sábado, 29 de julho de 2017

Há vagas, sem carteira

Danilo Verpa/Folhapress
SAO PAULO - SP - 29.06.2016 - Populacao procura ofertas de emprego na rua Barao de Itapetininga, no centro de Sao Paulo. O IBGE divulgou nesta manha que a elevacao taxa de desemprego para 11,2% (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, MERCADO)
Vagas de emprego em mural no centro de São Paulo
FSP
Decorridos quase três anos de deterioração, acumulam-se sinais de que o pior tenha ficado para trás no mercado de trabalho. Os dados mais recentes permitem antever uma lenta queda do desemprego, por ora ainda ancorada em contratos sem carteira assinada.
Segundo o IBGE, a taxa de desocupação caiu a 13% no trimestre concluído em junho, o equivalente a 13,5 milhões de pessoas —700 mil abaixo do recorde de março.
Tal progresso foi motivado, em especial, pelo crescimento do emprego informal e daquele por conta própria (que, em grande parte, se dá em circunstâncias precárias).
As duas modalidades respondem hoje por pouco mais de 33 milhões de vagas, ou 36,7% da população ocupada. De outro lado, o contingente de celetistas, de cifra semelhante, permanece em queda.
Tal dinâmica não chega a ser surpreendente. O trabalho com carteira assinada tende a seguir mais de perto a atividade econômica. A contração do consumo e do investimento, ainda por ser revertida, leva as empresas a demitir, lançando pessoas à informalidade.
Não deixa de ser boa notícia, de todo modo, que o mercado tenha voltado a contratar, mesmo em condições menos favoráveis. Esse é o primeiro passo rumo à recuperação, que, para ser sustentada, ainda depende do restabelecimento da confiança empresarial.
Os números também mostram leve, porém significativo, crescimento da renda. Na comparação com o mesmo período de 2016, o salário médio real (descontada a inflação) cresceu 3%. Ainda é pouco, decerto, e em parte decorrente da redução acentuada da inflação, mas nada desprezível.
Aos indicadores do emprego se somam outras evidências de que a economia encontrou o fundo do poço e começa a ensaiar uma tímida retomada. Depois da alta de 1% do PIB no primeiro trimestre, havia o temor de um novo recuo, reforçado pelo enfraquecimento do governo Michel Temer (PMDB).
Não se vê, ao menos até aqui, uma recaída recessiva. Mesmo com alguma retração na confiança de empresas e consumidores, houve alta das vendas e da produção ao longo do segundo trimestre. O crédito também dá sinais de vida.
Os mercados se mostram resistentes ao noticiário de Brasília. Contribuem para tanto fatores como a queda acentuada da inflação —que reforça a renda dos consumidores e favorece o corte dos juros— e a safra agrícola recorde, que trouxe alento ao interior do país.
Não se trata, porém, da superação da crise. No ambiente de enorme incerteza política, ainda não se vislumbra a volta de investimentos em larga escala, necessários para a queda sensível do desemprego.

Adriana Partimpim - Trenzinho do Caipira


John Carroll Doyle (1942 - )

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sexta-feira, 28 de julho de 2017

Temer e a deterioração do quadro fiscal
Ele não consegue conter apego ao patrimonialismo, voracidade e propensão à irresponsabilidade do Congresso Nacional 
Rogério Furquim Werneck - O Globo
Em que medida a fragilização do presidente Temer poderá contribuir para agravar ainda mais o alarmante quadro fiscal com que se defronta o país? Há poucas semanas ainda havia quem acreditasse que as dificuldades estariam circunscritas à necessidade de adiar a aprovação da reforma da Previdência. Tem ficado cada vez mais claro, contudo, que a debilitação do Planalto está fadada a ter desdobramentos fiscais bem mais sérios, que poderão ir muito além dos custos de adiamento da reforma previdenciária.
Tendo perdido ascendência sobre boa parte da bancada governista no Congresso e se metido numa situação delicada, que deixou sua permanência no cargo à mercê da volubilidade da Câmara, o presidente não tem conseguido impedir que a base aliada se deixe levar por seus piores instintos, na tramitação de medidas cruciais para a condução da política fiscal. Sobram evidências de que, debilitado como está, Temer já não tem como manter sob controle a voracidade, o apego ao patrimonialismo e a atávica propensão à irresponsabilidade fiscal do Congresso.
Basta ter em conta três casos emblemáticos. Boa parte do aumento de receita que adviria da desmontagem do estapafúrdio programa de desoneração da folha do governo Dilma Rousseff poderá ser empurrada para 2018 pelo Congresso. Se dependesse do relator na Câmara da MP 783, o novo programa de parcelamento de débitos fiscais (Refis), com que o governo esperava conseguir R$13 bilhões de receita extraordinária ainda este ano, seria transformado num escandaloso programa de perdão de dívidas que geraria menos de R$ 0,5 bilhão de receita. Nas últimas semanas, a equipe econômica tem feito das tripas coração para evitar que, na tramitação da MP 777 no Congresso, prevaleçam os interesses do poderoso lobby contrário à eliminação paulatina dos absurdos subsídios concedidos pelo BNDES por meio da TJLP.
Ao tornar cada vez mais improvável que o governo consiga contar, já em 2017, com os resultados das medidas de ajuste das contas públicas contempladas, a crescente imprevisibilidade do Congresso vem exacerbando as dificuldades de condução da política fiscal. Cumprir a meta de déficit primário de R$ 139 bilhões tornou-se enorme desafio. Num quadro de retomada lenta do nível de atividade, ainda entravada pelos efeitos devastadores da incerteza política sobre decisões de investimento, não há muito que se possa esperar do desempenho da receita tributária. E, embora tenha havido um corte substancial do gasto discricionário, a expansão do gasto primário obrigatório ainda está longe de ter sido contida.
Tudo isso leva a crer que as tensões em torno do cumprimento da meta fiscal estão fadadas a dominar o debate sobre a condução da política econômica nos próximos meses. Tensões entre a equipe econômica e o Planalto, entre o Planalto e o Congresso e entre o governo e o setor privado.
A equipe econômica dá sinais de estar convencida de que, em meio a tamanha crise política, que já inviabilizou a aprovação da reforma da Previdência, em 2017, não poderá se permitir incorrer na perda de credibilidade que adviria de um relaxamento da meta fiscal. Parece estar determinada a não alterar a meta. E já deu mostras de que não relutará em mudar de fase e enfrentar o desgaste de elevar impostos, caso isso se torne inevitável.
Mas que respaldo o presidente terá condições de dar a tal determinação? Mesmo que consiga barrar a primeira denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) na Câmara, Temer ainda terá de se desvencilhar das denúncias adicionais que deverão ser desfechadas pela PGR até setembro. No mínimo uma. Talvez duas.
Ainda que escape de todas elas, mesmo em meio a novas delações premiadas que lhe sejam especialmente danosas, é pouco crível que o presidente saia fortalecido desse longo e desgastante entrevero, a ponto de ainda poder ser o esteio de inarredável determinação de cumprir a meta fiscal.
Esqueletos estatais
FSP
Dados o número e as dimensões dos desvios descobertos na Petrobras, não deveria causar estranheza que um ex-presidente da empresa esteja na mira das autoridades.
Entretanto a prisão de Aldemir Bendine, que comandou a petroleira de fevereiro de 2015 a maio de 2016, relaciona-se a acusação de pedido de propina iniciado nos tempos em que estava à frente do Banco do Brasil (de 2009 a 2015).
O empresário Marcelo Odebrecht relatou, em delação premiada, que Bendine lhe cobrara, por meio de emissários, R$ 17 milhões para facilitar a renegociação de dívidas com a instituição financeira federal. De acordo com a versão, o pleito só foi parcialmente atendido (em R$ 3 milhões) quando o executivo ascendeu à Petrobras.
Faça-se a ressalva de que testemunhos do gênero não constituem prova, e a própria prisão temporária suscita dúvidas —entre suas justificativas está uma alegada possibilidade de fuga por meio de uma viagem para Portugal; a defesa apresentou nesta mesma quinta-feira (27) o bilhete de volta.
Fato é que se joga nova luz sobre um personagem importante e controverso das administrações petistas, tido como homem de confiança dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
No BB, Bendine participou da política de forte expansão do crédito dos bancos públicos, com a qual se procurava enfrentar os efeitos da crise internacional.
Chegou à Petrobras quando Dilma tentava salvar a empresa da bancarrota sem retirá-la do jugo do Palácio do Planalto.
Entre uma coisa e outra, envolveu-se em episódios constrangedores como a compra de um imóvel em dinheiro vivo –mais espantosa em se tratando, na época, do presidente do maior banco do país.
Os esqueletos nos armários das estatais, de todo modo, parecem inesgotáveis e suprapartidários. Há três semanas, por exemplo, a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima avivou as suspeitas que pairam sobre a atuação do PMDB na Caixa Econômica Federal.
Em maio, o BNDES foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga o apoio da instituição federal de fomento à JBS, dos irmãos Wesley e Joesley Batista.
Este último, em sua ofensiva delatora, gravou em março conversa em que prometeu favores ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) em troca da indicação de Bendine —ele mesmo— para um posto na Vale —empresa privatizada há 20 anos.
Ainda que tudo esteja em fase de apuração, são abundantes os vestígios do patrimonialismo, ou da promiscuidade entre interesses políticos e empresariais.
A modernização do capitalismo brasileiro passa, sim, pela profissionalização e venda de estatais. Superar vícios da intervenção espúria do Estado na economia, no entanto, é processo mais complexo.

Bernardo Sassetti - Canço nr. VI & Historia de un amor


Simona Dolci (1950 - )

Mediterraneo 
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Courage is not simply one of the virtues, but the form of every virtue at the testing point. - C. S. Lewis
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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Não é obrigatório aumentar despesas
É negativo o exemplo dos procuradores federais: o conselho superior do MPF incluiu no orçamento de 2018 um reajuste de 16%
Carlos Alberto Sardenberg - O Globo
Está certo que o governo tem despesas obrigatórias, isso querendo dizer que não podem ser eliminadas ou mesmo reduzidas. Ok, mas não é obrigatório aumentar essas despesas.
Salário do funcionalismo está no rol das obrigatórias, assim como o pagamento das aposentadorias e pensões. Mas o problema não é esse. É que essa despesa aumenta não obrigatoriamente — e isso estoura as contas.
A meta do governo federal deste ano é reduzir o déficit para R$ 139 bilhões. Leram bem. Esse baita rombo, se atingido, terá sido um êxito, porque menor que o buraco de 2016. Mais ou menos como perder o jogo por 4 a 1 depois de estar perdendo por 4 a 0.
E há sérias dúvidas sobre a possibilidade de diminuir a goleada. No primeiro semestre deste ano, o déficit superou largamente o resultado do mesmo período de 2016.
Fora do governo, o pessoal dá quase como certo que o estouro da meta anual será de uns R$ 6 bilhões, pelo menos. E sabem quanto o governo está gastando a mais por conta de reajustes salariais concedidos em 2016 para diversas categorias do funcionalismo? Cerca de R$ 20 bilhões.
Simples assim: se os reajustes, que não eram obrigatórios, não tivessem sido concedidos, a meta fiscal deste ano seria facilmente cumprida. Os reajustes não eram obrigatórios. Resultaram de decisões políticas tomadas pelo governo Temer e sua base no Congresso.
Reparem: não se trata de discutir caso a caso ou se a categoria merecia ou não. Se há um problema de dinheiro, de falta de dinheiro, não se pode aumentar a despesa de pessoal, a tal despesa obrigatória. Porque aí não tem mais como cortar.
Ou tem? Há informações segundo as quais o governo está estudando uma maneira de adiar o pagamento desses reajustes no ano que vem. Seria possível um trabalho de convencimento do funcionalismo e de suas associações?
Difícil.
Considerem o exemplo (negativo) dado pelos procuradores federais: o conselho superior do Ministério Público Federal resolveu incluir no seu orçamento de 2018 um reajuste salarial de 16%. A inflação está rodando na casa dos 3,5% ao ano, e a categoria está entre as mais bem pagas do serviço federal, com salário inicial de R$ 28 mil.
E pode-se dizer que os procuradores estão desempenhando muito bem seu papel de zelar pelo cumprimento da lei e, especialmente, combater a corrupção. A Lava-Jato é seu melhor exemplo.
Mas muita gente no país, a grande maioria dos brasileiros, está cumprindo muito bem suas obrigações tanto no setor público quanto no privado. A questão não é essa. É de dinheiro e de saber quem paga a conta.
É notória a escassez de recursos da administração federal. Procuradores frequentemente advertem sobre a possibilidade de cortes de verbas prejudicarem o combate à corrupção. E ainda assim aprovam um aumento de despesa pessoal de R$ 116 milhões ao ano? No momento em que o governo está aumentando impostos, ou seja, cobrando contas dos cidadãos? Notem: foi uma decisão unânime dos conselheiros do MPF.
Há outro ponto grave. O orçamento previsto para o órgão é de R$ 3,8 bilhões para 2018. Desse total, nada menos que R$ 3 bilhões vão para pagamento de salários. Sobram apenas R$ 800 milhões para todo o funcionamento da máquina, investigações, processos etc.
Como já está valendo a regra do teto de gastos, os conselheiros, com a aprovação da futura procuradora-geral Raquel Dodge, resolveram que será formada uma comissão para verificar onde se pode economizar no custeio para financiar o aumento de salários.
A ideia, portanto, é tirar dos R$ 800 milhões os R$ 116 milhões para a folha salarial. Ora, não estavam reclamando que pode faltar verba para as investigações? E vão tirar R$ 116 milhões? E se é possível reduzir assim o custeio, não poderiam dar uma contribuição fazendo economia?
Não faz a menor lógica. Não é sensato nem razoável. Segundo o atual procurador, Rodrigo Janot, foi uma “decisão política”, que atribuiu à futura procuradora. Esta justificou a decisão. Mas o modo como argumentou foi tão vacilante, fugindo das palavras como “aumento de salários”, que mostrou um claro constrangimento. Ela não quis desagradar à categoria no início de seu mandato.
É triste. Se uma categoria tão respeitável e tão ciosa da aplicação do espírito público não consegue compreender o difícil momento por que passa o país, o que se pode esperar?
Muitos argumentam: há muitos outros gastos aumentando no setor público e o próprio presidente Temer está gastando dinheiro para comprar votos para derrubar a denúncia contra ele na Câmara dos Deputados. Mas não é exatamente contra isso que agem os procuradores federais?
Em tempo: o orçamento do MPF e, pois, o reajuste salarial precisam ser aprovados pelo Congresso Nacional. A ver.
Planalto tenta blindar Meirelles de desgate; OAB decidir ir à Justiça para barrar aumento de imposto
Painel - FSP 
A garantia é ele O Palácio do Planalto montou uma operação para tentar blindar o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que está sob desgaste desde o anúncio do aumento de impostos que incidem sobre os combustíveis. Pessoas próximas avaliam que ele se tornou o foco porque “desgastá-lo é uma forma de desgastar Michel Temer”. Não será tarefa fácil. O presidente da OAB, Cláudio Lamachia, decidiu que a entidade vai entrar na briga para tentar barrar na Justiça o reajuste dos tributos.
A todo vapor Lamachia pediu nesta quarta-feira (26) que a área técnica da OAB começasse a montar a peça que vai contestar judicialmente o aumento do PIS/Cofins sobre os combustíveis via decreto.
Tropa de choque O Planalto quer dar cabo da versão de que há uma divisão na equipe econômica ou que Meirelles teria perdido força diante da possibilidade real de revisão da meta fiscal.
Moinhos de vento “Não existe ministro da Fazenda fraco. Ministro da Fazenda é ministro da Fazenda. E o do Brasil é Henrique Meirelles”, diz Moreira Franco, secretário-geral da Presidência.
Deu ruim igual A área técnica da Fazenda havia recomendado que o aumento dos impostos fosse anunciado no dia 1º de agosto, mas o governo decidiu antecipar a notícia para que ela não fosse dada às vésperas da votação da denúncia contra Temer na Câmara.
Não passarão O Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF lançou nesta quarta (26) campanha contra o PDV (Programa de Desligamento Voluntário) proposto pelo governo. As entidades que representam a categoria vão fazer reunião no dia 4 para fechar mobilização contra a adesão ao programa.
Tem hora Aliados do senador Aécio Neves (MG) vão defender que o PSDB convoque um congresso nacional em setembro, convenções locais em outubro e a convenção nacional em dezembro, para definir nova direção e anunciar candidato a Presidência em 2018.
Entrelinhas Na prática, o grupo ligado ao mineiro sinaliza que ele não pretende renunciar ao comando da sigla antes do fim do ano. Aécio está licenciado da direção do PSDB desde a explosão do escândalo da JBS. Tasso Jereissati é o presidente interino.
Fogo cerrado O MST vai repetir no feriado de Sete de setembro a série de invasões em fazendas de políticos e empresários. As ações serão concentradas em terras na Bahia, em Pernambuco, em Alagoas, no Pará, no Rio Grande do Sul e no DF.
Na dianteira O corretor Lúcio Funaro entregou à Procuradoria-Geral da República os anexos de sua proposta de delação premiada. Com isso, o MPF solicitou novo adiamento de sua transferência da carceragem da PF, em Brasília, para o presídio da Papuda.
À disposição Os investigadores querem Funaro na PF até o dia 11 de agosto — ele sairia nesta sexta (28). Nesse período, está a postos para prestar depoimentos e fazer esclarecimentos sobre o material que entregou.
Troco likes De olho na desenvoltura do afilhado João Doria nas redes sociais, o governador Geraldo Alckmin está em busca de uma empresa para cuidar da comunicação digital de sua gestão. O valor do contrato é de R$ 33.902.831,69.
Reality Show O edital, que está em curso, prevê a captação diária, interna e externa, de imagens em vídeo das ações do Estado e a transmissão online de eventos comandados pelo governador.
Divisão perigosa 
Merval Pereira - O Globo
O racha da equipe econômica é a pior notícia que o presidente Temer poderia receber, mas reflete o momento perigoso que o governo vive. Por isso ele tentou na noite de ontem restabelecer a relação entre o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que, mesmo cochilando a seu lado, é o pau que sustenta a barraca do governo, e o ministro do Planejamento Dyogo Oliveira, pau mandado do senador Romero Jucá, que continua sendo visto dentro e fora do governo como um influente conselheiro no Planalto do Planalto, quase um ministro ad hoc no campo econômico.
O plano de demissão voluntária do serviço público, anunciado como decisão de governo, foi rebaixado a uma simples proposta em estudo, e não seria surpresa se não saísse do papel, fortalecendo a posição de Meirelles, que vê nesse instrumento uma medida paliativa sem grande futuro.
Paradoxalmente, para um governo que precisa reduzir o gasto, o presidente Michel Temer está à frente de barganhas nos bastidores para obter votos suficientes para matar a denúncia da Procuradoria-Geral da República. Essas barganhas aumentam os gastos, e podem significar a derrota do projeto da equipe econômica.
O presidente Temer se manteria num governo à deriva, sem objetivo maior do que simplesmente resistir até o final. Dentro de seu objetivo primordial que é salvar a própria pele, o presidente Temer está bem, na medida em que a oposição não tem 342 votos para tirá-lo do lugar, ele está garantido.
O problema é que ele não tem a maioria que já teve para comandar a votação e derrotar o pedido de investigação da Procuradoria-Geral da República. Bastam 175 votos para salvá-lo, mas ele precisa do quorum para iniciar a votação, e para isso ele depende de a oposição não obstruir. Pode ser que a oposição, convencida da derrota, acabe decidindo participar da votação apenas para fazer política, criticar o presidente.
Se puser para votar, o Palácio do Planalto ganha, mas o tamanho de sua vitória é que importa nesse momento. Se tiver por volta de 200, 250 votos fica muito exposto, é um presidente fraco que não tem mais condições políticas de aprovar reforma constitucional, só pode pensar em sobreviver até o fim do mandato. E cada vez mais na mão de uma minoria da Câmara, aumentando as chances de os aproveitadores quererem tirar cada vez mais vantagens em cima do governo, colocando a meta fiscal, que já está ameaçada, em risco.
Uma meta que, diga-se, é de um déficit grandioso. Se não houver condição de votar agora, pode ser que o governo considere mais prudente aguardar a próxima denúncia, e tentar resolver as duas votações mais adiante, ganhando tempo para convencer os indecisos.
O próprio presidente Temer está ligando para esse grupo de cerca de 80 deputados para pedir pessoalmente o apoio, num trabalho de corpo a corpo que pode render resultados para ele, e mais déficit.
Mas aí há um perigo para Temer: ele agora tem número suficiente para derrotar a Procuradoria-Geral, mas na próxima denúncia já não se sabe em que condições se encontrará. Com todo esse esforço, se ele tiver entre 200 e 250 votos, uma segunda rodada pode ser fatal.
Ele tem praticamente a metade da base aliada que já teve. Tudo vai influir na avaliação dos deputados, não apenas os benefícios que poderão auferir. Um presidente cada vez mais impopular, especialmente depois do aumento dos combustíveis, não é um bom aliado a longo prazo. O recesso parlamentar que termina semana que vem pode ter como conseqüência uma pressão grande das bases eleitorais, o que pode mudar o quadro.
O teor da nova denúncia do Procurador-Geral da República Rodrigo Janot, versando sobre obstrução da Justiça e atuação do PMDB como uma quadrilha comandada pelo próprio presidente, reforçada pelas revelações de Eduardo Cunha e do doleiro Lucio Funaro, pode criar fatos novos que mexam nessa base que o presidente ainda mantém.
Doloroso aprendizado 
FSP
Neste primeiro ano de vigência do teto estabelecido para as despesas federais, o governo ainda permanece longe de uma gestão racional do Orçamento.
A regra de austeridade incluída na Constituição está sendo cumprida com sobras. Para 2017, permite-se uma expansão nominal do gasto de até 7,2%, na comparação com 2016. Conforme dados divulgados nesta quarta (26) pelo Tesouro Nacional, o aumento no primeiro semestre não passou de 4,8%.
Nada indica algum risco de descontrole até dezembro. Os resultados parecem compatíveis com a estratégia de redução gradual do rombo nas finanças da União.
Entretanto a cada dia se veem novas iniciativas e estudos para, em caráter emergencial, elevar impostos ou bloquear investimentos em obras públicas —sob o risco de dificultar ainda mais a incipiente recuperação da economia.
Ao mesmo tempo, falta dinheiro para serviços básicos, como a emissão de passaportes, e medidas relevantes, como o reajuste do Bolsa Família, que poderiam ser levados a cabo sem desrespeitar o limite fixado aos desembolsos totais.
A explicação é que, além do teto, o Tesouro obedece a uma meta para o saldo de suas contas: as despesas (excluídos pagamentos de juros) não podem ultrapassar as receitas em mais de R$ 139 bilhões.
Tal objetivo mostra-se muito difícil devido à arrecadação decepcionante —nos últimos 12 meses, o deficit bateu os R$ 180 bilhões.
A questão que se coloca é se vale a pena incorrer em novos sacrifícios —além da alta da gasolina e dos cortes já promovidos em investimento e custeio— caso a receita continue abaixo do esperado.
O próprio governo, noticia-se, já cogita um abrandamento da meta orçamentária. A operação, no entanto, seria das mais delicadas.
Há um tanto de pedagogia política na condução do programa de ajuste. Trata-se de convencer a sociedade e seus representantes de que o controle do gasto é inadiável; de que os contribuintes arcam, cedo ou tarde, com a generosidade dos governantes; de que, sem reforma na Previdência, áreas como saúde e ensino sofrerão.
Esse aprendizado, sem dúvida longo e doloroso, deve ser mantido a salvo de retrocessos.
Proposta de aumento do MP é aula de corporativismo
Reajuste de 16,7% pedido pelos procuradores federais retrata como atuam dentro do Estado fortes grupos de interesses, sem qualquer preocupação com a realidade
O Globo
A proposta de um reajuste salarial de 16,7% aprovada pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal é uma aula prática de como agem corporações incrustadas no Estado, independentemente da qualidade dos serviços que prestam à população. O MPF, reconheça-se, é uma instituição meritória, como demonstra sua participação no combate à corrupção sistêmica que intoxica a vida pública do país.
Mas, na defesa de seus interesses, como é típico de corporações, não importa ao MPF a situação do todo, mas apenas questões particulares da guilda. Ficam em segundo plano a crise fiscal séria, a cava recessão de aproximadamente 8% nos últimos dois anos, e o desemprego de 14 milhões de pessoas.
A crise tem tido forte papel educativo, ao revelar na prática como agem grupos organizados em defesa de pautas próprias dentro do Congresso, nos aparelhos de Estado e nas ruas. Quando contrariados, eles se manifestam em nome do “povo”.
Um dos melhores exemplos deste comportamento têm sido mobilizações contra a reforma da Previdência, visivelmente conduzidas por categorias profissionais — incluindo de servidores públicos — beneficiárias da atual legislação, pela qual pessoas de níveis educacionais e de renda mais elevados têm conseguido se aposentar muito cedo, aos 58 anos de idade, em média. O “povo”, em nome do qual protestam, é forçado a obter o benefício mais tarde — geralmente pelo pouco tempo em empregos formais —, e costuma se aposentar por volta dos 65 anos, limite de idade que consta da proposta da reforma.
A crise do Rio de Janeiro expôs a ação de magistrados e procuradores também descolada de uma realidade dramática, no caso, das finanças estaduais. Foram vários os arrestos de dinheiro dos cofres fluminenses para bancar os elevados salários dessas categorias, enquanto servidores ativos e aposentados, sem receber, passaram a depender de cestas básicas da caridade alheia. Pouco importou, por exemplo, a falência das emergências hospitalares com seus efeitos sobre a população.
A proposta destes lunáticos 16,7% de aumento para procuradores federais coincide com a imensa dificuldade que a União está tendo para conseguir atingir a meta fiscal de 2017, ainda de um elevado déficit de R$ 139 bilhões. Não se discute se procuradores merecem salários básicos entre R$ 28,5 mil e R$ 33,7 mil, fora penduricalhos, mas se o Tesouro está em condições de bancá-los, e ainda por cima com um aumento astronômico.
O próprio fato de segmentos do serviço público, conforme pesquisas, se beneficiarem de salários acima dos praticados nos mercados privados correspondentes, mostra como essas corporações sempre defendem interesses pecuniários em Brasília como se o país tivesse renda de Primeiro Mundo. Nem em economias ricas há remunerações como algumas praticadas na aristocracia do funcionalismo brasileiro.

Fernando Lopes-Graça - Melodias Rústicas Portuguesas (Caderno IV)


Eser Afacan (1953 - )

 
 
Moon Set
 
Lightning
 
TheTruth
 
Proud
 
Guardians of the Sea 
 
Blind Destination
Know or listen to those who know. - Baltasar Gracian

Bernardo Sassetti - Da Noite - Ao Silêncio


Jessica Dougherty (1975 - )

Mystery Of The Orient
Mystery Of The Orient
Island Girl 
Island Girl 

heaven sent

Heaven Sent
Fun In The Sun 
Fun in yhe Sun
peaches 
Peaches
The wise does at once what the fool does at last. - Baltasar Gracian
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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Trees of Eternity: Broken Mirror


Emmanuel de Dieudonné (1845 – 1889)


A Beauty At Her Bath

Franz von Defregger (1835 – 1921)

Lying Nude
Lying Nude

Trees of Eternity: Hour of the Nightingale


Costantino Di Renzo (Século XX - )


Minerva Atena (Athena)

Kimberly Dow (1968 - )

 
No Evil
 
Brazen
 
Modest 
 
Jezebel
 
Unrequited 
 
Smokin'
 
Sacrament

A Europa oriental escolhe a Civilização  ocidental  
 
O povo polonês recebeu Donald Trump de forma calorosa. 
Em um discurso histórico diante de uma exultante multidão polonesa, precedendo o início da reunião dos líderes da Cúpula do G20, o presidente dos EUA, Donald Trump descreveu a luta do Ocidente contra o “terrorismo islâmico radical” como forma de proteger “nossa civilização e nosso modo de vida”. Trump perguntou se o Ocidente tinha a determinação de sobreviver:
“Temos a necessária convicção de nossos valores a ponto de defendê-los a qualquer custo? Temos o devido respeito pelos nossos cidadãos a ponto de proteger nossas fronteiras? Temos o desejo e a coragem suficientes de defender a nossa civilização diante dos que querem subvertê-la e destruí-la?”
A pergunta de Trump poderá ressoar na Europa Oriental, lugar escolhido por ele para proferir seu eloquente discurso.
Depois que um homem-bomba assassinou 22 pessoas na saída de um show em Manchester, incluindo dois poloneses, a primeira-ministra da Polônia, Beata Szydło, destacou que a Polônia não seria “chantageada” a aceitar milhares de refugiados segundo as diretrizes do sistema de quotas da União Europeia. Ela urgiu os legisladores poloneses no sentido de protegerem o país e a Europa dos flagelos do terrorismo islâmico e do suicídio cultural:
“Europa, para onde você está indo? Levantem-se dos joelhos e da letargia ou vocês irão chorar todos os dias a morte de seus filhos.
Dias mais tarde, a União Europeia anunciou que começaria os procedimentos com o intuito de punir a Polônia, Hungria e República Checa por se recusarem a aceitar migrantes conforme a determinação de um programa criado pela Comissão Europeia em 2015.
Após o discurso de Szydło, Zoltan Balog, Ministro de Recursos Humanos da Hungria, declarou:
“O Islã é uma cultura e uma religião de grande importância, que devemos respeitar, mas a Europa tem uma identidade diferente e é indubitável que as duas culturas não têm condições de coexistir sem conflitos… A maior diferença é que na Europa, política e religião são separadas uma da outra, mas no caso do Islã é a religião que rege a política”.
É por esta razão que Viktor Orban foi tachado de “inimigo interno da Europa” — porque ele disse com todas as letras, para não deixar dúvidas, o que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, jamais dirá: “devemos manter a Europa cristã“.
Os discursos proferidos pelas autoridades de Visegrad – grupo europeu formado pela República Tcheca, Polônia, Hungria e Eslováquia – são apenas dois exemplos das profundas divisões ideológicas entre os países da Europa Ocidental e os da Europa Central e Oriental.
Há uma acentuada propensão dos líderes de Visegrad em retratar o Islã como uma ameaça civilizacional à Europa cristã. Se de um lado a Europa Ocidental tem se distanciado drasticamente pela opinião pública e severamente restringida pelas leis da UE, na Europa Oriental as mais recentes pesquisas de opinião revelam que o cristianismo continua tão robusto e patriótico como sempre. É por isso que Trump chamou a Polônia de “nação devota“. É por isso que as revistas católicas dos EUA perguntam abertamente se há um “despertar cristão” na Europa Oriental. A Eslováquia aprovou uma lei para evitar que o Islã se torne uma religião estatal oficial.
Para começar, esses países da Europa Central e Europa Oriental estão cônscios que o multiculturalismo da Europa Ocidental tem sido a receita para os ataques terroristas. Conforme observa Ed West do The Spectator:
“Não são todos os países da Europa. A Europa Central, principalmente a Polônia, Hungria e a República Checa, permanecem em grande medida salvos da ameaça terrorista, apesar da Polônia, mais especificamente, ser um ator da OTAN no Oriente Médio. É precisamente pelo fato das razões para isso serem tão óbvias, é que não se pode mencioná-las. A percentagem muçulmana da Polônia representa 0,1% da população, cujo maioria pertence a uma comunidade tártara estabelecida há muito tempo, a da Grã-Bretanha é 5%, da França 9% e de Bruxelas 25%, sendo que essas cifras estão em franco crescimento”.
O que é, supostamente, “óbvio” é que a Polônia e a Hungria não são atingidas por ataques terroristas islâmicos porque estes países têm pouquíssimos muçulmanos, ao passo que na Bélgica e no Reino Unido acontece o inverso. Provavelmente a Europa estaria mais segura se tivesse seguido o exemplo da Europa Oriental.
A Europa Oriental mostra maior entendimento da cultura ocidental do que a própria Europa Ocidental. Esses países do leste também têm sido bem mais generosos à OTAN, baluarte de sua independência e segurança. A cultura e a segurança andam de mãos dadas: se você levar a sério a sua própria cultura e civilização, você estará disposto a defendê-las.
Um breve olhar para os dispêndios militares dos membros da OTAN em relação ao PIB mostra que a Polônia cumpre com sua obrigação de pagar 2% do Produto Interno Bruto, diferentemente de todos os países da Europa Ocidental. Apenas cinco dos 28 membros da OTAN – os EUA, Grécia, Polônia, Estônia e Reino Unido – contribuem com os 2%. E a França? E a Bélgica? E a Alemanha? E a Holanda?
“Ao contrário da maioria de seus pares da OTAN e da Europa”, Agnia Grigas, membro sênior do Atlantic Council, esclareceu: “a Polônia tem ao longo das duas últimas décadas visto a defesa como uma questão prioritária e, como resultado, emerge lenta e de forma contínua como bastião da segurança europeia”. A Polônia – diferentemente da Bélgica, Itália e outros países europeus – não é um “penetra” e sim um parceiro confiável, aliado dos EUA. A Polônia mostrou lealdade aos Estados Unidos, tanto no Afeganistão como no Iraque, onde suas tropas lutaram contra os talibãs, além de ajudarem a derrubar Saddam Hussein.
Não é por acaso que o presidente Trump escolheu a Polônia, um país que lutou contra o nazismo e o comunismo, para conclamar o Ocidente a mostrar um tantinho de disposição em sua luta existencial contra o novo totalitarismo: o Islã radical.
“O Ocidente continuará desfrutando da vantagem militar por um bom tempo ainda, mas possuir armas é uma coisa, estar disposto a usá-las é outra coisa totalmente diferente”, assinalou William Kilpatrick, professor do Boston College. “O Ocidente é forte militarmente, mas fraco ideologicamente. Falta-lhe confiança civilizacional”.
É por esta razão que é crucial que a Europa Oriental continue a ser uma voz forte de dissidência ao projeto da UE. Ela poderia prover a confiança cultural que falta, tão acentuadamente, aos burocratas europeus – falta esta cujo custo é a própria Europa.


Giulio Meotti, editor cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
Publicado no site do Gatestone Institute – https://pt.gatestoneinstitute.org
Tradução: Joseph Skilnik