Marcela Mattos - VEJA
Após sucessivas manobras, o Conselho de Ética da Câmara aprovou na noite desta terça-feira o parecer que defende a investigação do deputado licenciado André Vargas (Sem partido-PR) por sua estreita relação com o doleiro Alberto Youssef, preso por comandar um esquema bilionário de lavagem de dinheiro. O colegiado enfrentou a resistência de deputados petistas e se reuniu três vezes nesta terça para conseguir aprovar o relatório do deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
O parecer
foi aprovado por unanimidade: 13 a 0. Com o aval do colegiado, abre-se a
contagem do prazo de dez dias para apresentação da defesa de Vargas. O
Conselho tem até o início de julho para encerrar os trabalhos e
determinar se o ex-petista deve ou não ser submetido a um processo de
cassação.
Nesta
tarde, petistas esvaziaram a sessão numa tentativa de inviabilizar a
votação por falta de quórum. Depois de aberta, porém, integrantes do PT
questionaram no colegiado a legitimidade da votação, já que, ao mesmo
tempo, o plenário da Casa estava reunido para votar projetos. O
Regimento da Câmara não permite que o colegiado faça deliberações se
simultaneamente já estiver aberta a ordem do dia de votações em
plenário.
Após a
manobra do PT, os partidos de oposição e o relator ainda tentaram
aproveitar um intervalo entre as sessões do plenário da Câmara – que
impedem o funcionamento simultâneo de qualquer colegiado ou comissão –
para aprovar o parecer contra Vargas. Porém, a Secretaria-Geral da Mesa
invalidou a votação. Horas depois, o colegiado retomou a sessão que
havia sido suspensa e deu aval ao relatório contra o parlamentar.
O
ex-petista deve ser notificado presencialmente em até dez dias.
Considerado um “foragido” do Conselho de Ética, o colegiado enfrenta
dificuldades para encontrá-lo. Após enviar cartas e telegramas para os
dois endereços de residência registrados e para seu escritório em
Londrina (PR), tentar contato telefônico em quatro números diferentes,
enviar e-mail e torpedos, o conselho teve de recorrer ao Diário Oficial
da União na última semana para oficializar o andamento do processo e
evitar futuras manobras de Vargas. Pelo Twitter, ele reclama não ter
recebido comunicações sobre seu processo e diz que não lhe foi garantido
o direito de defesa.
Investigações
No Conselho de Ética, as provas da relação de Vargas com o doleiro detido incluem uma carona em um jatinho para o deputado e sua família passar férias em João Pessoa (PB) e interceptações da Polícia Federal que apontam tráfico de influência do deputado em favor do laboratório Labogen, do doleiro Youssef.
No Conselho de Ética, as provas da relação de Vargas com o doleiro detido incluem uma carona em um jatinho para o deputado e sua família passar férias em João Pessoa (PB) e interceptações da Polícia Federal que apontam tráfico de influência do deputado em favor do laboratório Labogen, do doleiro Youssef.
Desde que
foi apresentada a representação contra congressista, novos fatos vieram à
tona. VEJA revelou que Padilha indicou o executivo Marcus Cezar
Ferreira de Moura para o laboratório Labogen. Moura trabalhou como
assessor parlamentar de um fundo de pensão controlado pelo PT. O relator
pretende ampliar as investigações para incluir Ferreira e o secretário
de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, Carlos
Augusto Grabois Gadelha, que, conforme revelou VEJA, “garantiu” que iria
ajudar nos interesses da dupla Vargas-Youssef.
No
relatório de mérito, o relator também deve abordar a relação entre o
fundo de pensão Funcef, da Caixa Econômica, com o doleiro Youssef. Na
última semana, em mais uma evidência de que o deputado licenciado usava
sua influência política para favorecer o doleiro, o Funcef confirmou que
Youssef participou de reunião com a diretoria a pedido de André Vargas.
As negociações para o encontro foram feitas por troca de mensagens
telefônicas interceptadas pela PF.
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