Reinaldo Azevedo - VEJA
Pois é… Quanto mais Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e atual pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, tenta se desvencilhar do caso Alberto Youssef-Labogen, mais ele insiste em sair do armário e bater à sua porta, como uma cadáver ambulante que ainda procria; como um zumbi. As palavras de efeito têm adiantado muito pouco.
Nesta
segunda, no programa “Roda Viva”, ele anunciou que seu advogado
acionaria na Justiça, nesta terça, o deputado André Vargas, agora sem
partido. Por quê? Em conversa com Youssef, Vargas afirmou que Padilha
indicara Marcus Cezar Ferreira de Moura para a direção do
laboratório-fachada Lobogen — sim, o rapaz ganhou mesmo o cargo. Escrevi
aqui o óbvio: ainda que venha realmente a recorrer aos tribunais, e não
consta que o tenha feito, a decisão é inócua, não serve pra nada.
Aquela foi uma conversa privada, captada pela PF. É claro que Vargas vai
desmentir.
Ocorre
que, enquanto Padilha se ocupava dessa operação despiste, Leonardo
Meirelles, sócio do laboratório Lobogen, afirmou à PF que Marcus Cezar —
ex-assessor do então ministro e seu amigo; o petista o chama de
“Marcão” — era, sim, o contato entre o labarotório-fantasma e o
Ministério da Saúde. Só para lembrar: esse Meirelles é um “autônomo”,
sem profissão definida. Outro suposto sócio do Labogen é o frentista
Esdra Ferreira. Ambos são considerados meros laranjas de Youssef.
Já era o
bastante para atrapalhar a vida de Padilha. Mas agora há outra coisa.
Veio a público, nesta terça (leia post), a informação de que Youssef, em
conversa com a parceira de profissão Nelma Kodama, também doleira,
prometeu que, se o petista vencer a eleição, um delegado indicado por
ela seria premiado com um cargo na Polícia Civil.
Nelma
pergunta a Youssef: “Você tem acesso ao delegado-geral do Estado de São
Paulo?”. A mulher queria, ora veja, indicar um delegado para o Deic, que
é Departamento Estadual de Investigações Criminais, justamente a
unidade especializada no combate a organizações criminosas, como as
chefiadas por… Youssef! E o que responde o doleiro? Isto: “Se o Padilha
ganhar o governo, ajudo ele e muito”.
O
ex-ministro, claro, pode dizer que Vargas mentiu quando afirmou que ele
indicara o diretor da Lobogen e que Youssef, o amigão do deputado,
também está mentindo quando diz que poderá ajudar a nomear um delegado
amigo se o PT vencer as eleições. Resta saber por que essa gente toda
recorre tanto ao nome de Padilha, justamente o ex-titular do ministério
que havia feito o acordo com a Lobogen.
Padilha
está tentando manter o nariz fora d’água, mas está difícil. Os petistas
dizem que isso não muda em nada a sua campanha. Dou um conselho ao
petista: “É isto mesmo: não desista! Vá até o fim, valente! Torço para
que não haja mudança de planos. Ninguém tem tanto a cara do PT como o
senhor”.
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