Reinaldo Azevedo - VEJA
Por que essa imagem está aí? Vocês vão entender.
Algo de
muito grave aconteceu caso se confirme mesmo a notícia — e não creio que
possa haver desmentidos: numa ação do Exército do Iêmen contra forças
da Al Qaeda, a maior desde 2012, foram mortos 26 terroristas, ou
jihadistas, como eles próprios se definem. No grupo, dizem as
autoridades iemenitas, estão… brasileiros. Sim, caros leitores, vocês
leram direito: havia brasileiros em campos de treinamento da Al Qaeda.
Segundo Abdu Rabo Mansur Hadi, presidente daquele país, há ainda
terroristas mortos oriundos da Holanda, França, Austrália e outros
países.
Por que a
notícia é especialmente grave no que nos diz respeito? Porque o Brasil, e
não será a primeira vez que escreverei isso aqui, é uma das poucas
democracias do mundo — na verdade, deve ser a única — que não dispõe de
uma lei para punir ações terroristas. Se esses brasileiros que morreram
no Iêmen tivessem sido presos e eventualmente deportados para o Brasil,
não haveria, acreditem, como puni-los aqui. Da mesma sorte, este país
não tem como aplicar penas adequadas para ações terroristas praticadas
por estrangeiros ou por nativos em solo brasileiro. Teria de apelar a
alguma outra legislação.
E por que
não temos essa lei, a menos de dois meses da Copa do Mundo? Porque as
esquerdas, muito especialmente os petistas, não aceitam. Aliás, a
imprensa, com as exceções de praxe, não tem sido muito sábia quando
debate o assunto.
Em maio de
2009 foi preso no Brasil o libanês Khaled Hussein Ali, identificado na
imprensa brasileira como o “libanês K”. Era ligado à Al Qaeda. Foi,
acreditem, solto! No dia 26 de maio daquele ano, diante da evidência de
que a rede terrorista já estava entre nós, o inefável Tarso Genro, então
ministro da Justiça, tratou o terrorismo como uma variante de “corrente
de opinião”. No dia seguinte, sustentou que o país realmente não
precisa tipificar esse crime porque a legislação comum dá conta do
recado — o que é conversa mole.
Reportagens da
revista VEJA de abril e dezembro de 2011 demonstraram que o terrorismo
islâmico já operava no Brasil e recrutava pessoas para a sua causa. A
revista revelou as conexões de cinco grupos extremistas no Brasil. Mais
tarde, a análise de processos judiciais e de relatórios do Departamento
de Justiça, do Exército e do Congresso americanos expôs laços de
extremistas que vivem no Brasil com a Fundação Holy Land (Terra Santa,
em inglês), uma entidade que, durante treze anos, financiou e aparelhou o
Hamas, o grupo radical palestino que desde 2007 controla a Faixa de
Gaza e cujo objetivo declarado é destruir o estado de Israel.
A Holy
Land tinha sede em Dallas, no Texas, e era registrada como instituição
filantrópica. Descobriu-se que havia enviado pelo menos 12,4 milhões de
dólares ao Hamas e que ajudava o grupo a recrutar terroristas nos
Estados Unidos e na América do Sul. Em 2001, entrou para a lista de
organizações terroristas da ONU e, em 2008, seus diretores foram
condenados na Justiça americana por 108 crimes, entre os quais
financiamento de ações terroristas, lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha. A maior pena, de 65 anos de prisão, foi para Shukri Abu
Baker, fundador, presidente e diretor executivo da Holy Land.
Curiosamente, passou despercebido o fato de que Baker é brasileiro. Mais
do que isso: durante muitos anos ele manteve operações no Brasil, e
alguns de seus comparsas ainda estão por aqui.
Sem lei
Muito bem! Todas as vezes em que se tentou votar uma lei contra o terrorismo no Brasil, a esquerda impediu o debate. Chegaremos à Copa sem ela. E é provável que às Olimpíadas também. A Comissão de Juristas que propôs a reforma do Código Penal chegou a prever, sim, a pena para ações terroristas, mas o fez de maneira muito particular: livrava de qualquer sanção quem cometesse desatinos em nome de causas socais, o que é, obviamente, piada. Na maioria das vezes, um terrorista sempre alega uma motivação nobre, não é mesmo? De resto, pode até haver causas nobres que mobilizam fanáticos. O que os tolos têm de entender é que não há causa legítima o bastante que justifique o ataque contra alvos ilegítimos: os inocentes.
Muito bem! Todas as vezes em que se tentou votar uma lei contra o terrorismo no Brasil, a esquerda impediu o debate. Chegaremos à Copa sem ela. E é provável que às Olimpíadas também. A Comissão de Juristas que propôs a reforma do Código Penal chegou a prever, sim, a pena para ações terroristas, mas o fez de maneira muito particular: livrava de qualquer sanção quem cometesse desatinos em nome de causas socais, o que é, obviamente, piada. Na maioria das vezes, um terrorista sempre alega uma motivação nobre, não é mesmo? De resto, pode até haver causas nobres que mobilizam fanáticos. O que os tolos têm de entender é que não há causa legítima o bastante que justifique o ataque contra alvos ilegítimos: os inocentes.
Precisamos
agora saber quem são esses brasileiros, sua origem, seus vínculos no
Brasil, suas conexões. É claro que a votação de uma lei antiterror se
tornou ainda mais urgente.
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