terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Notas para colunas inviáveis 
Mario Sergio Conti - FSP
Ulysses Guimarães afundou no helicóptero de um empresário. Eduardo Campos explodiu num jatinho mutretado. Teori Zavascki caiu no mar com um estalajadeiro de luxo. Aécio Neves rabeou na pista e quase virou outro Mártir da Guerra Alada Contra a Corrupção.
O desejo maior de todo político é não entrar nunca mais num avião de carreira. Aécio ia a São Paulo para um encontro com Fernando Henrique. Como senador, tem direito a passagens. Preferiu o jatinho pago por anônimos. Viajou só, com piloto e copiloto. Voou pouco, mas foi longe.
Juros na contramão
Um dos motivos a tornar a recessão brasileira mais longa e aguda que o habitual é o gargalo do endividamento das empresas e famílias. Sob a pressão dos compromissos financeiros, cortam-se gastos e investimentos, retardando a retomada da economia.
Nesse contexto, uma redução substancial dos juros torna-se ainda mais decisiva para o retorno do crescimento. Tal agenda, contudo, não se limita ao abrandamento da política do Banco Central.
Como se sabe, a taxa fixada pelo BC, a Selic, baliza os juros pagos pela rede bancária aos poupadores e os cobrados dos devedores, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Em princípio, a queda da taxa deve levar todas as demais para baixo; na prática, a transmissão não tem se dado de maneira tão direta.
Com a inflação finalmente sob controle, abriram-se perspectivas favoráveis para o corte acelerado da Selic –que, desde outubro, caiu de 14,25% a 12,25% anuais. Projetam-se 9,5% até o final deste ano; mesmo uma baixa a 8% em 2018 deixou de ser implausível.
As hipóteses mais otimistas pressupõem que a agenda de reformas, sobretudo a previdenciária, continue em marcha. Conta-se ainda com algum ajuste dos orçamentos em todos os níveis de governo.
Para que a economia real de fato se beneficie, porém, é preciso que famílias e empregadores sintam a diferença no custo dos empréstimos e financiamentos. Quanto a isso, sinais de progresso são tênues.
Conforme relatório do BC, os juros cobrados de pessoas físicas e jurídicas –já muito distantes de qualquer padrão civilizado– elevaram-se ainda mais em janeiro. Em operações cotidianas, empresas pagaram taxa média de 28,8% ao ano; consumidores tiveram de arcar com asfixiantes 72,7%.
Tais discrepâncias são antigas. Governo e setor bancário prosseguem debatendo o tema nos termos de sempre: os culpados seriam a elevada inadimplência, a ineficiência na recuperação de garantias e os pesados impostos.
Isso, no entanto, é apenas parte da história. Pouco se fala, por exemplo, da elevada concentração bancária, que facilita comportamento oligopolista.
Pior, mal se avançou numa medida que beneficia de maneira direta os clientes –o cadastro positivo, que permite aos bons pagadores apresentar seu histórico de crédito em qualquer lugar. Os bancos dizem aprovar a ideia, mas parecem temer o compartilhamento de informações exclusivas que detêm.
Há distorções cultivadas ao longo de décadas de juros anômalos. O contraste entre a queda da Selic e a resistência das elevadas taxas cobradas dos consumidores explicita a urgência de corrigi-las.
Serra ajudou a encerrar declínio do Itamaraty, diz pesquisador australiano
Daniel Buarque - UOL
Serra ajudou a restaurar confiança no Itamaraty, diz pesquisador Sean Burges
Ao renunciar ao cargo de ministro das Relações Exteriores, José Serra deixa o Itamaraty com mais confiança do que encontrou a diplomacia brasileira, menos de um ano antes. A avaliação foi feita pelo pesquisador australiano Sean Burges, especialista em diplomacia brasileira.
Segundo Burges, apesar de ter ficado pouco tempo no cargo, Serra conseguiu ''acabar com o declínio do Itamaraty que começou sob Dilma, e restabelecer o Ministério das Relações Exteriores como uma parte importante do processo de política nacional'', disse ao blog Brasilianismo.
Vice-diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos da universidade Australian National, Burges é pesquisador sênior do Council on Hemispheric Affairs e autor do livro recém-lançado ''Brazil in the World: The International Relations of a South American Giant'' (''Brasil no Mundo: As Relações Internacionais de um Gigante Sul-Americano), editado em inglês pela Manchester University Press.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista sobre a saída de Serra.
Brasilianismo – Você acha que Serra deixa alguma marca na diplomacia brasileira depois de se demitir?
Sean Burges –
Para ser justo com Serra, tudo o que era esperado que ele realmente fizesse era acabar com o declínio do Itamaraty que começou sob Dilma, e restabelecer o Ministério das Relações Exteriores como uma parte importante do processo de política nacional. Acho que ele teve algum sucesso nisso, embora obviamente não tenha havido muitos resultados concretos devido à combinação de restrições orçamentárias e a falta de atenção política de Temer devido às investigações Lava Jato.

Imagino que tudo o que Temer queria do Itamaraty era alguém que pudesse manter o Brasil em um trajeto global constante e que evitasse que esta área da política pública se transformasse em um problema. O fato de o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, ter pedido a Serra que o Brasil servisse como uma espécie de árbitro na questão da Venezuela sugere que houve algum sucesso nessa frente.
Brasilianismo – Qual acha que é o impacto de seu curto período como ministro das Relações Exteriores?
Sean Burges –
Serra restaurou uma certa confiança no Ministério das Relações Exteriores. Houve muita reação negativa na academia e nos círculos de análise de políticas sobre algumas decisões de Serra, como rever o status de algumas das missões que foram abertas por Lula, mas acho que essas críticas podem estar equivocadas. As conversas que tive com diplomatas sugerem que isso é uma coisa boa, porque retoma o processo de pensar como a política externa pode ser usada para fazer avançar as prioridades de políticas públicas do Brasil, particularmente na frente do desenvolvimento.

A maior conquista de Serra é, portanto, de lembrar ao resto da Esplanada que o trabalho do Itamaraty é importante e pode contribuir de maneira séria para as agendas externas e às vezes internas de outros ministérios e agências governamentais. Trata-se de uma conquista silenciosa, um pouco subestimada, mas também muito importante para garantir a inserção do Itamaraty no processo mais amplo de políticas públicas.
Brasilianismo – Quando foi nomeado, Serra argumentou contra o uso da ideologia na diplomacia. Já falamos sobre isso, e você disse que era uma questão de retórica, e que o Itamaraty retomaria sua diplomacia profissional. Sua renúncia afetará a diplomacia brasileira?
Sean Burges –
Temer e a maneira pela qual ele foi elevado ao Palácio Planalto são os fatores que causaram a tensão com o eixo bolivariano e significou que qualquer pretensão de continuar uma relação próxima com governantes como Maduro estava fora da mesa de discussão. Ideologia é provavelmente a palavra errada para descrever a abordagem de Serra. Eu, em vez disso, argumentaria que ele tomou uma abordagem de tomada de decisão muito mais aberta e baseada em interesses do que vimos com Lula e Dilma.

Se a ideologia é ou não um fator importante dependerá de quem Temer nomeia como substituto de Serra. Provavelmente, Temer não vai querer o alvoroço público que seria criado por um ideólogo de direita no Itamaraty e eu acho que vamos ver algum tipo de espelhamento da nomeação de Sergio Amaral para Washington.
Brasilianismo – Em entrevista anterior, você mencionou que a nomeação de Serra melhorou o moral dos diplomatas brasileiros. Acha que sua saída pode afetar a equipe do Itamaraty?
Sean Burges –
A incerteza nunca é bem-vinda na burocracia e sempre traz turbulência. Além disso, é realmente difícil dizer que impacto terá. Depende de quem vai substitui-lo. Desde que Temer não deixe o cargo vago por um longo período, tenho certeza que os profissionais de carreira vão se adaptar.

Brasilianismo – Quem você acha que Temer deve nomear como novo ministro das Relações Exteriores?
Sean Burges –
Em vez de sugerir um nome, prefiro apresentar uma lógica para escolher o indivíduo. O alinhamento político não deve ser um fator importante nessa decisão, e historicamente nunca foi um. O uso acertado da política externa pode agregar uma enorme quantidade de assistência a outros ministérios que perseguem as prioridades políticas da presidência.

Em certo sentido, o que eu sugiro que Temer procure é alguém que pode chegar e trabalhar construtivamente em toda a Esplanada para ajudar outros ministérios a aproveitar as oportunidades internacionais e se proteger de ameaças externas.
EUA desconfiam de construção de base chinesa vizinha na África
Andrew Jacobs e Jane Perlez - NYT
Tony Karumba/AFP
Refugiados iemenitas recém-chegados ao campo de refugiados construido pela ONU em DjibutiRefugiados iemenitas recém-chegados ao campo de refugiados construido pela ONU em Djibuti
Os dois países mantêm dezenas de mísseis nucleares intercontinentais apontados para as cidades um do outro. Suas fragatas e caças ocasionalmente se enfrentam nas águas contestadas do Mar do Sul da China. Apesar de não terem uma fronteira comum, China e Estados Unidos em grande parte circundam um ao outro de longe, empregando satélites e ciberespionagem para espiar o funcionamento da máquina de guerra um do outro. Mas os dois rivais estratégicos estão prestes a se tornar vizinhos neste trecho seco de deserto no Leste da África. A China está construindo sua primeira base militar no exterior em Djibuti, a apenas poucos quilômetros de Campo Lemonnier, uma das maiores e mais importantes instalações estrangeiras do Pentágono. Com o aumento das tensões em torno dos esforços da China de construção de ilhas artificiais no Mar do Sul da China, estrategistas americanos temem que uma base naval tão próxima de Campo Lemonnier possa proporcionar um assento de primeira fila para as preparações de operações de contraterrorismo americanas na Península Árabe e no Norte da África. "É como ter um time de futebol adversário usando um campo de treinamento adjacente", disse Gabriel Collins, um especialista em forças armadas chinesas e fundador do portal de análise China SignPost. "Eles podem espiar algumas de suas jogadas. Por outro lado, isso vale para ambos os lados." Além das preocupações de vigilância, as autoridades americanas, citando bilhões de dólares em empréstimos chineses ao governo altamente endividado de Djibuti, se perguntam sobre a durabilidade de longo prazo de uma aliança que serviu bem a Washington em sua luta global contra o extremismo islâmico. Igualmente importante, disseram especialistas, a construção da base é um marco nas ambições de expansão global de Pequim, com implicações potenciais para o predomínio militar de longa data americano. "É um desdobramento estratégico imenso", disse Peter Dutton, professor de estudos estratégicos da Escola de Guerra Naval em Rhode Island, que estudou imagens por satélite da construção. "É uma expansão do poder naval para proteção do comércio e dos interesses regionais da China no Chifre da África", disse Dutton. "Isso é o que fazem as potências expansionistas. A China aprendeu as lições com o Reino Unido de 200 anos atrás."

Argumento a favor do novo porto

As autoridades chinesas minimizaram a importância da base, dizendo que ela fornecerá em grande parte apoio às operações antipirataria, que ajudaram a subjugar a ameaça ao transporte marítimo internacional antes representada pelos piratas somalis. "A instalação de apoio será usada principalmente para fornecer descanso e recuperação para as tropas chinesas que participam das missões de escolta no Golfo de Áden e águas além da Somália, das forças de paz da ONU e de operações de resgate humanitário", disse o ministro da Defesa de Pequim em uma resposta por escrito a perguntas. Além de ter 2.400 tropas nas forças de paz na África, a China tem usado suas embarcações para escoltar mais de 6.000 navios de muitos países pelo Golfo de Áden, disse o ministério. Os militares chineses também tiraram seus cidadãos de locais problemáticos do mundo. Em 2011, os militares retiraram 35 mil da Líbia, assim como 600 do Iêmen em 2015. À medida que a Marinha chinesa assume esses novos papéis longe de casa, seus comandantes tem tido dificuldades para realizar a manutenção das embarcações e reabastecê-las de alimentos e combustível. O capitão Liu Jianzhong, um ex-comissário político de um destróier chinês que navega no Golfo de Áden, disse que a falta de um porto dedicado na região cobra um preço caro às tripulações forçadas a passar longos períodos no mar. "Não desembarcávamos por seis meses e muitos marinheiros apresentavam problemas físicos e psicológicos", ele disse para o site estatal China Military Online. Para isso, a nova base incluirá uma academia de ginástica, disse o ministério. Dutton disse que Pequim provavelmente tentará "acostumar" o mundo utilizando a instalação para fins comerciais quando começar a funcionar neste ano, e então aumentará gradualmente o número e variedade de navios de guerra aportados lá. "Será um posicionamento relativamente incremental de poder naval. Você não verá algo como Yokosuka", ele disse, referindo-se à base da 7ª Frota dos Estados Unidos no Japão. Em suas respostas por escrito, o ministério disse que a China não está se desviando de sua política militar "defensiva" e que a base não indica uma "corrida armamentista ou expansão militar". Uma instalação de prédios baixos construída adjacente a um novo porto comercial de propriedade chinesa, a base de 37 hectares visa abrigar vários milhares de tropas e incluirá estruturas para armazenamento de armas, instalações de reparos de navios e helicópteros, e cinco ancoradouros para navios comerciais e um para militares. Recentemente, no portão da frente da base, operários chineses usando capacetes de construção acenavam para que o repórter que tentava fazer perguntas se afastasse. O Ministério da Defesa da China rejeitou o pedido para uma visita ao local. As autoridades americanas disseram ter sido pegas de surpresa pela decisão de Djibuti, anunciada no ano passado, de concessão por 10 anos das terras aos chineses. Apenas dois anos antes, Susan Rice, a conselheira de segurança nacional do presidente Barack Obama, voou para Djibuti para impedir um acordo semelhante com a Rússia. Logo depois, a Casa Branca anunciou uma renovação por 20 anos de sua concessão, que dobrava os pagamentos anuais pelo Campo Lemonnier, para US$ 63 milhões, assim como um plano para investir mais de US$ 1 bilhão na atualização da instalação.

Influência financeira

Em entrevistas, as autoridades djibutienses expressaram pouca preocupação com o fato de dois adversários estratégicos compartilharem espaço em um país do tamanho do Estado americano de Nova Jersey.
Ajuda o fato de os chineses estarem pagando US$ 20 milhões por ano pela concessão, além dos bilhões que eles gastam no financiamento de obras fundamentais de infraestrutura, incluindo portos e aeroportos, uma nova linha férrea e uma aqueduto que trará água potável desesperadamente necessária da vizinha Etiópia. Os críticos dizem que o aumento de empréstimos, que chegam a 60% do produto interno bruto do país, aumenta a preocupação com a influência da China sobre Djibuti caso este não consiga fazer os pagamentos de sua dívida. "Tamanho crédito generoso é por si só uma forma de controle", disse Mohamed Daoud Chehem, um proeminente crítico do governo. "Não sabemos quais são realmente as intenções da China." Mas nas ruas de terra e esburacadas da cidade de Djibuti, a maioria das pessoas está feliz em ver a China se juntar ao clube de meia dúzia de forças armadas estrangeiras com presença aqui, entre elas as do Japão, Itália e Reino Unido. Também há um grande contingente de soldados franceses que permaneceu aqui após 1977, quando a colônia antes conhecida como Somália Francesa ganhou sua independência. Abdirahman M. Ahmed, que dirige a Djibuti Verde Internacional, um empreendimento ambiental social, disse que muitas pessoas veem os militares estrangeiros como uma força estabilizadora, dado o tamanho diminuto do país, sua falta de recursos e ameaças potenciais de vizinhos como Etiópia, Somália e Eritreia, onde sentimentos expansionistas continuam fervilhando. "Não vemos nenhum problema em termos os chineses aqui", ele disse. "Eles proporcionam receita e ajudam a exercer um papel de dissuasão àqueles que adorariam anexar o Djibuti." A abundância de tropas estrangeiras, alguns dizem, também serve como baluarte contra a violência jihadista que desestabilizou outros países da região.
O Djibuti, cuja população de 900 mil habitantes abraça uma forma moderada do Islã sunita, não foi totalmente poupado: em 2014, um duplo atentado a bomba suicida em um restaurante do centro, popular entre estrangeiros, matou um cidadão turco e feriu 11 pessoas.
O Shabab, o grupo militante com base na Somália, reivindicou posteriormente a responsabilidade, dizendo que o ataque foi motivado pela presença de tantas tropas ocidentais no Djibuti. Para estrategistas militares americanos, as implicações de segurança da base chinesa ainda não são claras, apesar de que em termos práticos, muitos especialistas dizerem que a ameaça militar é mínima. "Um porto como esse não é muito defensável contra um ataque", disse Philip C. Saunders, diretor do Centro para o Estudo de Assuntos Militares Chineses, da Universidade de Defesa Nacional, referindo-se à operação chinesa. "Ela não duraria muito em uma guerra."
Tradutor: George El Khouri Andolfato
Falcão: ‘É hora libertar Vaccari, Dirceu e Palocci’
Josias de Souza - UOL
Em texto veiculado nesta segunda-feira (27), o presidente do PT, Rui Falcão, classificou de “memorável” o depacho do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, que colocou em liberdade o ex-goleiro Bruno, acusado de participar da morte da ex-amante Eliza Samúdio. Falcão cobrou tratamento isonômico para José Dirceu, Antonio Palocci e João Vaccari, os presos petistas da Lava Jato.
Para o dirigente petista, a soltura do ex-goleiro do Flamengo “deveria levar a uma revisão geral nas decisões recentes da Suprema Corte nos requerimentos de habeas corpus sistematicamente denegados.” Falcão reproduziu, entre aspas, um trecho da decisão de Marco Aurélio: “A esta altura, sem culpa formada”, anotara o ministro em seu desapcho, “o paciente [Bruno] está preso há 6 anos e 7 meses. Nada, absolutamente nada, justifica tal fato. A complexidade do processo pode conduzir ao atraso na apreciação da apelação, mas jamais à projeção, no tempo, de custódia que se tem com a natureza de provisória.”
Os argumentos de Marco Aurélio deveriam ser estendidos pelo Supremo aos processos da Lava Jato, defendeu Rui Falcão. “Afinal, por que manter presos João Vaccari, José Dirceu e Antônio Palocci – e há outros em situação semelhante — contra os quais só existem delações e nenhum prova consistente?”, indagou o grão-petista. “É hora de cessar a parcialidade nos julgamentos, dar um fim à perseguição política promovida por certos juízes e procuradores e libertar Vaccari, Dirceu e Palocci.”
Em março de 2015, nas pegadas do Carnaval daquele ano, sob a presidência do mesmo Rui Falcão, o PT federal divulgara um manifesto de conteúdo humorístico. Redigido sob a supervisão de Lula, o texto dizia a certa altura: “Como já reiteramos em outras ocasiões, somos a favor de investigar os fatos com o maior rigor e de punir corruptos e corruptores. […] E, caso qualquer filiado do PT seja condenado em virtude de eventuais falcatruas, será excluído de nossas fileiras.”
Era como se o partido desejasse dar um banho de gargalhada no país. A última vez que o PT havia se declarado a favor de apurações rigorosas fora antes do julgamento do mensalão. Sentenciada, sua cúpula passara uma temporada enjaulada na Papuda. E nada de expulsão. Ao contrário. Os condenados sempre foram cultuados nos encontros partidários como “guerreiros do povo brasileiro”.
Agora, em plena folia de 2017, Rui Falcão rasga em definitivo a fantasia. José Dirceu, que já carregava sobre os ombros a condenação de 7 anos e 11 meses de cana amealhada no julgamento do mensalão, adicionou ao seu protuário uma sentença de 23 anos e 3 meses de prisão por envolvimento na roubalheira do petrolão. João Vaccari já coleciona duas condenações de sérgio Moro. Juntas, somam 24 anos e 4 meses de prisão. Palocci está na fila.
Ao defender a libertação da banda presidiária do petismo, Rui Falcão carnavaliza de vez o PT, condenando o partido a uma Quarta-Feira de Cinzas perpétua.
A bright red warning light
 Maj. Gen. (res.) Yoav Gallant - Israel Hayom
The state comptroller's report on Operation Protective Edge is due out shortly, and the widely held assessment is that it will determine that the events of the summer of 2014 stemmed from underestimating the enemy, from the IDF's ongoing lack of preparedness under then-Chief of Staff Lt. Gen. Benny Gantz, and from oversight negligence on the part of then-Defense Minister Moshe Ya'alon. The soldiers and the commanders on the battlefield operated well, with courage and determination. The defense minister and the upper echelons of the military failed.
In Operation Protective Edge, which was later dubbed a "war" to justify its problematic results, there were two sides with a force discrepancy of at least 1,000:1. The IDF, an experienced and equipped army, vs. the Hamas militia, which had dug underground and was outfitted with mostly primitive weaponry. The serious military failure and the disproportionate ratio of forces that led to a partial achievement only are helpful to those who wish to obscure it. We must learn the true lessons of the operation to prepare for the challenges of the future against enemies that are many times stronger and more steadfast.
The IDF is an army that has simultaneously defeated multiple enemies in the wars that Israel has fought. The army was surprised by the massive Egyptian enlistment in the Yom Kippur War, but, in the space of three weeks, turned the tables around, and the war ended, as we know, 101 kilometers (63 miles) outside Cairo, not Tel Aviv.
The Gaza test was a simple and relatively easy challenge compared to those that await us. The bar for Protective Edge was low, and yet we barely cleared it. The enemies around us are asking what will happen when the bar is raised to a realistic height in a real war against stronger enemy forces. They might calculate their steps based on their memory of this failed fight. A limited battle like Protective Edge is supposed to be short and effective, not costly in terms of wounded or resources. But it turned out to be long, unsuccessful, and very costly by any standard.
The former defense minister and chief of staff probably knew about the tunnels beforehand. Every Israeli knows they knew. Photos from inside the tunnels covered the news pages. Nothing was done to prepare for the threat. No equipment was acquired, no battle tactics devised, no plans were drawn up, and no forces were appropriately trained. The role of the army is to prepare and equip itself, and the role of the defense minister is to oversee and decide on priorities. They have an obligation to put together options and present them to the cabinet ahead of time and when they are ordered to. The prime minister and the cabinet start the battle from the point at which chief of staff and the defense minister make it known to them which plans need to be prepared, which forces should be trained, and which weapons must be acquired.
As a result of the faulty preparation process by Gantz and Ya'alon, the cabinet was presented with only two options: one of "almost nothing" and the other "almost everything." The first option entailed little accomplishment and the second carried a high price. It's not hard to understand why the cabinet went with the first option. The war against the tunnels was improvised because of faulty preparation to confront a known threat. Improvisation is costly.
Israel entrusts its chief of staff and defense minister with what is most precious to it -- the tens of thousands of young men and women who enlist in the IDF each year. It puts over 70 billion shekels ($20 billion) a year at their disposal, as well as extensive authority over very important matters. The vast resources are placed in their hands with a clear purpose in mind: to secure the country, preserve its sovereignty, and protect its residents.
Over the years, hundreds of thousands of soldiers and officers have worked to prepare for much worse scenarios than the war of the summer of 2014. Sophisticated aircraft, modern warships, and surface weaponry are acquired first and foremost as a response to much weightier threats than the one Hamas poses.
The period of wars in our region is not over, and the battle clock has not stopped.
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It would be appropriate for this war to serve as a warning light for the ones to come. If we want to stay alive, we must learn some real lessons from it. We must not see the results of the operation as an achievement, and woe betide us if we instruct the generations of combat soldiers to come based on our "success."
The soldiers' courageous spirit is a vital, precious asset in any battle. This time, too, they are worthy of praise. But even the best soldiers need talented, brave, and deserving leadership, and this was not the case during Protective Edge. Ya'alon and Gantz failed.

BOCA NERVOSA - LUIS 51 (LULA?)


Delator da Odebrecht e manicure que furtou fralda têm penas semelhantes
 SAO PAULO, SP, BRASIL. 19.06.2015. Executivos e empresarios detidos, ao serem conduzidos da sede da Policia Federal em Sao Paulo para o aeroporto rumo a Curitiba. Alexandrino Alencar ao entrar na van. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress, PODER). ***EXCLUSIVO***
Alexandrino Alencar, ex-diretor da Odebrecht que já foi condenado na Operação Lava Jato -Moacir Lopes Júnior/Folhapress
A única coisa que Alexandrino de Alencar, ex-diretor da Odebrecht Infraestrutura, e Keli Gomes da Silva, analfabeta e manicure, têm em comum é o tempo de sentença: sete anos e meio.
Ela, por furtar quatro pacotes de fralda de um supermercado na Brasilândia, periferia de São Paulo. Prejuízo de algo como R$ 150.
Ele, um dos 77 executivos da empreiteira que fechou acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, por participar de esquema de corrupção na Petrobras. Pagamento de propina, apenas no Brasil, de R$ 1,9 bilhão, segundo confessou a própria empresa –valor 12,6 milhões de vezes maior que as fraldas levadas por Keli.
Romeia Pereira da Silva foi condenada a 34 anos de prisão por receptação –crime de adquirir ou ocultar produto de origem ilícita– por causa de nove toca-discos, encontrados em sua loja, chamada "Sucauto".
Está presa há cerca de oito anos, cinco e meio a mais do que cumprirá em regime fechado Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira homônima que também fechou acordo de colaboração premiada na Lava Jato.
A similaridade na condenação, apesar da disparidade dos crimes, pode ser explicada por diversos fatores, afirma a juíza e pesquisadora Fernanda Afonso de Almeida, que tratou das diferenças de condenação entre os chamados "crimes de colarinho branco" e os delitos patrimoniais –como roubo e furto– em sua dissertação de mestrado na Faculdade de Direito da USP, em 2012.
"Existe, por exemplo, uma distinção de tratamento das próprias leis, com elementos como a 'extinguibilidade' da pena no caso de sonegação fiscal para aqueles que devolvem o recurso", afirma ela. "No caso do furto, mesmo que a pessoa devolva o objeto, a pena permanece."
A juíza afirma ainda que há uma razão social na diferença de condenações de crimes tipicamente associados às classes altas, como a corrupção, e às classes baixas, como o roubo.
O professor de direito da USP Mauricio Dieter endossa a afirmação. "Da perspectiva social, é claro que um pessoa como a Romeia vai receber uma pena mais alta, por uma série de questões", diz ele.
"No caso dela, não tem acesso à melhor defesa, enquanto aquele que comete o crime de colarinho branco normalmente tem acesso às melhores defesas, vai às audiências de terno e gravata, os filhos estudam na mesma escola que o juiz."
Para Dieter, no entanto, essa diferença não é necessariamente ruim. "Às vezes, se o rico tem um tratamento justo, eu consigo articular isso a favor dos pobres", afirma ele. "O que não se pode fazer é querer socializar a injustiça."
DELAÇÃO
No caso dos executivos da Odebrecht, há ainda o fator da colaboração premiada, que reduz a pena.
Apesar disso, os delatores da empreiteira serão os que cumprirão maior tempo atrás das grades –a sentença total de Marcelo Odebrecht é de dez anos, divididos igualmente entre regime fechado, domiciliar fechado, semiaberto e aberto.
Já Alexandrino e Benedicto Junior, ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht, ambos condenados a sete anos e meio, já devem começar em regime domiciliar fechado. Keli, a manicure, passou um ano em regime fechado e hoje cumpre pena no semiaberto –no início de 2017, teve a pena reduzida em um ano após apelação.
Os antecedentes criminais e o tipo de crime também podem influir na pena de casos como o dela, que era reincidente em furto. A pena base no caso de roubo impróprio é de quatro anos.
Almeida defende uma reforma no Código Penal para que se acertem as diferenças, como por exemplo a extensão da extinção da pena para casos de furto em que o objeto é devolvido. "Além disso, os crimes contra o patrimônio são supervalorizados, e os de colarinho branco não fazem parte dele, estão em leis esparsas", afirma.

“ Death smiles upon us all. All a man can do is smile back. ” —   Marcus Aurelius

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e atividades ao ar livre
Henryk Siemiradzki (1843-1902) - The Sword Dance (1881)

MILES DAVIS - FLAMENCO SKETCHES


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On The River by Philip Hermogenes Calderon (1833-1898)
“I think we all crave for company. Birds fly together in flocks, wolves hunt together in packs, sheep moves together in herds, and the stars shine together in constellations. I think we’re at our fullest with life and feel the most alive when we have someone to experience and share it with together."thaiql 
 Imagem relacionada
Buongiorno a tutti voi amici!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017


Tomy.  Eu adoro esse cachorro!
A imagem pode conter: cachorro
I love Shih Tzus!
Anti-Semitism rises in France  
Boaz Bismuth- Israel Hayom
The reason for the grave encounter between a group of young Muslims and two Jewish brothers donning kippot in Bondy, a suburb of Paris with a large Muslim population, is still unclear. The French police are conducting an investigation, though the brothers' father has no doubt that it was an anti-Semitic attack. The incident in Bondy has raised once again the issue of anti-Semitism in France, a major component of the republic's ills that has risen to the surface ahead of the presidential elections in May.
During an annual meal hosted by CRIF, the umbrella organization representing French Jewry, it was reported that there had been a decrease in anti-Semitic incidents in France in 2016. However, the numerical drop is not reflected in the feelings of French Jews, who sense threats from all possible directions: The extreme Right and National Front activists, who represent the classic anti-Semitism that has always existed in France; the left-wing and Green Party radicals who blindly and unilaterally support the Palestinian narrative; and the Muslim activists in France who take advantage of the conflict in the Middle East to work out their frustrations and to advance themselves and their community.
Bondy Mayor Sylvine Thomassin (of the Socialist Party), who is trying to find her way into the hearts of local Muslim residents, declared in July that she supports labeling Israeli products from the settlements. In doing so, perhaps she managed to please her Muslim constituents, but she also harmed the Jewish residents who still live there. Thomassin's interference only contributed to importing the Israeli-Palestinian conflict to her district, despite the fact that this goes against Elysee policy, which seeks stability and calm in the suburbs. This is an issue that France must take seriously: You cannot, on the one hand, carry out pro-Palestinian policy, and on the other hand, be surprised by the polarization between the Muslim and Jewish populations in France.
Another concerning point is the rise in popularity in France of new Muslim cultural heroes, who receive widespread coverage in the media. Online, they allow themselves to lash out -- something that do not do in official media appearances. The problem is that one completes the other: They create an impression of "respectability" via "official" appearances, and then they spit venom online. This was the case with French writer Mehdi Meklat, 24, who was suddenly revealed to be an anti-Semite, a homophobe, a misogynist and a supporter of terrorism.
On Thursday, Meklat was hosted by public television channel France 5 to speak about his new book, "Minute." Viewers traced the Twitter account of this media phenomenon and discovered that he has a parallel account under the name "Marcelin Deschamps." His tweets would have done the Europe of the 1930s and 1940s proud, and they sparked a firestorm. The upside is that he was forced to leave France temporarily until things calm down. But the downside is that he will return, and he represents France's new cultural heroes.
Kakay aposta contra Moro
O Antagonista
Em relação ao foro privilegiado, o advogado Kakay disse a Andreza Matais que “Do ponto de vista da defesa, eles (os políticos) se beneficiariam, pois teriam direito a julgamento em mais de uma instância, e não em instância única”.
O advogado Kakay aposta que a vagarosidade da Justiça brasileira será eterna.
O advogado Kakay aposta contra o exemplo de Sérgio Moro, Marcelo Bretas e Wallisney Oliveira.
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Como esse cachorrinho é bonitinho!
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Henrique Meirelles deu ultimato para que bancos reduzam juros
Tem limite
Gabriel Mascarenhas - VEJA
O ministro da Fazenda Henrique Meirelles - 20/12/2016O ministro da Fazenda Henrique Meirelles - 20/12/2016 (Rodolfo Buhrer/Reuters)
A paciência de Henrique Meirelles com os bancos que resistem a reduzir juros acabará em dois meses, no máximo. Se entre 40 e 60 dias não houver um movimento de queda das taxas, o governo agirá.
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Peek a boo
Na origem da festa, desfilava o carrus navalis
O carnaval brasileiro deve muito à Família Real portuguesa. O povo adorava a monarquia e homenageava tanto os deuses pagãos, como rainhas e princesas
Deonísio da Silva - Blog do Augusto NunesDesfile da escola de samba Vai-Vai, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo (SP) - 26/02/2017
A Igreja pôs-se a organizar todas as festas pagãs, no século IV. O Carnaval foi uma das festas deslocadas. Realizado entre 17 e 23 de Dezembro, veio a ter lugar à entrada da quaresma, separado da festa do deus Solis Invictus, o Sol Invicto, que por sua vez foi substituída pelo Natal.
Os festejos eram realizados à entrada da quaresma e em algumas culturas, como na luso-brasileira, tiveram originalmente a variante de entrudo, do latim introitus, entrada. Isto é, entrada da quaresma.
No primeiro Carnaval autorizado pelo Papa, proliferaram as alegorias, as comparações, as corridas de corcundas e de anões, os atos de jogar farinha e ovos uns nos outros etc., que perduraram por séculos!
A sátira também teve seu lugar. Rainhas, princesas e outras autoridades eram representadas por célebres beldades, como as prostitutas mais conhecidas e devidamente disfarçadas no meio de mulheres virtuosas, sem excluir os bobos da corte, também misturados a outros bobos, tratados como reis nos desfiles.
O Brasil faz o maior carnaval do mundo, e o Carnaval do Rio de Janeiro é anunciado como o maior espetáculo da Terra. Vemos também algumas influências do carnaval italiano de Veneza, principalmente com os seus bailes de máscaras, que escondiam a identidade das pessoas, que assim podiam ser o que quisessem.
Não podemos esquecer que pessoa veio do latim persona e quer dizer justamente máscara.
O carnaval brasileiro deve muito à Família Real portuguesa que para cá veio em 1808. O povo adorava a monarquia e nos desfiles homenageava tanto os deuses pagãos, incluindo o rei Momo, como rainhas e princesas, misturando-os a divindades de diversas culturas.
A grande marca do carnaval é a inclusão social. Só fica de fora quem quiser. Todos estão convidados a festejar. Durante três dias (que no Brasil são cinco, pois as festas vão de sexta a Quarta-feira de Cinzas), o rico e o pobre, patrões e empregados, feios e bonitos, todos comportam-se como se fossem iguais.
Os meses que antecedem o Carnaval são de dieta para milhares de pessoas. Inverte-se o preceito: a abstinência precede o Carnaval! As lipos também.
Na Quarta-feira de Cinzas, volta a realidade, que somente será abolida no próximo Carnaval.
Nome conservador alternativo e Marina disputam terceira via 
IGOR GIELOW - FSP
A equação para 2018 tem alguns candidatos a terceira via. No campo à direita, o vácuo de lideranças viáveis deu espaço ao crescimento do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que vem cravando por volta de 10% em intenções de voto.
Há, contudo, uma certa unanimidade em apontá-lo como sintoma temporário, fadado a seus limites.
"Não me surpreende o desempenho do Bolsonaro. Desde 2013, há um crescimento da simpatia à direita no eleitorado", afirma o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.
Naquele ano, uma pesquisa já apontava que 48% do eleitorado tinha simpatias conservadoras. "Foi uma decorrência da decepção com os governos do PT, e prevejo uma votação inédita nesse campo", diz. Hoje, Bolsonaro se sobressai, mas nomes menos heterodoxos podem ocupar esse espaço.
"O campo mais tradicional precisa unificar sua candidatura até o fim do ano", afirma Luiz Felipe D´Avila.
E há Marina Silva (Rede). A ex-senadora e ex-ministra ficou muito abalada com os ataques sofridos na campanha de 2014, e sua inapetência para o embate desencoraja simpatizantes. "Ela precisa se decidir se quer liderar um movimento ou ser presidente. Ela poderia ser um símbolo, como Nelson Mandela, desde que tivesse uma equipe e articulação política", diz Giannetti.
Outro problema é a falta de capilaridade da Rede, quase um não-partido. A associação ao PSB, pelo qual Marina foi candidata, parece ser a saída, restando saber se o partido que ocupa a vice de Alckmin em São Paulo não tem outros planos.
Há também a hipótese Joaquim Barbosa na sua chapa. O ex-presidente do Supremo, algoz do PT no julgamento do mensalão, seria um ativo e tanto em tempos de Lava Jato, assim como a atual ocupante da chefia Judiciário, Cármen Lúcia.
Barbosa já foi procurado por emissários de Marina, assim como por tucanos e pelo PSB, mas mantém-se fechado em copas.
Honra ao demérito
Mais que demitir, é preciso não admitir
Dora Kramer - Blog do Augusto Nunes
Presidente Michel Temer em reunião no Palácio do PlanaltoO presidente do Brasil Michel Temer no anúncio da liberação de milho dos estoques governamentais para venda a criadores e agroindústrias de pequeno porte do nordeste, em Brasília, DF - 15/02/2017 (Beto Barata/PR) 
Moreira Franco é ministro, Alexandre de Moraes está assegurado no Supremo Tribunal Federal, Antonio Cláudio Mariz, crítico da Lava Jato, foi por isso preterido na lista dos preferidos ao Ministério da Justiça. Em boa hora, diga-se. Nessa toada, o presidente Michel Temer assegurou que denunciados serão afastados e os réus demitidos do governo.
Com isso, pela ótica do Palácio do Planalto os flancos abertos por passos em falso na política foram fechados e a situação administrada. Na visão do público, cuja opinião é crucial, contudo, nada está resolvido. Disso dão notícia quaisquer conversas entre pessoas comuns sobre os inúmeros inquéritos, citações e processos envolvendo o grupo do presidente. Turma, diga-se, da pesada.
É com ela e em nome dela que Michel Temer tem transitado da posição de preferido para dar um jeito no país à condição de preterido na lista dos políticos mais bem aceitos pela sociedade.
Seus índices de popularidade caem na proporção inversa dos sinais de reorganização da economia. Dado irrelevante, caso essa queda não se relacionasse aos erros do governo no campo dos bons costumes e sim aos acertos decorrentes de medidas rigorosas tomadas no intuito de recolocar o Brasil no rumo certo.
Temer não é candidato em 2018, mas seu partido (PMDB) é candidatíssimo a sentar no banco do carona do PSDB. Não irão a lugar algum sem levar em conta o julgamento moral do público, no qual se inclui a irritabilidade com a mentira e com o abuso do discernimento alheio. Instrumentos dos quais Planalto e adjacências têm feito uso – se me permitem a repetição – abusivo.
O anúncio da decisão presidencial de impor critério à permanência (ou não) de ministros nos respectivos cargos encerra lição mais eloquente que a aula de fisiologismo explícito dada pelo ministro Eliseu Padilha sobre a utilidade do balcão de votos como método para a escolha de ministros.
“Normal”, diz Padilha para espanto de quem esperava do governo outro tipo de eficiência – aquele firmado no preceito de honra ao mérito -, uma vez que os atuais inquilinos no poder substituíram seus antecessores alegando, entre outros motivos, a prática sistemática da concessão de honra ao demérito. Já Temer em seu pronunciamento foi além: consignou a licença para transgredir.
Sem denúncia ou pronúncia de sentença, agentes públicos são imunes ao julgamento moral daqueles a quem devem servir. O presidente inverte conceitos, usando a presunção da inocência em prol da suposição de livre indecência. Por essa régua, os nomeados podem tudo, menos ser pegos, quando o correto seria não os admitir a fim de que não fosse necessário demiti-los.
Com essa e várias outras, Temer contratou um volta às ruas marcado para depois de o Carnaval chegar.
Serra tem pressa para voltar ao Congresso
Serra voltará ao Congresso na condição invejável de líder absoluto de todos os rankings
Ricardo Noblat - O Globo
Se dependesse dele, José Serra teria reassumido o mandato de senador pelo PSDB de São Paulo no dia seguinte à sua saída do cargo de ministro das Relações Exteriores. Mas o Sernado, como a Câmara dos Deputados, fechou para brincar o carnaval. É possível que reabra nesta quinta-feira - a conferir.
Serra voltará ao Congresso na condição invejável de líder absoluto de todos os rankings, em todos os cortes possíveis, nos anos legislastivos de 2015 e 2016. A saber:
* Líder de leis/normas jurídicas aprovadas: 6 ;
* Líder de proposições aprovadas no Senado : 12 . O segundo colocado é o senador Marcelo Crivela, atual prefeito do Rio, com 6;
* Líder de proposições aprovadas na Câmara: 4;
Serra tinha nove viagens marcadas para o exterior somente neste ano como Ministro das Relações Exteriores.
Os médicos o aconselharam a não fazê-las por causa de um problema na coluna. Daí a renúncia ao cargo.
Edilson Dantas (Foto: Agência O Globo)Senador José Serra (PSDB-SP) (Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo)
Doria quer parceria com Minha Casa, Minha Vida para reformar abrigos para moradores de rua
Painel - FSP
Jogo casado O governo federal estuda fazer uma adaptação no Minha Casa, Minha Vida para impulsionar um dos próximos carros-chefes da gestão de João Doria em São Paulo. O prefeito pediu ao também tucano Bruno Araújo, ministro das Cidades, que avalie a possibilidade de investir recursos do programa na reforma de cortiços e de abrigos para moradores de rua. Técnicos da pasta, que veem a ideia com bons olhos, agora estudam se há necessidade de mudar a legislação para atender o pleito.
Onipresença Apesar de não ter participação direta do governo paulista, a equipe de Geraldo Alckmin também acompanha as tratativas.
Troco Alckmin, que trabalha por projeção nacional para se cacifar como candidato à Presidência em 2018, tem conversado também com o governo do DF sobre o empréstimo de bombas de combate à seca, já compartilhadas com Estados do Nordeste.
Aqui se paga Alckmin usará o empréstimo do equipamento à Paraíba para fazer um giro pelo Estado. Cidades que sofrem com a seca, como Campina Grande, estão no roteiro do governador tucano. Ele já visitou Pernambuco com o mesmo pretexto.
Escudo Em meio a pedidos de selfies na primeira noite de desfiles, na sexta-feira (24), João Doria foi provocado pela coluna sobre a possibilidade de disputar a Presidência em 2018. “Não embarco nessa”, respondeu.
Esse cara não sou eu Em seguida, emendou: “Meu candidato a presidente está ali, ó”, disse, apontando para Alckmin, padrinho político.
Barriga vazia Até secretários de Doria admitiam que o corte de gastos com o camarote da prefeitura no Anhembi “tirou o brilho do Carnaval”. “Mas, infelizmente, era necessário”, lamentava um auxiliar próximo do prefeito.
Sem cinzas Já na noite de quarta-feira (1º), João Doria vai receber sindicalistas para discutir o desemprego na cidade. O clima, apesar da data, não deve ser de festa.
Dois já é demais Peemedebistas próximos de Michel Temer não querem nem ouvir falar na possibilidade de um nome de fora do partido assumir a Casa Civil, caso Eliseu Padilha não retome o cargo depois da licença médica.
Me dê motivo Sem a articulação política, nas mãos do PSDB, dirigentes do PMDB dizem que Temer vai “abrir mão do governo” se deixar também a articulação dos projetos prioritários nas mãos de alguém de fora de seu círculo mais próximo.
Blackout José Yunes informou às autoridades que já não tem registros das câmeras de segurança de seu escritório que gravaram o momento da retirada do pacote deixado pelo doleiro Lúcio Funaro em setembro de 2014.
Prazo de validade Os registros das imagens, afirma o advogado e amigo do presidente, ficam armazenados no sistema por um período de apenas seis meses.
Tempos muito esquisitos
Temer também é obrigado a enfrentar a desconfiança de que suas escolhas não dizem respeito aos interesses do País
OESP
Presidente Michel Temer em reunião no Palácio do PlanaltoPresidente Michel Temer durante reunião no Palácio do Planalto em Brasília, DF - 03/02/2017 (Adriano Machado/Reuters)

O País vive tempos muito esquisitos. Um simples e curial ato de governo, como por exemplo a nomeação de um ministro, dá azo a todo tipo de especulação – que mesmo sendo elucubrações desligadas da realidade encontram guarida em notas de jornais e comentários de rádio e televisão – a respeito dos “reais motivos” por trás da decisão. Não só isso: esse mesmo ato, por mais banal que seja, parece hoje capaz de desencadear as mais destemperadas reações não apenas da oposição – de quem, de todo modo, nem se espera mesmo muito equilíbrio –, mas principalmente da base governista, em especial dentro do próprio partido do presidente Michel Temer, o PMDB, cujo papel essencial deveria ser não causar problemas ao governo.
É o que se vê agora, mais uma vez, com a escolha do deputado Osmar Serraglio, do PMDB paranaense, para o Ministério da Justiça. Nem bem seu nome foi anunciado e o vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho, do PMDB mineiro, informou que está “rompendo com o governo” e que vai “colocar toda a bancada de Minas para romper também”. Tudo porque o deputado Ramalho esperava emplacar um peemedebista conterrâneo seu no Ministério da Justiça.
“Se Minas Gerais não tem ninguém capacitado para ser ministro, não devemos apoiar esse governo”, vociferou o deputado Ramalho. “Vou trabalhar no plenário contra o governo, para derrotar o governo em tudo. A vice-presidência da Câmara vai ser um ponto de apoio aos que não estão contentes com o governo.”
O deputado Ramalho – que nisso nem de longe está sozinho – é daqueles que só apoiam o governo caso este, em contrapartida, lhes ofereça cargos e prebendas. Antigamente, parlamentares dessa categoria ainda se preocupavam em manter as aparências e esconder sua natureza fisiológica pelo menos no discurso. Agiam com envergonhada discrição. Agora, não. Nesses tempos esquisitos, tipos como o deputado Ramalho deixam escancarado que o destino do País lhes é irrelevante. A única coisa que interessa é o atendimento das suas exigências, naquilo que em bom português política não é, e sim chantagem explícita. Considerando-se que o presidente Temer ainda terá de fazer mais algumas trocas em seu Ministério, pode-se esperar novos episódios de destempero e despudor.
Além de ter de lidar com a destrambelhada e muitas vezes irresponsável reação de seus supostos aliados, o presidente Temer também é obrigado a enfrentar a desconfiança de que suas escolhas não dizem respeito aos interesses do País, mas ao mister de salvar a pele de peemedebistas enrolados na Operação Lava Jato. O caso de Serraglio é, de novo, apenas o mais recente de uma longa série.
Assim que foi confirmado no cargo, o deputado Serraglio teve de vir a público, em entrevistas, para garantir que não interferiria, em nenhuma hipótese, na Lava Jato. Reagia assim ao rumor, alimentado pela oposição, de que fora nomeado com a missão de sabotar os esforços da Polícia Federal, que lhe será subordinada. Reforçava essa percepção a acusação de que Serraglio é apadrinhado do deputado cassado Eduardo Cunha, outro interessado em melar a Lava Jato.
O problema é que nada disso para em pé. Em primeiro lugar, a única forma de um ministro da Justiça tentar interferir em operações em andamento seria trocando a chefia da Polícia Federal, mas isso Osmar Serraglio já disse que não fará. Ademais, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal divulgou nota em que parabeniza a escolha e lembra que o deputado, além de ser professor de direito, se notabilizou por seu trabalho na CPI dos Correios, que desaguou no mensalão. Portanto, parece ser qualificado para o cargo.
Quanto à sua suposta ligação com Eduardo Cunha, é preciso lembrar que Serraglio está em seu quinto mandato e, nessa condição, dificilmente teria necessidade de prestar contas ou pagar favores ao ex-presidente da Câmara e hoje notório presidiário.
Nenhuma dessas considerações racionais, contudo, parece suficiente para aplacar o zunido malicioso em torno da nomeação de Serraglio e dos demais escolhidos pelo presidente. Em tempos de “pós-verdade” e de “fatos alternativos”, as convicções ganharam mais valor do que a realidade. Poucos parecem ter a virtude de esperar por fatos concretos, para ver se o ministro dá conta do recado.