quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

CHARLES BAUDELAIRE (1821/1867)

A Dupla Câmara
(Fragmentos)
A alma toma um banho de preguiça, aromatizada pelo arrependimento e pelo desejo. É algo de crepuscular, de azulado e de róseo; um sonho de volúpia ao longo de um eclipse.
Um odor infinitesimal da mais esquisita escolha, a que se mistura ligeira umidade, nada nesta atmosfera, onde o espírito de inércia é acalentado por sensações de estufa quente.
A musselina se impõe abundantemente ante as janelas e ante o leito; ela se derrama como cascatas de neve. Neste leito está deitadas. É a imperadora dos sonhos. Como chegou até aqui? Quem a trouxe? Que mágico poder a instalou neste trono onírico e de volúpia? Isso que importa? Aí está ela. Eu a reconheço.
Eis então esses olhos cuja flama atravessa o crepúsculo; estas sutis e terríveis meninas, cuja espantosa malícia reconheço. Elas atraem, subjugam, devoram o olhar do imprudente que as contempla. Estudei-as muitas vezes essas estrelas negras que comandam a curiosidade e edmiração. . i is s flamas

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