Toynbee é bem conhecido.  Já na década de 1950 ele era um dos mais eminentes historiadores do planeta.  Seu estudo, compilado em 12 volumes (1934—61), sobre 26 civilizações não possui precedentes em sua amplitude.  Sua obra O Tratamento dos Armênios no Império Otomano foi sua primeira grande publicação.
Por que algumas organizações armênias não dão ampla divulgação e notoriedade a este documento é algo que me escapa completamente.  O livro está em domínio público.  A seção a seguir, que está na Parte VI, "As Deportações de 1915: Procedimento", é iluminadora.  Leia-a com atenção.  Trata-se do aspecto crucial de todo o genocídio.  O governo confiscou as armas dos cidadãos.

Um decreto foi expedido ordenando que todos os armênios fossem desarmados.  Os armênios que serviam no exército foram retirados das fileiras combatentes, reagrupados em batalhões especiais de trabalho, e colocados para construir fortificações e estradas.  O desarmamento da população civil ficou a cargo das autoridades locais.  Um reino de terror foi instaurado em todos os centros administrativos.  As autoridades exigiram a produção de uma quantidade estipulada de armas.  Aqueles que não conseguissem cumprir as metas eram torturados, frequentemente com requintes satânicos; aqueles que, em vez de produzir, adquirissem armas para repassá-las ao governo — comprando de seus vizinhos muçulmanos ou adquirindo por qualquer outro meio —, eram aprisionados por conspiração contra o governo.
Poucos desses eram jovens, pois a maioria dos jovens havia sido recrutada para servir o estado.  A maioria era de homens mais velhos, homens de posse e líderes da comunidade armênia, e tornou-se claro que a inquisição das armas estava sendo utilizada como um disfarce para privar a comunidade de seus líderes naturais.  Medidas similares haviam precedido os massacres de 1895—96, e um mau presságio se espalhou por todo o povo armênio.  "Em uma certa noite de inverno", escreveu uma testemunha estrangeira desses eventos, "o governo enviou soldados para invadir as casas de absolutamente todos os armênios, agredindo as famílias e exigindo que todas as armas fossem entregues.  Essa ação foi como um dobre de finados para vários corações".
Desarmamento
Lênin desarmou os russos.  Stalin cometeu genocídio contra os kulaks ucranianos durante a década de 1930.  Pelos menos seis milhões de pessoas foram mortas.
Como mostrou a organização Jews for the Preservation of Firearms Ownership (Judeus pela Preservacao da Propriedade de Armas de Fogo), o modelo do Decreto do Controle de Armas de 1968 nos EUA — até mesmo as palavras e o fraseado — foi copiado da legislação de 1938 de Hitler, a qual, por sua vez, era uma revisão da lei de 1928 aprovada pela República de Weimar.  Uma boa introdução a esta história politicamente incorreta da história do controle de armas pode ser vista aqui.
Quando as tropas de Mao Tsé-Tung invadiam um vilarejo, elas capturavam os ricos.  Em seguida, elas ofereciam a devolução das vítimas em troca de dinheiro.  As vítimas eram libertadas quando o pagamento fosse efetuado.  Mais tarde, o governo voltou a sequestrar essas mesmas pessoas, só que desta vez exigindo armas como resgate.  Ato contínuo, assim que as armas eram entregues, as vítimas eram libertadas.  Essa mudança de postura — exigir armas em vez de dinheiro — fez com que a negociação parecesse razoável para as famílias das próximas vítimas.  Porém, tão logo o governo se apossou de todas as armas de uma comunidade, os aprisionamentos e as execuções em massa começaram.
A ideia de que o indivíduo tem o direito à autodefesa era tão comum e difundida no século XVIII que ela foi escrita na Constituição americana: a segunda emenda.  Carroll Quigley, eminente historiador e teórico da evolução das civilizações, era também um especialista na história do uso de armas pela população.  Ele escreveu um livro de 1.000 páginas sobre o uso de armas como meio de defesa durante a Idade Média.  Em sua obra Tragedy and Hope (1966), ele argumenta que a Revolução Americana foi bem sucedida porque os americanos possuíam armas de poder de fogo comparável àquelas em posse das tropas britânicas.  Foi exatamente por isso, disse ele, que houve toda uma série de revoltas contra governos despóticos em todo o século XVIII. 
Tão logo as armas em posse do governo se tornaram superiores, os movimentos e manifestações em prol da redução do tamanho do estado deixaram de ter o mesmo êxito que haviam tido nos séculos anteriores.
Há uma razão por que os governos são tão empenhados em desarmar seus cidadãos: eles querem manter seu monopólio da violência a todo custo.  A ideia de haver cidadãos armados é apavorante para a maioria dos políticos.  Afinal, para que serve um monopólio se ele não pode ser exercido?  Cidadãos armados impõem um limite natural à tirania do estado. 
Conclusão
Genocídios acontecem.
Mas não há genocídio quando os alvos estão armados. 
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Via chcbb

Rosie_Jones_Nuts_The_Final_Issue_05
Via chcbb
O seu voto é uma arma.
Em outubro, atire para matar.

Pessoas dentro da farda. Ou: Enterros sem artistas da Globo
Reinaldo Azevedo - VEJA
Ruy Castro escreveu na Folha de hoje uma coluna que eu gostaria de ter escrito, a despeito das minhas divergências com aspectos da política de segurança pública do Rio. Leiam.
*
A 13 de março último, o aspirante a oficial da PM, Leidson Alves, 27 anos, foi morto com um tiro na cabeça por traficantes durante um patrulhamento no morro do Alemão. Foi o 19º PM morto neste ano no Rio, sendo 13 em emboscadas parecidas –alguns quando estavam de folga. A 7 de abril, ao voltar para casa, outro PM, Lucas Barreto, 23, foi capturado em São Gonçalo e levado para uma favela. Deram-lhe oito tiros, a maioria nas pernas, e o jogaram num matagal.
Desde então, não sei a quantas anda a estatística de PMs cariocas mortos ou feridos –não em combate, como de praxe no ofício, mas pelas costas, à traição. Nem sempre os jornais registram que o policial assassinado era jovem, recém-casado, filho exemplar ou pai de filhos. Artistas da Globo não vão a seus enterros. Não se sabe de missas por suas almas e, na verdade, ninguém está interessado. É como se não houvesse uma pessoa dentro da farda.
Nas últimas “manifestações” no Rio, elementos brandiram cartazes dizendo “Fora UPP” e “UPP assassina”. É fácil protestar contra as Unidades de Polícia Pacificadora. Quando um policial comete um excesso ou mata alguém, pode enfrentar processo, ser expulso da polícia ou ir preso. Mas ainda não se viu nenhum cartaz dizendo “Fora traficantes”. E, no entanto, contra a violência destes, não há recurso –a comunidade tem de aceitar calada os tapas na cara, o estupro de suas filhas e as execuções sumárias de quem eles considerem suspeitos.
É difícil acreditar que essa hostilidade à polícia parta de gente de bem nas comunidades. Os números mostram que, com as UPPs, as mortes diminuíram, os serviços aumentaram e sua economia cresceu.
Tais dados são lesivos, isto, sim, aos traficantes, às milícias, aos que vivem das migalhas do crime e a políticos que, para sobreviver, precisam que as UPPs fracassem.
Itamaraty diz que passaportes falsos podem explicar terroristas brasileiros no Iêmen
Diego Braga Norte - VEJA
O uso de passaportes falsos é uma das principais suspeitas para a existência de brasileiros entre os terroristas da Al Qaeda mortos no Iêmen. Ontem, o governo do Iêmen comunicou que seu Exército havia atacado uma célula da Al Qaeda que atua no país. A ação resultou na morte de quinze soldados e doze membros da rede terrorista. Segundo o presidente Abdu Rabo Mansur Hadi, entre os terroristas mortos há um ou mais jihadistas brasileiros, além de franceses, holandeses, alemães e árabes.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério das Relações Exteriores informou ao site de VEJA que até agora não foi notificado sobre o caso e que ainda não dispõe de nenhuma informação concreta. O uso de passaportes falsos não foi confirmado, mas a assessoria informou que esta é uma das hipóteses possíveis. O embaixador brasileiro na Arábia Saudita, Flávio Marega, entrou em contato com a chancelaria do Iêmen para solicitar informações sobre os supostos brasileiros.
Por não ter uma representação diplomática no Iêmen, o Ministério das Relações Exteriores vai deslocar um funcionário locado em Riad para acompanhar o caso. Ainda segundo a assessoria, o Brasil está em contato com os demais países citados no episódio – França, Holanda, Alemanha e Arábia Saudita. O objetivo é a troca de informações sobre os terroristas mortos.
Os modelos antigos do passaporte brasileiro – com a capa verde – eram considerados documentos fáceis de falsificar e, com isso, eram visados no mercado negro internacional. O modelo novo – com a capa azul – é mais moderno e conta com registros biométricos e outros itens de segurança similares aos existentes em cédulas, como marcas d’água e outros detalhes difíceis de serem forjados. Mesmo assim, nenhum documento está 100% imune às falsificações.
Se a nacionalidade dos terroristas for confirmada, será o primeiro caso da existência de jihadistas brasileiros. A Polícia Federal sempre negou a existência de células terroristas no país. Em 2009, um cidadão libanês foi preso em São Paulo e, na época, a PF confirmou que ele tinha ligações com a Al Qaeda. Identificado apenas como ‘Senhor K.’, o libanês foi detido por fazer propaganda de ideias antissemitas.
Ataques
Os terroristas foram mortos em uma emboscada armada pelos combatentes da Al Qaeda durante a ofensiva do Exército contra a organização. Insurgentes atacaram um comboio militar perto da cidade de Azzan, no centro-sul do país, e o confronto resultou na morte de quinze militares e doze terroristas, segundo o governo. Outros três soldados morreram e sete ficaram feridos em outra emboscada contra um comboio de sete veículos militares perto de Lahmar, uma localidade da província de Abyan. De acordo com o presidente Hadi, o número de insurgentes mortos na ofensiva pode chegar a trinta.
No caso de Pasadena, faltou ensaiar os detalhes
Josias de Souza - UOL
Noutros tempos, as crises eram provocadas por opositores. Hoje, Dilma Rousseff é quem faz a crise que mata sua fama de boa gerente. Há um quê de burlesco no enredo da refinaria de Pasadena. Nele, a presidente da República faz o papel de suicida didática. Sem traquejo nas artes do ocultamento, Dilma ensaiou mal os detalhes. Ao improvisar, o elenco de apoio foge do script, desnudando a versão oficial a cada reencenação.
De volta à Câmara, Graça Foster manteve praticamente inalterado o miolo da peça. Disse que o negócio era promissor em 2006. Mas a crise de 2008 fez desandar a receita do pudim. Afirmou que, desde 1999, a Petrobras voltara os olhos para o estrangeiro. Mas a descoberta do pré-sal reativou os investimentos domésticos. Declarou que ilma tem motivos para chiar. O relatório do ex-diretor Nestor Cerveró realmente omitia um par de cláusulas. Blá, blá, blá…
É nítido o esforço da presidente da Petrobras para dar lógica à versão de Dilma. Mas as pistas são tão primárias que é impossível percorrer o labirinto de erros sem tropeções. Por exemplo: em 2008, quando o diretor Internacional Nestor virou um Cerveró qualquer, decidiu-se que ele deveria ser transferido para a diretoria Financeira da subsidiária BR Distribuidora. Por que tanta complacência?, perguntaram alguns deputados. Por que só agora, depois de seis anos, Cerveró foi mandado ao olho da rua?, indagaram outros.
“Eu não era do Conselho de Administração, não posso responder”, tentou esquivar-se Graça Foster. Lero vai, lero vem, a questão ressurge: E o Cerveró? A depoente permitiu-se soar um pouco mais específica: “Quem demite e quem aprova diretores da Petrobras e da BR Distribuidora é o Conselho de Administração. Tem o presidente do Conselho. Cabe a esse presidente do conselho justificar a aprovação ou não desse diretor.” Bingo! Quem presidia o conselho? Dilma Rousseff.
Hoje, Dilma diz ter ficado uma arara ao descobrir, naqueles idos de 2008, que o relatório de Cerveró, documento “técnica e juridicamente falho”, a induzira a referendar um mau negócio. O líder do PSDB, Antonio Imbassahy, sacudiu diante das câmeras da TV Câmara o “relatório executivo” de Cerveró. Duas míseras folhas. Que levaram a estatal a enterrar no Texas, por ora, US$ 1,9 bilhão. É assim que trabalha o Conselho da Petrobras?, bicou o deputado tucano.
Vice-líder do DEM, o deputado Rodrigo Maia leu em voz alta a ata da reunião em que, sob a presidência de Dilma, o Conselho Administrativo da Petrobras transferiu Cerveró de uma poltrona para outra. O texto anota os agradecimentos do colegiado “pelos relevantes serviços prestados à companhia”. Registra a “competência e o alto grau de profissionalismo” do personagem que Dilma agora desqualifica. Graça silenciou. Natural. Ainda não se descobriu uma maneira de desfritar um ovo.
Ficou boiando na atmosfera uma frase do antecessor de Graça Foster, o petista José Sérgio Gabrielli, outro coadjuvante mal ensaiado. “Não posso fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho. Nós somos responsáveis pelas nossas decisões”. Faz todo o sentido.
Foi em 2008, ainda sob o comando de Gabrielli, que a Petrobras teve de comprar os 50% de Pasadena que ainda estavam nas mãos da belga Astra Oil. Coisa prevista na agora célebre cláusula put option, uma das que Cerveró omitira em seu relatório. Ainda presidido por Dilma, o Conselho de Administração da estatal recusou-se a referendar a transação, comprando uma briga judicial que serviria apenas para encarecer o mico.
Nessa época, Graça Foster já integrava o conselho. Como votou?, indagou Rodrigo Maia. “Votei a favor da aprovação dos outros 50%, porque isso era um fato consumado…” Quer dizer: a doutora Graça, servidora exemplar, guindada por Dilma à presidência da estatal graças à sua competência técnica, foi voto vencido em 2008. Se tivesse prevalecido sobre Dilma, a estatal não teria salgado o prejuízo numa refrega judicial inócua.
De resto, ao dizer que Pasadena era um bom negócio em 2006, dona Graça deixa madame Dilma sem chão. A Petrobras começou a virar uma crise política porque a presidente da República informou, em nota oficial, que jamais aprovaria a compra da refinaria se Cerveró tivesse esmiuçado todas as cláusulas para os membros do conselho administrativo. A pantomima não fecha: ou a refinaria era um mico desde 2006 ou Graça Foster faz de Dilma uma gestora dissimulada, incapaz de assumir as responsabilidades que Gabrielli pede que ela assuma.
Há uma beleza revolucionária no papel que Dilma escolheu desempenhar no enredo de Pasadena. Meticulosa, a presidente demarca com tanto cuidado seus erros qie acaba permitindo que sejam descobertos por qualquer imbecil.
Antes de redigir a nota que arrastou Pasadena para dentro do Planalto, Dilma pedira subsídios à Petrobrtas. A estatal lhe enviou uma sugestão de nota. É verdade que a presidente rasgou o documento?, perguntou o tucano Imbassahy. E Graça: “Nós passamos diversas notas para muita gente. Nosso dever é colaborar. O destino dessas notas, o usuário é que sabe.”
Ficou subentendido que Dilma fez picadinho da sugestão de nota da Petrobras. Tamanho era o desejo da presidente de ser flagrada, que ela deixou as mais espantosas pistas. É como se Dilma a estivesse decidida a desvendar todos os erros, cometendo-os.

EU VOU, EU VOU... ENQUANTO HOUVER ALGUÉM HONESTO NO JUDICIÁRIO EXISTE UMA ESPERANÇA

Barbosa determina que Genoino volte para Papuda em 24 horas 
MÔNICA BERGAMO - FSP
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, decidiu nesta quarta-feira (30) que o ex-presidente do PT José Genoino terá que se apresentar em 24 horas no presídio da Papuda, em Brasília.
O advogado de Genoino, Luiz Pacheco, disse que o petista se apresentará hoje às autoridades e que apresentará um agravo para plenário do tribunal.
"Vamos dizer que ele na verdade tem uma cardiopatia de risco. Ele está estabilizado porque está com os cuidados necessários no regime de prisão domiciliar. O nosso receio é que o quadro dele regrida", disse Pacheco.
"Genoino recebeu a notícia com equilíbrio", diz Marco Aurélio Carvalho, coordenador jurídico do PT e amigo da família. "Mas é preciso fazer um alerta: a coagulação dele não está controlada. O laudo médico diz que a situação é estável mas isso ocorre porque ele está em casa, cumprindo prisão domiciliar. No presídio, as condições serão as mesmas? É claro que não, nós não estamos na Suíça."
Carvalho afirma que Joaquim Barbosa "está assumindo um grande risco" ao mandar o petista para a Papuda.
Condenado a 4 anos e 8 meses no processo do mensalão pelo crime de corrupção, Genoino está desde o ano passado em prisão domiciliar por ter passado mal nos primeiros dias de detenção devido a problemas cardíacos e a uma cirurgia que fez para implantar uma prótese na aorta. Com isso, o petista cumprirá sua pena em regime semiaberto.
A decisão de Barbosa foi baseada em laudo feito por médicos da UnB (Universidade de Brasília), que diz que o ex-parlamentar apresenta um quadro "clínico plenamente estabilizado" e "aparente ótimo estado geral". O resultado dos exames, feitos no dia 12 de abril, foi enviado ao STF na última segunda-feira (28).
A desmontagem do “mito” chavista e o futuro da América Latina
2. Maduro recém acaba de completar o primeiro ano de governo, e o radicalismo político que aplicou nesses primeiros 12 meses, seguindo a receita de assessores cubanos que abarrotam a Venezuela, manteve esse país a beira de uma guerra civil durante várias semanas.
3. Porém, não é somente o presidente venezuelano o responsável pela agonia do “mito” chavista e do “socialismo bolivariano” na América Latina. Existe um “eixo” de governos que, de uma maneira ou de outra, seguiu a política externa venezuelana de guerra fria, que esbofeteia obsessivamente os Estados Unidos enquanto se lança nos braços dos neo-imperialismos da Rússia de Putin e da China comunista.
4. O presidente Rafael Correa, do Equador, seguiu os passos ditatoriais de Chávez e Maduro, e colheu como resultado a recente derrota nas eleições municipais, incluindo a estratégica prefeitura de Quito, a capital. Correa tentou melhorar sua imagem internacional viajando aos Estados Unidos, porém em todas as cidades que visitou ouviu interpelações do público por suas políticas ditatoriais, especialmente, contra os meios de comunicação e a iniciativa privada.
5. A presidente Cristina Kirchner, da Argentina, também aplicou em seu país as “receitas” chavistas-maduristas e a única coisa que conseguiu foi o triste “milagre” de arruinar socialmente um país que outrora ocupou os primeiros lugares na América Latina. A presidente argentina nem sequer está em condições políticas para tentar uma re-eleição.
6. A presidente Dilma Rousseff, do Brasil, incentivada por setores mais radicalizados do Partido dos Trabalhadores (PT), levou adiante nos últimos anos uma política intervencionista e socializante na economia desse gigantesco país, asfixiando a iniciativa privada e arruinando empresas estatais que outrora foram um orgulho nacional. A Srª Rousseff está obtendo como resultado o estancamento econômico junto com o ressurgimento da inflação. O ano passado teve de enfrentar gigantescas manifestações de descontentamento. E recentes pesquisas eleitorais mostram os frutos obtidos pela presidente Rousseff com as receitas chavistas impulsionadas pelos setores radicais do PT: a queda da popularidade e o risco de lhe faltar votos para se re-eleger nas eleições presidenciais de novembro.
7. O custo humano, social, político, econômico e cultural do “mito” chavista e das aventuras que se inspiraram nesse mito, é gigantesco.
8. Paradoxalmente, o “mito” chavista está se afundando, não tanto pela força de seus adversários latino-americanos, senão pelo extremismo ideológico e político de seus próprios defensores. É de se desejar que a desmontagem do “mito” chavista seja um processo irreversível. Os países da região que têm incentivado a propriedade privada e a livre iniciativa, especialmente, na área do Pacífico, mostram um desenvolvimento econômico positivo, que contrasta com a deterioração econômica dos países que estão aplicando receitas inspiradas no “socialismo bolivariano”. O que está em jogo é, nada mais e nada menos, que o futuro da América Latina.
Tradução: Graça Salgueiro
Iêmen diz que há brasileiros entre terroristas da Al Qaeda mortos no país. País segue sem uma lei antiterror. E a lembrança de uma estupidez dita por Tarso Genro
Reinaldo Azevedo - VEJA
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Por que essa imagem está aí? Vocês vão entender.
Algo de muito grave aconteceu caso se confirme mesmo a notícia — e não creio que possa haver desmentidos: numa ação do Exército do Iêmen contra forças da Al Qaeda, a maior desde 2012, foram mortos 26 terroristas, ou jihadistas, como eles próprios se definem. No grupo, dizem as autoridades iemenitas, estão… brasileiros. Sim, caros leitores, vocês leram direito: havia brasileiros em campos de treinamento da Al Qaeda. Segundo Abdu Rabo Mansur Hadi, presidente daquele país, há ainda terroristas mortos oriundos da Holanda, França, Austrália e outros países.
Por que a notícia é especialmente grave no que nos diz respeito? Porque o Brasil, e não será a primeira vez que escreverei isso aqui, é uma das poucas democracias do mundo — na verdade, deve ser a única — que não dispõe de uma lei para punir ações terroristas. Se esses brasileiros que morreram no Iêmen tivessem sido presos e eventualmente deportados para o Brasil, não haveria, acreditem, como puni-los aqui. Da mesma sorte, este país não tem como aplicar penas adequadas para ações terroristas praticadas por estrangeiros ou por nativos em solo brasileiro. Teria de apelar a alguma outra legislação.
E por que não temos essa lei, a menos de dois meses da Copa do Mundo? Porque as esquerdas, muito especialmente os petistas, não aceitam. Aliás, a imprensa, com as exceções de praxe, não tem sido muito sábia quando debate o assunto.
Em maio de 2009 foi preso no Brasil o libanês Khaled Hussein Ali, identificado na imprensa brasileira como o “libanês K”. Era ligado à Al Qaeda. Foi, acreditem, solto! No dia 26 de maio daquele ano, diante da evidência de que a rede terrorista já estava entre nós, o inefável Tarso Genro, então ministro da Justiça, tratou o terrorismo como uma variante de “corrente de opinião”. No dia seguinte, sustentou que o país realmente não precisa tipificar esse crime porque a legislação comum dá conta do recado — o que é conversa mole.
Reportagens da revista VEJA de abril e dezembro de 2011 demonstraram que o terrorismo islâmico já operava no Brasil e recrutava pessoas para a sua causa. A revista revelou as conexões de cinco grupos extremistas no Brasil. Mais tarde, a análise de processos judiciais e de relatórios do Departamento de Justiça, do Exército e do Congresso americanos expôs laços de extremistas que vivem no Brasil com a Fundação Holy Land (Terra Santa, em inglês), uma entidade que, durante treze anos, financiou e aparelhou o Hamas, o grupo radical palestino que desde 2007 controla a Faixa de Gaza e cujo objetivo declarado é destruir o estado de Israel.
A Holy Land tinha sede em Dallas, no Texas, e era registrada como instituição filantrópica. Descobriu-se que havia enviado pelo menos 12,4 milhões de dólares ao Hamas e que ajudava o grupo a recrutar terroristas nos Estados Unidos e na América do Sul. Em 2001, entrou para a lista de organizações terroristas da ONU e, em 2008, seus diretores foram condenados na Justiça americana por 108 crimes, entre os quais financiamento de ações terroristas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A maior pena, de 65 anos de prisão, foi para Shukri Abu Baker, fundador, presidente e diretor executivo da Holy Land. Curiosamente, passou despercebido o fato de que Baker é brasileiro. Mais do que isso: durante muitos anos ele manteve operações no Brasil, e alguns de seus comparsas ainda estão por aqui.
Sem lei
Muito bem! Todas as vezes em que se tentou votar uma lei contra o terrorismo no Brasil, a esquerda impediu o debate. Chegaremos à Copa sem ela. E é provável que às Olimpíadas também. A Comissão de Juristas que propôs a reforma do Código Penal chegou a prever, sim, a pena para ações terroristas, mas o fez de maneira muito particular: livrava de qualquer sanção quem cometesse desatinos em nome de causas socais, o que é, obviamente, piada. Na maioria das vezes, um terrorista sempre alega uma motivação nobre, não é mesmo? De resto, pode até haver causas nobres que mobilizam fanáticos. O que os tolos têm de entender é que não há causa legítima o bastante que justifique o ataque contra alvos ilegítimos: os inocentes.
Precisamos agora saber quem são esses brasileiros, sua origem, seus vínculos no Brasil, suas conexões. É claro que a votação de uma lei antiterror se tornou ainda mais urgente.
Sem apoio, Dilma não irá a lugar algum
Ricardo Noblat
Em entrevista, hoje, a rádios baianas, Dilma disse que será candidata à reeleição com ou sem o apoio dos partidos aliados que sustentam seu governo.
"Gostaria muito que, quando eu for candidata, eu tivesse o apoio da minha base, da minha própria base. Agora, não havendo esse apoio, a gente vai tocar em frente" garantiu Dilma.
Tolice! Amadorismo!
Foto: Gustavo Miranda / O Globo
Um profissional da política, candidato a qualquer coisa, não admite que possa perder apoios. Pelo contrário.
De resto, ninguém pode “tocar em frente” caso perca o apoio de sua base, de sua própria base. Como sem apoio seria possível ainda assim “tocar em frente?”
Nos últimos dois meses, uma sequência de quatro pesquisas registrou a queda de Dilma nas intenções de voto – Datafolha, Vox Populi, Ibope e a mais recente da MDA.
A pesquisa da MDA foi a única a detectar o crescimento dos dois mais ferozes adversários de Dilma – Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Só quem pode barrar a queda de Dilma é ela mesma. Se ela contar para isso com a ajuda dos partidos que dizem apoiá-la, tanto melhor.
Mas não é isso o que está acontecendo. Nem mesmo o PT sua a camisa por Dilma.
A candidatura de Dilma à reeleição tem data marcada para acabar – se ela despencar para a casa dos 30% das intenções de voto. Por ora, ela reúne 37%.
Ninguém com 30% das intenções de voto jamais ganhou eleições majoritárias por aqui.
Contas externas refletem falta de competitividade 
O Globo 
Ainda que os números de março tenham registrado uma ligeira melhora, considerando-se os valores acumulados em doze meses, a economia brasileira está longe de ter uma situação confortável nas contas externas.
O quadro é especialmente preocupante em relação à trajetória das exportações. A partir de 1999, com a adoção do regime de câmbio flexível, as vendas do país para o exterior deram um salto magnífico, partindo de um patamar de US$ 65 bilhões até ultrapassar a casa de US$ 250 bilhões.
Para tal crescimento contribuíram não só o ajuste do real, mas também uma expressiva valorização nas cotações internacionais das commodities agrícolas e minerais. A forte demanda chinesa impulsionou esses preços, ao mesmo tempo em que a oferta de produtos industrializados da própria China fez com que esses bens barateassem no mercado mundial.
No entanto, no decorrer desse período, vários segmentos da indústria de transformação, especialmente, foram perdendo competitividade, por uma série de fatores, intrínsecos ou não à cadeia produtiva. O país tem uma deficiência crônica de infraestrutura, e demorou a atacar essa questão.
Entraves regulatórios e preconceito ideológico contra investimentos privados retardaram a concessão de rodovias, aeroportos e terminais portuários que hoje já poderiam estar agregando mais eficiência logística à economia como um todo. Ganhos reais de salários que, em tese, seriam bem-vindos, não foram acompanhados de um avanço equivalente na produtividade do trabalho.
A economia também carrega outras ineficiências decorrentes de um peso excessivo do Estado, expresso numa elevada carga tributária de 36% do PIB, mas não só, que poderia ser corrigido por reformas estruturais, sempre proteladas.
Mas de nada adianta chorar sobre o leite derramado. Investimentos maturando ou que estão em andamento tendem a reduzir a deficiência crônica de infraestrutura de transportes do país. Espera-se também que programas, como o Inovar, consigam contribuir efetivamente para que muitas indústrias superem atrasos tecnológicos, e que o ensino técnico venha colaborar, finalmente, para que jovens profissionais cheguem ao mercado mais bem preparados.
O câmbio apreciado é, sem dúvida, um fator relevante nessa perda de competitividade. Mas o real foi uma das moedas que mais se desvalorizaram no ano passado e nem por isso as exportações reagiram ou as importações encontraram concorrentes à altura na produção nacional.
O câmbio não pode ser visto mais como uma “alavanca”, porque a economia, para funcionar, também precisa de bens e serviços importados que, ao encarecerem internamente, acabam prejudicando as próprias exportações.
A busca de competitividade se tornou o grande desafio da economia brasileira, seja no plano macro ou no micro, e é por aí que as contas externas voltarão a se equilibrar.

By Amarildo
Renan agora diz que vai instalar duas CPIs exclusivas da Petrobras; é a marcha da irracionalidade. E a questão do medo
Reinaldo Azevedo - VEJA
Aloysio Nunes: governo está com medo porque, na CPI, as línguas se destravam
Aloysio Nunes: governo está com medo porque, na CPI, as línguas se destravam
Em vez de uma, podem ser instaladas duas CPIs da Petrobras. Eis um sintoma da mais absoluta irracionalidade que tomou conta das hostes governistas. Vamos pensar um tantinho e pôr um pouco de lógica nessa conversa. Os defensores da CPI mista conseguiram o número necessário de assinaturas no Senado e na Câmara, que é um terço em cada Casa. Nesta última, aliás, houve a adesão de 230 deputados — bastavam 171. Há 30 senadores — bastavam 27. Ora, deixar de instalar, então, a comissão conjunta por quê?
A crispação era tal entre os deputados que muitos, e não só os formalmente ligados à oposição, ameaçavam recorrer ao Ministério Público e ao Conselho de Ética do Senado contra Renan. Há mais: a decisão de Rosa Weber, do STF — em favor da CPI exclusiva da Petrobras — não determinou a sua instalação nesta ou naquela Casa. A ministra se pronunciou sobre a essência e a natureza do processo de investigação como um direito fundamental da minoria — logo, alcança também uma comissão mista.
Em entrevista concedida nesta terça à noite ao programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan, o senador Aloysio Nunes Ferreira, líder do PSDB,  afirmou que a oposição indicaria, sim, os nomes da CPI do Senado, mas que não havia aberto mão, de jeito nenhum!, da comissão mista, também com os deputados. E, como ele observou, é claro que esta é preferível àquela. Mas, se for o caso, afirmou Nunes, que se façam, então, duas comissões.
O governo quer agora restringir a investigação apenas ao Senado porque considera ter mais controle sobre essa Casa Legislativa do que sobre a Câmara — coisa, aliás, que deveria deixar os senadores irritados porque passam a ser tratados como capachos do Executivo.
No fim da noite desta terça, Renan convocou líderes da oposição e afirmou que vai instalar, na próxima terça-feira, as duas CPIs exclusivas da Petrobras: uma só com senadores e outra mista. Faz sentido? Nenhum! Se o governo não queria CPI nenhuma e, depois, acabou concordando com a do Senado ao menos, em que esta comissão mudaria o conteúdo da mista?
Pior: o homem que anunciou a disposição de instalar as duas comissões anunciou que não desistiu de apelar ao Supremo para impedir as CPIs só da Petrobras. Ele quer porque quer aquela comissão X-Tudo…
Na entrevista ao programa “Os Pingos nos Is”, Aloysio Nunes resumiu: “O governo não queria de jeito nenhum a CPI da Petrobras. Está apavorado com essa história. A CPI é um catalisador de informações que já estão vindo de todo lado. Dentro da Petrobras, você tem muita gente, técnicos qualificados, que não se conformam com aquilo que aconteceu, que vem acontecendo na Petrobras. Então, muitas línguas vão se destravar”.
Tomara! E só para concluir: ter duas CPIs é um troço de tal sorte irracional que me parece que o mais provável é que se instale mesmo a CPI mista!
Dilma na frigideira
José Aníbal - Blog do Ricardo Noblat
Um dos mais importantes partidos da base governista, o PR, reuniu a imprensa na última segunda para divulgar seu manifesto “Volta Lula”. Não bastasse o desaforo (afinal, o PR comanda o Ministério dos Transportes, um dos mais cobiçados da esplanada), o líder do partido na Câmara ainda procedeu à troca simbólica da foto oficial de Dilma pela do ex-presidente na parede do gabinete.
Justo quando esses constrangimentos se tornam mais frequentes Dilma começa a derreter nas pesquisas. Se as anteriores detectavam o consistente recuo na popularidade e na aprovação a seu governo, a última delas, divulgada ontem pela Confederação Nacional do Transportes, mostra certa migração na preferência dos eleitores. A vitória no primeiro turno vai deixando de ser plausível.
Nesse processo, chama atenção o progressivo questionamento à capacidade da presidente dentro de suas próprias hostes. Aparentemente, uma crise de expectativa similar à do ambiente econômico contamina também o horizonte político. As dúvidas sobre a aptidão e a autoridade de Dilma para comandar os seus – repito: surgidas no governo, no partido e na base aliada – vão minando sua liderança.
Foto: André Coelho / Agência O Globo
Obviamente estes sinais tão explícitos e recorrentes ajudam a rebaixar a percepção geral do desempenho dela como presidente. Às vezes mais discretos, às vezes estridentes, muitos dos companheiros falam abertamente que Dilma, com seu estilo duro, centralizador e inflexível, avessa ao diálogo, tornou-se um fardo que eles já não se sentem obrigados a carregar. Não bastasse a deslealdade, as implicações são imprevisíveis.
Convenhamos, não é de hoje que este governo tropeça nas próprias pernas. Os custos das bravatas dos últimos anos – fim da miséria, fim da seca, trem-bala, pibão, conta de luz, juros baixos, Copa, pré-sal – confluíram todos para 2014. Na economia, justo quando o endividamento das famílias e das empresas demanda aquecimento econômico, o governo entrega PIB baixo, inflação alta e desordem nas contas públicas.
Daí, lemos nos jornais que Guido Mantega, meio sem querer, deixou escapar que o crescimento em 2014 será ainda menor. Alexandre Padilha gagueja ao explicar os rolos de André Vargas no Ministério da Saúde. Lula ataca de novo o STF em nome dos mensaleiros e recebe do ministro Marco Aurélio Mello um comentário adequado: “É um troço de doido”. E ainda resta a CPI da Petrobras.
Se Dilma não compactua com nada disso, então a impressão que fica é a de que ela não manda nada mesmo.
Atentado em estação de trem deixa três mortos em Xinjiang
Felipe Corazza - OESP
A explosão de uma bomba na estação central de trens da cidade de Urumqi, capital da Província chinesa de Xinjiang, na manhã desta quarta-feira (no horário de Brasília), matou pelo menos três pessoas e deixou 79 feridas. A principal suspeita é de um atentado praticado por insurgentes islâmicos separatistas.
O ataque acontece no momento em que o presidente da China, Xi Jinping, realiza uma visita a região. A Província Autônoma de Xinjiang abriga o movimento separatista do Turquestão do Leste, formado por integrantes do grupo étnico dos Uigures.
Os métodos de ação do movimento são violentos e há atentados frequentes em Urumqi, outras cidades da Província e, mais raramente, em outras regiões chinesas.
Os uigures ligados ao movimento exigem a separação da região e têm ligações com outros grupos extremistas islâmicos de países fronteiriços como Cazaquistão, Azerbaijão e Quirguistão.

Tensão. Os tumultos e confrontos entre forças de segurança chinesas e grupos de separatistas em Xinjiang são constantes. Em 2010, protestos e tumultos de maior intensidade foram registrados pelo governo como “ações brutais contra a população”. A CCTV, principal emissora oficial da China, divulgou filmagens exibindo os acontecimentos sob o ponto de vista do governo central.
O jornal britânico The Guardian, no entanto, conseguiu entrevistar feridos dos dois lados (tanto entre os uigures quanto os chineses de etnia han que vivem em Urumqi) para tentar obter uma versão mais clara dos acontecimentos:
Agronegócio não é o vilão: propriedade privada garante incentivos corretos 
Rodrigo Constantino -VEJA 
O presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga, publicou um artigo hoje no GLOBO defendendo a postura do agronegócio brasileiro em relação às questões climáticas. Primeiro, acusou os ecoterroristas que aproveitam toda catástrofe natural – que sempre existiu – para associá-la automaticamente às mudanças climáticas e culparem o agronegócio por elas. Em seguida, após discorrer sobre dados que mostram a produtividade nossa no campo, conclui explicando o principal motivo pelo qual os proprietários rurais levam em conta as ameaças verdadeiras:
Muito se fala sobre meio ambiente, emissões de gases na atmosfera e aquecimento global. São assuntos que mobilizam a atenção de grande parte da população. O interesse é justificável, uma vez que estamos todos preocupados com o futuro, a sobrevivência das espécies e a qualidade de vida.
No entanto, determinados “profetas do apocalipse” fazem previsões catastróficas sem qualquer base científica. Alguns desses terroristas ambientais mais precipitados têm atribuído os problemas climáticos do Brasil ao aquecimento global, ao desmatamento de nossas florestas e à agropecuária praticada no país. A realidade é que eventos climáticos semelhantes sempre existiram, com maior ou menor intensidade.
[...]
Nosso produtor rural preocupa-se com o meio ambiente e vê os recursos naturais como seu principal parceiro. Aliás, uma preocupação justificável. É cultivando a terra que os agricultores garantem sua sobrevivência. Este é seu patrimônio, de onde tiram seu sustento, onde investem e guardam suas esperanças de progresso econômico e social.
O ponto levantado por Alvarenga é muito importante, tema central do meu livro Privatize Já. Nele, há inclusive um capítulo sobre florestas, em que mostro como aquelas privadas costumam ser mais bem cuidadas. A razão é o mecanismo de incentivos.
A maior falácia disseminada pela esquerda é que o capitalista só pensa no lucro imediato e que o estado vai proteger os interesses nacionais de longo prazo. Tende a ser o inverso. O capitalista, o proprietário das terras, depende de sua sustentabilidade para expandir seu patrimônio. O valor de seu ativo é a geração futura de caixa trazida ao presente por uma taxa de desconto.
É absolutamente racional, portanto, que o proprietário tenha uma visão de longo prazo, preocupado com a galinha dos seus ovos de ouro. Um dono de um poço de petróleo não vai explorar tudo de um vez, pois isso iria depreciar seu ativo. O fazendeiro não vai destruir seu entorno e ignorar o impacto no meio ambiente pois disso seu negócio depende à frente.
Já o estado é formado por políticos, eleitos de anos em anos. Para continuarem no poder, precisam ser reeleitos. E para tanto, devem adotar visão míope, de curto prazo. Não são os donos da propriedade, apenas seus arrendatários temporários, sendo que nem pagam o aluguel – quem paga somos nós. Dinheiro da viúva, foco de curto prazo: eis a combinação explosiva quando o estado é o gestor.
Os assentamentos do MST pecam do mesmo mal. Não são considerados propriedade definitiva daquelas famílias, pois sabem que as chances de repassarem a propriedade e demandarem novas terras são altas. Não cuidam delas pensando décadas à frente. Quem pratica desmatamento em larga escala normalmente não é o próprio dono do local, pois isso seria suicídio financeiro.
Portanto, o agronegócio não é o vilão mesmo, assim como a propriedade privada. Ambos são, na verdade, a solução, o melhor caminho para a produtividade no campo. Falar em reforma agrária nos moldes defendidos pelo MST é ser refém de um grande equívoco intelectual, ser prisioneiro de uma ideologia ultrapassada que se mostrou bem mais catastrófica do que qualquer “aquecimento global” poderá ser um dia…
Após adiamentos, Conselho de Ética dribla manobra e aprova investigação contra Vargas 
Marcela Mattos - VEJA
Após sucessivas manobras, o Conselho de Ética da Câmara aprovou na noite desta terça-feira o parecer que defende a investigação do deputado licenciado André Vargas (Sem partido-PR) por sua estreita relação com o doleiro Alberto Youssef, preso por comandar um esquema bilionário de lavagem de dinheiro. O colegiado enfrentou a resistência de deputados petistas e se reuniu três vezes nesta terça para conseguir aprovar o relatório do deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
O parecer foi aprovado por unanimidade: 13 a 0. Com o aval do colegiado, abre-se a contagem do prazo de dez dias para apresentação da defesa de Vargas. O Conselho tem até o início de julho para encerrar os trabalhos e determinar se o ex-petista deve ou não ser submetido a um processo de cassação.
Nesta tarde, petistas esvaziaram a sessão numa tentativa de inviabilizar a votação por falta de quórum. Depois de aberta, porém, integrantes do PT questionaram no colegiado a legitimidade da votação, já que, ao mesmo tempo, o plenário da Casa estava reunido para votar projetos. O Regimento da Câmara não permite que o colegiado faça deliberações se simultaneamente já estiver aberta a ordem do dia de votações em plenário.
Após a manobra do PT, os partidos de oposição e o relator ainda tentaram aproveitar um intervalo entre as sessões do plenário da Câmara – que impedem o funcionamento simultâneo de qualquer colegiado ou comissão – para aprovar o parecer contra Vargas. Porém, a Secretaria-Geral da Mesa invalidou a votação. Horas depois, o colegiado retomou a sessão que havia sido suspensa e deu aval ao relatório contra o parlamentar.
O ex-petista deve ser notificado presencialmente em até dez dias. Considerado um “foragido” do Conselho de Ética, o colegiado enfrenta dificuldades para encontrá-lo. Após enviar cartas e telegramas para os dois endereços de residência registrados e para seu escritório em Londrina (PR), tentar contato telefônico em quatro números diferentes, enviar e-mail e torpedos, o conselho teve de recorrer ao Diário Oficial da União na última semana para oficializar o andamento do processo e evitar futuras manobras de Vargas. Pelo Twitter, ele reclama não ter recebido comunicações sobre seu processo e diz que não lhe foi garantido o direito de defesa.
Investigações
No Conselho de Ética, as provas da relação de Vargas com o doleiro detido incluem uma carona em um jatinho para o deputado e sua família passar férias em João Pessoa (PB) e interceptações da Polícia Federal que apontam tráfico de influência do deputado em favor do laboratório Labogen, do doleiro Youssef.
Desde que foi apresentada a representação contra congressista, novos fatos vieram à tona. VEJA revelou que Padilha indicou o executivo Marcus Cezar Ferreira de Moura para o laboratório Labogen. Moura trabalhou como assessor parlamentar de um fundo de pensão controlado pelo PT. O relator pretende ampliar as investigações para incluir Ferreira e o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, Carlos Augusto Grabois Gadelha, que, conforme revelou VEJA, “garantiu” que iria ajudar nos interesses da dupla Vargas-Youssef.
No relatório de mérito, o relator também deve abordar a relação entre o fundo de pensão Funcef, da Caixa Econômica, com o doleiro Youssef. Na última semana, em mais uma evidência de que o deputado licenciado usava sua influência política para favorecer o doleiro, o Funcef confirmou que Youssef participou de reunião com a diretoria a pedido de André Vargas. As negociações para o encontro foram feitas por troca de mensagens telefônicas interceptadas pela PF.
PT ainda comanda tentativas de livrar a cara de Vargas; 5 de seus 6 membros faltaram à reunião do Conselho de Ética
Reinaldo Azevedo - VEJA
O Conselho de Ética da Câmara conseguiu, finalmente, abrir o processo contra o deputado André Vargas, que, no momento, é um sem-partido. O placar diz um pouco como são as coisas: 13 a zero. Sem dúvida, uma vitória e tanto do relator, Júlio Delgado (PSB-MG). Ocorre, meus caros, que o conselho tem 21 titulares — e isso significa que oito de seus integrantes não compareceram para votar, o que era uma tentativa óbvia de livrar a cara daquele que, apenas no papel, é um ex-petista. Sim, pediu sua desfiliação do PT, mas o PT continua filiado a Vargas, e o que os une é o método.
Cinco dos oito faltosos são petistas. Além de um deles ter pedido inicialmente vista do processo, os membros do partido vinham sistematicamente esvaziando as sessões. Na última, nesta terça, que conseguiu aprovar o relatório de Delgado, só Fernando Ferro (CE) estava presente. Ausentaram-se Sibá Machado (AC), Zé Geraldo (PA), Amauri Teixeira (BA), Luiz Couto (PA) e Margarida Salomão (MG). Ou por outra: os petistas ainda fizeram de tudo para livrar a cara de Vargas, o amigão do doleiro Alberto Youssef.
Houve chicana de toda natureza para tentar impedir a votação. Vargas não compareceu, e então se levantou uma questão: ela poderia ser considerada válida, uma vez que a defesa não se pronunciou? Bem, prevaleceu o óbvio. Vargas não poderia, com a sua ausência, determinar o ritmo dos trabalhos. Ele simplesmente desapareceu; é uma espécie de foragido.
O presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), fez a coisa certa: publicou no dia 25 um aviso no Diário Oficial da União e no Diário da Câmara a convocação para a reunião desta terça-feira. Assim, Vargas não compareceu para se defender porque não quis. A convocação havia se tornado pública.
Delgado, o relator, afirmou esperar concluir o processo até o fim do semestre, antes do início do recesso parlamentar, mas admitiu que tudo vai depender das manobras protelatórias, que ainda estão sendo comandadas pelos petistas.
Tão logo Vargas seja notificado, ele terá 10 dias para apresentar a defesa e uma lista de cinco testemunhas que possam depor em seu favor. E se, mais uma vez, ele não der as caras, impedindo a notificação? Restará ao Conselho apelar, de novo, ao Diário Oficial da União e ao Diário da Câmara. Afinal, não há tribunal ou conselho no mundo em que o acusado determine o andamento do processo.
Dilma diz que é candidata mesmo sem apoio da base aliada
Em entrevista a rádios da Bahia, presidente afirma que movimento 'Volta, Lula' é normal e vai 'tocar em frente'
Francisco Carlos de Assis - Agência Estado
São Paulo - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira, 30, que gostaria de ter a base aliada próxima quando sair candidata à reeleição e que seguirá mesmo sem apoio. Questionada sobre o movimento "Volta, Lula", em entrevista a rádios da Bahia, onde cumpre agenda, ela afirmou que se trata de uma situação normal e que, em ano eleitoral, é possível que ocorram "todas as hipóteses que se pode conceber".
Movimento 'Volta, Lula' é situação normal num ano eleitoral, diz presidente - Beto Barata/Estadão
Beto Barata/Estadão
Movimento 'Volta, Lula' é situação normal 
num ano eleitoral, diz presidente
Ao comentar a manifestação de parlamentares do PR, nesta semana, que querem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato do PT, Dilma respondeu: "Se não tiver o apoio da base (quando eu for candidata), toco em frente", afirmou.
Já na segunda-feira Dilma falou sobre o coro "Volta, Lula" e afirmou não se preocupar com a manifestação de representantes da base. "Ninguém vai me separar do Lula nem ele vai se separar de mim", disse. Há duas semanas, em entrevista a blogueiros, Lula também afirmou que não sairá candidato e reiterou seu apoio à reeleição de Dilma.
Ainda nesta manhã, Dilma participa da entrega de unidades habitacionais do programa "Minha Casa, Minha Vida", em Camaçari (BA). Nesta terça-feira, ela participou de eventos em Feira de Santana, no interior baiano.
‘Ela anda meio caída’ 
Carlos Brickmann - Blog do Augusto Nunes 
Não, não é questão de pesquisa: pela pesquisa, Dilma caiu, Aécio subiu, mas a presidente continua favoritíssima. A questão é outra: é o discreto afastamento de sua candidatura de políticos cujo faro, por questão de sobrevivência, é apurado. Eles sentem antes de todos quem vai nomear e demitir no próximo Governo.
Romero Jucá, que foi líder do Governo tanto de Fernando Henrique quanto de Lula, expoente da equipe de raposas predadoras do PMDB, já está na oposição – Aécio ou Eduardo, tanto faz, mas com quem estiver na frente. O PR, do mensaleiro preso Valdemar Costa Neto, decidiu romper com o Governo (sem, naturalmente, abandonar os cargos que ocupa). O líder da bancada, deputado Bernardo Santana, tirou o retrato de Dilma da parede e colocou o de Lula. Com Lula, diz, o PR marcha. Com Dilma, nem sonhar (a menos, claro, que ela exiba maior musculatura eleitoral). O PMDB apoia Dilma, mas importantes seções estaduais – como a do Rio – vão para a oposição. E o cacique-mor do PSD, Gilberto Kassab, comprometido com a reeleição, negocia em São Paulo com PSDB e PMDB, e liberou as seções estaduais para que apoiem quem quiserem para a Presidência.
O usineiro Maurílio Biagi entrou no PR com o compromisso de ser vice de Alexandre Padilha, candidato do PT ao Governo paulista. Já desistiu: disse que o agronegócio vai mal, que a culpa é de Dilma e que fará campanha para candidatos de oposição. A coisa pode mudar se o candidato for Lula (a colunista Joyce Pascowitch garante que Lula já decidiu disputar).
Mas, se isso demorar, desanda.  
Gente é pra brilhar…
A sacada do lateral Daniel Alves, da Seleção brasileira, de comer a banana que um idiota atirou em campo, teve efeito-cascata instantâneo: despertou a opinião pública para a tragédia do racismo no futebol. É ótimo, mas tardio. No futebol brasileiro, por exemplo, o racismo é antigo e já foi bem mais explícito. O Palmeiras só contratou o primeiro jogador negro, o volante Og Moreira, em 1942, 28 anos após a fundação do clube (o segundo negro, Djalma Santos, viria em 1959, dez anos após a saída de Og Moreira). O time do Santos era conhecido como “Melindrosas”, por jogar todo de branco e não aceitar negros no elenco – justo o Santos, que teria Pelé, Coutinho e Edu! O Fluminense, fundado em 1902, contratou em 1914 um mulato, Carlos Alberto – e, para disfarçar, fez com que entrasse em campo coberto com pó-de-arroz. Valeu até que começasse a transpirar; o Flu ganhou o apelido que ostenta até hoje, “pó de arroz”. E a Seleção?
…não pra ser insultada
Depois que o Brasil perdeu para o Uruguai em 1950, no Maracanã, surgiu a lenda de que negro não tinha condições emocionais de aguentar a pressão de uma final. À Seleção, “faltava raça”. Em 1958, houve vários negros convocados, mas os brancos eram preferidos: De Sordi, grande jogador, pôs Djalma Santos, muito melhor, na reserva; Zózimo perdeu o posto para Orlando (que, aliás, jogou um bolão); o mulato Canhoteiro nem foi cogitado para a ponta-esquerda. Didi era titular, mas seu reserva Moacir também era negro. Pelé era Pelé. Djalma Santos jogou só a final, e foi considerado o melhor lateral do mundo. Pelé e Didi liquidaram o mito. Pelé – o Crioulo, o Negrão, o Craque-Café – era indiscutível.
Morreu ali, nos campos da Suécia, a discriminação no time campeão do mundo.
Paga quem deve
O Tribunal de Contas da União determinou que o senador Delcídio Amaral, do PT sul-mato-grossense, 12 diretores da Petrobras e a empresa Termoceará Ltda. devolvam R$ 14 milhões. Motivo: responsabilidade por contratos “expressivamente desfavoráveis à Petrobras”. Delcídio está citado juntamente com Nestor Cerveró, aquele que, segundo Dilma, apresentou parecer falho no caso Pasadena.

Tem mais samba
Fala-se do cartel do Metrô e dos trens urbanos, fala-se de pagamento de propina, mas algo que não pode ser esquecido está ficando de fora. Comenta-se que equipamentos auxiliares de estações, como escadas rolantes e elevadores, merecem investigações tanto nas licitações e nas compras quanto nas especificações.
Os sobrepreços, pelos padrões brasileiros, nem são tão grandes: uns 40%.
A turma lá de trás gritou
Existe gente que é capaz de atravessar a rua só para pisar numa casca de banana na outra calçada. O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, que pretende ser candidato do PT ao Governo paulista, disse que vai à Justiça contra o deputado André Vargas, seu ex-companheiro de partido. Quer explicações sobre informações prestadas pelo deputado a respeito de sua interferência, como ministro, na nomeação de um executivo para o Laboratório Labogen, que pleiteava contratos com o Ministério.
É uma iniciativa perigosa: Vargas conhece bem os bastidores, é lutador, ousado, não tem o que perder. E adora ser deputado. Mesmo que escape de todos os problemas legais, odiaria voltar à planície. Nascer pobre, como nasceu, tudo bem. Mas ficar pobre de novo não passa por sua cabeça.
Nova luz
As lâmpadas comuns saíram de linha. A Osram lança sua alternativa às lâmpada eletrônicas: as de LED, modernas, de luz mais parecida com as tradicionais.
Como realmente funciona o sistema de saúde americano 
Juan Ramón Rallo - IMB
American-flag-stethascope-640_s640x427.jpgSempre que há um debate sobre sistemas de saúde e sobre como seria a medicina em um ambiente de genuíno livre mercado, rapidamente alguém menciona os EUA como sendo o exemplo mais óbvio deste arranjo. O problema é que a comparação é obtusa. 
É verdade que os EUA não possuem um sistema público de saúde de estilo europeu (seja ele o modelo Beveridge da Inglaterra ou da Espanha, no qual o estado se encarrega de prover serviços de saúde em troca do pagamento de impostos, seja ele o modelo Bismarck da Alemanha e da Áustria, no qual o estado obriga os cidadãos a comprarem um seguro privado obrigatório e altamente regulado), mas isso não implica que o sistema americano esteja livre da atuação estatal.  Muito pelo contrário, como será visto.
Em primeiro lugar, vale ressaltar que os resultados observados no sistema de saúde americano são um tanto deploráveis: o gasto total com a saúde nos EUA chega a 17% do PIB — quase o dobro do que gasta a maioria dos países europeus —, mas isso não fez com que seus resultados fossem espetacularmente superiores.  Sim, o sistema de saúde americano está na vanguarda da implantação de novas tecnologias, bem como no uso da medicina preventiva, mas esses elementos diferenciais não parecem justificar o gigantesco custo excessivo.  Por esse prisma, o debate sobre a superioridade da saúde pública europeia em relação à americana pareceria definitivamente encerrado: uma qualidade análoga pela metade do preço.
Porém, as coisas não são tão simples quanto os números sugerem.  O sistema de saúde americano — como explico em detalhes extensos em meu livro Una revolución liberal para España — está longe de ser o representante de um arranjo de livre concorrência.
Para começar, pelo lado da oferta, a concorrência entre médicos praticamente não existe.  O mercado de médicos é artificialmente cartelizado.  Para ser médico, você tem de ser aceito pelo conselho profissional da categoria, o qual tem interesse em manter baixo o número de médicos, pois isso eleva artificialmente seus salários.  Adicionalmente, um médico tem de adquirir diversos tipos de licenças, sem as quais ninguém pode exercer a medicina.  A criação de hospitais também sofre o mesmo tipo de regulamentação, o que dificulta o surgimento de hospitais baratos que poderiam concorrer com os já estabelecidos.  Já as seguradoras de saúde são, em sua grande maioria, proibidas pelo governo de concorrer entre si além das fronteiras estaduais.  Várias seguradoras não podem ofertar seus serviços em mais de um estado do país.
Mas a coisa piora.
Pelo lado da demanda, 90% dos gastos em saúde ocorrem por meio de canais que não são o paciente: mais especificamente, ocorrem pelas seguradoras e pelo estado.  Para se ter uma ideia desse despautério, na Espanha, o gasto público com saúde totaliza 6,9% do PIB.  Na União Europeia, 8,2%.  Nos EUA, como dito, o gasto total é 17%.  Dado que 90% desses 17% são gastos que não são desembolsados pelo paciente, temos que 15,3% dos gastos em saúde nos EUA são terceirizados.  Ou seja, nem mesmo a Espanha apresenta um grau tão elevado de socialização da demanda como os EUA.
Mais especificamente, de cada 100 dólares gastos na saúde americana, 45 dólares são desembolsados pelas seguradoras, outros 45 dólares pelos programas estatais Medicare (programa de responsabilidade da Previdência Social americana que reembolsa hospitais e médicos por tratamentos fornecidos a indivíduos acima de 65 anos de idade) e Medicaid (programa financiado conjuntamente por estados e pelo governo federal, que reembolsa hospitais e médicos que fornecem tratamento a pessoas que não podem financiar suas próprias despesas médicas), e apenas 10 dólares são desembolsados pelo próprio paciente.
Dito de outro modo, de cada 100 dólares gastos na saúde, o paciente — que é quem está realmente recebendo os serviços — arca com um custo de apenas 10 dólares.  Quem paga os 90 restantes?  O resto de seus compatriotas — seja por meio do Fisco, seja por meio de suas apólices de seguros, que compreensivelmente ficam a anualmente mais caras.
Nos EUA, portanto, não há uma correspondência entre custos e benefícios.  E dado que as seguradoras são obrigadas pelo governo a cobrir até mesmo consultas de rotina, os preços das apólices seguem em disparada.  Se você fizer algo tão simples e corriqueiro quanto um exame de sangue — que é coberto pelos planos de saúde e pelos programas Medicare e Medicaid —, é comum o hospital cobrar um preço astronômico do governo ou da seguradora, a qual, por causa disso, irá aumentar os preços das apólices.
Nesse arranjo, o incentivo para aumentar os gastos é o mesmo que ocorreria se milhões de pessoas fossem a um mesmo restaurante, pedissem individualmente os pratos que quisessem e, no final, dividissem igualmente entre todos a fatura total.
E, com efeito, o estudo mais completo já realizado até o presente momento sobre os custos excessivos da saúde americana não deixa espaço para dúvidas: a explosão dos custos se deve essencialmente a um crescimento descontrolado da demanda (direcionada sobretudo à medicina preventiva), a qual é capaz de suportar preços crescentes devido ao fato de que ninguém — governo, seguradoras e pacientes, como explicado acima — tem o incentivo de reduzir seus gastos.  Por mais que a oferta aumente, a demanda cresce a uma velocidade superior, o que multiplica os preços.
Vale ressaltar que, naquelas áreas do sistema de saúde americano em que não há esta socialização dos gastos — porque os programas estatais ou os seguros não cobrem —, não se observa nenhum crescimento anormal dos custos.  Este é o caso, por exemplo, dos serviços de odontologia ou das cirurgias oculares a laser, cujos custos caem ano após ano.
Na Europa, onde a saúde pública é "gratuita" para o usuário (embora seja cara para os pagadores de impostos), não ocorrem consequências similares a essas dos EUA simplesmente porque os políticos e burocratas que comandam o setor racionam os serviços que os cidadãos podem receber (os famosos cortes de gastos para a saúde, sobre os quais muito se fala atualmente, sempre foram uma prática estrutural do sistema; apenas se tornaram mais visíveis agora por causa da crise).  No Velho Continente, os donos da saúde dos cidadãos europeus não são eles próprios, mas sim os políticos e burocratas que organizam o sistema segundo seus gostos, necessidades e interesses.  Daí a frequente ocorrência de fenômenos como listas de espera, adoção tardia de novas tecnologias, tratamentos e medicamentos não cobertos, aglomeração de pacientes etc.
Dito de outra forma: os incentivos perversos para a demanda que levam a uma hipertrofia dos gastos em saúde nos EUA também existem na Europa, só que, na Europa, os políticos controlam severamente a oferta e impedem que os gastos disparem.  É como se, ao chegarmos a um restaurante, o dono do estabelecimento limitasse a quantidade e a qualidade daquilo que cada comensal pode pedir: por mais que pudéssemos e quiséssemos pedir mais e melhores pratos, não poderíamos.
Mas, afinal, que foi o motivo que levou a tamanha socialização da demanda por serviços de saúde nos EUA?  A criação dos programas estatais Medicare e Medicaid, em 1966, contribuíram substancialmente para as distorções.  Mas o principal incentivo foi criado em 1954: as empresas passaram a poder descontar no imposto de renda e na contribuição para a Previdência Social todos os gastos associados à aquisição de um plano de saúde para seus empregados.  Ou seja, caso as empresas pagassem planos de saúde para seus empregados, elas ganhariam descontos tanto no IRPJ quanto na contribuição para a Previdência Social.
Isso gerou uma consequência não-prevista.  Os incentivos para que todo o gasto em saúde fosse canalizado para os seguros adquiridos por empresas para seus empregados se tornaram enormes.  Isso, por conseguinte, elevou substancialmente a demanda por planos de saúde, os quais foram obrigados pelo governo a cobrir uma enorme variedade de serviços, inclusive aqueles associados à medicina preventiva.  Os custos das apólices obviamente dispararam. 
Apenas imagine quanto custaria o seguro do seu carro caso o governo obrigasse as seguradoras a cobrir serviços como troca de óleo e reabastecimento.  Nos EUA, é exatamente isso o que ocorre para os planos de saúde.  E tudo começou porque as empresas, muito corretamente, queriam reduzir seus gastos com tributos diretos, um confisco estatal que nem sequer deveria existir.  Um perfeito exemplo de como uma intervenção estatal (impostos sobre a renda) gerou uma grande distorção (redução dos lucros das empresas) que, por sua vez, levou à criação de uma medida aparentemente mitigadora (incentivos fiscais para planos de saúde).  No final, todo sistema de saúde ficou desarranjado.
Essa socialização de 90% dos gastos em saúde nos EUA — toda ela induzida pelo intervencionismo estatal — é a principal responsável pela hipertrofia dos preços.  Os EUA não são de maneira alguma um exemplo de livre mercado no sistema de saúde.  Em um arranjo de livre mercado e livre concorrência, os gastos para consultas de rotina são financiados pela própria poupança do paciente, e somente aqueles eventos de natureza extraordinária e catastrófica são cobertos por planos de saúde.
O que o sistema americano ilustra perfeitamente são os efeitos potencialmente devastadores do estatismo, inclusive quando em doses aparentemente inócuas.
Como o SUS está destruindo a saúde dos brasileiros
Rafael Andreazza Daros - IMB
saúde.pngJá se tornou lugar-comum culpar os problemas do SUS à má gerência e à corrupção. No entanto, poucos se atrevem a atribuir a culpa dos problemas intrínsecos ao SUS (longas filas, falta de infra-estrutura, escassez de remédios, ausência de médicos etc.) ao próprio sistema.   Vamos analisar alguns dos mitos mais comuns sobre os SUS para entendermos como essas características não são, de fato, um problema de gestão, mas sim inerentes ao próprio sistema.
O mito do Robin Hood
O principal lugar-comum utilizado pelos defensores do sistema público é o da "justiça" da distribuição de renda: os mais ricos pagam para os mais pobres que não têm condições de arcar com os custos dos tratamentos. Infelizmente, a realidade é exatamente oposta.
Em primeiro lugar, vale lembrar que os mais pobres também pagam uma quantia exorbitante de imposto para financiar o sistema público.  Se o que eles pagam de imposto fosse exatamente igual ao que recebem em retorno, então, por definição, não haveria sentido algum haver um sistema público de saúde.  Mesmo que não houvesse absolutamente nenhuma corrupção, isso significaria que algumas pessoas — em especial aquelas com casos clínicos mais graves, como as que necessitam de remédios controlados ou cirurgias complicadas — estariam recebendo do sistema mais do que pagaram.
O problema é que, para cada pessoa que recebe mais do que paga, existe alguém que pagou mais do que recebeu. Isso significa dizer que, longe de redistribuir renda dos ricos para os pobres, o que o SUS de fato faz é "distribuir renda" dos mais saudáveis para os menos saudáveis.
A população mais saudável, seja ela formada por ricos ou pobres, normalmente tem poucos gastos com saúde: apenas uns poucos exames ou consultas de rotina, algo pelo qual os pobres poderiam tranquilamente pagar com a poupança que conseguiriam caso mantivessem para si o que pagam de imposto para a saúde. 
Longe de melhorar a situação dos pobres, o SUS beneficia apenas uma pequena minoria ao mesmo tempo em que torna ainda mais pobres todas as pessoas saudáveis que acabam pagando a conta, independentemente de classe social.
Se a intenção é realmente aumentar a acessibilidade aos serviços de saúde para os mais pobres, uma solução mais viável seria o governo reduzir impostos e pagar apenas por aqueles tratamentos mais caros pelo qual os pobres realmente não podem pagar, ao mesmo tempo em que se abstém de regular e administrar o setor, permitindo a livre concorrência nesta área, o que jogaria os preços para baixo e a qualidade para cima.
Também seria possível a criação de agências privadas de financiamento ou de caridade para pagar pelos tratamentos mais caros e cujos preços são proibitivos para os mais pobres, talvez até mesmo eliminando a necessidade de intromissão do governo.  Mas isso só seria possível com a extinção do atual sistema, no qual o governo monopoliza o tratamento aos mais necessitados ao mesmo tempo em que empobrece a todos no processo.
O mito do almoço grátis: o sistema público é como um grande balde furado
Ao contrário da mitologia popular — e como explicado acima —, não há nada de gratuito no sistema público de saúde.  Ou você paga por um serviço como pagador de impostos, ou você paga como consumidor.  O maior problema de qualquer serviço ou produto subsidiado é justamente o fato de que aqueles que usam tal serviço são financiados por aqueles que não o utilizam.
Mesmo que ignorássemos esse inconveniente, ainda assim há o problema relativo à maneira totalmente deturpada como o serviço é financiado.  O financiamento do serviço público provém dos impostos, cujas receitas não têm qualquer relação com a qualidade do serviço ou com a quantidade de pessoas atendidas.  Pior ainda: o dinheiro disponível por tratamento é inversamente proporcional ao número de pacientes tratados. Se o governo arrecada, digamos, R$1 bilhão em impostos e atende 10 milhões de pessoas, isso significa que ele poderá gastar até R$100,00 por paciente.  Mas se o número de pacientes dobra, isso significa que ele disporá de apenas R$50,00 por tratamento.
Vale lembrar que esse orçamento não é apenas para o tratamento: este dinheiro dos impostos também deve pagar instalações, maquinário e medicamentos.  Ou o dinheiro irá para o tratamento ou para infraestrutura.  De qualquer forma, um só é possível à custa do outro: cada centavo para infraestrutura é um centavo a menos disponível para o tratamento dos pacientes.
No setor privado ocorre exatamente o oposto.  Um hospital privado que seja gerenciado como qualquer outra empresa — isto é, buscando o lucro — só terá dinheiro disponível para investir em infraestrutura caso trate bem seus pacientes.  Parte do lucro poderá então ser reinvestido em aumentos salariais, na construção de novas alas, na compra de equipamentos etc.
Se no serviço público o investimento em infraestrutura é feito à custa de tratamentos que deixaram de ser realizados, no setor privado ocorre o oposto: tal investimento só é possível graças ao atendimento aos pacientes.  O dinheiro segue uma linha de mão única: parte do dinheiro pago nos tratamentos volta como investimento em infraestrutura. No setor público há uma encruzilhada, é ou um ou outro.
Não há nenhuma mágica aqui: no sistema público, o tratamento é uma fonte de gastos enquanto que no setor privado é uma fonte de renda.  O setor público é como um gigantesco balde furado que é enchido à custa de todos os pagadores de impostos: cada tratamento adicional significa um novo furo no balde. No setor privado não há nenhuma torneira, mas também não há furos: cada paciente atendido despeja o conteúdo de um copo d'água dentro do balde, até que este esteja cheio.
Não é preciso ser nenhum gênio para perceber qual sistema é o mais sustentável.
O estímulo ao desperdício
Outro problema com a oferta "gratuita" é que ela cria a ilusão de que os serviços médicos devem ser ilimitados, e que sempre deve haver um médico ou uma sala de cirurgia disponível, a qualquer hora, em qualquer ocasião.
Entretanto, assim como qualquer outro serviço, o atendimento médico não pode ser ofertado de uma maneira ilimitada.  Por acaso é possível uma frota infinita de ônibus?  Um número ilimitado de salas de aula, bibliotecas e professores?  (Aliás, diga-se de passagem, neste último caso não haveria sequer necessidade de salas de aula; qualquer um poderia contratar um tutor particular.)  Um número infinito de conexões ou uma velocidade de internet infinita?  Absolutamente não.  Não há por que ser diferente no setor de saúde.  Mas é essa a mentalidade que é criada quando se declara que a saúde é um "direito".
Uma das virtudes do sistema de preços é que ele fornece informações sobre a disponibilidade de qualquer bem ou serviço, e estimula um uso prudente e racional destes.
Imagine uma cidade do interior em que haja escassez de médicos, e estes cobrem 200 reais por consulta. Dificilmente alguém pagaria 200 reais por uma consulta apenas porque o filho está com uma dor de cabeça; o mais racional seria tentar alguns remédios caseiros e só levá-lo ao médico caso a situação se agrave.  O que é uma boa notícia: isso poupará um tempo precioso para os médicos, que poderão usá-lo para tratar pacientes em estados mais graves ou que necessitem de um atendimento mais urgente.
A escassez de serviços médicos, nesta ocasião, leva a um aumento do preço, que por sua vez incentiva as pessoas a usarem estes serviços de uma maneira mais prudente, recorrendo a eles apenas quando for estritamente necessário — sem contar, obviamente, que os preços altos seriam um atrativo para que médicos de outros lugares se disponibilizem a trabalhar na dita cidade, reduzindo o problema da escassez.
Entretanto, quando a oferta passa a ser gratuita, tanto o estímulo quanto essa informação desaparecem.  Torna-se impossível estimar a oferta e a disponibilidade do serviço. Alguém que usasse o serviço privado de maneira abusiva pagaria um alto preço por isso; porém, no setor público, o preço é sempre fixo e invisível (que o pagador de impostos é obrigado a bancar).  O fato de a oferta ser gratuita e de a saúde ser decretada um "direito" também cria a falsa ilusão de que a oferta de tais serviços será ilimitada.
Uma mãe cujo filho tem apenas uma dor de cabeça ou uma mera dor de barriga não mais terá o incentivo para procurar os serviços médicos apenas quando estritamente necessário.  Essa demanda irrestrita inevitavelmente criará gigantescas filas de espera, atormentando tanto médicos — que ficarão sobrecarregados — quanto pacientes, que se frustrarão pela lentidão dos atendimentos.
É nessa situação que as pessoas começam a colocar a culpa na gestão.  Jamais lhes passa pela cabeça que o uso indiscriminado de tal serviço é a verdadeira causa das longas filas.
A questão é que os incentivos criados pelo setor público levam a um uso indiscriminado, abusivo e irresponsável do sistema — e não o contrário, que seria o ideal.
Conclusão
091022_f_039.jpgAs longas filas de espera também possuem outra explicação, a qual passa por uma combinação de fatores já mencionados: a oferta de serviços médicos é limitada pela arrecadação de impostos ao passo que a destruição dos incentivos corretos gera uma demanda artificialmente alta.
Para resolver este problema, deve-se ou aumentar a oferta — o que é impossível, dado o orçamento limitado do governo e o fato de ele não ter qualquer relação com o número de pacientes atendidos — ou reduzir a demanda.
Há duas maneiras de se reduzir a demanda: aumento de preços — o que também é impossível já que a oferta é "gratuita"— ou racionamentos, como listas de espera.
A maneira como o sistema é financiado empobrece justamente aqueles a quem ele visa ajudar e derruba a qualidade do serviço, uma vez que o dinheiro disponível para cada tratamento se torna mais escasso a cada paciente atendido.  Para agravar, as regulações para impedir o êxodo dos médicos para o sistema privado impedem a concorrência e encarecem os tratamentos.
Outro efeito nefasto de todo esse paternalismo é a destruição do estímulo à caridade e também do senso de cidadania e de responsabilidade dos cidadãos. Quando o governo passa a monopolizar o cuidado aos pobres, uma das consequências naturais é que isso diminui ou destrói a propensão à caridade, uma vez que as pessoas — que já se sentem moralmente desobrigadas em decorrência dos impostos que pagam — ficam apenas esperando que o governo resolva tudo, já que passam a entender como legítima a função do governo de tutelar os mais pobres.
Longe de ser um problema de má gestão ou de corrupção, os problemas do sistema público são apenas as consequências naturais de sua própria natureza.