quarta-feira, 30 de setembro de 2015




BABES

PAPUADANOVAGUINÉ! 

DÉSIR

DONNA!
It’s time to blur your beauty.Why this light-diffusing makeup is the perfect look for the slow fade of summer.
Europe According to Latin Americans (2012) from the Atlas of Prejudice book by Yanko Tsvetkov presenting the Mapping Stereotypes project.

LAMB OF GOD - OVERLORD


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Calor!
BellaDonna
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BELLE!
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West Lake Cultural Landscape of Hangzhou / China (by Great Pangtou).
West Lake Cultural Landscape of Hangzhou / China (by Great Pangtou)
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Standing On… by iD’s
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Reynisfjara beach by Tanja Sund - source
Reynisfjara beach by Tanja Sund
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Rolls-Royce Phantom I
Rolls-Royce Phantom I
Love Map of Europe from Yanko Tsvetkov’s Atlas of Prejudice: The Complete Stereotype Collection, available in paperback from Amazon and as an ebook on iBooks.

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Na conta da esquerda
HIAGO REBELLO - IL
griffithAlgumas ideias são tão estúpidas que apenas um intelectual poderia acreditar nelas”.
— George Orwell.
Recentemente, como ocorre de tempos em tempos, uma onda de violência e assaltos percorreu a cidade do Rio de Janeiro, acarretando confusão, feridos, perdas materiais, medo e correria nas ruas e praias do que foi um dia a Cidade Maravilhosa.
Pessoas que saem de suas moradias para assaltar e humilhar quem trabalhou e lutou para ganhar seu dinheiro e comprar seus celulares; sujeitos que despontam de suas comunidades e sequer têm a mínima noção de respeito, ordem e zelo para com a sociedade que os envolve; indivíduos que riem, debocham e agridem pessoas de bem, que possivelmente não fizeram mal a ninguém em suas vidas. Atacam trabalhadores, insultam os honestos que querem apenas caminhar em uma praia ou andar em um ônibus em paz.
Mas quem teria a coragem de defender os errados, e pior, colocar a culpa nos certos? Quem poderia ter a capacidade de acudir o ladrão e inverter os papéis, colocando a culpa no assaltado, justamente apenas por ter algo material que os criminosos não possuem? Os únicos capazes de cometer tal estupidez, tal ofensa para com as crenças e valores que todos os brasileiros de bem possuem, são os intelectuais.
A palavra “intelectual” geralmente possui uma conotação positiva. Pessoas com um intelecto acima da média em várias áreas, geralmente nas de humanas, detém certo prestígio social desde tempos remotos. Embora tal termo seja bem recente, a ideia por trás dele existe desde o início da humanidade. Sábios, anciãos, profetas, sacerdotes, sofistas, filósofos, médicos, advogados, jornalistas, historiadores, etc., além de uma vasta gama de pessoas que se podem considerar intelectuais graças à auréola dourada que a sociedade dá para os mais aptos e diversos nos campos do intelecto.
A conotação positiva de homens versáteis e eruditos existe até hoje, mas não significa que é impossível perverter esta acepção. Quando certos indivíduos detêm alguma alta gama de estudos e leituras, independente do que quer que acreditam, a maioria da sociedade irá olhar para o que aparentam ser, isto é: pessoas com um alto gabarito, vestidas de maneira adequada para suas posições, diversos livros em suas estantes, um vocabulário chique, uma capacidade para conversar sobre diversos e complexos temas, etc., mas irão ignorar o que, no fundo, tais intelectuais defendem e acreditam.
Intelectos que militam e argumentam em prol da degeneração total das percepções evidentes, dos arranjos sociais, das tradições em geral, e até mesmo da Razão e da Verdade[1], infestam as academias. Entre tais parasitas acadêmicos, estão aqueles que, vendo uma situação grave e violenta ocorrendo na sociedade, separam-na em níveis quase que intransponíveis para julgar de acordo com o nível social adequado, colocando em absoluto o estado de cada divisão de classe – determinando qual é a oprimida e qual é a opressora, quem são os malvados e quem são os bons, quem é culpado e quem é inocente – e descartando todo e qualquer outro parâmetro de análise. Em resumo: agem com uma arbitragem pré-moldada ideologicamente, aceitando problematizações apenas dentro de tal pré-moldagem ideológica e reducionista.
O resultado é que, de acordo com qual parcela social à elite intelectual convém arbitrariamente proteger, a “classe” defendida consegue um salvo-conduto. Uma vez que, de acordo com o sistema ideológico de esquerda, pessoas pobres que roubam só furtam porque faltaram, devido à desigualdade social, de oportunidades e a que a mesma desigualdade é fruto de uma sociedade alienada, de alguma forma, pela burguesia, a culpa não cai mais sobre o agressor, sobre o ladrão, mas sim em cima de quem trabalhou para comprar um iPhone6, por exemplo. Quem tem dinheiro para comprar um iPhone acaba por incentivar o roubo porque esbanja um sucesso material que o outro não tem, além de colaborar com a ideologia burguesa e consumista.
O perigo de tais discursos é evidente, principalmente quando se tem o Brasil como um cenário. Dado que os mesmos intelectuais formam a juventude nas universidades, sendo essa massa de jovens os futuros profissionais em áreas como jornalismo e direito, as ideias classicistas à esquerda, além de penetrarem mais ainda na sociedade, fomentando o crime[2] e o ódio para com pessoas mais abastadas e de pele mais branca, podem criar fórmulas jurídicas e pressões midiáticas contra uma sociedade que não quer ser mais assaltada e humilhada.
Fora das universidades, não são poucos os blogueiros e os formadores de opinião que encheram a internet de discursos afirmativos. Assim como aumentam o incentivo para construir uma sociedade sem o que chamam de “opressão”, criada pela desigualdade, os gênios acrescentam que essas parcelas mais “oprimidas” historicamente se desliguem dos valores e partam para uma busca desenfreada pela “luta de classes”. Um assaltante, ou um assassino, além de estar inibido da culpa[3], está participando da velha luta de classes, que é, para tais intelectuais, necessária para a sociedade.
O “porém” é que todos esses problemas, criados e incentivados para desestabilizar o corpo social, irão causar consequências – como bem demonstrou Richard M. Weaver, as ideias têm suas consequências[4] –. Quando as ondas de crimes formarem padrões difíceis de conter, mas fáceis de perceber, quando o judiciário se tornar quase incapaz, e a polícia for literalmente sinônima de atraso e retrocesso, quem poderá parar as ondas de crimes? Se a força usada para prever e deter o crime é algo ruim, produto de uma sociedade fascista precisando ser desconstruída, será que aceitarão a força do soco de um criminoso, quando chegar a vez dos intelectuais de perder seus celulares e suas carteiras?
Se houver um progresso das ideias estúpidas, quem pagará a conta? Em quem cairá a culpa pela violência estar aumentando e a impunidade se tornar algo tão comum quanto andar pela rua? Para quem o povo, finalmente, irá olhar e culpar por conta das mazelas que sofre? Por conta da humilhação, das perdas materiais, dos insultos, das enganações, dos familiares, parentes e amigos perdidos?
A esquerda pode até tentar pedir mais e mais comida, no restaurante que é o Brasil, tentando evitar pagar a conta, mas é sabido que isso além de ser inútil, apenas agrava a situação. Uma hora a conta chega, todavia, graças aos esforços de intelectuais dessa vez chegará do jeito que a esquerda sempre amou: no vermelho do sangue dos inocentes. Ao pagar a conta, o esquerdismo progressista perderá todo o seu prestígio, toda sua moral, mas o custo, infelizmente, também será do Restaurante Brasil, que por décadas aceitou tal disparate – muitos inocentes irão sofrer e morrer graças às universidades e aos tão prestigiados intelectuais.
[1] Alguns dos gurus da irracionalidade chegam ao ponto de afirmar que tudo é uma “construção social”, admitindo que seu próprio argumento seja um constructo, mas ainda assim o utilizando para tentar refutar seus debatedores, tendo a total falta de capacidade de perceber que seu argumento é contraditório ou irrelevante se for rigorosamente aplicado. Muitos flertam até mesmo com a desconstrução da própria noção de “intelecto”.
[2] Infratores irão usar dos jargões universitários para se defenderem. Vão justificar seus roubos porque são pobres e não é justo ver alguém mais rico e com mais coisas que eles, porque são negros e os pais de seus trisavôs eram escravos, por isso necessitam da prestação de conta da dívida histórica… Crimes serão justificados pelas finanças e pelo passado distante.
[3] Uma vez que a culpa não é apenas dele, e sim de todos, segundo a esquerda. Quando a culpa é diluída em uma massa genérica, isto é, a “sociedade”, ela acaba sendo de todos e, como consequência, de ninguém.
[4] Weaver, Richard M. As Ideias têm suas Consequências. São Paulo: É Realizações, 2012.
Cercada, Dilma entregou-se a Lula e ao PMDB
Josias de Souza - UOL
Ao assumir o seu segundo mandato, Dilma tomou duas providências que considerou prioritárias na época. Numa, acomodou amigos em poltronas que eram ocupadas por olheiros de Lula no Planalto. Noutra, deflagrou um plano para esvaziar o PMDB. Decorridos nove meses, Dilma descobriu-se sitiada por Lula e pelo PMDB. Para não cair, rendeu-se.
Ao ampliar a participação do PMDB num gabinete que prometera enxugar, Dilma entregou os anéis. Ao incluir a pasta da Saúde na cota do pseudo-aliado, ela sacrificou os dedos. Ao mexer na trincheira da Casa Civil, trocando Aloizio Mercadante, seu mais fiel assessor, por Jaques Wagner, um chapa de Lula, Dilma repassou sua alma ao padrinho político.
Está entendido que a maior influência sobre Dilma na redefinição do gabinete ministerial veio de Lula. Afora o fato de ter retomado espaços físicos que perdera —além da Casa Civil, a coordenação política, com Ricardo Berzoini— o morubixaba do PT orientou a elevação do cacife do PMDB.
O que vem por aí depende de duas respostas: 1) como Dilma vai lidar com a ideia de ser uma espécie de ex-presidente da República no cargo? 2) o que Lula planeja fazer com a política econômica do governo? Já se sabe que o dono de Dilma não está satisfeito com o ajuste fiscal de Joaquim Levy.
Até Dilma Bolada abandona Dilma Rousseff
VEJA
Presidente Dilma Rousseff durante encontro com Jeferson Monteiro criador do Dilma BoladaPresidente Dilma Rousseff durante encontro com Jeferson Monteiro criador do Dilma Bolada(Divulgação/PR)
Nem Dilma Bolada manteve seu apoio a Dilma Rousseff. Neste quarta-feira, o publicitário Jeferson Monteiro - criador da personagem que brinca com a imagem de durona da presidente ao mesmo tempo em que a enaltece - anunciou rompimento com o governo federal. Confira o texto integral a seguir:
Post de Jeferson Monteiro
O publicitário costumava afirmar que o apoio à presidente era espontâneo. É uma versão difícil de acreditar, contudo.
Suspeitas de que Monteiro deliciava a plateia a soldo sempre existiram. A tal ponto que, em agosto, segundo o jornal Folha de S. Paulo, parlamentares defenderam uma investigação sobre o publicitário. O objetivo era checar a suspeita de que ele apenas fazia parte da estratégia do PT para angariar simpatia nas redes.
Os perfis de Dilma Bolada ganharam as redes em 2010, com Twitter e Facebook. Hoje, têm, respectivamente, 472.000 seguidores e 1,6 milhão de fãs. O anúncio do rompimento logo ganhou as redes, ocupando o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados do Twitter (TT).

INNOCENCE
Robstoughts……. For the most beautiful girls on Tumblr! http://robstoughts.tumblr.com/
Ballerina

BELLA!

Mr. Wolf

AMBER RUN - I FOUND (ACOUSTIC)

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dolce-vita-lifestyle:

LDV
Calor!
mistymorrning:

mgfave.com
Via mmm
janetmillslove:

Amazed…. moment love

PENSE NESSAS MULHERES SAPIENS QUE OCUPARAM LUGAR DE DESTAQUE NA POLÍTICA BRASILEIRA RECENTE E VEJA QUE ESSE PARTIDO JÁ NASCE COMO UMA AMEAÇA À HUMANIDADE!

O Partido da Mulher Brasileira e o Partido das Pessoas Alérgicas a Gergelim, que é o meu…
Reinaldo Azevedo - VEJA
Ai, ai…
Observem: toda grande democracia do mundo é bipartidária. E o que se tem? Um grande partido com uma inflexão mais à esquerda e outro grande partido com características mais conservadoras. O que eles exibem em comum? Centros ideológicos que costumam convergir em muita coisa. Por isso, alternam-se no poder sem grandes traumas.
No Brasil, ao contrário, os partidos vão se multiplicando. Entendo, muitas vezes, a razão: a realidade nas legendas que temos é de tal sorte amesquinhada que parece impossível fazer política de maneira decente. Parte da responsabilidade cabe, sim, ao presidencialismo — dada a maneira como ele é exercido no Brasil —, ao tamanho do estado e à legislação que garante um dinheirinho do Fundo Partidário para as siglas.
As legendas vão brotando de olho no butim do estado e também para, como é mesmo?, “garantir a governabilidade” ao presidente de turno — em troca, claro!, de ministérios, estatais, autarquias, boquinhas…
Nos países que são basicamente bipartidários, as duas grandes agremiações contam com suas respectivas correntes. No EUA, existem alas do Partido Republicano que estão mais à esquerda, como existem alas do Democrata que estão mais à direita. Às vezes, um direitista democrata é mais direitista do que um esquerdista republicano…
O PMB
O PMB é, pasmem!, o 35º partido do país. Digam-me cá: ser mulher é categoria de pensamento? Ser mulher, e só por sê-lo, empresta a alguém uma visão necessariamente de conjunto que, de outro modo, não se consolidaria?
É claro que a resposta é negativa, não é? Por isso mesmo, o partido se encarrega de explicar em seu site que o PMB é um partido de “mulheres progressistas” e de “ativistas de movimentos sociais e populares” e que, junto com homens, “manifestaram sempre a sua solidariedade com as mulheres privadas de liberdades políticas, vítimas de opressão, da exclusão e das terríveis condições de vida”.
Ah, bom! Uma mulher, digamos, conservadora não poderia pertencer a PMB, certo? Venham cá: ser mulher, então, para o PMB implica ser “progressista”… Se não for, o tal ser é o quê?
No site da legenda, encontro esta maravilha:
“A balança da história está mudando; a força perde seu ímpeto e, com satisfação observamos a Nova Ordem Mundial que será menos masculina, mas permeada pelos ideais femininos ou, melhor dizendo, será uma Era na qual os elementos masculinos e femininos estarão em maior equilíbrio.
Para o estabelecimento da paz mundial, um dos pré-requisitos mais importantes é a emancipação da mulher, ou seja, a concretização da plena igualdade entre os sexos; a negação dessa igualdade perpetra uma injustiça contra metade da população do mundo e promove entre os homens atitudes e hábitos nocivos que são levados do ambiente familiar para o local de trabalho, para a vida política e em última esfera para as relações internacionais.”
Claro, claro… Boa parte dessa metade do mundo que é discriminada, como se sabe, está nos países islâmicos, em que a questão da igualdade não se coloca. E não por uma questão de gênero, mas de religião.
A ser assim, só um PGB (Partido do Gay Brasileiro) terá condições de lutar pelos gays; só um PNG (Partido do Negro Brasileiro) terá condições de lutar pelos negros. Ah, sim: alguém poderia propor criação do PBB (Partido dos Brancos Brasileiros). A gritaria seria grande. A propósito: um PHB — Partido do Homem (macho) Brasileiro —, suponho, pareceria um despropósito, né? Afinal, o ser homem já o torna naturalmente um opressor.
Vou criar o PPAG (Partido das Pessoas Alérgicas a Gergelim). Só o PPAG terá condições de lutar por pessoas alérgicas a gergelim…
Às vezes, o Brasil dá uma pregui…
Crítica desmemoriada à política econômica
Fundação Perseu Abramo, braço do PT, culpa ajuste por uma recessão que já havia sido contratada, e propõe mudanças suicidas na condução da economia
O Globo
Em matéria de política econômica, o PT costuma criticar o segundo governo Dilma pelos seus méritos, sem qualquer referência aos equívocos. A mais recente prova deste cacoete é o primeiro volume do documento “Por um Brasil justo e democrático”, divulgado segunda-feira pela Fundação Perseu Abramo, braço do partido, com declarações no mínimo polêmicas do presidente da fundação, Márcio Pochmann, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e Luiz Gonzaga Belluzzo, interlocutor constante de Dilma — pelo menos foi.
O documento tem como alvo óbvio a política “neoliberal” de ajuste da economia. Quanto ao erro de Dilma querer insistir na ressurreição da CPMF, nenhuma palavra. O texto-manifesto da Perseu Abramo reproduz a ideia de que a política monetária (juros) apertada e a intenção de se fazer cortes em gastos são uma “irresponsabilidade”, porque desconstroem o modelo “socialmente inclusivo implantado nos últimos anos” (leia-se, Lula), ao aprofundar a queda do nível de atividade econômica.
Em sentido diametralmente oposto ao da política de ajuste, o texto prega o corte dos juros na base da canetada e a desmontagem da meta de superávit primário — pela retirada dos investimentos do seu cálculo. O resultado seria infalível: descontrole da inflação, explosão do dólar, o que realimentará a inflação numa espiral rumo ao descontrole. E mais recessão. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o inimigo a ser abatido, não se referiu diretamente ao documento. Apenas repetiu o que tem dito: o ajuste fiscal é imprescindível porque abre espaço para a queda natural dos juros. O que ele chama de “plano do 1, 2, 3”.
Mas como as críticas lulopetistas estão embebidas em ideologia, ramo religioso da política, o argumento mais bem fundamentado é incapaz de convencer os sacerdotes do “desenvolvimentismo”. Não importa sequer que a recessão em andamento tenha sido plantada no primeiro governo Dilma, quando políticas heterodoxas ao gosto da Perseu Abramo foram executadas. É falso culpar o ajuste pela recessão. Ela já estava contratada pelos equívocos cometidos em Dilma 1. Eis a evolução do PIB em cada um dos quatro trimestres do ano passado: - 0,7%, -1,9%, 0,1% e zero.
Os redatores do texto de crítica ao governo não se recordam desses números. Eles mostram a economia já em desaceleração, apesar de toda a expansão de despesas — maquiadas pela contabilidade criativa —, incentivos creditícios a empresas escolhidas pelo Planalto etc. Foi assim que as contas públicas explodiram — 8% do PIB de déficit, disparada da dívida pública rumo a 70% do PIB —, e daí a necessidade do ajuste. Sem ele, não se restaura a confiança na estabilidade, os investimentos não voltam, tampouco o crescimento.
O sentido da proposta de se retomar a política do novo “marco macroeconômico", que levou à crise, é resumido na imagem surrada: apagar a fogueira com gasolina.

FAZENDO PAPEL DE PALHAÇO

A fixação brasileira com o Conselho de Segurança da ONU
Marcos Toyjo - FSP
Como é tradição, coube ao Brasil abrir os debates da Assembleia-Geral da ONU na última segunda-feira (28), em Nova York. Alguns dizem que a prática, inaugurada pelo então chanceler Oswaldo Aranha em 1947, remonta ao contexto da Guerra Fria.
De acordo com tal hipótese, haveria a necessidade de um país neutro funcionar como "algodão entre cristais" ante Estados Unidos e União Soviética. A escolha do Brasil como primeiro orador resultaria de uma ação bem orquestrada do secretariado da nascente instituição.
É bem verdade que, em fevereiro de 1946, George Kennan, ministro-conselheiro da Embaixada dos EUA em Moscou, já enviara ao Departamento de Estado seu famoso "Longo Telegrama", publicado mais tarde (julho de 1947) com o título "Fontes da Conduta Soviética" (e assinado sob o pseudônimo "X"), na reputada revista "Foreign Affairs".
Kennan argumentava que a política externa da URSS pouco se balizaria por uma suposta solidariedade internacional entre forças socialistas. A Moscou dos comissários do Politburo reproduziria algo da lógica geopolítica dos czares no estabelecimento de "esferas de influência" que, no limite, serviriam como plataformas para a expansão global do poderio soviético.
Spencer Platt/AFP
A presidente Dilma Rousseff faz discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU, nesta segunda (28)
A presidente Dilma Rousseff faz discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU, nesta segunda (28)
À época do discurso de Oswaldo Aranha, Churchill também já contribuíra com seu "pilar" para a construção da Guerra Fria. Em março de 1946, o líder britânico, derrotado no ano anterior nas eleições para primeiro- ministro, proferira no Westminster College (Fulton, Missouri) o famoso discurso em que alude a uma "cortina de ferro" baixada pela projeção soviética sobre a Europa Oriental.
No entanto, é de toda probabilidade que o fato de o Brasil ter se estabelecido como primeiro orador da Assembleia-Geral não derive de uma estratégia cuidadosamente executada por burocratas da diplomacia multilateral.
Se, por um lado, a desconfiança entre Washington e Moscou coexistira com a aliança de conveniência que ambas forjaram com vistas a derrotar as potências do Eixo, é verdade também que, naqueles três primeiros anos da ONU (1945-47), a Guerra Fria ainda encontrava-se em sua primeira infância.
O mais plausível é que o costume deva-se menos a uma ação bem pensada do secretariado da nascente instituição e mais a um detalhe fortuito. Reza a lenda que um diplomata brasileiro, encarregado de inscrever o país na lista de oradores, equivocou-se no horário de abertura do escritório da ONU que coligia a relação de debatedores, ali chegando mais cedo.
O Brasil ter se apresentado como primeiro da lista caiu bem aos propósitos da ONU, que a cada ano repete o costume de convidar o Brasil para inaugurar o debate.
Além da ordem de oradores, há uma outra tradição que sempre acompanha os nossos discursos na ONU, e isso parece transcender os interesses específicos de diferentes governos brasileiros, sejam eles de extração ditatorial ou democrática: o apego à ideia de que o Brasil deve integrar o Conselho de Segurança da ONU na condição de membro permanente.
A cada setembro, quando o mandatário brasileiro se pronuncia sobre o assunto, a impressão que se tem é que a reforma do CS é iminente. Com Dilma nesta semana não foi diferente.
Após uma reunião com outros postulantes a um assento permanente no conselho (Alemanha, Japão e Índia, que, juntamente com o Brasil, formam um "G4" de candidatos), a presidente manifestou o entendimento de que o grupo intensificará esforços para a atualização daquele órgão colegiado.
Tais esforços, contudo, dificilmente frutificarão. Atualizar o quadro de membros permanentes e não permanentes, bem como os métodos de trabalho do conselho, exige anuência dos atuais P5 (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China). Imaginar um tal consenso a partir desse grupamento –de interesses marcadamente díspares– é de pouco realismo.
Os EUA manifestam abertamente seu apoio à Índia –e assim esperam relações privilegiadas com Nova Déli–, mas o fazem sabendo que a China não concorda de fato com o ingresso de um outro país asiático no quadro de membros permanentes. Além do que a China, opõe-se fortemente à entrada do Japão no grupo.
Mesmo no âmbito europeu, o apoio ao pleito alemão não é consenso. Italianos e espanhóis, por exemplo, no fundo acham que se a Alemanha se juntar a Reino Unido e França num clube de elite, Roma e Madri seriam capitais de uma Europa de "segunda divisão".
Tampouco na África ou na América Latina existe consenso sobre quais países deveriam representar essas regiões numa sonhada atualização do conselho.
O desejo de fazer parte de um conselho reformado não é meta desvencilhada de ônus. Trata-se de investimento volumoso e de alto risco. Nossa diplomacia tem dedicado através das décadas imenso capital intelectual, alocação de tempo, pessoal e outros recursos materiais para fortalecer nossas credenciais a uma eventual reforma.
Exemplo recente de tal direcionamento de esforços é a abertura de 40 novas embaixadas na África subsaariana, no Oriente Médio e no Caribe desde 2003 –de que não resultaram grandes ganhos econômicos para o Brasil. Por ela dá-se bem a medida do preço de tal ambição.
É por isso que a questão da atual estrutura do órgão –pouco afeita a mudanças– e as muitas outras urgências do Brasil têm de nos convidar, mais do que nunca, a uma análise do tipo custo-benefício.
Já é hora de o Brasil deixar de gastar tantos ativos diplomáticos na busca de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Mais vale fortalecer nossas ações no campo das negociações comerciais e na promoção da atração de investimentos. Para gozar de mais poder e prestígio no cenário internacional, o Brasil precisa, antes de tudo, ser mais rico. 
O que incomoda é o governo seguir ordens da Odebrecht
Merval Pereira - O Globo
Interferência da Odebrecht no governo é o que incomoda. A atuação de Lula a favor de empresas brasileiras não tem problema. E-mail mostram que candidatos a ministros foram queimados, demitidos, etc. a pedido da empresa. Essa promiscuidade entre a empresa e o governo é que é suspeita. Uma coisa é apoiar a empresa; outra é seguir ordens. 
“Atirando ao acaso” e outras quatro notas
Carlos Brickmann - Blog do Augusto Nunes
A atiradora não é das mais competentas, mas seu maior erro não é a falta de pontaria, e sim a escolha dos alvos. O PMDB é um partido de profissionais, especializado em ocupar suculentas fatias do poder. Quando amadores tentam dar cargos a profissionais, para conquistá-los, tudo pode acontecer, menos dar certo. 
Não adianta atender a Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, porque fica faltando atender a Jader Barbalho, Sarney, uma faminta tropa de elite. Fica faltando atender à bancada de deputados e aos senadores. E a incompetência é tamanha que se aceitou entre os reivindicantes até um dente-de-leite, o deputado federal Leonardo Picciani, do PMDB do Rio, inexperiente mas já voraz.
É provável que nem juntando a ONU inteira seja possível atender a todas as reivindicações peemedebistas por bons cargos, com verbas abundantes e amplo espaço para nomeações. E não é só o PMDB: é preciso atender também ao PT, ao PP, pois só pixulecos não enchem barriga. E, claro, aos aliados do PCdoB, até agora fiéis; e aos “movimentos sociais”, aqueles que se apresentam como exércitos em defesa do que chamam de legalidade (ou seja, aquilo que os beneficia).
A falha é achar que não é preciso negociar, discutir, buscar pontos convergentes com os aliados: basta nomear e pronto. Certo, ninguém desse povo rejeita cargos, mas retribuir com apoio são outros, e muitos, quinhentos. A falha é da negocianta, que despreza os aliados e procura perder o mínimo possível de tempo com eles.
Em troca, os aliados perdem o mínimo possível de tempo com ela.


A dança das cadeiras
Dilma age, na política, de forma incoerenta com as ideias que diz ter ─ tanto que engole Joaquim Levy enquanto abomina todo o seu pensamento econômico. Mas não pode levar a culpa sozinha: mesmo que fosse uma exímia articuladora, como poderia chegar a acordos satisfatórios se boa parte dos políticos não sabe se a campainha, de manhã bem cedinho, indica a chegada do padeiro ou do agente de viagens com a passagem para Curitiba? 
Eduardo Cunha, principal nome da oposição, está na mira de cinco delatores premiados. Renan é nome recorrente nas investigações. Jarbas Vasconcelos jamais teve sua honestidade contestada ─ e, por isso mesmo, quem quer negociar com ele? Dilma já não é boa de conversa política, e isso piora muito quando não sabe com quem tem de conversar.

Dilma? Quem? 
O caso mais triste é dos “movimentos sociais”, dos sindicatos petistas, das instituições mantidas pelo PT. Até blogueiros chapa-branca falam mal da política de Dilma. Os “movimentos sociais”, as instituições mantidas pelo PT, sindicatos obedientes que muito se beneficiaram hoje ignoram a presidente e combatem sua política. A Fundação Perseu Abramo, do PT, decretou que as medidas econômicas defendidas pelo governo são erradas. 
Com esses aliados, Dilma nem precisa de oposição ─ ainda bem, porque oposição boazinha assim jamais se viu no mundo. Quem não diz “sim” diz “sim, senhora”. E até a chama de “presidenta”. 

Semana animada
Hoje entram em votação os vetos de Dilma a itens da pauta-bomba aprovada pela Câmara (se os vetos forem derrubados, aumenta em alguns bilhões de dólares a despesa permanente do governo). Se forem rejeitados, fora as consequências econômicas, as negociações entre Dilma e o PMDB terão de ser revistas. 

À luz da História
O jurista Hélio Bicudo, que combateu o Esquadrão da Morte até extingui-lo e foi fundador do PT, e a advogada Janaína Paschoal, que com ele assinou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, deram excelente entrevista ao Roda Viva, na TV Cultura de São Paulo. Hélio Bicudo, 93 anos, agudo e preciso como de costume, deu sua opinião sobre a postura dos oposicionistas que combatem o impeachment (citou Geraldo Alckmin e Fernando Henrique): “Atitude covarde”.
Então era essa a tal “Pátria Educadora”?
A politicagem falou mais alto, e mesmo o ministro alinhado ideologicamente não conseguiu se preservar no cargo, pois é preciso realocar Mercadante de alguma forma.
Rodrigo Constantino - VEJA
Fonte: Folha
Fonte: Folha
A presidente Dilma Rousseff fechou nesta quarta-feira (30) com seu ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que ele irá assumir o Ministério da Educação, que hoje é comandada por Renato Janine Ribeiro.
A saída do petista foi acertada em meio a fortes pressões de aliados do governo para que deixe a gerência do governo. Com isso, Mercadante retorna à pasta que ocupava antes de assumir a Casa Civil.
Muito desgastado, Dilma acatou a pressão de PMDB e integrantes do PT para colocar no lugar do petista alguém com menos desgastes e que possa auxiliar Dilma Rousseff a enfrentar a crise. O mais cotado para a Casa Civil é o petista Jaques Wagner (Defesa).
Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) iria para a Defesa no lugar de Wagner. E Ciência e Tecnologia ficaria com o PSB.
É tudo tão absurdo que mal sei por onde começar! Vejamos: Mercadante foi um total fracasso como cão fiel de Dilma na articulação política, pois é arrogante, além de ignorante em relação ao que se passa com nosso país. Dilma se viu na necessidade de comprar mais apoio do PMDB, e fez sua  “reforma ministerial” com base nos “conselhos” de Lula, que participou da reunião sem ter cargo algum no governo. Ou seja, é escancarado que o ex-presidente é quem governa, ainda que informalmente.
Mas o que fazer com Mercadante, o homem de confiança de Dilma e desafeto de Lula? Como prêmio de consolação por perder o cargo, ele vai parar no ministério de Educação, substituindo Janine, que tinha ideologia de esquerda, mas era apartidário. Dilma é fiel ao companheiro, não aos estudantes brasileiros.
Quando Janine Ribeiro foi escolhido para o ministério, muitos “intelectuais” vibraram, e alguns tiveram até coragem de sair da toca e assumir que tinham votado em Dilma mesmo. Era a “Pátria Educadora” priorizando o setor fundamental que está em frangalhos. Durou muito pouco.
A politicagem falou mais alto, e mesmo o ministro alinhado ideologicamente não conseguiu se preservar no cargo, pois é preciso realocar Mercadante de alguma forma. Dilma mostra, assim, como valoriza a educação pública brasileira: ela é um encosto para aliados fiéis, um buraco a ser preenchido por quem não consegue se mostrar eficiente na função de articulação política. Era essa a tal “Pátria Educadora” então?
Para o lugar de Mercadante, um homem de Lula, para mostrar logo, sem rodeios, quem manda nessa bagunça toda. O criador cansou de falar por meio da criatura, que andava um tanto ousada e independente, e resolveu acabar com a farra. É preciso sentar mais no colo do PMDB para manter a cabeça no pescoço, diz Lula a Dilma. E deixa que o meu ministro faça isso, pois o seu se mostrou um fracasso total. A única meta é chegar vivo até 2018, e pro inferno o Brasil!
Por fim, vai para a pasta de Jaques Wagner ninguém menos que Aldo Rebelo, o comunista! Qual a pasta mesmo? Ah sim: o ministério de Defesa! Ou seja, teremos um comunista cuidando do setor de defesa dos militares, não é incrível? Algo como colocar uma raposa para tomar conta do galinheiro, ou um “frei” Betto da vida para ser logo o papa de uma vez. Querem acabar com nossa Defesa? Não havia caminho mais fácil.
A capacidade de o PT destruir de vez o país jamais pode ser subestimada. No desespero de se perpetuar no poder, apesar de todo o estrago que já causou, o partido tenta de tudo, sem levar em conta por um só segundo o bem-estar dos brasileiros. Depois dessa “reforma” ministerial, acho que os últimos “intelectuais” que confessavam ter votado em Dilma vão desaparecer de vez…
Dilma 1, o zumbi
Só milagre tira governo do deficit em 2015; conta de Dilma 1 ainda assombra o país
Vinicius Torres Freire - FSP
APENAS MILAGRES vão impedir que as contas do governo terminem no vermelho outra vez. Fora do governo, os interessados já sabiam disso. Pelo menos desde agosto, a previsão é de deficit primário (despesa maior que receita, mesmo desconsiderados gastos com juros).
É o que se depreende do balanço das contas federais, divulgado ontem. Lá se confirma que o rombo não se deve apenas a queda de receita e despesas "estruturais" crescentes (previdenciárias em particular).
Esse outro motivo do rombo deriva do fato de: 1) Dilma Rousseff ter arruinado empresas estatais; 2) Dilma 1 ter maquiado gastos, escondendo despesas que reaparecem agora, muitas delas devidas ao dinheiro gasto para baratear empréstimos a grandes empresas e oligopólios, via BNDES.
Pergunta-se agora se o deficit vai piorar o bastante para degradar ainda mais as expectativas econômicas e a esperança de conter o rombo previsto para 2016 (mesmo se aprovada a CPMF). Isto é, suficiente para provocar nova rodada de tumulto financeiro.
Até agosto, o deficit federal foi de 0,62% do PIB (acumulados os resultados dos últimos 12 meses). A meta oficial para 2015 é de 0,1% do PIB. Mesmo para cumprir a minimeta, serão necessários resultados extraordinários até dezembro.
A receita não pode cair. Mas, nos 12 meses contados até agosto, caiu 6,85%, já descontada a inflação; de janeiro a agosto, caiu 4,76% ante mesmo período do ano anterior.
A despesa tem de cair mais de 2%, mas cresceu 0,7% em 12 meses.
Está difícil.
Muita gente, assim como o governo, ainda conta com receitas extraordinárias previstas, vendas de patrimônio e concessões, que estão por ora penduradas no bico do corvo. Isto é, dada a turumbamba no mercado, será difícil vender parte da Caixa, hidrelétricas e fazer algum outro leilão de concessão.
Deve ser por ainda contar com essa receita extraordinária, que economistas de alguns grandes bancos estimavam ainda na semana passada que o governo federal teria déficit de 0,1% ou 0,2% do PIB, por aí. Como se escreveu mais acima, a conta está por ora em 0,62% do PIB.
Seria um chutão dizer grande coisa sobre 2016 além do fato de que a principal previsão de receita nova para o ano que vem, a CPMF, está com o pé na cova. Confirmado também um deficit grande em 2015, logo teremos ainda mais problemas. Quer dizer, descrédito ainda maior do governo, altas de taxas de juros e dólar, seguidos de rebaixamento formal do crédito.
Quanto ao rombo deste ano, considere-se uma das contas do despautério de Dilma 1. As despesas com subsídios foram de R$ 6,8 bilhões de janeiro a agosto de 2014. Neste mesmo período de 2015, de R$ 20 bilhões. Mesmo na pindaíba, o governo deu mais subsídio?
Não. O governo agora desembolsa dinheiro para "restos a pagar", papagaios indevidos e maquiagens de 2014, cerca de R$ 13,4 bilhões, até agosto. Legal ou ilegal, é uma fraude da opinião pública.
Para terminar, a presidente que tanto amava estatais as arruinou a ponto de o governo ficar sem um naco pedaçudo de seus dividendos. Em relação a 2014, esta receita caiu R$ 12 bilhões, até agosto.
O vexame é infinito. Para dizê-lo de modo gentil.
Reforma ministerial virou emboscada do PMDB
Josias de Souza - UOL

Sem ideia nem projeto que a justifique, exceto barrar o impeachment, a reforma ministerial tornou-se uma emboscada do PMDB na qual Dilma Rousseff caiu. Depois de flertar com a oposição, o PMDB passou as últimas semanas cutucando Dilma com o pé, para ver se ela ainda mordia. Nem rosnou. Com o dedão já inchado de tanto chutar, o PMDB troca gradativamente de plano. Em vez de derrubar o governo, trama ocupá-lo até quando for conveniente. Está prestes a emplacar sete ministros. Entre eles o da cobiçada pasta da Saúde.
Os principais caciques do PMDB declaram publicamente que não têm interesse em indicar ministros. Natural. Preferem controlar a presidente. Dilma luta para consertar o estrago que fez na economia, ao mesmo tempo que tem que cuidar da unidade do PMDB da Câmara, que não quer uma biografia, mas adicionar à cota do partido duas novas boquinhas negociadas pelo neo-líder Leonardo Picciani.
Deve doer na ex-gerentona a ideia de permanecer na Presidência até 2018 como uma rainha obscura numa peça confusa, em que o personagem principal é o Lula e cujo epílogo são as sentenças judiciais que o petrolão renderá para gente como Renan Calheiros, Eduardo Cunha e um interminável etcétera.
Sinais da decadência
Temos capacidade para reverter o processo iniciado em 2012? Perto de nós existem exemplos patéticos de insucesso. Venezuela e Argentina destruíram o que conquistaram

Muitas civilizações e muitos países entraram em processo de decadência irreversível. Foram capturados por uma espiral descendente e não tiveram condições de sair dela. O Egito Antigo e a Grécia são exemplos clássicos. A Espanha de hoje é uma sombra da potência mundial que já foi. O Reino Unido, onde o sol nunca se punha, deixou de ser o que era. Todos foram e deixaram de ser, ainda que com graus variados de fracasso e decadência. Alguns, como o Reino Unido, se adaptaram aos novos tempos. Outros nem tanto, como a Espanha. A Grécia vive do passado.
Esse processo de decadência estaria acontecendo aqui no Brasil? Será que estamos entrando em processo de decadência antes mesmo de termos tido os benefícios do sucesso absoluto? Sem dúvida, sim. O Brasil vive um processo de decadência econômica e social, iniciado em 2012, que pode durar anos e se transformar em tendência irresistível. Os focos de alarme estão na gestão da questão fiscal, na demora em promover ajustes essenciais no arcabouço institucional do país e na completa rendição aos interesses corporativistas de burocratas e de grandes corporações. Há muito digo que o Estado foi sequestrado por interesses específicos e que não consegue resistir a eles.
A outra dúvida que se apresenta: temos ou não capacidade para reverter o processo iniciado em 2012? Perto de nós existem exemplos patéticos de insucesso. Venezuela e Argentina destruíram o que conquistaram de bom. São sociedades em processo acelerado de decadência. O caso argentino é mais grave, quando se pensa no sucesso social e econômico do país no século passado. Foi tudo destruído pelo populismo irresponsável. O pior é que não há reflexão profunda sobre as raízes do fracasso e da decadência. Culpa-se o mundo, culpam-se os fundos abutres e os vizinhos. Nunca a si próprio.
No Brasil, a era Lula entrou na antessala do sucesso, e chegamos a achar que nosso lugar por lá era cativo. Que, finalmente, fazíamos o mundo se curvar à nossa grandeza. A capa da “The Economist” com o Cristo Redentor decolando nos dava a certeza do “agora vai!”. Promovemos uma Copa do Mundo e vamos para as Olimpíadas, responsabilidade que o mundo nos deu acreditando em nossa capacidade. No delírio, chegamos a dar lições de moral à Alemanha de Merkel em 2012, quando Dilma criticou o receituário de austeridade preconizado pela líder alemã.
Agora, para evitar a decadência, temos de ser austeros, pragmáticos e humildes. Não é o que parece que acontecerá. O governo trata da crise fiscal com incompetência. Incapaz de se decidir pelos cortes e de enfrentar a questão de frente junto com a população, busca o déficit primário como disfarce para uma covardia institucional imensa. Pior, tratou da perda do investment grade como se isso não tivesse grande importância. O mundo já está complicado o bastante para que deixemos de fazer o dever de casa da recuperação.
Nossa grave incompetência e nossa covardia institucional podem estar dando início a um longo processo de decadência. A presidente Dilma Rousseff, por conta das indefinições em torno de um possível impeachment, ainda tem tempo para tomar as medidas corajosas de que o país precisa. Ela poderia fazer uma autocrítica séria dos erros de sua gestão e iniciar um processo de recuperação do país e, quem sabe, de seu mandato. Porém, ainda não chegamos ao ponto de deixarmos de ser covardes e mostrar coragem cívica.
As digitais de Cardozo
Radar - VEJA
José Eduardo Cardozo
Cardozo: conspirador, eu?
A primeira tentativa de tirar da AGU a prerrogativa de propor ações de bloqueio de bens contra quem financia o terrorismo foi feita na Câmara, por meio de uma emenda ao projeto da lei antiterrorismo. Alertado pela assessoria parlamentar, Adams ligou para o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e se queixou. O movimento foi abortado.
Agora que o projeto tramita no Senado, nova emenda foi apresentada. A competência de propor ações seria compartilhada entre AGU e MPF, cabendo ao ministro da Justiça arbitrar.
Apesar de o autor da emenda ser o tucano Antonio Anastasia, Adams novamente detectou a ação de Cardozo, em articulação com o procurador-geral da República Rodrigo Janot. Desta vez, ele avisou que está de saída a Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini, que deve assumir a articulação política do governo.
Adams demissionário
Radar - VEJA
Luis Inácio Adams
Adams: trombada com Cardozo
O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, o “decano” da Esplanada, está com a carta de demissão pronta. Ele acusa o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de tê-lo “traído” e “desrespeitado” ao negociar, a sua revelia, uma redução no poder de sua pasta.
O que está em jogo é a transferência, da AGU para o Ministério Público Federal, da atribuição de propor ações de bloqueio de bens contra pessoas ou organizações acusadas de financiar o terrorismo.
Se perder Adams, que ocupa o cargo desde 2009, ainda no governo Lula, e é portanto o mais antigo ministro em exercício, Dilma terá de designar outra pessoa para defendê-la no julgamento das contas de 2014 no TCU, previsto para a próxima semana.
A Rede Sustentabilidade insustentável de Marina Silva não é opção
Lucas Berlanza - IL
redeMuitos já se manifestaram a respeito disso, muitos já apontaram o engodo; no entanto, outros tantos insistem em acreditar no contrário e, conquanto convencidos da desgraça que o Partido dos Trabalhadores representou para o Brasil, querem dar uma chance a um mal muito parecido. Constatar isso me persuadiu a somar forças e repetir o mesmo discurso. A ânsia por transformações, associada aos típicos e intensos arroubos de passionalidade e à exploração quase beatífica da ligação com o falecido Eduardo Campos, quase levou uma boa parcela do povo brasileiro a eleger uma falsa messias salvadora, que em pouco ou nada modificaria as matrizes norteadoras da condução da nossa política atual. Hoje, ela volta a ser vista como uma alternativa válida. No desespero por expulsar o péssimo conhecido, alguns podem ingenuamente substituí-lo pelo péssimo menos conhecido, com a afobação de quem, na realidade, tudo desconhece. Estamos falando, naturalmente, de Marina Silva, e de seu novo partido, oficialmente registrado pelo TSE, o Rede Sustentabilidade.
De “nova política”, como seus simpatizantes gostaram de alardear na eleição passada, a fundadora da Rede, famosa por sua ênfase nas ideias ambientalistas, nada tem. Ela é um notório exemplo de desertor do PT, convertido em rival da poderosa legenda da estrela vermelha, mas de quem a alma petista jamais saiu. Marina é cria da CUT, saiu das abas da trupe de Genoíno, apoia o MST, apoiou o decreto 8.243 (que criava os “conselhos populares”) e, em nome de sua verborragia verde, faz jus ao apelido pejorativo de “melancia”: verde por fora, vermelha por dentro. Ou nem tão por dentro, tão óbvias são suas inclinações! Não se vêem grandes diferenças entre petismo e “marinismo” – exceto talvez por um radicalismo ainda maior do segundo no bombardeio ao agronegócio, setor fundamental em nossa economia. Há outro detalhe: sua identificação com parte do eleitorado evangélico, apesar de, em 2010, ela ter ficado em cima do muro a respeito da descriminalização do aborto, defendendo um plebiscito para definir a questão – o que rendeu críticas pesadas do pastor Silas Malafaia. A imagem política de Marina procura unir uma esquerda bastante intransigente com um falso viés religioso “moralista”, numa síntese pouco palatável.
Reclamando um “novidadismo” que, a bem da verdade, termina por ser mais velho que minha bisavó, alguns caem no conto do vigário de que é preciso escolher uma terceira opção, para além da polaridade nacional entre PT e PSDB, e Marina seria essa terceira opção. Longe estaremos de identificar nos dois maiores partidos brasileiros algo de muito próximo do ideal para os defensores da liberdade. Muito mais longe ainda, porém, ficamos de ver uma porta de saída na primeira autoproclamada ruptura que apareça sem sustentar em que, afinal, suas ideias trazem ares novos. O fenômeno nos dá oportunidade de rever como a retórica de uma via “inédita, diferente de tudo que aí está, em oposição aos velhos e carcomidos sistemas em disputa” já representou um engodo fabuloso nos tempos modernos por diversas vezes. Esse apelo ao “diferente” é o mesmo do discurso dos socialistas nanicos de partidos como PSTU (cujo candidato, Cyro Garcia, usou o horário eleitoral em 2014 para esbravejar estupidamente contra o Estado de Israel), PSOL ou PCO, que não conseguem justificar minimamente em que aspecto suas repetições de conceitos alienantes do século XIX são “renovadoras”.
Notemos, a propósito, o perfil dos primeiros filiados ao novo partido. A Rede, além da mística de sua fundadora, conta com desertores do PT (Alessandro Molon), do PSOL (Heloísa Helena e Randolfe Rodrigues, conhecidas figuras do partido de extrema esquerda) e do PCdoB (encontramos, por exemplo, o deputado federal ponta-grossense Aliel Machado). São figuras provenientes de todas as esferas da esquerda, que aceitam a roupagem aparentemente modernizada e novidadeira que a Rede oferece, estejam fugindo do estigma do regime lulopetista, que entendem (provavelmente, e espero que sim, com razão) esteja nos seus estertores e do qual desejam, portanto, se afastar, estejam apenas considerando interessante abandonar seus partidos de origem por questões políticas ou eleitoreiras. A Rede tem tudo para ser um grande guarda-chuva de esquerdismo e atraso, adaptado em linguagem para seduzir as massas incautas.
Quando a esquerda sofre um duro golpe e uma estratégia ou processo de poder se deteriora, os que fogem do barco se esforçam por fazer algo que os desvincule desse desastre e, sobretudo, permita a manutenção da narrativa. “Eles mandaram mal, mas na verdade eles traíram a esquerda.” “A culpa é do neoliberalismo da Dilma e do Joaquim Levy.” “A saída é ir mais para a esquerda.” Marina Silva, como Aécio (e Fernando Henrique, na verdade), foi profundamente atacada por Dilma e pelo PT na campanha eleitoral. Depois daquele confronto cruento, hibernando por meses – como é característico dela, sabe-se lá em qual dimensão ela permaneça durante esse tempo -, Marina não é capaz de endossar um discurso forte de oposição a esse governo e ao modelo por ele adotado, ao espectro ideológico ao qual ele pertence. Ela nem sequer é capaz de endossar o clamor pelo impeachment.
Marina é um filhote do PT, da mesma espécie. Não é uma alternativa aceitável para enfrentá-lo, ao menos para os defensores legítimos da liberdade – ela, sim, a grande “novidade” de que o Brasil precisa. A história já provou que, se a “nova opção” não faz eco aos pilares mais fundamentais da sã política, ela tem potencial para ser pior que o mal de que já se padece. Não troquemos um tiro na cabeça por um tiro no peito; o resultado é sempre a morte. Busquemos alternativas que nos permitam, pelo menos, continuar respirando.
Patrus Ananias pode ceder o lugar a Hélder Barbalho
“Mão beijada” não é força de expressão. Literalmente, Lula beijou a mão de Jáder quando foi candidato à reeleição
Ricardo Noblat - O Globo
Maldade suprema que Dilma poderá fazer com o PT a poucas horas de fechar a reforma do seu governo: tirar Patrus Ananias do Ministério do Desenvolvimento Agrário para pôr no lugar dele Hélder Barbalho, atual ministro da Pesca.
Patrus é petista de raiz. Seus muitos títulos o tornam um dos políticos mais respeitados em Minas Gerais, seu Estado, e fora dali.
Perde para Hélder em um só quesito: não tem votos no Congresso para impedir um eventual impeachment de Dilma.
Hélder tem dois votos no Congresso: o do pai, o senador Jáder Barbalho (PMDB), e o da mãe, a deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA).
O pai, por sinal, foi o único político que teve a mão beijada por Lula durante um comício em Belém.
“Mão beijada” não é força de expressão. Literalmente, Lula beijou a mão de Jáder quando foi candidato à reeleição.
A trajetória política de Hélder pode ser resumida assim: foi prefeito de Ananindeua com 25 anos. Reelegeu-se. Foi candidato a governador do Pará. Perdeu.
Como seus pais suaram a camisa pela reeleição de Dilma, Hélder acabou premiado com o Ministério da Pesca.
O motivo oficial alegado para a concessão do prêmio: tem muito pescador no Pará.
O motivo que poderá ser oferecido para que Hélder substitua Patrus no Ministério do Desenvolvimento Agrário: o Pará é o Estado com a maior extensão de terra à espera de ser regularizada.
Que tal?
Hélder Barbalho e Jáder Barbalho (Foto: Divulgação)Hélder Barbalho e Jáder Barbalho (Foto: Divulgação)  
Chame o ladrão
Economistas vinculados ao PT sugerem, hoje, políticas que colocaram o país numa situação insustentável
Alexandre Schwartsman - FSP
Flagrado, o larápio esperto apela para o tradicional berro de "Pega ladrão!", na esperança de se safar no meio da confusão, deixando que outro pague pelo seu crime.
A mesma ética exemplar pode ser encontrada na tentativa recente de economistas vinculados ao PT de atribuir as atuais dificuldades enfrentadas pelo país à suposta austeridade fiscal, deixando de lado sua responsabilidade pelas políticas que, ao final das contas, jogaram o país na crise.
Segundo esse pessoal, nada justificaria a reversão da política econômica adotada a partir deste ano. A que eles propõem, portanto, é essencialmente a mesma que guiou o país no primeiro governo Dilma: expansão do gasto, redução na marra da taxa de juros e intervenção pesada do governo no domínio econômico.
Não por acaso, muitos dos autores da atual proposta são os mesmos que manifestaram apoio à reeleição da presidente no ano passado, embora tenham tentado se passar por críticos da política econômica quando a coisa ficou feia.
Aparentemente, inflação superior a 6% ao ano, mesmo com preços reprimidos, não seria motivo de preocupação. Nem, é claro, um deficit externo que superou US$ 100 bilhões no ano passado, e muito menos o virtual desparecimento do superavit primário do setor público, que por muitos anos havia se mantido na casa de 3% do PIB, mas que em 2014 se transformou num deficit (oficial) de 0,6% do PIB –enquanto estimativas de especialistas sugerem que, descontadas as "pedaladas", o número verdadeiro teria se aproximado de 1,5% do PIB.
Da mesma forma o crescimento da dívida pública de quase 10 pontos percentuais entre 2010 e 2014 não mereceria qualquer reparo.
Deixa-se convenientemente de lado o fracasso do crescimento no período, quando o PIB se expandiu a pouco mais de 2% ao ano, atribuído à "crise internacional", muito embora o crescimento mundial tenha se mantido praticamente inalterado (3,6% ao ano) e a relação entre os preços das exportações e importações brasileiras tenha sido simplesmente o mais favorável desde 1978, pelo menos.
A verdade que os punguistas econômicos querem esquecer é que as políticas que defenderam então, e que agora pedem de volta, colocaram o país numa situação insustentável.
Sua manutenção poderia até adiar o encontro com a realidade por mais um ano ou dois, mas apenas à custa do aprofundamento das distorções que se acumularam nos últimos anos: inflação mais alta, dívida em crescimento e déficits externos ainda maiores.
Note-se que isso provavelmente não conseguiria impedir a recessão. De fato, como notado pelos economistas que fazem parte do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos, a recessão se iniciou em meados do ano passado, muito antes de qualquer discussão sobre a possibilidade de alteração da tal Nova Matriz Macroeconômica.
Em particular, o investimento, variável-chave para o crescimento sustentável, vem em queda desde 2013, e acumulava retração de quase 8,5% quando os punguistas louvavam a política em vigor.
O que eles hoje recomendam é exatamente o que nos trouxe à situação lastimável em que estamos. Confesso que, apesar disso, meu lado cruel adoraria tê-los de volta no comando da política econômica. Seria péssimo para o país, mas divertidíssimo vê-los chamando o ladrão quando o caos se instalasse de vez.
O desmonte da CGU
Merval Pereira - O Globo
O “fatiamento” da Controladoria-Geral da União (CGU), anunciado como consequência da reforma ministerial que o governo pretende fazer para tentar garantir sua base de apoio no Congresso em troca de cargos, pode ter uma conseqüência mais grave para a Operação Lava-Jato do que o “fatiamento” dos processos decididos pelo Supremo Tribunal Federal.
Um dos efeitos imediatos mais deletérios da decisão seria a extinção de todos os processos administrativos de responsabilização, que hoje se encontram em adiantado estágio de instrução, instaurados contra as empreiteiras envolvidas no maior caso de corrupção da história brasileira.
Faltaria competência legal ao que sobrar da CGU para aplicação das sanções previstas na Lei anticorrupção e na Lei de licitações, a exemplo da declaração de inidoneidade. Como atualmente a competência para instaurar e julgar os processos administrativos é do ministro da CGU, a extinção do órgão, cujas funções seriam redistribuídas por outros ministérios, especialmente o Gabinete Civil, faria com que tais procedimentos fossem extintos, ou encaminhados à própria PETROBRAS para prosseguimento.
Nesses grandes casos de corrupção, a CGU perderia a competência para avocar processos em curso em outros ministérios, muitos deles sujeitos a interferências de ordem política. A alteração proposta pelo Governo Federal impediria esse tipo de atuação da CGU, que ocorreu em várias ocasiões, levando à decretação de inidoneidade da empreiteira Delta, por exemplo. Cada ministério passaria a ser responsável pela apuração das respectivas irregularidades, o que seria um retrocesso.
Outros efeitos danosos também seriam verificados em algumas das legislações que permitiram profundas alterações na cultura da Administração Pública brasileira, como a Lei de Acesso à Informação. Hoje, por exemplo, a CGU fiscaliza o cumprimento de prazos dos pedidos de informações feitos a qualquer órgão ou entidade do executivo federal, funcionando, inclusive, com instância recursal, quando os demais ministérios não fornecem devidamente as informações ao cidadão ou órgão solicitante.
Com a extinção da estatura ministerial, não seria mais possível esse controle e supervisão. O fim da CGU contraria tudo o que a presidente Dilma disse recentemente na ONU a respeito do combate à corrupção no país, e durante sua campanha, pois sempre citou o ministério como exemplo de como os governos petistas melhoraram uma estrutura que receberam dos governos do PSDB, quando foi criada a Corregedoria-Geral da União, sem status de ministério e sem a abrangência da Controladoria-Geral.
O advento da Lei Anticorrupção é exemplo emblemático da importância da CGU, que pressionou por sua promulgação, e, ao mesmo tempo do pouco caso que a presidente Dilma dá a esse tema na prática. Durante o primeiro mandato de Dilma, o projeto de lei anticorrupção ficou engavetado, inexplicavelmente. Ele foi aprovado por força das manifestações populares em junho de 2013, e não por conta dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil muitos anos antes.
  Mesmo assim, Dilma demorou mais de um ano após a promulgação da Lei para regulamentá-la, o que fez apenas em março de 2015. O anterior ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, saiu em dezembro de 2014 reclamando da falta de iniciativa do Governo quanto à regulamentação da Lei Anticorrupção. Mas, sobretudo, criticou a falta de verbas: “Nós representamos um peso ínfimo no orçamento federal, sobretudo se comparado com o que se evita em desperdício e desvios. Então o que sustento é que é preciso, numa nova fase, no futuro, elevar o nível de investimento nos órgãos de controle e ampliar o sistema de controle", afirmou, para irritação do Palácio do Planalto.
O jurista Fábio Medina Osório defende, ao contrário dos cortes e fatiamentos que o governo pretende, que a CGU se transforme numa agência reguladora independente, com titular detentor de mandato fixo, nomeado com consenso político, valorizando-se as carreiras dos técnicos.
"É necessário fortalecer a cultura das autoridades administrativas independentes, tal como ocorre nos países de cultura anglo-saxã, pois o segmento da probidade empresarial deve ser regulado com viés técnico e autônomo relativamente às instâncias políticas. A CGU já conta com uma cultura técnica e de independência, mas poderia se consolidar como agência reguladora a partir de normatização específica", sugere o jurista, para quem eventual proposta de politização da CGU seria um retrocesso histórico e institucional muito forte.

CGU pode deixar de ser ministério com reforma
Presidente avalia incorporar atribuições da CGU à Casa Civil ou distribuí-las para o Ministério da Justiça e para a futura pasta da Cidadania
VEJA
Fachada do prédio da Controladoria Geral da União (CGU), em BrasíliaFachada do prédio da Controladoria Geral da União (CGU), em Brasília(André Dusek/Estadão Conteúdo)
Além de ampliar a cota do PMDB e reduzir a fatia do PT na chamada reforma administrativa, a presidente Dilma Rousseff avalia tirar da Controladoria-Geral da União o status de ministério e distribuir as funções do órgão para outras pastas, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Se confirmada, a extinção da pasta pode ser uma perda para o país já que a CGU é responsável pelo combate à corrupção no Executivo. Pior: Dilma cogita a incorporação de parte das atividades de controle interno do Executivo pela Casa Civil, tradicionalmente ocupada por um quadro partidário do PT. Desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder, as investigações dos maiores escândalos de corrupção bateram à porta da Casa Civil - inclusive derrubando ministros em série.
Em outra hipótese, a CGU seria fatiada: a Ouvidoria ficaria sob o comando do novo Ministério da Cidadania, ainda em negociação com aliados do governo, e a parte da Corregedoria ficaria com o Ministério da Justiça.
A intenção do Palácio do Planalto de redesenhar a estrutura da CGU foi transmitida na noite de terça-feira pelo ministro Valdir Simão a dirigentes do sindicato de servidores do órgão.
"O ministro confirmou que existe o estudo para um novo desenho da CGU, mas que ainda não foi batido o martelo pela presidente Dilma", disse o presidente do Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle, Rudnei Marques, que participou do encontro.
Em meio à intensificação das negociações em torno da reforma ministerial e administrativa, Simão se reuniu ontem com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, outro cotado para deixar o cargo. O encontro não constava nas respectivas agendas oficiais de ambos até o fim do dia.
O Supremo Tribunal Federal decidiu, na semana passada, abrir um inquérito contra Mercadante para apurar suposto envolvimento em caixa dois durante sua campanha ao governo de São Paulo, em 2010.
Leniência - Na CGU, alguns técnicos argumentam que uma possível redistribuição das atividades da Controladoria poderá abrir brechas a novas interpretações a respeito dos acordos de leniência. A Lei Anticorrupção, que trata sobre o tema, determina expressamente a CGU como órgão competente para celebrar os acordos de colaboração no âmbito do Poder Executivo federal.
A Controladoria tem negociado com algumas empresas envolvidas na Operação Lava Jato, em troca de punições mais brandas, informações a respeito dos desvios e o pagamento dos danos causados à União. Somadas à UTC, comandada por Ricardo Pessoa, apontado como chefe do cartel das construtoras, outras cinco empresas buscaram um acordo de leniência com a CGU até julho deste ano.
Dilma vai piorar a qualidade do seu governo para tentar se salvar
Ricardo Noblat - O Globo
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Quem ganha com a reforma ministerial a ser anunciada pela presidente Dilma Rousseff nesta quinta-feira ou no dia seguinte?
Depende da resposta que você der à outra pergunta. A pergunta: Comparado com quê?
Se comparado com a situação que o governo vive desde janeiro último, ganha o governo e perdem todos os que a ele se opõem.
O governo balança, balança, mas não cai. Com a reforma, deixará de balançar. Ganhará alguns meses – ou semanas, nunca se sabe – de estabilidade.
A crise política esfriará. As atenções se concentrarão na crise econômica. Se o governo reformado não souber enfrenta-la com o mínimo de eficácia, aí, sim, a crise política esquentará outra vez.
Se comparado com a situação atual do PMDB, com a reforma ganha também o partido do vice-presidente Michel Temer. E por mais que Temer finja que nada teve a ver com a reforma, ele também ganha.
O PMDB sempre foi tratado como um aliado incômodo e de segunda classe pelo PT nos últimos 12 anos, por Lula no primeiro governo dele e por Dilma no primeiro governo dela.
Muda de status com a reforma, quer saia dela com seis ou com sete ministérios. Com seis porque passará a controlar o Ministério da Saúde, a joia mais preciosa do governo com o seu orçamento bilionário.
Com sete porque ganhará um ministério a mais do que tem hoje, aí incluído o da Saúde.
Dilma apostou que o PMDB não queria sair do governo, mas entrar mais um pouco – e acertou. Espera, em troca, que ele lhe dê os votos que precisa para não ser derrubada. A conferir mais adiante.
Comparado com a situação que tem hoje, o PT sairá perdendo com a reforma. Antes já sofrera um duro golpe com a conversão de Dilma à receita de Joaquim Levy para combater a crise econômica.
Levy e PT nada têm a ver.
Agora, perde o Ministério da Saúde, ministérios que serão extintos ou fundidos, e importância.
Sempre dirá que a presidente da República é dele. Sabe, porém, que ela se casou com ele por conveniência. Acrescente-se: e separação de corpos.
Comparado com a qualidade até aqui da equipe de ministros de Dilma, tudo indica que o país perderá com a qualidade da próxima. Na melhor das hipóteses, ficará na mesma
Por mendigar apoio, Dilma a soberba, a autossuficiente, a dona da verdade, a chefe centralizadora e desconfiada rendeu-se às pressões de todos os lados e entregou os anéis. Vale tudo para não cair.
Arthur Chioro tinha credenciais para ser Ministro da Saúde. Foi demitido por telefone e cederá o lugar a um sem credenciais do PMDB.
Aloizio Mercadante, da Casa Civil, é da cota pessoal de ministros de Dilma. Por teimar em mantê-lo, Dilma fez de Mercadante o símbolo mais forte de sua autonomia como presidente da República.
A autonomia desmoronou. Se ela não mudar de opinião nas próximas horas, entrará Jaques Wagner na vaga de Mercadante.
E Mercadante será deslocado para o Ministério da Educação, desalojando dali outro ministro da cota pessoal de Dilma.
Ela pensou em despachar o ministro Hélder Barbalho, da Pesca. Advertida por Lula, decidiu mantê-lo porque ele é filho de senador com deputada federal. Só por isso.
Quando estava para perder o mandato, o então presidente Fernando Collor fez uma reforma ambiciosa do seu ministério. Montou um novo governo com nomes de peso de vários partidos.
Não adiantou. Foi cassado.
Dilma espera ter melhor sorte do que ele.
Dilma rainha (Foto: Arte: Antônio Lucena)
Arte: Antônio Lucena